30 de nov. de 2007

Há duas opções:
a democracia ou um regime comuno-fascista

Leiam ainda:
Forças Armadas são o último bastião da luta democrática, também do Aluízio Amorim.

Quem acompanha os meus artigos aqui sabe perfeitamente que busco analisar o comentar os fatos a partir de uma ótica democrática e eminentemente liberal. Aqueles que pela primeira vez passam por aqui podem imaginar, à primeira vista, que se trata de escrevinhador que implica com Lula e o PT por puro preconceito ou que talvez esteja comprometido com os partidos oposicionistas. Mas isto é um tremendo engano.

Não teria nada contra Lula e seus sequazes, a não ser eventuais críticas pontuais, se eles governassem como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como Itamar Franco e até mesmo como José Sarney.

Sim. É isto mesmo, porque não consta que esses governantes tenham, em algum momento, insinuado projetos continuistas de estilo comuno-fascista.

Por incrível que pareça tornou-se uma heresia para o oficialismo ressaltar as qualidades do governo FHC. Mas perto do que faz o PT o governo passado é um exemplo de boa governança.

Tenho restrições quanto o governo de FHC. A primeira delas é exatamente o seu viés esquerdizante e antiliberal em que pese o fato de que tenha tomado algumas medidas para diminuir o tamanho do Estado.

Em contrapartida criou o programa bolsa-família e deixou, como herança maldita, a CPMF. Sim, foi o governo do PSDB que engendrou esses dois monstrengos acreditando ainda, como os esquerdóides, que o Estado pode tudo.

O PSDB sempre foi e continua sendo um partido titubeante e que sequer tem coragem de assumir e alardear aquilo que fez de melhor quando esteve no poder, que foi privatizar as telecomunicações, fato que permitiu a universalização da telefonia, antes um equipamento de uso restrito das classes média e alta.

Entretanto a boa governança de FHC reside, mais precisamente, num aspecto que o diferencia fundamentalmente do PT: o respeito às instituições democráticas. Em nenhum momento, ao longo de oito anos de mandato, FHC e seu partido jamais esboçaram qualquer tentativa de alterar o regime democrático ou turbar a alternância do poder.

Nunca postularam o democratismo, que significa usar as liberdades democráticas para mais adiante assestar contra elas um golpe mortal. Nunca armaram milícias paramilitares como o MST ou açularam os bate-paus de centrais sindicais, como faz o PT com a CUT. FHC também nunca quis calar a imprensa ou censurá-la e, muito menos, implantar uma emissora de TV estatal.

Os mais ingênuos e desavisados poderão colocar objeções à minha análise. Dirão que estou exagerando, vendo fantasma ao meio-dia. Ocorre que a realidade fala alto, mas é sufocada pela ação anestesiante do rolo compressor da propaganda oficial e pelo aparelhamento de todos os órgãos públicos e empresas estatais.

Já se levantam suspeitas de que até mesmo as Forças Armadas estariam sendo aparelhadas pelo petralhismo à força de seu esvaziamento no que respeita à alocação de recursos necessários a essa importante instituição democrática.

Sim. As Forças Armadas são instituições democráticas como são nos países civilizados, submetidas aos mandamentos constitucionais e não sujeitas aos caprichos dos governantes do momento.

Chega-se, portanto, ao final de 2007 com o país numa encruzilhada. Há dois caminhos a tomar: a defesa intransigente das instituições democráticas, o que requer uma atitude firme dos dois maiores partidos de oposição, o PSDB e o DEM; ou então aceitar placidamente que Lula e seus sequazes sigam os passos do tirano-bufão da Venezuela e consagrem o 3º mandato, implantando definitivamente no Brasil um regime comuno-fascista.

O primeiro passo para garantir a sobrevivência das instituições democráticas será derrotar a CPMF. Esta ação terá dois efeitos: um é técnico-burocrático destinado a aliviar a asfixiante carga tributária que atravanca o desenvolvimento; o outro, é simbólico, porquanto resgata a independência do Legislativo e sinaliza que a Nação rejeita, de forma peremptória, manobras continuistas e esquerdizantes e, ao mesmo tempo, bendiz as liberdades democráticas.

Entrevista com Brasilóide

por Marcelo Scotton no Diego Casagrande

Estava visitando meus pais em minha cidade natal. Lá, acontecia uma micareta. Ia atrás de sossego e ele fugia de mim. Acabei indo embora no mesmo dia em que cheguei. Antes de ir, consegui entrevistar um folião – identificado apenas como "Brasilóide" – que brincava o carnaval fora de época rua afora. Foi a maior aula de sociologia que já tive.

Eu: Você ama o Brasil?

Brasilóide: Eu amo esse meu Brasil brasileiro! Sou capaz de dizer isso mesmo diante de um traumatizante assalto a mão armada ou de um arrastão no Túnel Rebouças!

Eu: E por que você ama o Brasil?

Brasilóide: Simplesmente porque aqui é o melhor país do mundo! E é onde eu nasci! Temos carnaval, calor, o melhor futebol do mundo e somos penta!

Eu: Além destas grandes expressões culturais, o que mais o país tem de bom?

Brasilóide: Nossas mulheres são as mais bonitas do mundo. As estrangeiras são todas feias, azedas, frias e sem graça! Temos santo, vice-miss mundo e astronauta! Além disso, o Brasil é o país do futuro e Deus é brasileiro! Quer mais ou chega? É verde e amarelo, minha gente!

Eu: Presumo que como bom brasileiro, você odeia os americanos.

Brasilóide: Não é americano, é estadunidense! Americano é quem nasce na América! Odeio sim os Estados Unidos, esse país imperialista e capitalista que tem inegáveis interesses no nosso dinheiro e recursos naturais! O povo deles é manipulado pela mídia! Nós brasileiros sim, sabemos da verdade, não somos enganados! Somos malandros, irreverentes e espertos!

Eu: Espertos? Você lê jornal? Sabe que somos um dos países mais corruptos do mundo, piorando a cada ano?

Brasilóide: Não leio jornal, ler é chato e me dá sono. Mas vejo Jornal Nacional! Podemos até ser abusados pelos políticos, mas levamos no maior bom humor e sambando. Onde você encontra um povo assim, me diz? E se quer saber, temos uma política evoluída graças ao voto eletrônico e ao nosso pai dos pobres, o Lula, em quem votei!

Eu: Você sabia que a violência urbana no Brasil mata muito, muito mais anualmente do que a guerra do Iraque, por exemplo?

Brasilóide: Não sabia, mas violência tem em todo lugar. Porque não aqui? Pelo menos não temos terremoto, terrorismo, Bin Laden, nem tsunami!

Eu: Sua ignorância é chocante. Se você não lê e não se informa, então o que faz da vida? Estuda, trabalha ou só faz hora extra no mundo?

Brasilóide: Não gosto de trabalhar e sempre matei muita aula. Gosto mesmo é de zoar com os amigos e beber, beber muito! Jogo bola bem como todo brasileiro! Durmo muito, umas 12 horas por dia! E no domingo fico ligado na TV o dia todo, adoro BBB, Faustão e Galvão Bueno!

Eu: Me diga o que você achou do filme "Tropa de Elite".

Brasilóide: O cinema nacional é sem dúvida o melhor do mundo, de longe! Não tem para Hollywood. Mas não vi esse filme pois me falaram para eu não ver, porque o filme é de direita! Odeio o capitalismo, que é coisa de direita! Amo Che Guevara, Cuba, comunismo, socialismo e tudo que vai contra o imperialismo estadunidense!

Eu: Quero publicar essa entrevista em um jornal e em um blog. Posso?

Brasilóide: Claro que pode! Eu não vou ler mesmo!
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Um país de Débis e Lóides

Sobre a extraordinária síntese do Supremo Apedeuta


Em visita às favelas da zona sul do Rio de Janeiro, o Supremo Apedeuta foi rápido no sofisma: "

Ouviu o galo cantar mas não sabe onde. Não é que pobre na favela seja vergonha. Pobreza é vergonha em qualquer parte do mundo. Além disto, as favelas ostentam uma vergonha a mais, a de serem territórios livres para o tráfico. De constituírem verdadeiros Estados dentro do Estado, sobre os quais não mais se exerce a autoridade do governo central. Nem mesmo do governo estadual e muito menos do governo municipal.

Brasileiro que um dia passou pela Costa Amalfitana tem uma estranha sensação de déjà-vu. Cidades como Positano, Amalfi, Ravelo, belíssimas e de alto padrão de vida, têm a mesma estrutura vertical de nossas favelas. Com uma diferença: lá só mora quem é rico. Serão certamente as mais caras cidades da Itália. Não é que rico seja chique quando mora no morro. Ser rico é ser chique. Seja no morro, seja no asfalto.

Em seu português arrevesado, continuou o Apedeuta: "Houve um tempo em que favela era uma coisa poética. Quem não lembra da Saudosa Maloca? Quem não lembra de Barracão de Zinco. Mas, hoje, favela, embora more uma maioria de pessoas honestas e trabalhadores, pelas dificuldades geográficas e pela degradação, a gente percebe que as favelas mais violentas são reprodutoras de mais violência, de jovens que não têm oportunidade".

Não disse água sobre o grande drama das favelas, o das drogas. Não é que a favela fosse poética nos tempos da Saudosa Maloca. Por um lado, o morro não estava tomado pelas drogas. Por outro, no mundo das artes nunca faltou quem gostasse de poetizar a miséria. Quem cantava as virtudes do barracão de zinco nunca morou em um barracão de zinco.

Lula tem uma grande virtude, a capacidade de síntese. Em pequenas frases, consegue sintetizar uma montanha de bobagens. Isso não é para qualquer um.

Caras emoções baratas

por Nelson Motta, na Folha de S. Paulo - Diego Casagrande


Por onde andam Darci Vedoin e seus amigos das ambulâncias? E Zuleido Veras, sumiu com seu iate na baía de Todos os Santos? E o pobre Freud Godói, que, mesmo inocente, teve que pedir para sair? E Waldomiro Diniz, réu confesso e ícone histórico do clePTopetismo? Onde andará churrascando Lorenzetti? Eles não telefonam, não escrevem, não dão notícias, já estamos todos com saudades de suas peraltices.

Este é o pior efeito colateral do épico pornopolítico de Renan Calheiros, que, durante meses, sugou todas as atenções para si, deixando na sombra e no esquecimento os escândalos anteriores. Agora que a novela está próxima do desfecho e, como vem acontecendo ultimamente, o vilão será perdoado, o público aguarda ansioso pelo novo escândalo. Já não conseguimos viver sem eles, estamos dependentes dessas emoções baratas, inebriados pelas ilusões de que os crimes estão sendo descobertos e está sendo feita justiça, acreditando nos paraísos artificiais em que os criminosos, especialmente os políticos, são presos e o dinheiro é devolvido.

Os militantes profissionais salivam na internet na expectativa de revelações, ou mesmo de mentiras, que levem os adversários ao pelourinho; a mídia corre atrás de carne fresca para o público ávido de sangue e de vingança; os políticos atingidos multiplicam os seus dossiês contra adversários, e até contra correligionários, para desviar o foco, em busca do esquecimento e da impunidade.

A guerra de lama está virando esporte nacional em nossos dias. Emporcalhados, chafurdando no lodaçal da ideologia, os combatentes só conseguem dizer: "foi ele que começou" ou "ele roubou e mentiu mais do que eu". Mas, no final, como sempre na história deste país, uma mão suja a outra, e salvam-se todos.