24 de mai. de 2006

TEMPO DE LULA SE REELEGER - por Glauco Fonseca

O governo comprovadamente mais corrupto da história do Brasil

Íntegra no Diego Casagrande

Glauco Fonseca escreveu "CORSÁRIOS, VISIONÁRIOS E PETISTAS" em 11/11/2005. Excelente!

Blog: Uma grande parcela do povo brasileiro agradece aos "iluminados" do PSDB.

Lutem, covardes! - no Primeira Leitura

Preparem-se para a hipótese de o Brasil ser um país que não deu nem dará certo. Até Bill Gates viu o Windows 98 travar na apresentação ao público. Se ele, que obedece a um rigoroso planejamento, pode ver a Microsoft dar pau, por que o Bananão vai se levantar do berço esplêndido? E, bem, explico a vocês por que estou entre um filme de Scorsese e outro de Monthy Python.

Por Reinaldo Azevedo no Primeira Leitura

Vocês já contaram com a possibilidade de esse troço – refiro-me ao Brasil mesmo – não ter saída? Pensem um pouco: quem disse que tem de ter?
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Junto com a vergonha na cara, o país está perdendo também o senso de humor.

SOCIÓLOGOS: UM DESAFIO - por Ralph J. Hofmann

Meu amigo Marcelo Aiquel me enviou uma carta interessante, também publicada na Zero Hora, sobre as limitações na atividade de políticos que levantam a bandeira do combate à prostituição infantil. Mostram que nossa gaúcha Maria do Rosário, íntima do poder atual no país, íntima do governo anterior do Sr. Olívio Dutra aqui nos Rio Grande do Sul fala, demonstra, combate, mas com todo seu poder de fogo não conseguiu insistir para que algo realmente fosse feito. Demonstrar a nódoa todas as gerações de jornalistas têm feito. Mas é a classe política que tem o poder de fazer algo acontecer.

Me detive aqui pensando no que pode ocorrer no futuro nos assentamentos. Para tanto lembrei do romance “O Quatrilho” do Pozenato. Nesse romance vê-se claramente o que ocorria na colônia italiana do Rio Grande do Sul na primeira metade do século XX. Originalmente os primeiros colonos adquiriam por financiamento a perder de vista uma colônia, que era uma gleba de 20 a 25 hectares. Para que fosse viável tinham um bom número de filhos, e se enviuvavam tratavam imediatamente de casar de novo. Assim tinham mãos para tocar a lavoura.

Mas uma propriedade de 20 hectares dividida por 10 filhos resultaria em 2 hectares por filho. Administrar essa propriedade em condomínio também seria inviável, pois os dez filhos tenderiam a gerar cada qual entre cinco e dez filhos. Dentro de duas gerações a parcela de cada um dos sucessores do casal original seria da ordem de dois mil metros quadrados, ou seja, um bom terreno de cidade.

Criou-se a tradição de que o primeiro a casar saía da propriedade, achava uma nova propriedade, normalmente terra virgem, e a adquiria com a ajuda dos que ficavam para trás. O mesmo ocorria com os próximos, até que só restasse um filho cuidando dos pais idosos.

Mas as terras disponíveis foram ficando cada vez mais distantes, e na década de cinqüenta a migração dos ítalo-gaúchos (e catarinenses do litoral) já atravessara o oeste catarinense e chegara ao Paraná. Dali passou ao que hoje é o Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, e hoje há Centros de Tradições Gaúchas em todo o país, inclusive na Região Norte e na Bahia.

Muitos dos filhos que abandonavam a terra dos pais optaram por envolver-se em outros negócios. A semana passada faleceu Francisco Stédile, fundador de várias indústrias importantes. Foi um dos que saiu da colônia, começou a dirigir caminhões e teve a inventividade e sensibilidade de mercado para criar grandes empresas. Muitos de sua geração escolheram essa via. Muitas marcas famosas no país se originaram deste aspecto da vida campesina do início do século XX.

O condicionamento desses colonos era de desbravar fronteiras, e buscar o sucesso. Fosse agrícola fosse comercial ou industrial. Estava implícito na sua criação. Os meus vizinhos em Caxias do Sul, na infância, se me viam com um brinquedo novo não pediam um igual aos pais. Pediam o meu brinquedo emprestado e o reproduziam em madeira ou pequenos pedaços de metal. Mais tarde cursavam o SENAI e abriam oficinas que na maioria viraram indústrias, pequenas, médias ou grandes.

Mais do que isto. Vivíamos ao lado da maior favela local da época. A primeira favela de Caxias do Sul. A maioria dos favelados da minha geração deixou para trás a favela e galgou situações confortáveis nas indústrias, ou criou seus próprios negócios. Uns poucos se tornaram criminosos. Muito poucos. Ou seja, o modelo a seguir para essas pessoas, na maioria migrantes de outros municípios era o do desenvolvimento pessoal. Isso muito antes das empresas terem dentro de seus objetivos sociais o “desenvolvimento do homem”.

Uma grande parte do povo brasileiro, particularmente no Sul de Sudeste tem esse tipo de posicionamento pessoal. Empiricamente notei que em São Paulo e outros lugares para onde migraram, afloram dentre os nordestinos notáveis empreendedores e pessoas com esta ética de trabalho, ou seja, há na sociedade brasileira elementos que permitem concluir que o brasileiro, de uma forma geral, tem um espírito empreendedor e uma ética de trabalho hoje desconhecida na Europa. Somos, a princípio, páreo até para as populações dos antigamente chamados “Tigres Asiáticos”.

Mas o que dizer dos egressos dos campos dos sem terra e dos assentamentos? Criaram-se isolados das tendências da sociedade que os cerca, numa redoma socialista. O conteúdo do ensino que suas crianças estão recebendo leva a confiar num estado patriarcal que lhes informa e dirige em tudo. Que lhes cuide e supra suas necessidades de sobrevivência do berço ao túmulo. Que estímulo para o desenvolvimento pessoal terão? Sua ambição máxima deverá ser transformarem-se em membros da nomenklatura local. E a participação na nomenklatura normalmente será reservada aos que sigam claramente e cegamente os ditames que vêm dos poderosos que os usam como massa crítica de pressão pelo poder.

Outrossim, o que irão fazer esses jovens filhos de assentados. Irão sair dos assentamentos e fazer o que quando se casarem? O lote de terra obtido certamente não alimentará dois, três ou mais casais com seus filhos. Então, ao casar, irão mudar-se para aldeias de lona plástica preta e voltar a esperar um naco de terra?

Mais ainda. Eu gostaria de ouvir entrevistas com jovens que viveram em assentamentos ou acampamentos esses últimos dez anos. Supondo crianças de 5 a 10 anos dez anos atrás, hoje estarão entre 15 e 20 anos.

Quais são suas expectativas? O que estão fazendo? Quem saiu dos assentamentos? Foi necessário fugir para sair dos assentamentos? Qual a atitude para com os que saíram?

Volto à Maria do Rosário e sua cruzada. Um dos rumores que ouvi, confesso que absolutamente não confirmado, é sobre a quantidade de moças que sofrem abusos, conseguem fugir, e acabam por engrossar as fileiras da prostituição infantil. Este rumor se prende mais aos acampamentos do que aos assentamentos, mas sabemos que essa é uma grande tendência neste tipo de sociedade em que há pouca privacidade e poucos limites à interferência na unidade familiar.

Sugiro que há bastante espaço para que um grupo de sociólogos estude que tipo de sociedade se criou nesses espaços dominados pelo conceito de massa crítica de pressão, e quais as características dos que dele se desvencilham. Que façam seus estudos e contem para o resto da sociedade.

Com autorização do autor