18 de abr. de 2006

O VÔO DE GALINHA DO TUCANO ALCKMIN - por Paulo Moura, cientista político

Com a definição de Alckmin como candidato do PSDB à Presidência da República, criou-se a expectativa de que sua candidatura receberia um impulso inicial que apareceria nas pesquisas publicadas em seguida. Essa expectativa não vem se confirmando conforme o esperado, ainda que não se cultivasse a ilusão de que o peessedebista pudesse alcançar rapidamente os índices que Serra ostentava quando era cogitado como presidenciável. Alckmin cresceu, mas ainda não decolou. Sequer conseguiu atrair para si, parcela expressiva das manifestações de intenção de voto do eleitor que estava com Serra, e que, portanto, não deve votar em Lula.

Leia o texto completo no Diego Casagrande

A LUTA DE TIRADENTES - por Rodrigo Constantino

"A punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus." (Platão)

No dia 21 de Abril é celebrado o feriado de Tiradentes. Joaquim José da Silva Xavier transformou-se em mártir devido ao seu enforcamento em 1792 por causa da sua participação na Inconfidência Mineira, movimento de independência inspirado na revolução americana de 1776. O atual momento brasileiro é oportuno para refletirmos sobre a lição de Tiradentes.

Entre as principais causas internas da tentativa separatista, está o declínio da produção de ouro em Minas Gerais. Estava cada vez mais penoso atender às exigências impostas pela coroa portuguesa, que para piorar a situação, aumentou os impostos através da chamada “derrama”. Tal como nos Estados Unidos, onde o aumento de impostos pela metrópole britânica foi insuportável e levou à posterior independência da colônia, a medida portuguesa incitou a revolta popular no Brasil. Tiradentes era um dos ícones deste grito pela liberdade de uma colônia cansada de ser explorada. Infelizmente, o desfecho aqui não foi similar ao americano.

A Inconfidência Mineira foi desmantelada antes mesmo de mostrar suas garras. Informantes delataram os planos dos rebeldes para o governo, levando à prisão alguns conspiradores. Tiradentes foi julgado e condenado à forca. Chegava ao fim a luta pela liberdade, que mal começara.

Em A Marcha da Insensatez, a historiadora Barbara Tuchman descreve inúmeros casos de abusos das autoridades, sedentas por mais poder, que levaram a conseqüências catastróficas. A reação popular por conta de aumento de impostos não é algo novo. Roboão, rei de Israel, sucedeu a seu pai Salomão em 930 a.C. As dez tribos do norte se relatavam descontentes com as pesadas taxações impostas já no tempo do rei Salomão. Roboão foi procurado por uma delegação que solicitou o abrandamento da ríspida servidão imposta, dizendo que, em troca, haveriam de servi-lo como súditos fiéis. Roboão não aceitou a proposta, endurecendo ainda mais com as tribos. Estava declarada a guerra. As lutas prolongadas enfraqueceram os dois Estados, encorajando regiões vassalas conquistadas por Davi a reconquistar sua independência, além de abrir caminho para a invasão dos egípcios. As tribos jamais se reunificaram, acabando sob o domínio dos assírios, em 722 a.C. A insensatez de um governante, alimentada pela ganância por mais extorsão, abriu uma cicatriz de 2.800 anos no povo judeu.

O feriado de Tiradentes poderia estimular uma reflexão maior por parte do povo brasileiro. A passividade de um povo aturdido com tanta falta de vergonha por parte dos donos do poder, que avançam cada vez mais com sua volúpia para cima das liberdades individuais, é inadmissível. Brasília concentra um poder hoje que faria a coroa portuguesa morrer de inveja. Decisões sobre os mínimos detalhes individuais são tomadas de forma centralizada. A corrupção é tremenda, alimentada pela hipertrofia estatal e pela impunidade. Os abusos dos políticos que controlam este Estado inchado transformam, na prática, cidadãos em súditos. Entretanto, tais escravos não só aceitam passivamente tamanha exploração, como votam em partidos que pregam o aumento deste indecente poder estatal. Tiradentes deve estar se revirando no túmulo, por ter seu nome associado a uma data de comemoração em um país que vai na contramão do que ele desejava.

Não custa lembrar que a tal “derrama” jogou os impostos para um quinto do ouro produzido. Atualmente, o governo toma na marra quase 40% de tudo que é produzido. Nem mesmo o dobro da carga, ainda por cima utilizada para o “mensalão” de Ali Babá e seus quarenta ladrões, gera revolta. Pelo contrário. O povo mantém em alta a aprovação do presidente responsável por este seqüestro dos bens privados.

Dizem que cada povo tem o governo que merece. Mas o povo é formado por muitos indivíduos. Alguns são vítimas dessa escolha popular. Tiradentes sem dúvida não merecia o governo que tinha, e lutou para mudá-lo. A pergunta então é: será que esse povo que coloca no poder um corrupto defensor de mais Estado merece celebrar um feriado em homenagem a Tiradentes? Aguardemos a resposta nas próximas eleições.

Com autorização do autor

UMA GAIOLA DOURADA - por Ralph J. Hofmann

Consta que nosso Chefe de Estado Lula deseja convocar outra vaquinha de empresários para providenciar a recuperação de mais um dos prédios arquitetonicamente importantes de Brasília.

Seja qual for tal prédio, estou aqui alertando os Srs. Jorge Gerdau e amigos que há uma obra urgente, muito mais urgente, que os mesmos poderiam e deveriam patrocinar para o bem do país e o progresso futuro do mesmo. Creio piamente que esta obra desencadearia toda uma maré de bem estar e progresso para o país. Seria um verdadeiro divisor de águas.

Essa obra é um presídio de segurança máxima com alto nível de comodidade. Essa prisão seria para prisioneiros não-reincidentes condenados por crimes de colarinho branco, ou prisioneiros condenados por crimes cometidos enquanto ocupantes de cargos de confiança a nível federal, estadual ou municipal. Trata-se de um conjunto de edificações com bloqueadores de sinais de celular inclusive via satélite, cujos computadores não tenham acesso a redes externas, com amplas bibliotecas, cursos de aperfeiçoamento, capela ecumênica, quadras de tênis, basquete, futebol de salão e suíço, lavanderias modernas, catres de boa qualidade, uniformes claramente marcados como sendo de apenados, contudo de boa qualidade, uma biblioteca que inclua as principais publicações semanais do país. Quando da condenação destes prisioneiros seria incluída uma multa que cobrisse o custo da manutenção nessa instituição, digamos, apenas para fins de referência, do nível de R$ 100,00 por dia. Um apenado condenado a 5 anos teria de efetuar o depósito de cerca de R$ 20.000,00 quando de seu ingresso, para cobrir sua manutenção. Haveria cursos obrigatórios de moral e cívica assim como de reeducação para o patriotismo, de pelo menos 18 horas semanais que seriam ministrados por bons professores por rede TV. Esses cursos implicariam em provas baseado em leituras obrigatórias, entre as quais obras como as de Hélio Jaguaribe e Millor Fernandes. O custo destes cursos seria pago pelos próprios apenados à base de R$ 5.000,00 ao ano pagáveis com empréstimos estudantis a pagar após o cumprimento de pena, porém com assinatura de promissórias.

A criação de penitenciárias modelo nestes moldes, conhecidas nos Estados Unidos por “Country Club Prisons”, devido ao coração mole da maioria dos jurados brasileiros. O jurado brasileiro fica com peninha do malfeitor. Vê aquele sujeito de cara lavada, parecido com um tio bem-amado e temeroso de enfiá-lo no xadrez comum, desumano e perigoso, no meio de estupradores, degoladores e outros facínoras acaba absolvendo-o ou condenando-o a uma pena que de forma alguma serve de lição aos que não foram pegos ainda.


Será muito melhor para o futuro do país que haja condenações por muitos anos, sem sursis imediato, com uma redução dos descontos por bom comportamento ou serviços espúrios, do que enviar uma mensagem de pouco pulso às pessoas que estarão ingressando na política ou que vierem a ocupar cargos de confiança nos anos futuros.

Além disto, se estes apenados forem misturados com a população geral das prisões, assim como no passado os prisioneiros políticos ensinaram aos bandidos comuns como se organizar em quadrilhas mais eficazes, como o “Comando Vermelho”, desta vez poderão instruir os bandidos nas finas artes dos crimes de colarinho branco, assim queimando etapas no aculturamento do banditismo nacional.

Cinco anos de condenação, bem cumpridos numa prisão rigorosa, mas decente, farão mais pela redução do custo-Brasil do que meses de prisão num poleiro de uma das atuais prisões. Outrossim, seria um modelo para a melhoria futura das prisões normais deste país.

Ante a situação atual e o ânimo do país, creio que a aprovação de leis que permitam instituir tais prisões possa ser aprovada pelo congresso a toque de caixa, ante o grande número de candidatos a celas nas mesmas que se encontra ocupando cargos eletivos, e que possivelmente não se reelegerá. .

Possivelmente as companhias de seguros possam vender apólices para cobrir os custos de internação dos mesmos, caso condenados em algum momento.

Em tempo. Deverão ser especificados colchões e roupas de cama com material retardante a chamas.

Com autorização do autor