25 de mai. de 2006

Liliana e Reinaldo - Primeira Leitura

Agosto - Por Liliana Pinheiro - aqui

Acusado de colaborar com o crime qualificou a Câmara de escola de malandragem. Não foi o único a romper limites neste maio com jeito de agosto.
......
A lágrima dos canalhas - Por Reinaldo Azevedo - aqui
A mobilização para que se esclareçam as circunstâncias dos eventuais inocentes mortos é justa e humana; plantada no jardim do silêncio cínico diante da morte dos policiais, ela se faz indecente. O clamor em defesa dos direitos humanos é uma prova de civilização; confrontado com os olhos secos de quem não derrubou, pelos agentes da lei, uma única lágrima cívica, é uma prova de selvageria ideológica e de canalhice. E também falo por que Noel Rosa pode remeter a Proust e Goethe. Ruim da cabeça e doente do pé, estou impossível. Pronto para dar aula de literatura comparada na USP.

UM CORRUPTO DE DIREITA - por Rodrigo Constantino

Caro leitor, pretendo a seguir apresentar a figura hipotética de um governante, eleito para presidir um grande país. Qualquer semelhança com alguém conhecido pode não ser mera coincidência. Peço, entretanto, que o leitor tente focar apenas nos supostos fatos em si, ignorando a pessoa do governante. Afinal, a justiça é cega para cor, raça, sexo ou ideologia, devendo ater-se somente aos fatos. Façamos justiça então!

Era uma vez um sujeito carismático, que pregava soluções milagrosas e simplistas para os males que assolavam sua nação. Após algumas tentativas, ele logrou chegar ao poder. Quando sentado ao trono, no entanto, teve que esquecer todas aquelas crenças que divulgava como corretas para levar o país ao progresso. Culpou a “herança maldita” pelas coisas ruins que viu na economia, mas acabou repetindo o mesmo modelo que o anterior nesta área específica. Na verdade, fez ainda pior, e o crescimento econômico durante seu governo foi pior que medíocre quando comparado ao resto do mundo. No restante, de fato trouxe mudanças. Todas para pior.

Esse governante sempre flertou com ditadores assassinos. Suas amizades eram mais que suspeitas. Seu partido contava com figuras pitorescas, da sua extrema confiança. Incluíam terroristas, assaltantes de bancos e até seqüestradores. Eles receberam cargos importantes – além de anistias milionárias por este passado criminoso – quando o governante assumiu a presidência. Alguns viraram ministros. No entanto, alguns fatos vieram à tona, e um sério procurador da Justiça acusou a turma toda de formação de quadrilha. As evidências que sustentavam tal acusação eram contundentes, não deixando margem para dúvidas. Tratava-se de um enorme assalto aos cofres públicos, com um nefasto projeto de poder perpetrado por 40 ladrões, todos muito próximos do governante. Faltava apenas o Ali Babá, que somente repetia que não sabia de nada, não tinha visto nada, e que roubar era algo comum no país. Mas ele era, segundo ele mesmo, o ser mais ético de todos na nação.

Fora o maior esquema de corrupção de que se tem conhecimento no país, o governo do nosso “amigo” avançou – ou tentou avançar – sobre a liberdade dos indivíduos também. Parece que atacar apenas o seu bolso não era suficiente. Desta forma, seu governo tentou amordaçar a mídia, buscando copiar aquilo que seus camaradas ditadores tinham feito. Propôs projetos para controle sobre os jornalistas, expulsou do país um deles e tentou tomar conta até do cinema nacional. As verbas com propaganda cresceram. Até mesmo promotores foram alvo de seu viés autoritário. Controlar súditos, não governar para cidadãos, parecia ser claramente seu objetivo.

O projeto de poder não parecia limitado ao seu país. A megalomania era visível em seus discursos e ações. Assim, o governante começou a perdoar dívidas com o dinheiro dos outros, tentando conseguir votos para uma inútil cadeira no Conselho da ONU. Visitou cruéis ditadores para pescar mais alguns votos. Mandou tropas nacionais para um país vizinho, enquanto largava a questão da segurança no país em situação precária. Parece que exercer controle político maior mundo afora era mais importante para ele que cuidar do próprio quintal.

Nosso governante abraçou com vontade o populismo também. Deu um nome novo ao modelo assistencialista que herdou, expandiu as esmolas e criou novos – e fracassados – programas sociais. Tentou atacar o problema da fome, absurdamente exagerado por ele, criando um super aparato burocrático. A ineficiência e corrupção não poderiam faltar, e os resultados foram piores que pífios. Na questão do emprego fez ainda pior, lançando um programa já falido desde o nascimento, servindo apenas para jogar o suado dinheiro do povo no lixo. Isso porque ele havia prometido a criação de 10 milhões de empregos durante sua campanha. Os únicos que “criou” foram os milhares de cargos distribuídos para seus colegas de partido, aumentando os já estratosféricos gastos públicos. Gastou ainda milhões e milhões para tentar desarmar os inocentes, enquanto os bandidos armavam-se cada vez mais. Na completa confusão entre público e privado, depois de colocar o símbolo do seu partido no jardim da casa oficial da presidência, gastou dez milhões de dólares dos contribuintes para pagar uma viagem de turismo para um astronauta, que foi plantar feijão no espaço. O descaso com o duro e suado dinheiro que os pagadores de impostos ganham era total.

A lista de atrocidades do governante “hipotético” é bem maior, quase infindável. Elas não caberiam todas neste curto artigo. Elas abrangem vários artigos criminais e ferem qualquer código de ética. Mas acredito que já é possível pegar a idéia geral. Resta agora fazer então um último pedido ao leitor. Peço que feche os olhos e imagine que esse governante... é de direita! O leitor daria seu voto novamente para ele?

A ideologia não pode estar acima dos fatos. A justiça verdadeira exige um julgamento imparcial. Quem votar no Lula mesmo após tudo que sabemos, é tudo, menos justo.

Com autorização do autor Rodrigo Constantino