29 de ago. de 2007

Fico com REINALDÃO - (do RA, é claro)

O meu Blue

Esta eu vou reproduzir porque vale. Leiam o que vai em vermelho. Volto depois:

Blue Label vs Maconha e outras drogas:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL13574-5603,00.html
"Álcool e fumo são piores que LSD, diz estudo”O álcool é quase tão prejudicial quanto a heroína, e o tabaco é mais perigoso que a maconha, o LSD e o ecstasy, segundo uma nova tabela de classificação de drogas publicada nesta sexta-feira na revista médica "The Lancet".Parece que a comunidade cientifica discorda que o seu BLue Label seja menos maléfico que o ecstasy, a maconha ou outras drogas.O dia em que os bebedores de álcool de plantão reconhecerem que usam uma droga e que o seu uso é como o uso de qualquer outra, vão parar de ter a visão preconceituosa que o senhor tem.
Um abraço

Voltei
Huuummm. Ele (ou ela) acha que me pegou, não foi?
Pergunto: você está me escrevendo isso porque quer proibir o álcool e o tabaco ou porque é favor de uma visão, como você diz, “menos preconceituosa” sobre as outras drogas? Não precisa responder, que eu já sei qual a resposta. E, no entanto, continuo a achar que o meu “Blue” (na verdade, mais comumente, o meu “Black”) não se iguala às drogas ilícitas. E as razões não são apenas as médicas: há também as sociais, as históricas, as culturais, as policiais. Ora, somos também feito desses elementos, sabia?

Ademais, nas vezes em que me pronunciei a respeito, deixei muito claro. Se o sujeito quer cheirar pó até ficar com a cara mais branca do que ator de teatro No, ele que se dane. Quer se entupir de ecstasy? Idem. Quer fumar maconha até ver a cara de Deus? O que eu tenho com isso? Eu me opus foi ao consumo incentivado pelo estado numa pesquisa bastarda, sob o pretexto de política de redução de danos. Quer dizer que vamos agora criar um selo para declarar prédios e estabelecimentos comerciais livres do cigarro — sem nem mesmo o fumódromo —, mas vamos injetar dinheiro em supostas políticas de redução de danos de drogas ilícitas?

O link da matéria, um tanto confusa, vai acima. Pesou também o fator social na avaliação. É evidente que existem mais consumidores de álcool e de tabaco do que das outras drogas. Se o sujeito não está com a lógica perturbada, há de concluir que:
a) a eventual liberação das drogas consideradas ilícitas levaria a uma explosão do consumo (a exemplo do álcool e do cigarro);
b) para que se pudesse realmente fazer a comparação, forçoso seria que as outras drogas fossem também liberadas;
c) álcool e tabaco não financiam o banditismo. “Ah, mas só há banditismo porque as drogas são proibidas”. Já disse: se liberadas, seria um flagelo. Mas, ainda que se arcasse com esse custo, seria preciso convencer o mundo inteiro a fazer a mesma coisa. Não vai acontecer.

Claro, amiguinho (ou amiguinha): tudo é uma questão de escolha. A minha, como política pública, é reprimir o tráfico das drogas ilegais. No que diz respeito aos indivíduos, cada um que cuide do seu próprio pulmão, cérebro e nariz. As pessoas têm o direito, inclusive, de se matar. O estado não tem de se meter nisso.

Quanto à questão do cigarro, reconheço a importância da campanha antitabagista para a saúde pública. Mas é bom tomar cuidado. O exagero pode começar a ferir direitos individuais — aqueles democraticamente pactuados. O tabaco não é uma substância ilícita. E a Constituição não me proíbe de fumá-lo, embora eu não deva (mas esta é outra conversa). Num ambiente em que os presentes tenham combinado que tal prática é possível, não vejo como a lei possa se meter sem interferir no direito de escolha.