2 de ago. de 2006

JUSTO É JUSTO - por Ralph J. Hofmann

Ante a pretensão de nossos gurus da Reforma Agrária em fixarem novos limites para a produtividade, abaixo da qual uma propriedade se torna disponível por improdutiva, acho que chegou a hora de estipularmos claramente.

Não sabemos qual é o sexo dos anjos. Não nos interessa saber qual é o sexo dos anjos. Qualquer discussão da produtividade esperada não passa de uma discussão do sexo dos anjos. Bizâncio caiu porque seu povo preferia discutir o sexo dos anjos a se precaver contra a invasão dos inimigos externos.

Pretender colocar o índice de produtividade em algo como 4 a 5 % abaixo dos índices atingidos nos últimos anos é coisa de bandido. Uma chuva de granizo, um El Niño uma erupção do Vulcão Pinatubo pode causar a queda da produtividade no Brasil. Preços baixos em um ano podem deixar o agricultor sem dinheiro para plantar a mesma área nos anos seguintes, ou podem desencorajar o plantio por vários anos. São decisões estratégicas do empreendedor. Permitem que proteja seu capital de giro, ou que evite se endividar acima de sua capacidade.

Ou, aplicando o princípio da isonomia, será que o governo pretende presentear o empreendedor do campo com recursos à fundo perdido proporcionais aos oferecidos aos assentados. Esse número acaba sendo, para vinte hectares, recebidos de graça, praticamente cinqüenta mil reais em cinco anos. Um fazendeiro com mil hectares, sob este prisma, certamente manteria a produtividade alta se recebesse R$ 500.000,00 anuais, a fundo perdido, do governo.

Bom número não? Ou seja, isto é para se ver como se gasta para estabelecer os assentados.

Mas uma grande dúvida paira na minha mente. Qual é a produtividade real dos assentamentos? Vinte, trinta ou quarenta porcento abaixo das propriedades apropriadas para o assentamento?

O país está produzindo mais? O PIB recebeu alguma contribuição dos assentamentos? Ou os assentamento são uma taxa negativa dentro do PIB? Se os assentamentos não atingirem alguma meta de produtividade (descontando os valores oferecidos a fundo perdido) algum assentado já foi enviado de volta para a vila onde possui um bar, um lava carros ou uma oficina mecânica? Algum auditor independente examinou a produtividade dos assentamentos?

Estamos falando dinheiro suado extorquido dos contribuintes. À base dos 40% de impostos dos que produzem de riquezas para o país com sua mão de obra.

A mente dos engajados em prover este país de reforma agrária é muito preguiçosa. Anda num país que não existe. Vê o caixa do tesouro como um bem do país. Não o vê como valores tutelados pelo estado para o bem de todos. E não percebe que a palavra todos inclui também aqueles que não estão nos acampamentos. Os valores aplicados precisam resultar em lucro para a sociedade como um todo.

Não adianta dizer que o país tem um lucro social com este tipo de reforma agrária. Poderá até ter, durante o curto espaço de tempo em que os cinco filhos dos assentados não tenham chegado aos dezoito anos. Depois simplesmente serão mais cinco pessoas sem terra pedindo para serem assentados.

De uma coisa temos certeza. Se a reforma agrária continuar neste estilo generoso, o Sr. João Pedro Stédile e congêneres terão fonte de renda enquanto viverem. Criaram uma fórmula que perpetua os sem-terra.

Com autorização do Ralph J. Hofmann

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