8 de ago. de 2006

A Grande Mentira Brasil - por Maria Lucia V. Barbosa

Nunca se viveu no país uma situação tão falseada do ponto de vista político. Mentiras são apresentadas como verdades, fracassos como êxitos e a propaganda enganosa se encarrega de persuadir mentes incautas através da TV. Entretanto, nunca houve tantos escândalos de corrupção atingindo em cheio o governo. São semanais, estrondosos, contundentes. Por muito menos caiu Fernando Collor e nenhum presidente da República resistiria a tais acusações que vão se acumulando e se evidenciando através de testemunhas e documentos. Apesar disso, as últimas pesquisas mostram ligeira subida do candidato do PT, o presidente Luiz Inácio, e uma pequena queda de Geraldo Alckmin, do PSDB.

Sem nunca ter assumido responsabilidade pelos atos do seu governo e do seu partido, Luiz Inácio apenas diz que nada sabe, nada vê e fica tudo por isso mesmo. O chamado “núcleo duro” que de fato governava estilhaçou-se a golpes de pesadas acusações de corrupção. Caíram de forma vexatória, entre outros, seus mais importantes auxiliares, aqueles amigos íntimos, confidentes de longa data, responsáveis pela condução da política e da economia. Nada aconteceu.

José Dirceu, o todo-poderoso ministro da Casa Civil que governou como uma espécie de primeiro-ministro, depois de ter resistido ao escândalo que motivou a saída de seu homem de confiança, Waldomiro Diniz, seguiu impávido até que Roberto Jefferson mandasse que saísse rapidinho. Dirceu obedeceu, refugiando-se em seu mandato de deputado. Foi cassado. Foi acusado de ser o chefe do mensalão. Seu pedido de prisão foi feito pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, mas o ministro do STF, Joaquim Barbosa, rejeitou a medida e José Dirceu e seus companheiros quadrilheiros continuam soltos, o que inclui Marcos Valério e outros comparsas. O ex-gerentão anda por aí sem medo de ser feliz, coordena a reeleição do chefe, faz palestras, escreve artigos e aparece em eventos como se fosse uma alta personalidade digna de crédito e admiração.

Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, médico que administrou calmantes ao nervoso mercado com o imprescindível auxílio de homens do governo FHC, caiu de forma também estrondosa e humilhante. A gota d’água foi a acusação de sua participação na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, do qual, aliás, não se houve mais falar. O rapaz disse que o ministro freqüentava a casa da esbórnia onde, além de farras, se faziam negócios obscuros. Palocci negara tudo, assim com sempre negou seu envolvimento em falcatruas quando era prefeito de Ribeirão Preto, e que foram denunciadas por seus ex-assessores.

A revista Veja publicou denúncias do banqueiro Daniel Dantas, que alegou ter sido achacado pelo PT para fornecer substancial propina ao partido. Dantas falou sobre contas de companheiros em paraísos fiscais, incluindo no bando o companheiro presidente da República. Depois de uma reunião com o ministro da Justiça, Dantas voltou atrás. O ministro nega qualquer acordo entre eles. Com certeza apenas tomaram chá.

O Brasil foi e tem sido humilhado pelo presidente boliviano, Evo Morales, o tutelado de Hugo Chávez. Luiz Inácio defendeu o povo sofrido da Bolívia e nenhuma voz nacionalista se elevou no Brasil, apesar de haver sempre um coro estridente contra os Estados Unidos.

A quase inexistência de reação popular diante do banditismo institucionalizado (que não é apenas uma questão de moralidade da classe média, como alguns gostam de dizer, mas altamente nocivo ao país na medida em que corrupção governamental e desrespeito às leis lesam toda a sociedade) se deve, sobretudo, ao fato da inexistência de uma oposição nos moldes exercidos pelo PT. Estamos sem partidos ou grupos de interesse que aglutinem o difuso descontentamento popular.

No momento o que se vê é o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, sendo “cristianizado”. A cúpula do partido parece querer se livrar dele ou desejar que perca a eleição, na ilusão de que um tucano venceria em 2010. Algo tão pouco inteligente quanto foi a teoria de deixar Luiz Inácio sangrando para enfraquecê-lo. Quanto ao PFL, parece pensar que o adversário é Alckmin e não Luiz Inácio. Já o PMDB governista, certamente impedirá Pedro Simon de disputar a presidência e os partidos menores entram na campanha apenas para projetar alguns nomes na esperança de ter êxito em futuras eleições.

Nesse quadro aparece com evidência a distorção embutida na figura da reeleição, pois com a máquina estatal à disposição não é difícil se vencer um pleito. Reeleição é abuso máximo de poder econômico e político. Especialmente nesse momento em que o Brasil virou uma grande e convincente mentira, a disputa mais parece uma contenda de Davi contra Golias. Em todo caso, uma coisa é certa: não se tem notícia de um segundo mandato melhor do que o primeiro. Portanto, e de acordo com o que se passa no momento, 2007 tem tudo para não ser um feliz ano novo.


Publicado em 29/05/2006 no RATIO PRO LIBERTAS - Maria Lucia V. Barbosa

Antes de concorrer, os blogs devem colaborar

Numa conversa telefônica, o Ricardo Noblat me propôs que eu escrevesse um artigo semanal para o blog dele. Eu topei na hora. Até por egoísmo. O Blog do Noblat tem mais audiência do que o meu. Dias atrás, ele reproduziu um texto que escrevi sobre a lendária sorte de Itamar Franco e colocou um link para o Blog do Alon. A minha audiência subiu.

Isso tudo parece banal, mas não é. O debate sobre a democracia na comunicação algumas vezes anda por caminhos errados. Certas pessoas acham que democratizar a mídia é estabelecer mecanismos para impor aos donos de jornais, revistas, rádios e tevês o que eles devem veicular, e como. Além de revelar um viés ideológico autoritário, é um equívoco.

Mais controles não significam mais democracia na informação. O grau de liberdade na comunicação é função de duas variáveis: o número de veículos e a taxa de colaboração entre eles. Quanto mais fontes de informação, e quanto mais elas colaborarem entre si, mais liberdade. E quando falo em colaboração, isso inclui crítica aberta e fiscalização. Mas, inclui, principalmente, que os veículos se refiram uns aos outros, que dialoguem.

Uma regra não escrita da imprensa brasileira é que os barões têm autonomia dentro de seus domínios. Têm o direito supremo sobre a vida e a morte dos demais. Há gente que acha que vai acabar com isso coroando um rei para controlar os barões. Não vai não. Para usar uma terminologia marxista, eu penso que esse sistema feudal deve ser superado pela via "americana", e não pela "prussiana". Por baixo, e não por cima.

Bem, a novidade é que a Internet melhorou terrivelmente a possibilidade de isso se realizar. Por duas razões principais: reduziu a quase zero o preço do tempo e universalizou o hipertexto. Então vamos aproveitar. Acho uma bobagem os blogs ficarem brigando entre si para ver quem tem mais page-views ou unique visitors, ou para saber quem atraiu mais gente disposta a desperdiçar seu tempo comentando o que escrevemos.

Está diante de nós uma oportunidade única: reorganizar em rede a esfera da informação e da comunicação. Seria uma pena desperdiçarmos essa chance por vaidade, só para nos tornarmos baronetes de quinta categoria. No primeiro parágrafo deste texto falei em egoísmo. Menos egoísmo e mais inteligência deveria ser nossa palavra de ordem.

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Este texto foi produzido para o Blog do Noblat, onde escreverei semanalmente.

Justiça proíbe nome de Sarney em fórum - do CH

O Fórum do Tribunal Regional do Trabalho em São Luís, no Maranhão, vai deixar de exibir na fachada o nome do senador José Sarney, se não quiser pagar multa diária de R$ 5 mil. A Justiça Federal do Estado decidiu na sexta-feira (4) favoravelmente à ação civil pública - baseada no princípio da impessoalidade da administração pública - movida pelo procurador Marco Aurélio Adão, do Ministério Público Federal no Estado. A homenagem proposta pelo ex-presidente do TRT Fernando Belfort contraria a lei 6.454, de 1977, que proíbe a atribuição de nome de pessoas vivas a prédios públicos da União. O prédio exibe o nome de José Sarney desde 1990.
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O povo alemão tem vergonha de seu passado.
Eu tenho vergonha do nosso Passado, do Presente e Futuro.

O Mito Sueco - por Rodrigo Constantino

“O melhor lugar para achar uma mão que ajude é no final do seu braço.” (Provérbio Sueco)

Muitos são os que utilizam o relativo sucesso escandinavo para defender o modelo do Estado de bem-estar social. Estas pessoas argumentam que elevados impostos e um extenso welfare state é benéfico para a economia e a população, ignorando a relação causal entre as coisas. Na verdade, os países com pesado welfare state ficaram ricos a despeito deste modelo, não por causa dele. Se replicarmos tal modelo na África miserável de hoje, teremos apenas mais miséria. O economista Stefan Karlsson, que trabalha na Suécia, escreveu para o Mises.org um artigo chamado “The Sweden Myth”, visando a derrubar certas falácias sobre o modelo escandinavo. Veremos os principais pontos do autor.

Até a segunda metade do século XIX, a Suécia era bem pobre. Mas reformas de livre mercado adotadas nos anos 1860 permitiram que o país se beneficiasse da crescente revolução industrial. A economia rapidamente se industrializou durante os séculos XIX e XX, vendo aumentar bastante o número de empreendedores e inventores. Surgiram empresas como a Volvo, Saab e Ericsson. Além disso, um fator que muito contribuiu para a prosperidade sueca foi o seu afastamento de ambas as guerras mundiais, que destroçaram a Europa. Desde 1809, a Suécia não participa de guerra alguma. Juntando tudo isso, a Suécia teve o maior crescimento de renda per capita do mundo entre 1870 e 1950, tornando-se uma das nações mais ricas do globo.

Porém, as sementes de grandes problemas já haviam sido plantadas em 1932, quando os social-democratas subiram ao poder por conta da Grande Depressão. A expansão do governo na economia foi assustadora, mas vindo de uma base bem pequena. Os gastos estatais eram inferiores a 10% do PIB. Mesmo nos anos 1950, a Suécia ainda tinha uma das economias mais livres do mundo, e os gastos estatais eram menores que o dos americanos. Mas entre 1950 e 1975, os gastos subiram de 20% para 50% do PIB. As mudanças tornaram o país menos competitivo em termos globais, e a moeda, o krona, acabou sendo desvalorizada. A inflação começou uma escalada contínua. A insatisfação era grande, e uma coalizão de centro-direita chegou ao poder em 1976, quebrando 44 anos de gestão ininterrupta dos social-democratas. Entretanto, os partidos de centro-direita não estavam dispostos a levar adiante reformas liberais mais radicais. Quando privilégios são concedidos, dificilmente um governante enfrenta sua retirada impopular. A inflação continuava incomodando e a moeda foi novamente desvalorizada.

Em 1986, o mais pragmático Ingvar Carlsson tornou-se Primeiro Ministro, e implementou várias reformas de livre mercado. Aboliu os controles de moeda e reduziu impostos. Como quase todo remédio, o impacto imediato foi amargo. No começo dos anos 1990, a economia estava em queda, enfrentando certos ajustes necessários por anos de irresponsabilidade do governo. A crise do petróleo causada pela invasão ao Iraque agravou a situação. Somando tudo, a economia sueca estava em recessão no começo da década de 1990, com o emprego caindo mais de 10% e o déficit fiscal subindo para mais de 10% do PIB. Em termos de renda, a Suécia ficou perto da vigésima posição no mundo, uma queda que jamais foi recuperada.

Novas reformas foram adotadas, privatizações foram feitas e vários setores foram desregulamentados. O déficit fiscal foi eliminado. Estas reformas liberais permitiram uma certa recuperação da economia sueca. O Banco Central sueco, Riksbank, adotou uma meta inflacionária de 2% ao ano. Ainda assim, a renda per capita da Suécia, perto de US$ 30 mil, está bem aquém da americana, perto de US$ 40 mil. A renda de Cingapura, que não contava com o acúmulo de riqueza da Suécia nem com seus recursos naturais, já colou na sueca, graças ao modelo de ampla liberdade econômica.

Até mesmo em uma nação que já era rica e com apenas 9 milhões de habitantes, o peso do welfare state tem sido duro de carregar. Os incentivos – e indivíduos reagem a incentivos – não encontram-se no lugar adequado. Quando o “papai” Estado oferece tudo “grátis”, há menos incentivos para o trabalho e o sustento por conta própria. A epígrafe no começo do artigo mostra que nem sempre os suecos ignoraram esta obviedade.

Usar a Suécia como ícone de sucesso do modelo de welfare state é, como vimos, uma falácia. Na verdade, a Suécia enriqueceu por conta do Liberalismo, e o inchaço estatal plantou as sementes do fracasso. Reformas liberais têm sido implementadas para reduzir o estrago causado pelo tamanho do Estado. A Suécia desfruta de boa qualidade de vida a despeito do welfare state, não por causa dele.

E o mais lamentável de tudo é que, pela ótica brasileira, a Suécia seria considerada “ultra-liberal”. O índice de liberdade econômica do Heritage coloca a Suécia em 19º lugar no ranking, enquanto o Brasil está em 81º lugar. Para o Brasil chegar ao modelo sueco, teria que adotar inúmeras reformas liberais. Infelizmente, aqui muitos ainda consideram até mesmo o PSDB como um partido liberal. Ou seja, não só não foi o welfare state que gerou o relativo sucesso sueco, como estamos muito longe até mesmo desse modelo, tachado injustamente por aqui de “neoliberal”.

Com autorização do Rodrigo Constantino

Eu quero sair dessa! - por Fábio de Andrade

Resumo: Você anda se sentido mal lendo o Mídia Sem Máscara? Então aproveite uma série de sugestões para você melhorar.

© 2006 MidiaSemMascara.org

Você anda se sentido mal lendo o Mídia Sem Máscara, o Olavo, o Janer, esse bando de gente politicamente incorreta?

Você quer um monte de amigos, tapinhas nas costas, e-mails carinhosos e não tem nada disso?

Você não aguenta mais a solidão intelectual?

Essa receita que eu vou passar é quase tarja preta. É pior que a dieta do Dr. Atkins. É quase uma feitiçaria.

Leitura

Pare de ler. Ler não presta. Só leia de vez em quando o que todo mundo lê. Busque os mais lidos da revista Veja e pode começar (só leia as orelhas...).

Se você quiser uma overdose, leia toda a obra do Gabriel Chalita e medite profundamente sobre a biografia da Lulu Alquimim.

Música

Só ouça música pelo seu lado "social", nunca pela qualidade harmônica ou sutilezas tonais. Isso é coisa de gente conservadora e metida. Ouça funk carioca, que é a quintessência do pensamento brasileiro, é a própria brasilidade, é o fenômeno social emergente entre os acadêmicos brasileiros. Ouça RAP, pagode, axé e muita música de bebum e corno. Dependendo do ambiente você também pode ouvir o Caetano e o Chico sempre com o bordão na ponta da língua preparado - São grandes intelectuais...

Educação

Se você não entrou, entre para qualquer grande universidade na área de humanas. Entupa seu currículo Lattes de besteiras como "Participação no Congresso de Semiologia de Barthes: Sodomia Imperialista" ou, "Participação Adjacente no Artigo do Sr. Dr. Mestre Professor da Faculdade de Filosofia de Barrica d´Oeste, Ataulfo Ponte Pinto - Título: O nada e o tudo quando o movimento quântico está parado". Comece a caçar bolsas de todas as entidades possíveis para levantar um troquinho. Defenda teses e mais teses.

Sugestões para os títulos das pesquisas: "A influência psicosocial das bonecas Barbies usadas na população infantil do Morro do Saco Vazio". "A coerência semiótica na obra de Almir Rogério". "O troca-troca no terreno baldio. Princípio elementar da dialética Marxista".

Comportamento social

Vá em todos os eventos culturais possíveis, para beber e comer de graça afinal, você vive de bolsa... Monte frases geniais com as seguintes palavras: Contaminação, Hipermidiático, Semiótica, Políticas Públicas, Sociedade Civil Organizada, Niilismo, Entorno, Alavancar... ou pegue os suplementos culturais e revistas de arte-cabeça e anote as palavras difíceis. Você vai impressionar qualquer um. Basta ser cool, virar o gelinho do uísque e dizer: "O enfrentamento basilar da estrutura pós-moderna nada mais é do que um ultraje niilista da viciosa elite neo-pós-metafísica, que em suas origens arrebata o arreganhamento suporífero das possibilidades reais dos hidrocarburadoretos dos rompantes místicos indígenas das flatulências do novo anti-Messias e seu João Batista, Evo e Chávez. Ou não”.

Invente frases difíceis como as acima e ponha na boca dos mais eminentes filósofos modernos e complexos, como Barthes, Battaile, Deleuze, Derrida, Baudrillard, Virilio, Kristeva, Sartre... decore o nome de 40 eminentes filosofantes e decore 40 frases completamente absurdas e faça as combinações. São mais de 1.600! Nunca ninguém vai lhe corrigir. Ou porque nunca leu esses caras e diz que leu, ou leu e, como todo mundo, não entendeu patavina.

Nunca mais vá ao cinema para se divertir. Só para se encafifar. Elogie bastante quando o roteiro trata de um perneta baterista, que adora o Ramones, é gay e mora nas montanhas geladas do Cazaquistão e anda apaixonado loucamente por um camelo que conheceu pela internet e que mora no Irã. Comente com seus amigos que você foi as lágrimas quando o personagem principal leva um tapa da polícia só porque roubou três velhinhas, atropelou duas crianças, estuprou 25 freiras, espancou 5 senhores que jogavam dominó e tocou fogo num supermercado.

Posições políticas

Essa é fácil. Elogie tudo que é de esquerda e esculhambe tudo o que é de direita. Faça um abaixo-assinado rodar entre seus companheiros para que um novo Feriado Nacional seja instituído, o “Dia da Paz Brasileira”, onde também se comemorará a morte do grande santo Marighela, mártir inocente que queria implantar no Brasil o regime mais livre e democrático do planeta. Ligue de madrugada para aquela sua amiga riponga de meia-idade, que aparenta ter uns 146 anos e confesse a sua preocupação pelo futuro da democracia, pois está rolando um e-mail que afirma que o Fidel Castro pegou uma gonorréia de gancho das grandes...

Entre numa ONG e vire um ongueiro. Se você não conseguiu uma bolsa gorda, funde uma ONG para proteger crianças indígenas que não sabem nadar na jacuzzi do pai, que enriqueceu extraindo e fazendo contrabando de diamantes em reservas do governo. Isso dá uma grana...

Outros toques

Seja Zen. Arrume um guru. Deixe o guru te alisar e mandar brasa em você e em todos os seus familiares. Misturar política, sacanagem e pseudo-esoterismo sempre é receita de sucesso.

Seja afetuoso e prometa extirpar os intestinos dos intolerantes que rejeitam suas palavras de afeto e tolerância.

Seja quântico e holista e proclame que tudo está relacionado mas nunca dê esmolas para um mendigo. Isso não é nada holista e quântico, oras bolas!

Defenda o fim da propriedade privada mas compre um carro e um apê com dinheiro de projetos culturais fracassados e outras mutretas estatais.

Defenda a responsabilidade social mas negue um prato de macarrão.

Seja patriota e defenda suas raízes, embora ninguém direito saiba que raios seja isso.

E, enfim, lute por um outro mundo melhor.

Depois de um ano você vai acreditar piamente que pode mudar o mundo, que ninguém te manipula e que todas as suas decisões são autênticas e extremamente inteligentes, inclusive a inteligente decisão de parar de ler os textos daquela "corja imperialista financiada pela CIA".

Vai começar?

Reproduzido do Midia Sem Máscara

Assunto de família? - por Percival Puggina

© 2006 MidiaSemMascara.org

A imprensa registra, periodicamente, fatos exóticos ou escandalosos envolvendo iniciativas pedagógicas no campo da educação sexual. Quando isso acontece, os pais, que provavelmente andavam preocupados com o assunto, preocupam-se ainda mais, enquanto escolas e autoridades que pretendiam avançar nesse campo refluem de suas intenções. O tema é delicado. Afinal, educação sexual é necessária? Sim, e muito. Nas escolas? Também. Só para os alunos? Não. Os equívocos que se tem percebido nas experiências feitas nesse campo decorrem de idéias erradas sobre o que seja educação.

A liberdade com que o temário é abordado nos meios de comunicação tem feito com que as crianças deste início de milênio pareçam ter vindo ao mundo perfeitamente a par dos “fatos básicos da vida” (como se dizia antigamente), da mesma forma como parecem nascer gostando de ketchup e sabendo mexer com relógio digital, telefone celular e computador.

A necessária educação sexual não deve ser confundida com simples instrução sobre anatomia, desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e fisiologia do ato. Menos ainda há de ser vista como simples oportunidade curricular de orientar a gurizada para a prática do chamado sexo seguro. Educação vai muito além da simples informação.

Por paradoxal que possa parecer, quanto mais os jovens dão sinais de estarem informados sobre sexo, mais evidências fornecem de andarem desorientados a respeito dos muitos aspectos da vida sexual que transbordam da questão anatômica e fisiológica e que envolvem o caráter incomparavelmente humano da sexualidade. Ao contrário do que a cultura contemporânea se empenha em sustentar, nenhuma ação humana é apenas animal. Se tudo o que fazemos é humano por natureza, que dizer do ato com que a própria vida tem origem? Quanto mal produz quem transmite a jovens e a adultos conceitos que reduzem o sexo a artigo de consumo, a pessoa ao corpo, e o corpo a um parque de diversões!

A única faixa etária em que cresce o índice de natalidade é a da adolescência. É fácil presumir a quantidade de dramas ocultos por trás dessas estatísticas. Elas refletem relações desordenadas que começam por onde as afeições maduras e bem sucedidas tendem a chegar. Por tudo isso, parece urgente re-humanizar a sexualidade mediante uma educação que, como toda educação digna desse nome, a oriente para o bem.

Sustento, então, a necessidade de que as escolas, de modo correto e com profissionais habilitados, tratem desse assunto com os alunos em presença dos pais. Afinal, a última palavra sobre a educação dos filhos é atribuição deles.

Reproduzido do Mídia Sem Máscara

Men Without Qualities

"Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem"

Robert Musil em "O Homem sem Qualidades". Surrupiado do RA.