2 de ago. de 2006

As Raízes do Populismo - por Josino Moraes

As raízes do populismo na América Latina (AL) devem ser procuradas na figura maluca de Augusto Comte (1798-1857). Suas idéias conhecidas como o Positivismo de Comte disseminaram-se por toda a AL na segunda metade do século 19. Não se deve confundir o Positivismo de Comte com seu contemporâneo conhecido por Positivismo Lógico ou Circulo de Viena, outra estrambólica filosofia. Tampouco há que confundir-se com as idéias do poder do pensamento positivo, obras de auto-ajuda que surgiram mais recentemente nos Estados Unidos.

O triunfo das idéias de Comte e sua seita religiosa no caso brasileiro foi tão notável que a bandeira brasileira – 1889 – foi estampada com o dístico Ordem e Progresso. O mote completo era: “O amor por principio, a ordem por base e o progresso por fim.”

A nova religião da humanidade proposta por Comte não prosperou no Brasil – restaram apenas dois templos, um no Rio de Janeiro e outro em Porto Alegre –, porém, suas idéias políticas e econômicas continuam profundamente cristalizadas por aqui, as quais, adicionadas com novos ingredientes, transformaram-se no atual populismo.

Outras importantes idéias do positivismo foram a ditadura republicana, a hierarquia como algo natural – “A hierarquia é um dom divino” – e sua aversão as idéias de livre mercado.

A compreensão do positivismo é uma tarefa bastante árdua, pois seus pensamentos são bastante obscuros e contraditórios. Eles enfatizam as ciências da engenharia, as ciências físicas, etc., ao mesmo tempo que tentavam criar uma nova religião, uma variante maluca do catolicismo. O positivismo é provavelmente um dos maiores imbróglios mentais da historia humana. Ludwig von Mises disse a propósito: “Comte pode ser desculpado, dado seu total nível de loucura, mas o que dizer de seus seguidores?”

Comte era tão lunático que tentou suicidar-se jogando-se de uma ponte sobre o rio Sena em Paris e, ademais, seus mais importantes textos eram escritos após longas 50 horas de insônia.

As idéias de Comte se espalharam por toda a AL e esta é a principal razão da tragédia da AL. Como pode o Chile, recentemente e aparentemente, escapar desse destino cruel é um mistério a ser desvendado no futuro.

O único Pais fora da AL infectado por essas idéias foi a Itália e não é um acaso que o berço do fascismo deu-se na Itália, com a tomada de poder por Bemito Mussolini em 1922. Logo mais, em 1933, Hitler toma o poder na Alemanha com essas mesmas idéias.

John Stuart Mill escreveu que a filosofia política de Comte objetivava...”o estabelecimento do despotismo da sociedade sobre o individuo, sobrepassando-se a qualquer outro ideal politico da mais rígida disciplina entre os antigos filósofos”. O mais conciso pensamento sobre as idéias de Comte foi elaborado pelo brasileiro Julio de Castilhos *(1860-1903) quem sentenciou que o sucesso de um partido político devia-se “ a um chefe, um programa e uma disciplina”.

Obviamente, os estratosféricos preços atuais do petróleo significam ua ajuda extra ao Coronel Chávez. Ademais, nesses dias, sua compra de fuzis, considerando-se os atuais níveis tecnológicos da guerra, me lembram a megalomania demencial de Mussolini no inicio da Segunda Guerra: Italiani di Itália e del mondo: abbiamo otto millioni di baionette; nessuno ci fermerà, la vittoria è nostra.” (Italianos da Itália e do mundo: somos oito milhões de fuzis; nimguem nos deterá, a vitória é nossa).

Evidentemente, a influencia do positivismo deu origem a inumeraveis ditaduras na AL no passado – Anastásio Somoza na Nicarágua, Rafael Trujillo na Republica Dominicana, Getulio Vargas no Brasil, Juan Domingo Perón na Argentina, etc. O caso do México foi mascarado com eleições e a ditadura de um único partido, o Partido Revolucionário Institucional (PRI). Traços do positivismo estão ainda bastante presentes, tomando-se, por exemplo, o caso do excessivo poder dos executivos que de fato legislam mais que seus congressos. Recentemente, Nestor Kirchner, da Argentina, bateu um recorde assinando 67 decretos em apenas um ano.

Nos atuais dias de “democracia”, repletos de eleições, basicamente pagas por impostos, os diferentes segmentos da nomenklatura política encontraram uma espécie de acordo tácito: eles dividem em paz sua voracidade por impostos.


Josino Moraes é engenheiro pela Universidade Mackenzie e economista pela Universidade de Estocolmo. É autor do livro A Indústria da Justiça do Trabalho – A Cultura de Extorsão e A Destruição do Capital Social.


...São muitas as anomalias a serem tratadas neste país totalmente deformado.

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