19 de mai. de 2006

Um artigo atual, de 09/09/2004 - do RC

Já tive um Blog: "Brasil, um país doente!"
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"Um povo doente"
Resumo: A população brasileira, infelizmente, tornou-se uma massa doente, onde despontam sintomas como alucinação, complexo de inferioridade e delírio, a tal ponto que muitas pessoas acreditam em promessas vazias do tipo Fome Zero.
"O que não te destrói, te fortalece."
Friedrich Wilhelm Nietzsche(Sou fã do mesmo)

Diagnosticar o povo que compõe uma nação complexa como o Brasil é tarefa praticamente impossível. Em primeiro lugar, precisamos lembrar que povo nada mais é que somatório de indivíduos, e o diagnóstico teria que ser, portanto, individual. Mas sucumbindo, por necessidade de simplificação, ao perigoso coletivismo, vamos arriscar alguns palpites para as doenças psicossomáticas mais comuns entre os brasileiros. E os erros comuns às simplificações podem ser reduzidos neste caso também, justamente devido a uma homogeneização forçada de nossa população, já devidamente exposta a lavagem cerebral e psicologia de massas. Veremos apenas alguns poucos exemplos.

Alucinação: uma percepção convincente de alguma coisa que, na realidade, não se encontra no local. É um fenômeno psicológico comum, onde muitas vezes a própria pessoa reconhece posteriormente tratar-se de percepções erradas, que não representam a realidade objetiva. A alucinação patológica já está relacionada a uma intensidade maior da coisa. Uma massa de entorpecidos que imagina viver num paraíso tropical, enquanto a realidade brasileira não se esconde das estatísticas verdadeiras, poderia ser tranquilamente considerada um bando de alucinados.

Catalepsia: estado de plasticidade motora no qual o indivíduo conserva as posições que lhe são dadas, como se fosse um boneco de cera. Os músculos tornam-se como que mecânicos. A catalepsia pode ser observada, sobretudo, na demência precoce e no sono hipnótico. Metaforicamente falando, quando observamos um exército de autômatos sendo guiados como marionetes por oportunistas que "hipnotizaram" tais idiotas úteis, não seria um absurdo falarmos em catalepsia. Nesse sentido, me parece que considerável parcela do nosso povo mereceria tal diagnóstico, principalmente os frequentadores do Fórum Social Mundial.

Complexo de inferioridade: esta denominação foi criada pelo discípulo de Freud, Adler, para designar o estado neurótico que tem por fundamento o sentimento de insuficiência ou incapacidade para enfrentar a vida e seus problemas. Esse complexo pode ser provocado por motivos reais ou irreais. Uma situação econômica ou social difícil pode acarretar tal complexo. Quando o povo vota em políticos com discursos paternalistas e coletivistas, está evidente tal complexo de inferioridade, dado que indivíduos estão depositando em forças exógenas seus destinos. Para se eximir da responsabilidade que a liberdade traz, os complexados optam pela escravidão, seja através do Estado autoritário ou seja pela anulação do ser individual dentro de um grupo coletivista.

Delírio: alteração grave do juízo, representado pela crença numa idéia falsa ou irreal, ou um conjunto de idéias que não têm base na realidade e não são suscetíveis à influência da razão, da lógica, ao senso comum, da persuasão ou de uma explicação racional. Trata-se de uma crença patológica em fatos irreais ou concepções imaginativas destituídas de base. Um caso específico que encaixa-se no perfil de muitos brasileiros é o delírio de grandeza, onde o indivíduo dá magnifica importância a si mesmo, acreditando ser quem não é de fato. Um caso visível de delírio de grandeza estaria no exemplo do nosso presidente propondo soluções para a fome mundial, enquanto seu Fome Zero não entrega nenhum resultado decente por aqui. E boa parte do povo delira junto ao presidente.

Fixação: mecanismo de defesa que consiste numa parada no processo de desenvolvimento da personalidade. A fixação mostra que o indivíduo, não podendo satisfazer normalmente suas necessidades, vai então continuar procurando essa satisfação através da sua existência. Dentre as causas da fixação encontra-se a frustração. Creio que o melhor exemplo para representar a fixação dos brasileiros é o uso frequente de bodes expiatórios, recentemente concentrado na figura do presidente americano Bush.

Masoquismo: perversão sexual na qual o prazer não pode ser obtido senão por meio de sofrimentos físicos ou morais, como flagelação, humilhações ou insultos. O masoquismo pode ser considerado como uma espécie de sadismo dirigido contra o próprio indivíduo e relacionado com suspostos instintos de morte e autodestruição. Novamente utilizando a metáfora, o que dizer de um povo que é "estuprado" por políticos inescrupulosos, que sofre as duras consequências de um Estado inchado e asfixiante, de uma burocracia infinita, e que pede como solução dos seus problemas justamente mais governo?

Cacofagia: trata-se de uma alteração do paladar e do apetite que acaba por induzir a pessoa a comer coisas repugnantes, como até mesmo fezes. As severas alterações da personalidade podem produzir este sintoma, assim como os casos de deterioração mental severa da esquizofrenia crônica. Ora, apelando pela última vez à analogia metafórica, me parece adequado falar em cacofagia quando eleitores escolhem seus governantes, tamanha a dicotomia entre as promessas messiânicas e seus resultados concretos. A perda de "paladar" foi tão grande, que o povo brasileiro come esterco achando que está degustando um fino caviar Beluga.

O povo está doente. Vamos torcer para que sua variedade de doenças não o destrua, mas sim o fortaleça. A caixa de Pandora foi aberta espalhando as pragas pelo nosso país. Mas lembremos que uma única coisa restou na caixa, segundo a mitologia grega: a esperança. E essa é a última que morre.

Do Blog: O que temos assistido neste país de merda há quase três décadas, é a uma verdadeira Deterioração do Tecido social.

Em que Estado e em que estado estamos? - por Professor Moacir

Vejam a que estado esse Estado, às vezes tolerante e muitas vezes conivente com o ilícito, já nos arrastou. A exigência da população é de que se faça algo de imediato, para que possamos gozar de nossos mínimos direitos constitucionais. Queremos medidas eficazes e não conversa fiada...

Íntegra no Diego Casagrande

OS PACIFISTAS - por Rodrigo Constantino

Diante do pânico incutido pela escalada do crime, muitos correm para o refúgio do pacifismo. A decisão de enfrentar a violência de forma dura traz consigo riscos imediatos, e perdas no curto prazo são inevitáveis. Contemporizar com os criminosos garante um interregno de paz, passando a falsa sensação de solução dos problemas. No entanto, a complacência hoje é paga com a angústia de amanhã e com o sangue mais tarde. Com certos criminosos, não há diálogo possível.

A história tem muito a nos ensinar sobre o pacifismo e suas conseqüências para a criminalidade. Infelizmente, as lições não costumam ser vantajosas para a ótica do “paz e amor”. Para começo de conversa, o principal símbolo do pacifismo já foi criado pelos motivos completamente errados. Em 1949, o cartaz para o Congresso Mundial da Paz em Paris foi impresso com uma litografia de Picasso, que eternizou a pomba como símbolo da paz. Os patrocinadores do evento, paradoxalmente, eram os assassinos de Moscou. Os objetivos dos comunistas eram basicamente dois: poderiam dispersar a atenção mundial de Moscou e das atrocidades lá cometidas por Stalin; e forçariam uma associação simplista entre comunismo e luta pela paz. Enquanto ingênuos bem intencionados levantavam cartazes pedindo paz, seus financiadores executavam milhões de inocentes.

Os pacifistas costumam sempre pregar a saída diplomática para os problemas geopolíticos. Vestidos com a causa pacifista, os comunistas franceses exortaram os trabalhadores das fábricas de armamento a sabotarem seu trabalho e pressionaram os soldados a desertarem, quando os exércitos nazistas estavam a poucas semanas de ocupar Paris. Quando o inimigo despreza a razão e luta por uma causa fanática, ou quando já afastou de vez os vestígios de civilização em sua alma, a diplomacia é totalmente ineficaz. Conversar com Bin Laden, Hitler, Stalin ou Ahmadinejad não rende bons frutos. Com terroristas não se negocia.

Muitos pacifistas usam o caso de Gandhi como suposta prova de que a paz pode ser o caminho certo. Ignoram que do outro lado estava a Inglaterra, com uma população mais esclarecida e sujeita aos apelos da razão. Fosse um Hitler ou Stalin, Gandhi seria apenas mais um mártir morto sem bons resultados. Para quem duvida, basta ver o destino do Tibete. Gandhi teria alertado que “olho por olho e a humanidade acabará cega”. Creio que faltou mencionar algo alternativo: “olho por nada e uma parte da humanidade acabará cega: a parte inocente”.

Não quero ser mal compreendido. Odeio violência com todas as minhas forças. Acho que seu uso é um último recurso, após o fracasso de todas as alternativas. Porém, não vou sucumbir ao mundo das fantasias, dissociado da realidade. Em certas ocasiões, lidando com certas pessoas, não existe outra opção que não a reação dura ou mesmo violenta. Ninguém vai oferecer rosas para um estuprador na iminência de um estupro. Não é razoável achar que há chance de diálogo com quem mata crianças deliberadamente. Chega a ser ridículo afirmar que a educação sozinha faria um animal que pratica genocídio virar um bom samaritano. O mundo real não é tão simples. Frutos podres existem e as causas são variadas. Quem não ataca as conseqüências dos atos bárbaros desses indivíduos está pedindo para viver num mundo caótico, sob o domínio do mal.

Entre os casos de sucesso no combate à criminalidade, temos a cidade de Nova Iorque. Seus métodos passaram longe da receita pacifista. A violência não foi controlada com apelos de homens vestidos de branco nas ruas. Tampouco foi resultado de ONGs pregando mais “direitos humanos” para os bandidos. Também não foi através do desarmamento de inocentes. A receita nova-iorquina contou com um decente aparelhamento da polícia, a aplicação do império da lei e uma política de tolerância zero com o crime. Nem mesmo os pequenos delitos sairiam impunes. Não haveria complacência nem acordo com bandidos. Apenas punição exemplar.

Eis o que anda faltando em nosso país. Não vamos oferecer rosas – ou aparelhos de televisão – para os criminosos. Vamos puni-los!
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Rodrigo Constantino é economista, formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças pelo IBMEC. Desde 1997, trabalha no mercado financeiro como analista de empresas e administrador de portfólio e é autor do livro Prisioneiros da Liberdade, pela editora Soler.

É autor também do livro “Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT".
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Tem seus artigos publicados em vários sites. Embora sendo um Economista, mais de 80% de seus artigos não têm nada a ver com sua formação acadêmica.
Admiro e gosto muito de seus artigos.
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Artigos do Rodrigo publicados no Mídia Sem Máscara
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Com autorização do mesmo.

SOCIÓLOGOS: UM DESAFIO – por Ralph J. Hofmann

Meu amigo Marcelo Aiquel me enviou uma carta interessante, também publicada na Zero Hora, sobre as limitações na atividade de políticos que levantam a bandeira do combate à prostituição infantil. Mostram que nossa gaúcha Maria do Rosário, íntima do poder atual no país, íntima do governo anterior do Sr. Olívio Dutra aqui nos Rio Grande do Sul fala, demonstra, combate, mas com todo seu poder de fogo não conseguiu insistir para que algo realmente fosse feito. Demonstrar a nódoa, todas as gerações de jornalistas têm feito. Mas é a classe política que tem o poder de fazer algo acontecer.

Detive-me aqui pensando no que pode ocorrer no futuro nos assentamentos. Para tanto lembrei do romance “O Quatrilho” do Pozenato. Nesse romance vê-se claramente o que ocorria na colônia italiana do Rio Grande do Sul na primeira metade do século XX. Originalmente os primeiros colonos adquiriam por financiamento a perder de vista uma colônia, que era uma gleba de 20 a 25 hectares. Para que fosse viável tinham um bom número de filhos, e se enviuvavam tratavam imediatamente de casar de novo. Assim tinham mãos para tocar a lavoura.

Mas uma propriedade de 20 hectares dividida por 10 filhos resultaria em 2 hectares por filho. Administrar essa propriedade em condomínio também seria inviável pois os dez filhos tenderiam a gerar cada qual entre 5 e dez filhos. Dentro de duas gerações a parcela de cada um dos sucessores do casal original seria da ordem de dois mil metros quadrados, ou seja, um bom terreno de cidade.

Criou-se a tradição de que o primeiro a casar saía da propriedade, achava uma nova propriedade, normalmente terra virgem, e a adquiria com a ajuda dos que ficavam para trás. O mesmo ocorria com os próximos, até que só restasse um filho cuidando dos pais idosos.

Mas as terras disponíveis foram ficando cada vez mais distantes, e na década de cinqüenta a migração dos ítalo gaúchos (e catarinenses do litoral) já atravessara o oeste catarinense e chegara ao Paraná. Dali passou ao que hoje é o Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, e hoje há Centros de Tradições Gaúchas em todo o país, inclusive na Região Norte. e na Bahia.

Muitos dos filhos que abandonavam a terra dos pais optaram por envolver-se em outros negócios. A semana passada faleceu Francisco Stédile, fundador de várias indústrias importantes. Foi um dos que saiu da colônia, começou a dirigir caminhões e teve a inventividade e sensibilidade de mercado para criar grandes empresas. Muitos de sua geração escolheram essa via. Muitas marcas famosas no país se originaram deste aspecto da vida campesina do início do século XX.

O condicionamento desses colonos era de desbravar fronteiras, e buscar o sucesso. Fosse agrícola fosse comercial ou industrial. Estava implícito na sua criação. Os meus vizinhos em Caxias do Sul, na infância, se me viam com um brinquedo novo não pediam um igual aos pais. Pediam o meu brinquedo emprestado e o reproduziam em madeira ou pequenos pedaços de metal. Mais tarde cursavam o SENAI e abriam oficinas que na maioria viraram indústrias, pequenas, médias ou grandes.

Mais do que isto. Vivíamos ao lado da maior favela local da época. A primeira favela de Caxias do Sul. A maioria dos favelados da minha geração deixou para trás a favela e galgou situações comfortáveis nas indústrias, ou criou seus próprios negócios. Uns poucos se tornaram criminosos. Muito poucos. Ou seja, o modelo a seguir para essas pessoas, na maioria migrantes de outros municípios era o do desenvolvimento pessoal. Isso muito antes das empresas terem dentro de seus objetivos sociais o “desenvolvimento do homem”.

Uma grande parte do povo brasileiro, particularmente no Sul de Sudeste tem esse tipo de posicionamento pessoal. Empiricamente notei que em São Paulo e outros lugares para onde migraram, afloram dentre os nordestinos notáveis empreendedores e pessoas com esta ética de trabalho, ou seja, há na sociedade brasileira elementos que permitem concluir que o brasileiro, de uma forma geral, tem um espírito empreendedor e uma ética de trabalho hoje desconhecida na Europa. Somos, a princípio, páreo até para as populações dos antigamente chamados “Tigres Asiáticos”.

Mas o que dizer dos egressos dos campos dos sem terra e dos assentamentos? Criaram-se isolados das tendências da sociedade que os cerca, numa redoma socialista. O conteúdo do ensino que suas crianças estão recebendo leva a confiar num estado patriarcal que lhes informa e dirige em tudo. Que lhes cuide e supra suas necessidades de sobrevivência do berço ao túmulo. Que estímulo para o desenvolvimento pessoal terão? Sua ambição máxima deverá ser transformarem-se em membros da nomenklatura local. E a participação na nomenklatura normalmente será reservada aos que sigam claramente e cegamente os ditames que vêm dos poderosos que os usam como massa crítica de pressão pelo poder.

Outrossim, o que irão fazer esses jovens filhos de assentados. Irão sair dos assentamentos e fazer o que quando se casarem? O lote de terra obtido certamente não alimentará dois, três ou mais casais com seus filhos. Então ao casar irão mudar-se para aldeias de lona plástica preta e voltar a esperar um naco de terra?

Mais ainda. Eu gostaria de ouvir entrevistas com jovens que viveram em assentamentos ou acampamentos esses últimos dez anos. Supondo crianças de 5 a 10 anos dez anos atrás, hoje estarão entre 15 e 20 anos.

Quais são suas expectativas? O que estão fazendo? Quem saiu dos assentamentos? Foi necessário fugir para sair dos assentamentos? Qual a atitude para com os que saíram?

Volto à Maria do Rosário e sua cruzada. Um dos rumores que ouvi, confesso que absolutamente não confirmado, é sobre a quantidade de moças que sofrem abusos, conseguem fugir, e acabam por engrossar as fileiras da prostituição infantil. Este rumor se prende mais aos acampamentos do que aos assentamentos, mas sabemos que essa é uma grande tendência neste tipo de sociedade em que há pouca privacidade e poucos limites à interferência na unidade familiar.

Sugiro que há bastante espaço para que um grupo de sociólogos estude que tipo de sociedade se criou nesses espaços dominados pelo conceito de massa crítica de pressão, e quais as características dos que dele se desvencilham. Que façam seus estudos e contem para o resto da sociedade.

Com autorização do autor