4 de mar. de 2006

As únicas coisas boas, após Roberto Jefferson dar com a lingua nos dentes:

  • Renata Lo Prete ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo/2005, não pelas denúncias em si, mas pelo seu talento.
  • Inúmeros autores NÃO ISENTOS, têm nos presenteado com artigos saborosos, verdadeiros deleites. Não dá para enumerá-los.
  • Um, em especial, "direitista" e, igualmente NÃO ISENTO, tem nos proporcionado Artigos Prazerosos, Sarcásticos e Divertidos. Quebra a apatia de não vermos acontecer nada. Não temos ninguém preso.

Talentoso, dono de um Português impecável, até adotou um bichinho de estimação, que carinhosamente apelidou de Apedeuta. É o maior deleite do mesmo bater em seu "pet", já que não vê ninguém na cadeia. Últimamente, também tem tirado sarro da cara do "XUXÚ", o democrata que privatizou a democracia tucana.

Com sua brilhante formação intelectual e acadêmica, formado em Letras e Jornalismo; professor de Literatura e Redação, recomenda aos seus desafetos(?) a Educação. Que leiam!

Não desperdiça uma oportunidade em tirar sarro da cara dos Éticos e Isentos. É "direitista" de carteirinha.

Zé Guerrilha leva a dele, mais uma

"Oba! Dirceu falou mal de mim. Sinal de que estou certo"

O ex-ministro é um homem de muitas faces, embora todas tenham a mesma moral. A mais recente é a de colunista. Passou a escrever no Jornal do Brasil. E, vejam só, está muito incomodado com a “nova direita”. Se não me engano, esse rapaz é aquele que era chefe de Waldomiro Diniz e de Delúbio Soares. Vi-me forçado a responder ao pai de Zeca Dirceu.

"Para ser franco, preferiria que ele tivesse me citado quando estava em alta, não agora, quando está em franca decadência, e ninguém mais dá bola para o que ele diz, exceção feita a Fernando Morais — ou seja, ninguém. De certo modo, para a minha reputação de polemista, trata-se de um rebaixamento, de um downgrade. Mas fazer o quê? Vai que o Apedeuta seja reeleito, nunca se sabe... Dirceu pode ser reabilitado, no melhor estilo do sovietismo de vaudeville, e o ataque que me faz ganha importância.
por Reinaldo Azevedo

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P.S.: Excelentes textos foram publicados por diversos escritores profissionais e não profissionais. Eu, fiquei "menos" analfabeto.

O maior espetáculo da Terra

por André Arruda Plácido em 04/03/2006, no Mídia Sem Máscara

Resumo: Acabado o maior espetáculo deprimente da Terra no sambódromo de Brasília, o momento da apuração: Qual será campeã? Brigas, negociatas, ameaças, dossiês, mortes, compra de votos etc.

Finalmente o carnaval acabou! Sei que o brasileiro ama a festa e respeito a manifestação popular, a expressão máxima da cultura nacional, etc. Mas é sempre a mesma coisa, gente! Todo ano a tevê mostra as mesmas danças, as mesmas fantasias, o ritmo - que passou por uma revolução na década de 60 quando mestre André, da Padre Miguel, inventou a famosa “paradinha” da bateria -, o Rei Momo, os trios elétricos, as mulatas. Bem, as mulatas...
Perceba que as letras sempre são mais ou menos assim: “Vem comigo amor, nas asas da ilusão”, “Vem viver comigo essa emoção”, “Vem amor, nessa festa me levar”, “Vem ser feliz nas asas da emoção”.

Como no reinado de Lula-lá é orgulho nacional alguém dizer que é ignorante, que não possui diploma e que é pobre - ser rico, e ainda por cima dono de terras então, é ser um herege das causas revolucionárias latino-americanas - além de ser quase que um crime falar em português compreensível, e ainda descobrirmos um esquema de corrupção jamais visto em outros carnavais, pensei em algumas escolas de samba que fariam sucesso. É só chamar Duda Mendonça: “Escola de Samba Unidos do Caixa 2 Bandido”, “Grêmio Recreativo Excluídos do Mensalão”, “Acadêmicos Comparsas do ‘nosso Delúbio’”, “Marginalizados do Recurso Não Contabilizado”, “Unidos do Contrato Assinado Sem Ler”, “Estação Primeira do Paraíso Fiscal” e a “Gaviões do Erário Público”. Enquanto estivesse ocorrendo sua apoteótica apresentação, os simpatizantes da Gaviões – parentes, construtoras etc. -, poderiam gritar: “Ahá, uhú, o Erário é nosso!” O samba enredo: “E se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”. Os confetes e serpentinas seriam feitos das toneladas de papéis vindos de processos contra eles movidos, mas rapidamente arquivados.

Haveria também o bloco dos parlamentares que renunciaram: “Unidos da Renúncia Ética”. Imagine os ensaios do bloco no salão do Congresso e a bandinha dos puxa-sac... quer dizer, dos suplentes e assessores tocando: “Quanto riso, óh, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão

O PT, por sua vez, poderia formar o “Revolucionários da Amnésia Proletária”, já que eles fazem tudo aquilo que prometiam não fazer se estivessem onde hoje estão, e o tema do samba enredo: “Esqueçam tudo que dissemos até hoje no Brasil, o país do valerioduto e do marketing político”. Paulo Maluf poderia lançar o “Mocidade Alegre das Ilhas Jersey”, bloco que teria integrantes a dar com pau! Já o povo viria representado pelo “Grêmio Recreativo Massa de Manobra”. Na comissão de frente os caras-pintadas, verdadeiros ícones da Escola, e o tema seria escolhido durante um “café com o presidente” da Massa.

Acabado o maior espetáculo deprimente da Terra no sambódromo de Brasília, o momento da apuração: Qual será campeã? Brigas, negociatas, ameaças, dossiês, mortes, compra de votos etc. Quem sabe até mesmo uma renúncia de última hora pela acusação de suborno dos juizes. Com o heróico e republicano ato, o retorno no próximo ano fica garantido e a eterna brincadeira recomeça sem problemas no próximo carnaval.

Como seria diferente o Brasil se tivéssemos por ele o mesmo amor que temos por carnaval e futebol. Nosso trio seria o da educação, do desenvolvimento e da distribuição de renda. Não pisariam mais no solo sagrado de nossa avenida o bloco dos corruptos, dos ladrões e dos incompetentes travestidos de salvadores da pátria. Não entrariam em nosso salão a indecência e a corrupção. Teríamos um bloco de foliões conscientes nas eleições e faríamos então da festa democrática o maior espetáculo da Terra. Melhor de tudo: não nos esqueceríamos das mulatas!

O samba enredo do momento: “Vem comigo amor, vem nas asas da indignação descobrir o que faz nossa rica e maltratada nação, ser ninho de político ladrão e de um povo maravilhoso que acredita em ilusão”.
O autor é professor de comunicação, escritor e jornalista, graduado em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina (PR) e especializado em Comunicação e Liderança pelo Haggai Institute, de Cingapura.
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Tenho Vergonha de Ser Brasileiro. Não vejo, não enxergo nada que me faça sentir orgulho deste país.

"O Haiti é aqui"?

por João Luiz Mauad em 03/03/2006, no MídiaSemMáscara.org

Resumo: É bem possível que a profecia dos baianos Caetano e Gil torne-se realidade, estando próximo o dia em que o Haiti [será] aqui.

Temos um governo que se arvora a fazer tudo o que não é a sua atribuição substantiva. Ele é banqueiro, petroleiro, administrador de portos, produtor de televisão, dono de restaurantes, hotéis, farmácias, empresas de ônibus e de resseguros. Também é grande proprietário de imóveis, mecenas, produtor cultural e, last but not least, agente de caridade (com dinheiro alheio). O fato é que esse polvo gigante estende os seus tentáculos sobre uma vastíssima gama de atividades que deveriam estar entregues exclusivamente à iniciativa privada. Enquanto isso, nas suas funções mais básicas, naquilo que é a própria razão de ser de qualquer governo, ele é omisso ou ineficiente. Não consegue dar à população um mínimo de segurança. A justiça é lenta, inconstante, corrupta e generosa em subterfúgios. As Forças Armadas encontram-se virtualmente sucateadas. Uma lástima.
A situação torna-se ainda mais grave e preocupante porque abundam exemplos na história da humanidade nos dando conta de que onde o Estado é incapaz de garantir segurança aos seus cidadãos, num ambiente onde impere o Estado de Direito, as possibilidades de progresso são pequenas, pois os costumes, os valores morais, a conduta ética e as estruturas sociais vão se deteriorando de tal maneira que o meio acaba se tornando hostil ao desenvolvimento. (Um caso extremo da perniciosidade dessa mazela institucional é, sem dúvida, o Haiti).
Mas os problemas do Estado brasileiro não param por aí. Nossa infra-estrutura é ridícula. Educação básica e sistema de saúde, então, é melhor nem falar. O mais trágico disso tudo é que, malgrado o fato irrefutável de que - ao contrário do Rei Midas - tudo aquilo em que o governo põe a mão fede, a população brasileira continua apostando todas as fichas e rendendo cultos ao seu Leviatã. Graças à incessante doutrinação dos ativistas do dirigismo e de uma mídia cooptada pelos mercadores de ilusão social-democratas e afins, boa parte da sociedade encontra-se totalmente enfeitiçada pelo poder do Estado e acredita piamente que ele tem a solução para todos os seus incontáveis problemas. Vivemos em meio a uma gente cega ou, no mínimo, incapaz de enxergar o óbvio: que o governo, longe de ser a solução, é o principal problema.
De modo inverso, a percepção da maioria em relação às classes empresariais, aqueles que investem tempo, energia e capital para colocar à disposição de todos os melhores e mais baratos produtos e serviços, é a pior possível. O lucro por aqui é tratado como pecado mortal. O ganho das empresas é visto, invariavelmente, como resultado da ganância capitalista e do roubo. Inexiste por essas bandas a noção básica de que o lucro de hoje é o investimento de amanhã; que esse investimento é a garantia de geração de empregos e do aumento da produtividade; que a produtividade, por sua vez, resultará, mais tarde, em aumento da renda dos trabalhadores.
O comércio é algo totalmente voluntário. Somos livres para consumir ou não. Ninguém pode obrigar ninguém a adquirir algo de que não goste ou não precise. Apesar dessas verdades simples e evidentes, os empresários são vistos como inimigos. Uma atitude tão absurda que, analogamente, poderia ser comparada à de um comerciante que tratasse os seus clientes de forma hostil. Se entramos num supermercado e encontramos milhares de produtos à nossa disposição é porque alguém investiu tempo, disposição e dinheiro para que isso fosse possível. Portanto, é justo que esse alguém seja remunerado. Mas o senso comum não enxerga dessa maneira. As pessoas insistem em maldizer os seus benfeitores e endeusar os seus reais inimigos, os quais, de modo inverso, detêm o poder de obrigá-las a agir contra os seus próprios interesses.
Governos nos cobram impostos independentemente da nossa vontade e, muito pior, na maioria das vezes sem que nos dêem qualquer contrapartida. Pagamos a eles quase metade da nossa renda e o que nos dão em troca? Segurança? Saúde? Aposentadoria decente? Educação para os nossos filhos? Boas estradas? Nada! No máximo algumas belas promessas. Nosso dinheiro é utilizado, quase que inteiramente, para financiar os gastos com a burocracia parasitária, o custeio da máquina e o pagamento de juros sobre dívidas que as gerações passadas de políticos legaram aos contribuintes do presente. Mesmo assim, a maior parte dos brasileiros continua depositando nos seus algozes todas as suas esperanças, enquanto maldizem diuturnamente aqueles que trabalham, investem e arriscam seu capital para satisfazer as nossas necessidades.
Enfim, ainda tem gente que acha que este país tem jeito. Eu confesso que não tenho muitas expectativas. Pelo menos enquanto prevalecer essa mentalidade tacanha, essa cultura do politicamente correto, dos jargões que clamam por "justiça social", por "solidariedade", contra o "imperialismo" ou o "neoliberalismo", mas que conduzem a nada, apenas fomentam uma estúpida e mesquinha luta de classes. Infelizmente, não há muito mais o que se possa fazer do que utilizar os poucos espaços de que dispomos para tentar mostrar o quanto estamos fazendo as coisas errado, gastando as nossas energias contra o inimigo errado, acreditando nas soluções erradas.
Devo admitir, entretanto, que a minha sensação é a mesma de quem rema contra uma correnteza cada vez mais forte, avassaladora. Confesso que tenho um certo temor de que a profecia dos baianos Caetano e Gil possa tornar-se realidade. De que está próximo o dia em que o Haiti [será] aqui.