12 de abr. de 2007

A ETERNA INTERROGAÇÃO CÓSMICA (???)

A afirmação dos crentes, baseada na lei da causalidade, é: "Deus criou o Universo". Ora, o Universo é a existência. E a esta não pode inexistir. Portanto, não foi criada. Caso contrário, o que existiria? O Nada?

E o que fez Deus antes da criação? Passou todo esse tempo como Deus do Nada? E um dia resolveu Criar? Para quê? Para livrar-se de um imenso e eterno tédio?

Não posso conceber – e ninguém concebe - um limite para o Universo. Ele tem de ser infinito. E eterno. Forçosamente. Ou, se for finito, deverá estar rodeado de um número infinito de outros universos. Porque o infinito é a soma infinita dos finitos. Porque o nada, por definição, não pode existir. O nada é o não-ser. Então, tudo que existe se encontra no Universo, que é o Todo, a essência do Ser, do Existir. E Deus? Como aceitar um ser infinito habitando um espaço finito? Como aceitar dois eternos lado a lado?

Uma coisa pode ser afirmada com absoluta segurança: o Universo existe. O céu do Universo é visível. Basta olhá-lo. O Universo se mostra, e Deus se esconde. Não é mais lógico aceitar uma coisa que se vê do que acreditar noutra que não se vê? Conclusão: o Universo é o que existe. O Universo É. Nunca houve a criação. A própria lei da causalidade exigiria um criador para o criador. E cairíamos na chamada “regressão infinita”...

Tudo sempre existiu. Lavoisier estava certo: - “Nada se cria e nada se perde; tudo se transforma.

Somente a fé sem cogitações pode negar esta lei da Natureza. Mas, por definição, "a fé é a crença naquilo que a razão não aceita.” Em todo caso, para que o exposto não pareça puro materialismo, uma simples superposição de nomes talvez fosse a solução: Deus e o Universo seriam a mesma coisa. Nós, enquanto vivos, seríamos parte consciente desse Todo e, uma vez mortos, voltaríamos a ser poeira de estrelas, de onde viemos. É o fundamento do Panteísmo de Spinoza e de Einstein, o conceito do Deus-Universo, útil para atender aos anseios dos místicos. Assim sendo, se a questão for crer num Deus, só resta este. O outro, o Deus religioso, o Deus criador, o Deus Pai, que pune e que afaga, esse, para mim, não existe. Foi inventado pelo homem para explicar sua ignorância e aplacar seu medo diante do desconhecido. Há muitos anos, desde que alcancei esta compreensão, entrei para a seleta minoria dos descrentes e me tornei um homem livre de tutelas teológicas a tolher a expansão do meu pensamento crítico. E muito mais feliz...