23 de dez. de 2013

A PL 122 e a KGB da “democracia socialista”

A PL 122 queria dar direitos aos homossexuais. Por trás de uma aparente boa intenção, esconde-se o maior mal que a civilização enfrentou no século XX.

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por Flávio Morgenstern - surrupiado do Implicante
 
pl122 A PL 122 e a KGB da democracia socialista
 ”Quando ficar ofendido dá poder às pessoas, elas ficam ofendidas mais facilmente.”
- John Stossel
 
A esquerda chama quem ela não gosta de “coxinha” (algo parecido com “almofadinha”). Policiais são “porcos”. Não gostar do PT ou de Lula te torna “golpista”. Ter uma opinião diferente da concentração de poder estatal total do socialismo bolivariano é motivo suficiente para tachar alguém de “reacionário” ou “reaça” (que, após ler The Superstition of School, de G. K. Chesterton, ou O Credo do Reacionário, de Erik von Kuehnelt-Leddihn, só pode ser tomado como elogio). Claro, dependendo da faixa salarial da sua família, Marilena Chaui pode simplesmente dizer que odeia você (ela ganha muito mais).
 
Mas se você não gostar de um esquerdista, ele quer te mandar para a cadeia. É assim desde o Gulag. É a força estatal penal usada para “corrigir” você e seus preconceitos que te fazem ser um mal para a sociedade. A sociedade, aquela que sempre é quem tem a culpa.
 
Como a esquerda, após a experiência do totalitarismo socialista, já não detêm mais o controle total do aparato estatal (a não ser em casos emblemáticos como Cuba, Líbia, Laos, Coréia do Norte, o Iraque de Saddam etc), não pode mais criar uma polícia política e nem prender por pensamentos anti-revolucionários quem lhe der na telha. Nasce, assim, o progressismo, o novo nome do comunismo.
 
Ao invés de proteger “os proletários” assim, todos de uma vez (mesmo porque quase ninguém mais é “proletário”), defende-se grupos específicos de vítimas, que passam a ser defendidos escolhidos a dedo pelo poder estatal. Se na Venezuela o alvo são “sabotadores” e quem ofenda a imagem de Hugo Chávez, no Brasil são escolhidos grupos pelo tripé gênero-raça-sexualidade, conforme foi comum à esquerda americana, embebida das teses de Michel Foucault sobre a “sociedade disciplinar”.
 
Assim, não se defende mais o direito à vida, à liberdade de opinião e de expressão, à liberdade de culto. Defende-se, muito ao contrário, uma hipersensibilização apenas de grupos específicos.
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Não se trata de defender o direito à vida, à propriedade e a viver livre de agressões, coações e ameaças – direitos estendidos a todos os seres humanos. Trata-se de uma hipersensibilização completa. Olhar de uma forma que a pessoa não goste já te encaixa em alguma forma de “agressão”. Fazer piadinha, não dar o mesmo nível de preferência (por exemplo, achar que um homem costuma dirigir melhor do que uma mulher), não “aceitar” em sua própria privacidade, ou mesmo elogiar de uma maneira que seja considerada desagradável – tudo isso deve ser criminalizado. Enquanto assaltos, assassinatos, latrocínios e mesmo estupro seguido de morte por desmembramento a facadas são relativizados.
 
Se você gosta de proteger a vida, a propriedade, a liberdade e a não-agressão violenta e dolorosa, você é um “coxinha” e pode ser xingado à vontade. Difícil mesmo, para a esquerda, é chamar um homossexual de “bicha” ou dizer que uma mulher é peituda. Aí tem de criminalizar muito mais do que tirar a vida de alguém. Afinal, esses coxinhas lá sabem como é ser xingado o tempo todo?
 
Todavia, estes grupos específicos que a esquerda quer proteger (mulheres, negros/índios e gays, enquanto a onda muçulmana não vira moda no Brasil) tampouco são munidos do direito de se defender. Nada de armas, nada de liberdade e preservação irrestrita da vida e da propriedade de cada um. Todos são tutelados em seus direitos específicos apenas, é claro, pelo Estado.
 
Foi com este espírito que criaram a PL 122, o projeto de lei de 2006 que pretende criminalizar a “homofobia” no país. O projeto foi apresentado pela então deputada Iara Bernardi (PT-SP) e sofreu inúmeras modificações nos 7 anos em que ficou indo de um lado para o outro da Câmara. O projeto que ainda pretende reformar o Código Penal via lei ordinária acatou pedido do senador Pedro Taques (PDT-MT) que exclui as referências a “gênero”, “identidade de gênero”, “identidade sexual” ou “orientação sexual”. Definições que só conseguem ser compreendidas mergulhando fundo nas mentes esquerdistas mais cavernosas de todas, de Valerie Solanas e Judith Butler a Laerte e Eli Vieira.
 
Apesar de parecer algo inócuo e que só diz respeito a gays, o projeto envolve a vida de todos. Não se trata apenas de criar uma lei que criminalize que um padre ou pastor evangélico, citando a Bíblia, diga que homossexualismo é pecado – ao mesmo tempo em que outra parte do Código Penal afirme que há direito à crença e também o crime de ultraje a culto, criando, assim, duas leis contraditórias que não vejam um “certo” e um “errado” numa disputa.
 
Sempre que um religioso e um gay estiverem em litígio – sem lei clara para definir o comportamento correto, resta apenas ao juiz aplicar penas e sanções tiradas de sua própria caçuleta para prejudicar alguém, optando-se sempre pela injustiça.
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Nessa situação, a própria lei, o próprio direito natural, a liberdade de expressão é comida aos poucos. Um católico não pode mais ser plenamente católico, um evangélico idem. Curiosamente, é o tipo de projeto lei que nunca se foca na religião islâmica, que mal existe no país – mas, tomado quase ipsis litteris de outros países que convivem com muçulmanos, tampouco em sua origem tentam entrar em conflito com muçulmanos, sempre protegidos pelo “multiculturalismo”. Seu alvo são unicamente os cristãos.
 
Assim, começa-se pelas beiradas: primeiro, leis que “criam direitos” para gays, cotas para negros, direitos exclusivos das mulheres. Parece uma boa intenção. Mas não é assim que se protegem gays, negros e mulheres.
 
Ora, religiosos podem simplesmente achar que o homossexualismo é pecado. Homossexuais que nem sequer são religiosos não têm por que se ofender. Algumas religiões também acham que é pecaminoso comer carne de porco, comer carne vermelha, usar poliéster, fazer cruzamento de raças de animais, (Levíticos 19:19), não semear a terra mais do que sete anos (Levíticos 25:04), morrer sem ter visitado Meca etc.
 
Isto se dá porque religiões não são apenas constructos metafísicos, mas formas de organizar a sociedade – os judeus, única sociedade pastoral a ter sobrevivido, mesmo entre os três mais sanguinários impérios da Antigüidade, viam com preocupação o consumo de carne de porco, já que porcos não transpiram e, para manter a temperatura, precisam de lama. Uma sociedade nômade, mesmo adorando bacon, deveria evitar tal carne para não dividir a tribo “pastando” com porcos. Era perigoso parar para porcos se refrescarem, enquanto o restante da tribo ia para mais longe. Os judeus de hoje sabem que só estão vivos porque seus ancestrais não comeram porco, e seguem o ditame, mesmo não precisando mais.
 
Da mesma forma, sociedades nômades em busca de uma terra para habitarem são muito mais preocupadas com a fidelidade e a reprodução do que uma sociedade não só “liberal” como até incentivadora do homossexualismo como Atenas, assentada e urbana.
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É assim que deve-se interpretar textos religiosos e mitológicos (a Ilíada e a Odisséia também acham “barbarismo” beber vinho sem misturar com água – mas é porque o vinho da Grécia antiga era horrível, e hoje nosso vinho é ótimo; ofendeu? quem é o bárbaro agora?). Se você quer ser gay e não é religioso, qual o problema de alguém crer que tal comportamento, anátema para uma sociedade de pastoreio, é pecado? Somos todos pecadores para outras religiões. E a religião atacada, sempre o cristianismo, tampouco nega que qualquer ser humano é um pecador. Nos belos dizeres de Kuehnelt-Leddihn, “há todos os tipos de coroas, a mais nobre delas, composta por espinhos”.
 
Se queremos garantir a liberdade às pessoas, não é apenas a liberdade de serem iguais a nós. É o velho conflito entre liberdade e igualdade. Do contrário, caímos na esparrela dos defensores da “igualdade”, que nunca se lembram de explicar se querem que todas as pessoas sejam iguais a quem.
Mesmo um fanático religioso pode ser chato, mas não é obrigação legal ser legal e agradável. Criemos um ambiente em que o fanatismo religioso não prolifere por haver opções melhores de conduta. Não se faz isso com leis.
 
De acordo com Marilena Chaui, “democracia é criar direitos”. Direitos, como explicou o filósofo Olavo de Carvalho, são sempre uma obrigação: obrigar alguém a algo ou proibir alguém de algo. Para isso, precisam de uma força maior e um poderio grandioso.
 
“Criar direitos”, como se direitos fossem coisas a ser inventadas, e não apenas se reconhece o direito natural de cada um, é uma concepção de democracia clássica – ou seja, negativa, prejudicial, corrosiva. Oposta à politéia de Platão (o governo para muitos, dentro de padrões de conduta aceitáveis, sem agressões e prezando a boa convivência), o demokratos é apenas o grito da maioria. “Direitos” roubados em número, à força, da maioria. Se 51% de uma cidade escolhe esfolar vivo os outros 49%, estamos diante de um “direito democrático” em sentido clássico (que perdurou do séc. V a. C. até o séc. XVIII). Não parece ser isso que queremos.
 
Ao se “criar direitos” assim, separamos grupos que ontem conviviam pacificamente. Afinal, ninguém defendia que homens pudessem agredir mulheres, ou que heterossexuais tivessem o direito de agredir homossexuais. Mesmo assim (e mesmo com o homossexualismo sendo cada vez mais aceito), do começo de 2000 até 2013, pessoas que pensavam o mesmo que pensavam em 2000 agora se dizem “feministas”, ou ativistas do movimento LGBT ou LGBTTTs. Andamos “perdendo pessoas para o feminismo” da mesma forma que perdíamos para drogas pesadas dos anos 90 para trás.
 
Isso tudo porque essa mentalidade da esquerda impregna, por ser uma hegemonia, e não uma mera opinião. Essa hegemonia invariavelmente nos leva ao totalitarismo, e não a um autoritarismo. É o que pregava Gramsci, autor lido e defendido pelo militante LGBTTT, o deputado e ex-BBB Jean Wyllys (PSOL-RJ).
 
Jean Wyllys acha que terem recusado a PL 122 foi uma “crônica de uma morte anunciada”, porque o Senado cedeu “à chantagem dos fundamentalistas”. Na verdade, Jean Wyllys, que, socialista como Marilena Chaui, tem motivos para odiar a classe média, divide as pessoas em apenas dois grupos: quem quer proibir religiosos de abrir a boca e “fundamentalistas”.
 
Para Jean Wyllys, dizer que um gay é um pecador deve ser criminalizado. Também é proibido fazer piada com o gay, um pai declarar que prefere que o filho seja hétero, chamar o gay de bicha, viado, boiola, baitola, bofe – aquelas palavras que os próprios gays usam entre si o tempo todo dando risada.
Contudo, quem discorda dele é coxinha, reacionário, conservador, fundamentalista, “não-preparado” para um “debate amplo”, um “debate sério”, chantagista, promotor do discurso do ódio, do preconceito, e até opositor do reconhecimento da “cidadania” para a população LGBT (sic), como se as leis existentes não garantissem direitos para os gays de não serem agredidos, difamados, mortos etc.
 
Nenhuma dessas palavras, claro, passou pela cabeça de Jean Wyllys e seu movimento pela hipersensibilização como uma ofensa a alguém – algo que deva ser criminalizado. Ele também é o deputado que chama seus desafetos de “deputado e pastor evangélico”, mas parece pouco confortável em que nos refiramos a ele apenas como “deputado e ex-BBB”. O esquerdista por definição é o cara que odeia a Globo e adora Jean Wyllys.
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Claro, ficaremos reféns de leis contraditórias decididas pelo que der na caixola de um juiz. Cada vez mais – primeiro com os gays, depois, como no ObamaCare, exigindo que todos financiem programas pró-aborto, depois ainda proibindo o Natal (que agora deve ser chamado apenas de Happy Holidays) e as árvores enfeitadas e assim prosseguirá. O roteiro já foi feito em outros países e está seguindo até a mesma ordem aqui.
 
Isto é criar direitos específicos apenas para grupos escolhidos pela hipersensibilização. É usar o aparato estatal para perseguir e obrigar apenas quem Jean Wyllys acha fundamentalista. Apenas quem o gramscista Jean Wyllys acha “conservador” demais para viver na futura sociedade perfeita que ele planeja. Apenas quem Jean Wyllys dá o direito (que precisa ser “dado”, como se fosse um presente) de não gostar, ou de preferir outro.
 
É impedir a KGB, a Stasi, a Securitate, a Tcheka, a Milítsia, a GPU e demais polícias políticas 2.0 do gramscismo de nos “reformarem” e impedir projetos como a PL 122 de “criar direitos” ou o caminho para sermos “corrigidos” por estes engenheiros sociais será o mesmo: o Gulag, e as mortes aos milhões. Ou você acredita que algum dia simplesmente disseram: “Vamos matar todos os judeus!” e foram aplaudidos, ou passaram uns bons anos os chamando de fundamentalistas, coxinhas, preconceituosos, sabotadores e demais apelidos antes?

20 de dez. de 2013

Garotas direitas



"WORK FOR A CAUSE, NOT FOR APPLAUSE. LIVE LIFE TO EXPRESS, NOT TO IMPRESS. DON'T STRIVE TO MAKE YOUR PRESENCE NOTICED, JUST YOUR ABSENCE FELT."

"Trabalhe por uma causa, e não para aplausos. Viva a vida para expressar, não para impressionar. Não se esforçe para tornar a sua presença notada, apenas sua ausência sentida."


Obs: Usei o Translator. Mas dei uma ajudinha, editando.
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16 de dez. de 2013

‘Com a mão na massa (cerebral)’, de Dorrit Harazim

Surrupiado do Augusto Nunes

Publicado na edição 58 da revista Piauí


Plantão no Miguel Couto e residência no Hospital do Andaraí são a rotina de vida ou morte do jovem neurocirurgião Thiago de Bellis

DORRIT HARAZIM

Existe um quadro do holandês Hieronymus Bosch, no Museu do Prado, em Madri, chamado A Extração da Pedra da Loucura, que foi pintado no fim do século XV. Quatro personagens compõem a cena campestre. De pé, um cirurgião, retratado como charlatão, porta um funil invertido à guisa de chapéu. A seu lado, há um ajudante e uma anciã pensativa, com um livro na cabeça, talvez simbolizando a verdadeira ciência. Sentado, um doente incauto e assustado é submetido a uma trepanação, a perfuração do crânio por um trépano, instrumento cirúrgico com a função de uma furadeira.

Referências a esse procedimento, usado no tratamento de doenças mentais ou epilepsia, remontam à era neolítica, quando foi desenhado em pinturas rupestres. Na Idade Média, curandeiros garantiam ter extraído de dentro da cabeça do demente as pedras que estariam causando sua loucura. E se guardava o pedaço de crânio retirado, como amuleto contra o mau-olhado. Essa operação de emergência primitiva, talvez a mais antiga de que se tem registro forense, consta do Livro da Cirurgia de 1497, de Hieronymus Braunschweig.

Nas primeiras horas da madrugada de uma terça-feira de fevereiro, Thiago deBellis optou por fazer algo parecido num paciente depositado na emergência do Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona Sul do Rio. Foi uma decisão de alta proficiência, destreza e autoconfiança para um carioca de apenas 29 anos.

Entre os seus companheiros de geração, Thiago de Bellis é tido pelo chefe do Serviço de Neurocirurgia do Miguel Couto, o doutor Ruy Monteiro, como mais do que hábil na realização da craniotomia descompressiva – a retirada parcial do crânio de uma pessoa com trauma e lesão cerebral provocados por acidente.

Embora o procedimento esteja a cinco séculos de distância da trepanação retratada no quadro de Bosch, ele continua a ser feito com instrumentos iguais, estruturalmente, às ferramentas medievais: uma broca e uma serra, só que com materiais e tecnologia contemporâneos.

O osso do crânio é retirado para abrir espaço aos edemas cerebrais provocados pelo trauma, e para que se possa estancar eventuais hemorragias internas. O osso é guardado, não mais como amuleto contra o mau-olhado, mas, para um leigo, de maneira talvez mais surpreendente. A equipe composta naquela madrugada por Thiago de Bellis implantou o osso craniano de 13 centímetros de diâmetro no abdômen do próprio paciente.

Como são excelentes a vascularização e a taxa de gordura do abdômen, o pedaço de osso fica bem conservado ali, sem risco de se deteriorar, até vir a ser reimplantado na cabeça do operado, quando os efeitos do trauma tiverem diminuído e seu quadro geral tiver estabilizado.

O Miguel Couto faz cerca de 800 atendimentos de pronto-socorro por dia. Quem chega andando deve preencher uma ficha de atendimento e passar por uma sala de triagem, onde se decide o que fazer com ele. Se o risco for baixo, o paciente é atendido numa sala do térreo, medicado, observado ali mesmo e despachado. Em caso de risco médio, ele é encaminhado ao 2º andar, onde funciona a emergência clínica. Pessoas com crise hipertensiva, asma aguda ou cólica nefrítica devem seguir o traçado de uma linha amarela pintada no chão até chegar ao setor de emergências não cirúrgicas.

Para o paciente que chega de ambulância, quem carrega a sua maca deve seguir a linha vermelha. Ela o levará ao elevador, ao 2º piso e a um corredor que desemboca numa porta dupla. “Sala de Reanimação”, informa o adesivo afixado na madeira. “Sala de Ressuscitação”, diz um painel mais visível, afixado na parede do corredor. Atrás dela há uma sala com espaço para quatro macas.

O paciente que aporta ali pode estar todo sujo, sangrando, estropiado, com as roupas rasgadas, nu, mas antes de qualquer coisa é entubado, ventilado, oxigenado e monitorado até ser considerado estabilizado – tudo em menos de dez minutos. Feita a primeira avaliação por um cirurgião geral, ou por um residente, é chamada uma equipe (neuro, vascular, ortopedia, a que for mais adequada ao caso) e é aberto um prontuário médico.

Fernando Vasconcelos está no 3º ano de residência em neurocirurgia. Aquela era a sua primeira semana do plantão na equipe de Thiago de Bellis e Paulo Roberto Lobato, neurocirurgião veterano com trinta anos de emergência no Miguel Couto. Por mais que se aprume no jaleco de doutor, Vasconcelos parece um garoto imberbe: tem 25 anos.

“Quando entrei na sala de ressuscitação, vi na maca um senhor agitado, com lesão na face, que não mobilizava de um lado; pensei logo que fosse atropelamento”, contou o residente, tentando relembrar a primeira impressão que lhe causou um dos muitos pacientes anônimos que atendeu naquela semana.

O paciente agitado que foi submetido a uma craniotomia descompressiva por um neurocirurgião de 29 anos, um residente de 25 e um veterano que se aposenta no ano que vem era o jornalista Marcos Sá Correa, editor de piauí. O trio só soube a identidade do paciente quando ele já havia sido

11 de dez. de 2013

Gregório F. Menezes


Até mesmo nas paixões
Devemos ser moderados
Desejos desenfreados
Envenenam os corações
Exagero de emoções
Vira um beco sem saída
Droga em dose comedida
Tranquiliza o usuário
NADA ALÉM DO NECESSÁRIO
É NECESSÁRIO NA VIDA
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6 de dez. de 2013

Nada a ver com políticos menores. Nada a ver com lulas e dilmas.

Surrupiado do Augusto Nunes
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22/07/2013 - às 22:08 \ Direto ao Ponto
Vargas Llosa ensinou que Mandela nunca teve nada a ver com lulas e dilmas

O “Elogio de Mandela”, assinado por Mario Vargas Llosa, condensa a deslumbrante trajetória de um dos maiores estadistas da história em apenas 13 parágrafos. No sétimo, reproduzido a seguir, resume o que foi provavelmente a etapa mais fascinante da biografia de Nelson Mandela:

Seria preciso recorrer à Bíblia, àquelas histórias exemplares do catecismo que nos contavam quando éramos crianças, para tentar entender o poder de convicção, a paciência, a vontade inquebrantável e o heroísmo que Nelson Mandela deve ter demonstrado durante todos aqueles anos para persuadir, primeiramente seus próprios companheiros de Robben Island, depois seus correligionários do Congresso Nacional Africano e, por último, os próprios governantes e a minoria branca, de que não era impossível que a razão substituísse o medo e o preconceito, que uma transição sem violência era igualmente factível e ela assentaria as bases de uma convivência humana em lugar do sistema cruel e discriminatório imposto à África do Sul por séculos. Creio que Nelson Mandela é ainda mais digno de reconhecimento por esse trabalho extremamente lento, hercúleo, interminável, graças ao qual suas ideias e convicções foram contagiando os seus compatriotas como um todo, do que pelos extraordinários serviços que prestaria depois, já no governo, aos seus concidadãos e à cultura democrática.

Assim é Nelson Mandela aos olhos do extraordinário escritor e democrata. Visto por Lula, o gigante que impediu a sangrenta dissolução da África do Sul  tem semelhanças com Dilma Rousseff. Essa miopia obscena se manifestou pela primeira vez em maio de 2010, quando o PT transformou o horário do partido na TV num comício eletrônico. O duplo insulto à inteligência alheia inspirou o post abaixo transcrito:

5 de dez. de 2013

Frank Lloyd Wright

“The longer I live the more beautiful life becomes. If you foolishly ignore beauty, you will soon find yourself without it. Your life will be impoverished. But if you invest in beauty, it will remain with you all the days of your life.”
....
 
"Quanto mais eu vivo mais bela a vida se torna. Se você ignorar tolamente a beleza, você vai se encontrar sem ela. Sua vida será empobrecida. Mas se você investir em beleza, ela permanecerá com você todos os dias da sua vida. "

Frank Lloyd Wright - "the greatest American architect of all time."

30 de nov. de 2013

Percepção Viciada

 
 
Entrevista de José Genoíno ao CQC em 1º de setembro de 2008... A capacidade de dizer e se desdizer em poucos minutos... Melhor exemplo de percepção viciada, impossível...

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net - surrupiado...
 
Por Arlindo Montenegro

A informação sobre como grupos específicos de pessoas percebem e compreendem a realidade é utilizada pelos meios de informação oficiais para estabelecer uma “realidade consensual”, repetida nos noticiários, constituindo-se numa poderosa arma política.

As condutas da experiência humana que são perigosas para os governantes são selecionadas, as vítimas são marcadas e alvejadas pelos mecanismos de propaganda - jornais, rádios, cinema, televisão, internet – que divulgam as campanhas de construir da “opinião pública”, na direção planejada, para ativar suas táticas na estratégia global da engenharia social.

Eles criam uma nova memória histórica, porque a verdadeira memória do passado é muito perigosa. Demonstram que abdicaram do ateísmo e dos fundamentos econômicos do comunismo para vender o patrimônio nacional aos grandes investidores. Que seguem direitinho, como vassalos a cartilha dos que não têm pátria, dos que desprezam os valores culturais para internacionalizar a cultura dos drogados.

Educação = propaganda; entre outros Bertrand Russel dava a receita: “Quando se aperfeiçoarem as técnicas, todo governo que se mantiver dirigindo as políticas educacionais durante uma geração (25 anos), poderá controlar seus súditos sem ser questionado, sem necessidade de exércitos nem polícias.”

Foi o mesmo Lord Russel quem propôs alguns métodos de controle social massivo, muito conhecidos entre nós na atualidade: “liberação da maconha e outras drogas perigosas, psicotrópicos, modificação linguística para a manipulação social” através da propaganda.

As ideias de Russel foram adotadas por Aldous Huxley, que junto com H. G. Wells e outros “nobres” e intelectuais socialistas fabianos, apontavam como objetivo a destruição do poder soberano do Estado-nação, para enterrar a influência de dois milênios de tradição filosófica, cultural e religiosa.

Em 1958 Huxley publicou uma série de ensaios prevendo o futuro tenebroso, tão familiar nos nossos dias: “A sociedade completamente organizada (...) a abolição do livre arbítrio através da manipulação metódica (da opinião pública) e a servidão aceita com a administração de doses regulares de felicidade induzida quimicamente... (Drogas).”

Dizia também que as democracias mudariam “as formas antigas e pitorescas de ser: eleições, parlamentos, tribunais superiores continuarão existindo, mas o poder real será um totalitarismo não violento. Democracia e liberdade serão temas de radiodifusão, mas em sentido estrito. A oligarquia governante e sua elite especializada de soldados e policiais, fabricantes do pensamento e manipuladores da mente, dirigirão o cortejo em silêncio, como melhor lhes pareça”.

23 de nov. de 2013

A Lucidez e Maestria de um comentário: Valentina de Botas, no post do Augusto Nunes de 03/10/2013

Os livro mais interessante estão emprestado

PUBLICADO EM 13 DE MAIO DE 2011

A frase reproduzida no título do post parece ter sido pinçada de alguma discurseira de Lula. Não foi. Mas os autores do livro didático “Por uma vida melhor”, chancelado pelo MEC, decerto se inspiraram na oratória indigente do Exterminador do Plural para a escolha de exemplos que ensinem aos alunos do curso fundamental que  o s no fim de qualquer palavra é tão dispensável quanto um apêndice supurado. O certo é falar errado, sustenta o papelório inverossímil.

A lição que convida ao extermínio da sinuosa consoante é um dos muitos momentos cafajestes dessa abjeta louvação da “norma popular da língua portuguesa”. Não é preciso obedecer à norma culta em concordâncias, aprendem os estudantes. Isso porque “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro“. Assim, continuam os exemplos, merece nota 10 quem disser ou escrever “nós pega o peixe”. E só elitistas incorrigíveis conseguem espantar-se com a medonha variação: “Os menino pega os peixe”. Íntegra

16 de nov. de 2013

EMERSON - Self Reliance - Essays - part I

"Nada, enfim, é sagrado, a não ser a integridade de nossa própria mente. Absolvei-vos a vós mesmos e haveis de ter o sufrágio do mundo." 
Lembro-me de uma resposta que, quando bastante jovem, estava pronto para dar a
um ilustre conselheiro, que estava habituado a importunar-me com as velhas
doutrinas da igreja.  
Indaguei: "O que eu tenho a ver com a sacralidade das tradições, se vivo inteiramente de uma vida interior?" 
"mas esses impulsos"- sugeriu meu amigo - "podem provir de baixo, não de cima".  
"não me parecem ser assim, - repliquei-;  
"mas se sou filho do Diabo, viverei então do Diabo."  
(p. 40, da edição brasileira dos Ensaios, primeira série).

15 de nov. de 2013

Lulândia, o reino da avacalhação - por Maria Lúcia Victor Barbosa

Bastou o intervalo das festas de fim de ano, das férias nas praias ou no exterior quando ninguém pensa em dívidas, contas a pagar, despesas que virão para que Lula da Silva ressurgisse do conveniente mutismo e retomasse os preparativos para sua “treeleição”.

De fato o ex-presidente nunca deixou de exercer o poder. Recorde-se que tentou impedir o julgamento do mensalão chantageando o ministro Gilmar Mendes para que esse adiasse o julgamento. Como isto não funcionou ordenou ao Congresso que realizasse a CPI do Cachoeira, uma espécie de cortina de fumaça para desviar a atenção sobre as condenações dos quadrilheiros do PT que poderiam atrapalhar as eleições municipais de 2012. A CPI acabou condenando apenas o senador Demóstenes Torres e prendendo o contraventor sem que nada acontecesse a Delta e a grande rede nacional de políticos envolvidos na trama. Deste modo a farsa se converteu em um dos maiores espetáculos de degradação já apresentados pelo Congresso Nacional.

Consta também que a presidente Rousseff, gerente dos apagões e pibinhos, não dá um passo sem consultar seu chefe e inventor que assim demonstra quem é o verdadeiro presidente da República.

Contudo, após as acusações de Marcos Valério que indicaram Lula da Silva como chefe e beneficiário do “mensalão”, este se calou. Especialmente depois da eclosão do fragoroso escândalo no qual ficou demonstrado que a amante, Rosemary Nóvoa de Noronha, não só desfrutava de maravilhosas viagens presidenciais pagas por nós, os contribuintes, mas nomeava através do “tio Lula” uma quadrilha de trambiqueiros, falsificadores, fraudadores de pareceres, o ex-presidente deu em fugir da imprensa. Fato grotesco ocorreu em Barcelona quando o poderoso Lula bateu em veloz retirada através da lavanderia do hotel em que se encontrava hospedado e escapuliu dos repórteres pela porta dos fundos.

Agora, enquanto o povo em férias se entretém com os preparativos do carnaval, Lula da Silva emerge anunciando futuras caravanas pelo Brasil. Ao mesmo tempo, faz saber que assumirá as negociações com a base aliada. Portanto, após ter nomeado o ministério de Rousseff na prática está demitindo a fiel Ideli de suas funções de ministra das Relações Institucionais, ou seja, do ministério do balcão de negócios, posto muito conveniente para quem é candidato.

Além do mais, para mostrar quem manda de verdade Lula da Silva se reuniu com seu outro poste, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e secretariado para dar as ordens e ministrar lições de populismo.

Em países de instituições sólidas, Poderes independentes e igualmente fortes, de oposição para valer tal avacalhação seria impensável. Mesmo no Brasil nenhum ex-presidente chegaria a tanta desfaçatez e lambança. Mas, na Lulândia tudo é permitido porque o povo elegeu e continua aplaudir o grão senhor Lula. Algo que faz parte de nossa cultura da avacalhação desde os tempos coloniais. Além do mais, como não existe oposição, exceto uma ou outra voz solitária, Genoino, um dos condenados petista do mensalão tomou posse como deputado federal decretando o fim da ficha limpa. Se isto foi legal, como dizem seus defensores, foi imoral e abjeto.

Em outra manifestação típica da Lulândia membros do PT, inclusive, a juventude petista organizaram um jantar com o objetivo de arrecadar fundos para pagar as multas dos companheiros criminosos. Alguns militantes acreditam ou fingem acreditar que os companheiros quadrilheiros, coitadinhos, foram injustiçados, condenados sem provas, vítimas da imprensa maldosa e da oposição que não existe. Por sua vez a CUT, braço sindical do PT, fez ato para anular sentenças do STF. Hilariante piada de salão como diria Delúbio Soares.

Enquanto segue a politicagem, por mais que ministro Mantega distorça dados da economia e faça mágicas para adulterar resultados, a inflação acelera, progride a inadimplência, aumenta a devolução de cheques sem fundo.

Com a projeção do endividamento da Petrobras virá o aumento dos combustíveis tantas vezes adiado politicamente e com ele mais inflação, apesar de que os reajustes previstos apenas amenizarão a piora do endividamento.

Acrescente-se que as previsões da economia para 2013 não são das melhores. Segundo, por exemplo, Flávio Castelo Branco, gerente executivo do Núcleo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI): “Se a economia seguir um padrão fraco como o de 2012, a desaceleração alcança o mercado de serviços e aí podemos ter uma contaminação do mercado de trabalho”.

Rousseff está em campanha e fez comício em cadeia nacional de rádio e TV para anunciar redução de tarifas de energia. Entretanto, no cenário sombrio que se desenha para a economia de 2013, a quem o povo recorrerá como salvador da pátria? É fácil adivinhar. Que o digam os invasores do Instituto Lula que não perderam tempo indo à Brasília.
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(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

A influência e o poder de Margaret Thatcher - por Maria Lúcia Victor Barbosa

Na Inglaterra, onde se originaram fenômenos políticos, econômicos, sociais e culturais capazes de influenciar o mundo, a rainha Elizabeth I, a rainha Vitória e Margaret Thatcher foram mulheres notáveis que frente ao poder dele souberam se desincumbir com rara maestria.

Margaret Thatcher faleceu dia 8 deste abril, aos 87 anos, deixando um legado extraordinário. Sua firmeza, coragem e competência lhe acarretaram o ódio da esquerda e dos sindicatos que ela colocou de joelhos, mas a única mulher que se tornou primeira-ministra da Inglaterra e governou seu país por mais de 11 anos, nunca esmoreceu diante dos desafios e dificuldades. Como ela disse certa vez: “Eu não sou uma política de consenso”. “Eu sou uma política de convicções”.

Diferente da nobreza por sua origem plebeia, Thatcher proveio de um ambiente modesto. Saiu da lower middle class, sendo filha de um merceeiro e de uma costureira. Estudou em escola pública, o que não a impediu de conseguir uma bolsa de estudos que lhe permitiu fazer brilhantes estudos de química em Oxford antes de se encaminhar para o Direito, tornando-se depois especialista em questões fiscais.

Em 1959, depois de duas derrotas, foi eleita para a Câmara dos Comuns. Dois anos depois se tornou subsecretária de Estado para Questões Sociais. Em 1970 assumiu a pasta da Educação. Em 1975 se tornou líder do Partido Conservador, eleita pelos 276 deputados conservadores da Câmara dos Comuns. E a partir de1979 até o final de 1990, governou a Inglaterra como primeira-ministra tendo ganhado três eleições com ampla maioria.

Quando assumiu o comando da Inglaterra, Thatcher enfrentou um cenário economicamente muito difícil. O PT da Inglaterra, Partido trabalhista, seguindo a tradição socialista elevava os gastos públicos, recorria ao aumento dos salários, incrementava a estatização. Isto em meio a uma inflação de 25%, um crescimento pífio da economia e um milhão de desempregados, o que acarretava ondas de greves no setor público, deixava os políticos imobilizados e paralisava ainda mais a economia do país que sucumbia ao esquerdismo dos sociais-democratas e desenvolvimentistas.

Como analisou Gustavo Patu (Folha de S. Paulo – 09/04/2013): “A escalada dos gastos públicos elevava a inflação, a carga tributária e enfraquecia as empresas”. “A debilidade era enfrentada com proteção à Indústria e aos salários, demandando mais gastos e criando um ciclo vicioso”.

Thatcher partiu para o ideário liberal e pôs a casa em ordem. Enfrentou os sindicatos, privatizou e só deixou sobreviver setores produtivos que fossem lucrativos. Além disso, criou agências reguladoras fortes e independentes, priorizou a Educação e a Saúde.

A revolução liberal de Tatcher não só obrigou o Partido Trabalhista a se render a dogmas liberais, o que foi chamado de New Labour, como influenciou a transformação da esquerda em todo mundo. Inclui-se o governo tucano de FHC e, atualmente o governo petista com suas canhestras tentativas de privatizações apelidadas de concessões, sendo que o PT faz lembrar a letra de uma música de Alceu Valença: “nós somos cópias mal feitas”.

Ainda no plano externo Thatcher teve papel decisivo na derrocada da URSS e na queda do Muro de Berlim ao influenciar Mikhail Gorbatchov. Foi, portanto, peça fundamental numa parceria com o presidente norte-americano, Ronald Reagan, na importante vitória ocidental da guerra fria.

Outro episódio que demonstrou sua coragem e determinação ocorreu na guerra das Ilhas Falklands, promovida pela Argentina de modo grotesco e trágico. O Exército argentino se rendeu quase sem luta e quando o conflito terminou a frustração popular se voltou contra o governo Galtieri. De forma oposta, na Inglaterra o governo de Margaret Tatcher recebeu estrondosa vitória eleitoral. Que Cristina Kirchner pense duas vezes antes de prosseguir com sua patacoada com relação às Falklands.

Afirma, contudo, Roberto Simon (O Estado de S. Paulo, 09/04/2013), que Margaret Thatcher, “em sua autobiografia, ao se questionar sobre o principal feito de sua vida, não menciona a guerra das Falklands ou a mudança das bases da economia britânica, mas uma garota judia, Edith Muhlbauer, que ela ajudou salvar da brutal perseguição aos judeus e levar para a Grã-Bretanha quando Hitler anexou a Áustria, em 1938”. Posteriormente Edith veio para o Brasil e constituiu família. Diz sua filha, Betina Nokleby, que a família Thatcher salvou a vida de sua mãe.

No Brasil, com mais de 10 anos no Poder, o PT institucionalizou a corrupção e agravou a meritofobia. A primeira mulher presidente do país tornou-se não a mãe do PAC, mas a mãe da inflação e dos pibinhos. Isso significa que não basta ser mulher para automaticamente brilhar no poder. Tanto mulheres quanto homens, para governar têm que ser competentes, honestos e ter visão de bem comum. Isto Lady Thatcher tinha de sobra.
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(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

O Rato na Coca-Cola era um Petista Honesto

Sim, amigos, o PT é um partido de ratazanas, mas o rato da coca-cola era um petista honesto, isto é, inexistente: Justiça vê fraude e nega indenização por suposto rato em Coca-Cola.
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3 de nov. de 2013

‘É assim que começa’, de Dora Kramer

Publicado no Estadão desta quinta-feira

DORA KRAMER

“No meu governo polícia não sobe morro”, anunciou na campanha de 1982 o então candidato Leonel Brizola.

Uma vez eleito governador do Rio de Janeiro, cumpriu à risca a promessa, muito provavelmente sem saber que plantava ali a semente do terror que viria a ser imposto, ao longo das três décadas seguintes, àqueles que pretendia proteger da violência policial: os moradores das favelas na época ainda não denominadas “comunidades”.

A decisão de Brizola teve respaldo na sociedade. A ditadura ainda existia, a polícia não defendia, atacava. Era agente da repressão que, embora já com menos ênfase, atuava sob a lógica do combate ao inimigo interno. Quanto mais fraco o grupo social, maior e mais truculenta a opressão.

Em linhas gerais, assim se desenhava o quadro. O problema era grave e para enfrentá-lo o governo adotou uma solução simples. E equivocada. À retirada da polícia correspondeu a ocupação gradativa dos morros pela bandidagem.

Nas favelas os criminosos atuavam como benfeitores, supriam as carências da população, que passou a vê-los como agentes da proteção. No “asfalto” também eram saudados como tal. Vistos como heróis, cobertos de glamour.

Inesquecível a fuga do traficante José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, resgatado do presídio da Ilha Grande por comparsas de helicóptero no dia 1.º de janeiro de 1986. Guardo na memória, sobretudo, a reação de júbilo de certa esquerda com o drible que a criminalidade havia dado na legalidade.

Claro que essas pessoas não pensavam no dano ao Estado de Direito (naquela ocasião, mera abstração). Achavam que estavam impondo uma derrota ao Estado autoritário, sem se dar conta da parceria nefasta que faziam.

Pois bem. Daí em diante o que se viu foi a consolidação do poder paralelo do crime nos territórios dominados pelo tráfico, com a passividade da sociedade – era uma época em que traficante convocava entrevista coletiva e merecia foto em primeira página de jornal – , leniência (muitas vezes também criminosa) da polícia e a conivência de determinados políticos que passaram a ver nos bandidos eficientes cabos eleitorais. Em pouco tempo eles eram a lei.

E o que tem a ver essa história toda com o momento atual? Descontado o fato de que o Estado não é um ente em regime de exceção, o que temos de semelhante é a condescendência no trato desses vândalos que aterrorizam as cidades sob o olhar catatônico dos governos.

Acuados que estão pela visão torta de que são heróis da resistência à ineficiência do poder público que sabe de sua culpa no cartório, mas não tem coragem nem sabedoria para distinguir direitos de deveres.

O ovo da serpente está aí. É assim que começa. Um episódio típico ocorreu nesta semana no bairro do Jaçanã, em São Paulo. O comércio fechou. Segundo moradores, depois que dois homens numa moto deram a ordem para ninguém sair na rua depois de uma hora da tarde.

Toque de recolher. Sem tirar nem pôr, o mesmo “modus operandi” dos traficantes nos territórios dominados do Rio. Exagero? Pois era assim que há alguns anos reagia boa parte dos cariocas e a quase totalidade das autoridades sempre se recusando a aceitar o que se passava debaixo de seus narizes. Por motivações variadas.

Para além de declarações formais, de reuniões e de intenções de agir conjuntamente, conviria aos governos federal e estaduais prestarem a devida atenção aos primeiros acordes e reconhecer a sinfonia.

Está em jogo o Estado de Direito. E isso requer mais que a “análise do diagnóstico” proposta pelo secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para quem não se pode “criminalizar” as manifestações sociais.

2 de nov. de 2013

O Pensador Coletivo

Demétrio Magnoli

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O Pensador Coletivo é uma máquina regida
pela lógica da eficiência, não pela
ética do intercâmbio de ideias
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Você sabe o que é MAV? Inventada no 4º Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes Virtuais. São núcleos de militantes treinados para operar na internet, em publicações e redes sociais, segundo orientações partidárias. A ordem é fabricar correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do momento. Um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em massa de pseudônimos. No fim do arco-íris, um Pensador Coletivo fala a mesma coisa em todos os lugares, fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos. Você pode não saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias.

O Pensador Coletivo se preocupa imensamente com a crítica ao governo. Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. O Pensador Coletivo não concorda com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo tecido social. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, "a mídia", "a burguesia", os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o Pensador Coletivo não crê na hipótese de existência da opinião individual.

O Pensador Coletivo abomina argumentos específicos. Seu centro político não tem tempo para refletir sobre textos críticos e formular réplicas substanciais. Os militantes difusores não têm a sofisticação intelectual indispensável para refrasear sentenças complexas. Você está diante do Pensador Coletivo quando se depara com fórmulas genéricas exibidas como refutações de argumentos específicos. O uso dos termos "elitista", "preconceituoso" e "privatizante", assim como suas variantes, é um forte indício de que seu interlocutor não é um indivíduo, mas o Pensador Coletivo.

O Pensador Coletivo interpreta o debate público como uma guerra. "A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação", explica o deputado André Vargas, um chefe do MAV. No seu mundo ideal, os dissidentes seriam enxotados da praça pública. Como, no mundo real, eles circulam por aí, a alternativa é pregar-lhes o rótulo de "inimigos do povo". Você provavelmente conversa com o Pensador Coletivo quando, no lugar de uma resposta argumentada, encontra qualificativos desairosos dirigidos contra o autor de uma crítica cujo conteúdo é ignorado. "Direitista", "reacionário" e "racista" são as ofensas do manual, mas existem outras. Um expediente comum é adicionar ao impropério a acusação de que o crítico "dissemina o ódio".

O Pensador Coletivo é uma máquina política regida pela lógica da eficiência, não pela ética do intercâmbio de ideias. Por isso, ele nunca se deixa intimidar pela exigência de consistência argumentativa. Suzana Singer seguiu a cartilha do Pensador Coletivo ao rotular o colunista Reinaldo Azevedo como um "rottweiler feroz" para, na sequência, solicitar candidamente um "bom nível de conversa". Nesse passo, trocou a função de ombudsman da Folha pela de Censora de Opinião. Contudo, ela não pertence ao MAV. Os procedimentos do Pensador Coletivo estão disponíveis nas latas de lixo de nossa vida pública: mimetizá-los é, apenas, uma questão de gosto.

Existem similares ao MAV em outros partidos? O conceito do Pensador Coletivo ajusta-se melhor às correntes políticas que se acreditam possuidoras da chave da porta do Futuro. Mas, na era da internet, e na hora de uma campanha eleitoral, o invento será copiado. Pense nisso pelo lado bom: identificar robôs de opinião é um joguinho que tem a sua graça.

27 de out. de 2013

O Brasil está entregue a um bando de aproveitadores enquanto é observado por outro bando de covardes

REYNALDO ROCHA - surrupiado do Augusto Nunes de VEJA.com

Somos oposição. Real. Exercemos o direito de nos opor ao que julgamos deletério ou imoral. Não aceitamos números falsos. Repudiamos promessas não cumpridas, expostas a todos como um cadáver putrefato ─ como é o caso da Norte-Sul, do Trem-Bala, da Trasnordestina, da transposição do Rio São Francisco, das 9.000 creches e dos 800 aeroportos.

Sequer rotulamos estas obras como mal feitas. Antes, precisam ser feitas.

Somos contra a substituição do mérito pela ajuda ao companheiro ignorante, roubando de todos o direito de exercer o que o estudo e esforço sempre os deram.

Somos oposição às tentativas de comprar juízes e ministros do Supremo com se o Judiciário fosse a feira livre dos sem vergonhas do Poder Legislativo. Sim, não têm vergonha de nada.

Queremos ser o que sempre fomos: a parte decente do Brasil. A que não se corrompeu, se vendeu ou idolatrou fantoches e ídolos de pés de barro. Já é muito.

Não temos representantes. Não nos vemos em nenhuma alternativa de poder, o que nos leva, por exclusão a aceitar qualquer uma que mantenha a democracia e enxote os micilianos lulopetistas do poder.

Estamos a um ano das eleições.

Tempo que a oposição tem para formar um discurso,  bandeiras e para que nos ouçam. E é o mesmo tempo que eles têm para manter pratos equilibrando no ar. Eles sabem que em 2015 o desastre estará completo. Mas o objetivo terá sido alcançado e as esperanças de bolivarianizar, definitivamente, o país estarão renovadas.

É um jogo de perde-perde. Sabemos (não somos inocentes) que vamos perder no final. Que estaremos fazendo o trabalho que, por incompetência, medo ou covardia, as oposições nunca fizeram.

As palavras críticas nas bocas oposicionistas são ocas. Vazias como foram os anos de dócil conivência com o poder. Os textos de blogueiros e jornalistas que leio são mais aprofundados e oposicionistas que discursos de qualquer um deles.

Não me lembro de UM! Só um!

E lembro de centenas de textos, na internet, expressando até de modo repetitivo o que as oposições se recusam a ler e ouvir.
Um ano. Pouco, muito pouco tempo.

O PT sabe se equilibrar na corda bamba. É mestre no show de Monga, a mulher-gorila que usa o truque dos espelhos.

Um ano para as oposições é a eternidade, pelo ritmo que sempre se portou. Para a seita, um ano é um fim de semana, como comprovam a ânsia de continuidade ao assalto aos cofres e perpetuação da imoralidade já demonstradas.

A oposição não demonstra ter bandeiras. Mas está com a mortalha pronta. Sabe como nunca ser dividida, brigando por um naco do bolo que sequer foi ao forno. Lutando pela primazia de ser o perdedor.

Enquanto isso, vemos a campanha de Dilma já nas ruas, usando dinheiro público, benesses a apaniguados, butim da base alugada, ajeitamentos dos piratas na nau da insensatez, escárnio com a lei eleitoral e repetição das fantasias alucinadas que a alguém com dois neurônios, provocam risos. E asco.

Estamos absolutamente sós. Somos a oposição.

O Brasil está entregue a um bando de aproveitadores e é observado por um de covardes.
Um ano de expectativa de que surja uma bandeira de luta, entre tantas que oferecemos.

Sinto que não haverá.

E um ano de repetição de um programa/discurso que se repete há 11 anos.

Sei que será assim.

Sou pessimista ?

17 de jan. de 2013

“Matamos e fomos comer jaca!”

Dr. José Nazar

Matamos e fomos comer jaca”. Este foi o título da matéria de Wilton Junior, publicada no jornal A Tribuna, onde três adolescentes assassinaram uma criança de 11 anos idade – maltrataram o menino e depois o enterraram ainda vivo, ...“

Esse é mais um drástico acontecimento que reforça, mais uma vez, a necessidade urgente de uma revisão da lei da maioridade penal. A virulência de um crime não pode ser medida a partir de uma idade cronológica.

Pelo teor do crime praticado, o cumprimento de uma pena em si, pode durar uma vida. A realização de um trabalho de ressocialização do autor do crime deve ser levado a sério no que diz respeito à gravidade de sua periculosidade.

Na Inglaterra, por exemplo, temos vários exemplos de crianças de 10 a 12 anos que sofreram penas de algumas décadas, por terem cometido assassinatos. Naquele país, a maioridade penal vale a partir dos 12 anos.

A realidade deve ser concebida como uma realidade. Se quisermos mudar alguma coisa em nosso país devemos deixar de lado os sentimentos e passarmos a lidar com crua realidade dos fatos. A estabilidade na vida será maior quando pais conseguirem adotar, verdadeiramente, os seus filhos.

Isso não é simples: filhos desejados, filhos não desejados. A sociedade, a partir das suas instituições competentes, deve adotar, como numa família, os menores que sinalizam, aqui ou ali, práticas desviantes. O bom trabalho de agentes públicos deve incluir o atrevimento de uma implicação que não se acomode nas regras dadas de antemão.

Uma intervenção somente promove mudanças significativas se ela mesma opera nas bordas e nos limites impostos pela ordem estabelecida.

Se a sociedade se isenta de sua responsabilidade pelos atos desviantes desses jovens estes, cada vez mais, serão colocados à margem do convívio pelo caminho da violência.

Insisto, a lei da maioridade penal, ainda vigente em nosso País, tornou-se uma lei perversa. Uma lei que não mais preconiza os limites necessários – o que legitima uma lei como lei é o seu caráter de necessidade –, estimula o jovem em violência a um desvio de seu itinerário, levando-o facilmente ao mundo da criminalidade.

Ministros, desembargadores, políticos, juízes, promotores, delegados, policiais, advogados, estudantes de Direito, famílias: onde estão que não se pronunciam? Nada dizem, nada fazem, tudo permanece como está! Vivemos uma vida emudecida.

As famílias vivem em seus isolamentos, voltadas a uma individualidade insensata, narcísica, sem caminhar rumo a uma conquista social.

Numa família os pais precisam punir seus filhos para que aceitem os limites da lei impostos a seus atos, o mesmo deve se repetir em sociedade quando jovens têm dificuldade em reconhecer que todo ato gera consequências que esbarram nos limites da mesma lei civilizatória.

Não se educa, não se ensina responsabilidade, isentando crianças e adolescentes das consequências de seus atos. Adolescentes que se tornam violentos, frequentando os territórios de uma marginalidade, carregam na cabeça a fantasia de que não foram desejados pelos pais, que teria sido melhor não tivessem nascidos, já que não encontram um lugar na sua própria existência.

Por isso mesmo, muitas vezes os cuidados vindos da sociedade não encontram uma resposta que corresponda aos investimentos amorosos. São sujeitos que carregam uma desesperança tão assustadora que a vida em si não tem valor.

O que dizer quando um filho torna-se a resposta impensada de uma gravidez inconsequente?
O que é fundamental é que tenha havido desejo na união de um homem e de uma mulher, para que possam ocupar a função de pai e de mãe.

José Nazar é psiquiatra e psicanalista.

Artigo publicado no jornal A Tribuna em 13/01/13.

Insanidade

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"Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes"
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Albert Einstein