30 de mar. de 2008

O fiador da reincidência

por Dora Kramer em O Estado de S. Paulo

reproduzido do e-agora.org

Da impunidade, sabemos todos, parece desconhecer o presidente da República, resulta a reincidência do crime.

Na hipótese altamente improvável de o presidente Luiz Inácio da Silva desconhecer que sua Casa Civil manipulava informações de Estado para interferir em decisões do Congresso e intimidar adversários, da responsabilidade sobre o dossiê FHC em pelo menos um aspecto ele não poderá fugir.

Sua tolerância para com infratores - sejam produtores de dossiês, invasores de contas bancárias ou agentes públicos flagrados em atos de corrupção - é o que autoriza subordinados a agirem com a desenvoltura da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, e de outros tantos que a antecederam nessa rotina de malfeitorias sem castigo.

Como nunca há punição, a não ser em casos extremos e ainda assim acompanhada de afagos presidenciais no ato da demissão ou de posterior anistia, como a concedida por Lula nesta semana a Severino Cavalcanti, prevalece o entendimento de que o presidente da República será sempre fiador de atos cometidos em nome da defesa do “projeto”. De poder.

Na hipótese quase impossível de a ministra Dilma Rousseff não saber que sua principal assessora - na prática vice-ministra da Casa Civil - encomendara e comandava a preparação do dossiê, derrete-se o mito da dama de ferro que a tudo controla, a todos intimida, e de cuja eficácia e retidão nada ou ninguém escapam.

Seja Dilma uma tola, traída pela funcionária de confiança que a deixou protagonizar o vexame de telefonar a Ruth Cardoso negando o inegável, ou uma graduada ativista do lema os fins justificam os meios, uma coisa está clara: ela não é o oásis que a central de produções do Palácio do Planalto buscava construir como exemplo de eficiência e correção.

Mente, abusa do poder ou é leniente.

Neste novo caso de abuso do Estado que acabou vindo à tona quase por acidente, como subproduto de um escândalo (o dos cartões corporativos) em vias de extinção, chamam atenção não os métodos - já conhecidos -, mas o local do crime.

Só isso é novidade. A disposição do governo de usar dados sobre os gastos no governo Fernando Henrique era de conhecimento geral no Congresso. Isso foi usado logo no início da CPI para levar a oposição a concordar em não investigar contas presidenciais.

Muito antes de pedir por escrito a abertura de suas contas, o ex-presidente Fernando Henrique já havia feito o desafio verbal, justamente em função da atitude dos próprios governistas, que vinham divulgando as informações a conta-gotas, e de maneira disfarçada.

Mesmo assim, a oposição, ao invés de cobrar que se pusessem as cartas na mesa ou investigar o que havia de concreto por trás daquelas ameaças, já havia decidido acabar com a CPI dos Cartões para tentar explorar o potencial da CPI das ONGs.

A revista Veja fez o que a oposição não fez com sua prerrogativa de fiscalizar o Executivo e mostrou o dossiê. O governo começou negando, foi devagar admitindo a existência de “um trabalho para servir de base à CPI” - já prevendo que o caso teria desdobramento na imprensa -, mas pôs a tropa de choque em ação no Congresso, derrubou o que restava em pé da CPI e estava ganhando o lance.

Evidente, nas bases de sempre: com muito cinismo e nenhum pudor.

Até que a Folha de S. Paulo completou o serviço e revelou: o crime de uso do Estado para intimidação de adversários e interferência nas decisões de um outro poder foi cometido na Casa Civil pela secretária-executiva, a mesma que no dia anterior garantira a um senador e a um deputado que o caso estava sendo apurado “com todo o rigor”.

Em matéria de violação, esse episódio repete roteiros já vistos e acrescenta a afronta do descaramento explícito, cometida por uma funcionária nomeada contra dois representantes do poder delegado pelo voto.

Se puder, o governo resistirá negando, inventando que o dossiê foi feito pela oposição para culpar o governo ou que tudo não passa de uma conspiração - talvez até palaciana - contra a “candidatura” de Dilma Rousseff.

É de se perguntar o que mais falta acontecer e o que se há de fazer em meio a essa escalada de completo desrespeito à sociedade e às instituições.

Talvez nada, a não ser esperar que o cidadão Luiz Inácio da Silva caia em si e perceba que há mais à sua volta além de pesquisas, palanques, carentes e interesseiros.

Há um país cuja dignidade não pode ser eterna e impunemente solapada, nem mesmo sob a salvaguarda da alta popularidade.

Há jovens a quem o Brasil deve o legado das boas normas de cidadania em todos os aspectos da vida.

As cenas por eles assistidas diariamente dão a lição invertida: a mentira, a manipulação, a falta de ética, o abuso, tudo vale em nome do sucesso.

Como se houvesse uma espécie de politização da cultura de celebridades, onde a fama é valor na presença do qual tudo o mais se obscurece e ao famoso toda transgressão é permitida.

As Feras do Mundo Político

Professor Roberto Romano

Duas coisas a burguesia nos legou, e delas não podemos abrir mão: bom gosto e boas maneiras” (Vladimir Ulianov, conhecido como Lenine). Nos anos 60 do século XX, nas ciências humanas produzidas na França, surgiu o modelo estrutural de pesquisa. Conduzindo ao paradoxo teses como as de E. Durkheim, era dito que o sujeito nada mais é do que ilusão pré-cientifica. Jogados na ideologia inconsciente, os humanos não cogitariam algo original. Em vez de pensarem, seriam pensados pelas estruturas sociais. Em L. Althusser, quando não fala a ciência, o locutor real é a ideologia que deve ser suprimida. O alvo do ataque era, já se percebe, Sartre e demais escritores nos quais existe o privilégio da consciência e da subjetividade como fontes da ação livre.

Quem pensa nos indivíduos? As classes sociais, a sociedade no seu todo, o partido... O doente de ideologia não fala, é falado. Sartre distingue entre o ideólogo e o filósofo. O primeiro repete jargões. O segundo abre vias novas na língua ou nos estilos. O ideólogo cede seu nome ao Partido, Igreja ou seita. O filósofo recusa o chicote disciplinar dos coletivos indicados. Daí o ódio dirigido contra ele pelos partidos, cujas diatribes são repetidas, empobrecidas e pioradas, por energúmenos.

Na semana passada experimentei o quanto é correta a tese sobre os militantes educados por ideólogos (na Grécia, os “sofistas”) que não pensam, repetem vitupérios para “testemunhar a verdade”, monopólio de sua facção. Convidado pela revista Época para debater com o ministro Jorge Hage sobre se melhorou o combate à corrupção no Brasil, tive a temeridade de assumir a resposta negativa. Conheço o Dr. Hage, o admiro e respeito. Mas apesar das convergências entre nós, temos diferentes juízos sobre a ordem política.

Apresentei a idéia de que o centralismo das políticas públicas gera corrupção. Desci a minúcias sobre o elo entre municípios e Brasília. Na réplica, o Dr. Hage escreveu: “Debater com o Professor Roberto Romano é um prazer e uma honra. É, acima de tudo, uma garantia de debate limpo, sério e de alto nível. Nesta réplica, na verdade, não tenho o que contestar na excelente análise da formação histórica da nossa “federação”, sobretudo da fragilidade dos nossos municípios”. Critiquei a excessiva partidarização do problema na escrita do responsável pela CGU. O ministro diz, nas considerações finais: “Quero também dirigir meus cumprimentos ao Professor Roberto Romano pela sua postura sempre elegante ao travar este debate de maneira franca, séria e leal. Comungo, como já tive oportunidade de afirmar, de várias das opiniões reveladas pelo Professor Romano. Essencialmente, divirjo apenas da sua insistência em não reconhecer os avanços ocorridos no Brasil nos últimos anos nessa área”. Palavras polidas. Mas repetidores de xingamentos rompem a cerca do decorum e tentam transformar um debate em assassinato moral. Dou um exemplo, entre dezenas: “(...) Queria aproveitar a oportunidade e Parabenizar ao SR. Ministro Jorge Hage, pelo texto muito bem escrito e com muita ética! E queria comuniar a equipe da ÉPOCA, que substituisem o prof°Roberto Romano, e colocassem alguém com mais competênci e ética para debater,alguém com mais argumente e que tenha mínima noção de política. Pois eu na verdade tenho dúvidas se melhorou, entretanto o Prof° Roberto não sabe o que escreve, motivo esse que atrapalha quem está em dúvida! Estude e leia mais, por gentileza, Roberto Romano! Debora Garcia Lopes de Aparecida São Paulo” (Deixei intactos os erros de digitação, pois todos podem cometer tais deslizes, eu inclusive).

Acredito terem boas razões os estruturalistas, para afirmar que os movidos pela ideologia ou pelas paixões subjetivas, não pensam, são pensados... O bom do final é que, apesar de não possuir a maioria das opiniões, os que defendem o governo federal e os oposicionistas, salvo as exceções mencionadas, redigiram textos racionais. O que traz esperanças de que no Brasil ainda existam pessoas inteligentes e capazes de conviver com as diferenças. Com bom gosto e boas maneiras.

Paulo Francis, sobre o Apedeuta

Paulo Francis o chamou de "ralé", "besta quadrada" e disse que se ele chegasse ao poder, o país viraria uma "grande bosta". Além disso, uma antiga namorada de Lula, com a qual ele teve uma filha, surgiu durante a propaganda de Collor, durante o segundo turno das eleições, para acusar seu ex-namorado de "racista" e de ter lhe proposto abortar a filha que tiveram.

Que falta faz um Voltaire

por Reinaldo Azevedo, na Veja - reproduzido do Diego Casagrande

Falei outro dia a estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Um deles, militante socialista, antiimperialista, favorável ao bem, ao justo e ao belo, um verdadeiro amigo do povo (por alguma razão, ele acha que eu não sou), tentou esfregar Rousseau (1712-1778) na minha cara como exemplo de filósofo preocupado com o bem-estar do homem. "Justo esse suíço que não cuidava nem dos próprios filhos, entregando-os todos a asilos de crianças?", pensei. O sujeito amava demais a humanidade para alimentar as suas crias. "O que será que alguns mestres andam dizendo nas escolas?" Já participei de outros eventos assim. A expressão do momento, nas universidades, é resistir à "colonização promovida pelo mercado". A maioria silenciosa não dá bola pra essa besteira. A minoria barulhenta vai à guerra. O conceito é curioso porque faz supor que possamos ser caudatários, então, de uma cultura autóctone, de um nativismo pré-mercado ou de um tempo edênico em que o mundo não havia sido ainda corrompido.

A pauta de contestação varia pouco. Que importa se Israel é a única democracia do Oriente Médio? A justiça, sem matizes, estará sempre com os palestinos. O terrorismo islâmico assombra o planeta e obriga os regimes democráticos a uma vigilância que testa, muitas vezes, seus próprios fundamentos? A culpa cabe ao "fundamentalismo cristão" de George W. Bush, com sua "guerra ao terror". As Farc seqüestram e matam? É preciso eliminar a influência que os EUA exercem na América do Sul. O crime assombra a vida cotidiana dos brasileiros? O país precisa é de menos cadeias e mais escolas, como se fossem categorias permutáveis. Existe remédio para a tal "injustiça social"? Claro! Responda-se com a estatização dos pobres. A Terra está derretendo? É preciso pôr fim ao neoliberalismo. Sem contar os malefícios da imprensa burguesa...

Agora sei. É tudo culpa de Rousseau e do seu Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Quem melhor comentou a obra, numa cartinha enviada ao próprio autor, foi Voltaire (1694-1778), pensador francês: "Quando se lê o seu trabalho, dá vontade de andar sobre quatro patas". Este sabia das coisas. Descobriu a "força da grana – e da liberdade – que ergue e destrói coisas belas". Está claro nos textos de Cartas Inglesas. E, à diferença do outro, não dava muita pelota pra esse papo de "igualdade".

Algumas normalistas de meias três-quartos do articulismo pátrio diriam que Voltaire era um malcriado. Onde já se viu tratar daquele jeito um senhor que só pensava no bem da humanidade? Afinal, o que ele queria? Ora, todos cedemos um pouquinho aos interesses coletivos e seremos felizes. Não sou Voltaire: minhas ambições e meu nariz são menos proeminentes, mas noto o convite permanente para que passemos a nos deslocar sobre quatro patas. Na prática, o iluminismo anglo-saxão venceu: a força da grana erigiu cidades, catedrais, civilizações e fez vacinas. O discurso da igualdade, quando aplicado, produziu uma impressionante montanha de mortos. Mas vejam que coisa: é Rousseau quem está em toda parte, reciclado pela bobajada do marxismo, que tentou lhe emprestar o peso de uma ciência social.

O que isso quer dizer na história das mentalidades? O socialismo perdeu o grande confronto da economia e desabou sobre a cabeça dos utopistas, mas as esquerdas têm vencido a guerra da propaganda cultural, impondo a sua agenda, aqui e em toda parte. Dominam o debate público e, pasmem!, foram adotadas pelo capital. Estão incrustadas, como se sabe, nas universidades e nos aparelhos do estado, mas também nas grandes empresas, que financiam institutos culturais e ONGs dedicados a preservar as árvores, as baleias, as tartarugas, a arte e, às vezes, até as criancinhas. De quebra, também nos convidam a ser tolerantes com o que nos mata.

São todos, de fato, "progressistas", filhos bastardos do suíço vagabundo. Eu, um "reacionário", um tanto voltairiano, embora católico, pergunto aos meus botões: um banco não é mais "humanista" quando oferece crédito e spread baratos do que quando se propõe a salvar o planeta? Na propaganda da TV, a mineradora parece extrair do fundo da terra mais sentenças morais do que ferro, mais poesia e idéias de "igualdade" – esta droga perigosa – do que minério. Escondam o lucro! Ele continua a ser um anátema, um pecado social e uma evidência de mau-caratismo. O lucro leva pau até em roteiro de Telecurso 2º Grau. Aposto que boa parte dos nossos universitários, a pretensa elite intelectual brasileira, acredita que as vacinas nascem do desejo de servir, não da pesquisa financiada pela salvadora cupidez da indústria farmacêutica.

O socialismo acabou, sim. Então vamos lá: "Abaixo o socialismo!". Porque ele sobreviveu nas mentalidades e ainda oprime o cérebro dos vivos com o peso de seus milhões de mortos. O século passado viu nascer e morrer esse delírio totalitário. Seu marco anterior importante é a Revolução Francesa, mas sua consolidação se deu com a Revolução Russa de 1917, que ousou manipular a história como ciência da iluminação. A liberdade encontrou a sua tradução nos campos de trabalhos forçados, com a população de prisioneiros controlada por uma caderneta ensebada que o ditador soviético Josef Stalin (1879-1953) levava no bolso. A igualdade mostrou-se na face cinzenta da casta dos privilegiados do regime. A fraternidade converteu os homens em funcionários do partido prontos a delatar os "inimigos do estado e do povo". A utopia humanista vivida como pesadelo impôs-se pelo horror econômico e acabou derrotada pelo inimigo contra o qual se organizou: o mercado. Mas, curiosamente, sobreviveu como um alucinógeno cultural.

De que "socialismo" falo aqui? É claro que o modelo que se apresentava como "a" alternativa não-capitalista de organização da sociedade desapareceu. E a China é a prova mais evidente de sua falência – do modelo original, o país conservou apenas a ditadura do partido único. O livro O Fim da História e o Último Homem, do historiador americano Francis Fukuyama, já se tornou um clássico do registro desse malogro. Demonstrou-se a falência teórica e prática de um juízo sobre a história: aquele segundo o qual o macaco moral que fomos nos tempos da coleta primitiva encontraria o estágio final de sua sina evolutiva no bom selvagem socialista, de espinha ereta, pensamentos elevados e apetites controlados pela ética coletiva.

De fato, os donos das minas de carvão (que seres desprezíveis!), os mercadores cúpidos, os colonizadores e até seus sicários, toda essa gente acabou, mesmo sem saber, civilizando o mundo. Felizmente, o homem não é bom. A sociedade, por meio dos valores, é que ajuda a controlar os seus maus bofes. Estamos falando de duas visões distintas de mundo. Uma supõe uma religião em que o deus único é o estado; o bem alcançado é diretamente proporcional à redução do arbítrio individual: menos alternativas, menos probabilidade de erro. E a outra acolhe a vontade do sujeito como motor da transformação do mundo, respeitadas algumas regras básicas de convivência. Atenção: a democracia moderna nasce dessa vertente, não da outra, semente dos dois grandes totalitarismos do século passado: fascismo e comunismo.

É o modelo de proteção às liberdades individuais, sem as quais inexistem liberdades públicas, que nos faculta o direito de criticar o nosso próprio modelo. Não obstante, as causas influentes, reparem, piscam um olho ora para utopias regressivas, ora para teorias que nos convidam a entender os facínoras segundo a particularíssima visão de mundo dos... facínoras! É a forma que tomou a militância de esquerda, que nos convida a resistir à "colonização promovida pelo mercado".

Tomem cuidado com os militantes da "igualdade" e da "justiça social". Toda crença tem um livro de referência. Esta também. Além de ter sido escrito com o sangue de muitos milhões, só se pode lê-lo adequadamente sobre quatro patas.

Venha para o mundo da Utopia

Por Cassio Curvo no Prosa & Política

"O pior é que é tudo não passa de marketing puro, de um grande slogan, embora o produto seja ruim. Quem não se sujeitaria a um slogan como “a igualdade entre os homens”, tão bom como aquele “venha para o mundo de Malboro”, a utopia do cigarro, que mata milhares todos os anos, mas faz crer que ao fumar o consumidor será levado ao mundo maravilhoso.
Se algum dia a “igualdade entre os homens” não convencer mais, é provável que tenhamos um novo slogan: “venha para o mundo do socialismo!”


Venha para o mundo da Utopia
Se parte da nossa esquerda não teve estômago para suportar o que ocorre no governo, boa parte dela se submeteu e se perdeu no apoio ao governo Lula, ludibriada pela simbologia que foi ter um operário como presidente da republica. O poder de persuasão disso calou quem antes era crítico feroz dos erros cometidos pelos administradores públicos. Participamos do momento em que essa avant-garde deforma e aceita um novo conceito de verdade e moral, assumindo como natural o tripudio deslavado e absurdo sobre todos e quaisquer argumentos, mesmo quando irrefutáveis, desde que ditos por membros deste governo de um operário. A mentira grosseira tornou-se aceitável e, sem o menor pudor, defendida veementemente como se uma verdade fosse.
Do “comício” de outro dia, com Chaves presente, daqueles dois púlpitos onde Lula e Chaves estavam, foi este quem pareceu "encabulado" com a mentira dita pelo nosso presidente. Lula conseguiu encabular – mesmo que ligeiramente – el pacificador venezuelano.
Como é possível Lula dizer tantas sandices? Idiota ele não é, sabe que está mentindo, mas continua nessa ininterrupta seqüência de mentiras porque existe uma conivência com isso. Os tão críticos de antes ficaram “cegos” por tudo o que ele diz.
Isso não vem de hoje. Desde a queda do muro de Berlim esses “sábios” se perderam no sentido da razão, vencida pelo sentimento ideológico. Como é possível uma conjectura se sobrepor à razão, tão óbvia nas contagens dos milhões de mortos que o socialismo realizou? Qual o motivo de toda essa cegueira?
Lembro-me de um programa numa dessas TVs a cabo, em que o assunto era a queda do muro de Berlim. Em um dos trechos do programa apareceu a entrevista de um alemão, um senhor de seus 80 a 90 anos que dizia ter lutado contra o nazismo e dedicado a vida ao comunismo. Finalizou seu depoimento dizendo que sentia como se tivesse jogado a vida fora. Creio que muitos não mudam de opinião por não admitir jogar no lixo o tempo de suas vidas que passaram defendendo algo que se mostrou equivocado.
Na América latina essa fé ideológica ainda não faz ver as mudanças que ocorreram no mundo. Enquanto uns – os perfeitos idiotas latino americanos – ainda imaginam que ser de direita é feio, os indivíduos que pensam racionalmente já não aceitam tão facilmente esse esquerdismo sem resultados práticos, que apenas acredita em uma "utopia".
O pior é que é tudo não passa de marketing puro, de um grande slogan, embora o produto seja ruim. Quem não se sujeitaria a um slogan como “a igualdade entre os homens”, tão bom como aquele “venha para o mundo de Malboro”, a utopia do cigarro, que mata milhares todos os anos, mas faz crer que ao fumar o consumidor será levado ao mundo maravilhoso.
Se algum dia a “igualdade entre os homens” não convencer mais, é provável que tenhamos um novo slogan: “venha para o mundo do socialismo!”

29 de mar. de 2008

Como perder sabedoria e conhecimento


Há alguns anos (mais ou menos três anos) passei um domingo no escritório do advogado de uma associação de classe. Ele, representando a entidade, tentava impedir que uma licitação ocorresse por suspeitas de fraude. Fui lá passar as supostas provas de fraude que havia conseguido. A intenção do advogado e da entidade era impedir que a concorrência acontecesse no outro dia, uma segunda-feira.
O episódio acabou se tornando mais uma aula nesse mundo que me envolvi tentando fazer a minha parte para mudar o estado de desprezo a tudo que é legal, moral e ético. Dei com os burros n´agua. A concorrência aconteceu normalmente, sem que questionamento algum fosse levantado. Depois, atônita, descobri que o digníssimo era também advogado de um dos participantes da concorrência, que claro acabou vencendo a licitação.
O personagem em questão tinha uma banca requisitadíssima aqui em Mato Grosso, mas, sabe como é, o tempo passa, o tempo muda...hoje seus melhores clientes deixaram a sua banca, partiram em busca de outras bancas, de novos caminhos.
Porque aconteceu essa revoada de clientes?
Seria uma súbita perda de toda sua sabedoria e conhecimento? Pode ser, vá saber!
Ah, concomitante a isso, um parente, com alto posto na Justiça de Mato Grosso se aposentou. Mas isso não deve ter relação alguma, né?

Ronald Reagan lives on

Segundo o Partido Democrata Ronald Reagan já estaria sofrendo de Alzheimer muito antes de ter declarado ao povo americano que estava destinado a morrer desta doença.

E realmente ha evidências neste sentido. Na época assisti um longo programa de TV que apresentava trechos de discursos do Presidente Reagan em que este citava exemplos de heroísmo individual ou coletivo como modelos a serem seguidos por patriotas.

O programa intercalava clipes com resumos de filmes, alguns em preto e branco, que contavam precisamente as histórias usadas como ilustração por Reagan. A maioria dos evento era fictícia. Reagan, ator coadjuvante em sua segunda carreira (a primeira foi de salva-vidas) baseava seus conhecimentos em sagas hollywoodianos estava confuso, não distinguia bem as coisas.

Como na realidade poucos discursos são efetivamente escritos por um presidente americano pode ser que os erros fossem mais culpa de algum escrevinhador profissional, mas certamente Reagan dava o formato final.

O coitado do Reagan já passara ha muito dos setenta anos. Era um homem médio com conhecimentos médios, mas muito esforçado.

Mas temos agora sinais de que o espírito de Reagan ainda vive. Vive em simbiose no corpo de um brasileiro. E veio implantar-se com Alzheimer e tudo.

Refiro-me ao nosso caro (dispendioso) Presidente Lula. Sua alegada conversa ao telefone em que chama o Presidente Bush à falas parece ter sido uma ação de Reagan.

Reagan sempre foi um presidente zeloso da economia americana. Certamente terá aproveitado sua coabitação do corpo de Lula para dar um pito em Bush. Pito? Pelo que Lula diz deve ter sido um pito com puxão de orelhas e ameaça de aparecer em Washington com uma vara de marmelo.

Ou vocês acham Lula capaz de uma mentira deste calibre?

28 de mar. de 2008

Brasil perde chance história


Um avião Learjet, da Força Aérea Brasileira (FAB), fez um pouso de emergência no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, no Recife, no início da tarde de hoje. Seis pessoas estavam na aeronave, sendo três tripulantes e os ministros das Comunicações, Hélio Costa, e da Integração Social, Geddel Vieira Lima, além do Superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Paulo Fontana. Ninguém ficou ferido.

27 de mar. de 2008

Estamos Bem Arranjados

Maria Lúcia V. Barbosa no Ratio Pro Libertas

Como sabem pessoas bem informadas, o governo terá ampla maioria na CPI a ser instalada sobre cartões corporativos. Governistas, mensaleiros, aproveitadores ou coisa que o valha serão 14 dos 24 integrantes da tal comissão. Eles ficarão também com os cargos de relator e de presidente. Resumindo, o galinheiro foi entregue a raposas espertíssimas e malandras, capazes de provar, por exemplo, que Renan Calheiros é santo.

As Comissões Parlamentares de Inquérito, teoricamente importantes, mas inúteis na prática, têm atemorizado os petistas antes seus adeptos fervorosos. Não podendo evitá-las os PTbulls do Congresso manobram para ficar com o controle dos cargos estratégicos. Conforme dados do Senado e da Câmara, das 24 comissões instaladas desde 2003, 77% dos cargos ficaram com parlamentares petistas ou aliados.

É de se perguntar onde estavam os partidos de oposição. Afinal, estes têm o importante papel de garantir a democracia, que sem eles se extingue na vontade onipotente da situação. Por que, então, teria a oposição durante tanto tempo consentido na farsa das CPIs? Curvaram-se o PSDB e o PFL (hoje Dem) por má fé, comodismo, medo ou simplesmente por solidária afinidade com o PT? Afinidade parece ser o caso do PSDB, partido que, ressalvadas honrosas exceções, tem se mostrado conivente com o governo petista.

A inexistência de verdadeiros partidos de oposição e a ausência de lideranças combativas e eficientes estão entre as causas da impunidade deste governo que segue comodamente escorado na blindagem impressionante de Lula da Silva, um cidadão acima de qualquer suspeita que nada vê, nada ouve, nada sabe. E sem partidos programáticos, disciplinados e ideológicos que fizessem frente aos escândalos e falcatruas, tudo rapidamente se dilui numa sociedade intoxicada pela propaganda que encoberta, convence e manipula.

No caso da CPI dos cartões corporativos, essas fontes de abusos, desperdícios e mau uso do dinheiro público, ou seja, dos impostos escorchantes que pagamos, foi inicialmente proposto por um deputado (pasmem) do PSDB, que FHC e Lula da Silva não fossem investigados. Manobra esta indecente e destituída de inteligência, pois deu a entender que o ex-presidente FHC teria também que ocultar deslizes com os cartões por ele criados. Agora a oposição quer evitar a CPI mista (Câmara e Senado) para concentrá-la no Senado onde petistas e mensaleiros amigos estão em posição de equilíbrio e não de predomínio como na Câmara.

Se isso não acontecer melhor estancar a farsa, desistir de vez de encenar mais uma ópera bufa. Chega de perder tempo, de enganar a platéia no picadeiro do circo Brasil, de pagarmos deputados e senadores polpudos salários e imensos privilégios para nada. Do jeito que está ajeitado para o governo do PT essa CPI se tornará mais um motivo para envergonhar brasileiros de brio e dotados de discernimento.

Diante de fatos tão vergonhosos conclui-se que nossos representantes, tanto no Legislativo quanto no Executivo, chegaram ao nível mais baixo de nossa história politica. Estamos no tempo em que aproveitadores travestidos de representantes do povo se vangloriam de suas negociatas, e que vergonha na cara se tornou artigo raro ou inexistente. O Congresso Nacional se apequenou e rasteja diante do Executivo. É o serviçal por excelência do presidente da Répública, a voz do dono, sua marionete preferida. Tudo é comprado. Tudo é corrompido descaradamente. Nunca nesse país a política foi mercadoria tão indecorosa. Degrada-se a República no esbanjamento das cortes, na amoralidade dos Poderes constituídos, incluindo o Judiciário.

Distribuídos fartamente os cartões corporativos, louvados pelo próprio Lula que disse ter sido esse mecanismo de controle a única coisa boa que FHC fizera, tornaram-se nas mãos de centenas de funcionários e de ministros de ministérios inúteis a moeda que jorra sem limites dos caixas dos bancos. Vai-se à forra. Ética, responsabilidade, respeito, compostura são valores fora de moda na era PT.

Deslumbrada a maioria aplaude, elege e reelege quadrilheiros e seus chefões. É fácil ludibriar um povo cuja mentalidade do atraso foi forjada durante séculos. Tivemos uma "embriogenia defeituosa" e achamos natural não termos partidos políticos como definidos por Benjamim Constant: " partido é uma reunião de homens que professam a mesma doutrina". Bastam para nós esses clubes de interesses onde poucos se destacam por honradez ou coerência.

No momento não temos instituições capazes de proteger o País de si mesmo. O povo segue invertebrado, hipnotizado, assistindo BBB e espelhando-se no espetáculo televisivo degradante das intrigas torpes, da ignorância, do sexo animal, do mau-caraatismo. Na política vigora como nunca a lei de Gerson: "levar vantagem em tudo, certo? O resto que se dane. Estamos bem arranjados.

24 de mar. de 2008

Nada de Novo Sob o Sol


Confesso que o escândalo em torno ao fato de o governador de Nova York, Eliot Spitzer, freqüentar prostitutas, me deixa perplexo. Parece que ninguém lembra mais de Bill Clinton, que usava uma estagiária para felações rápidas, sem sequer pagá-la do próprio bolso. De John Kennedy, que usufruía dos serviços de uma prostitutinha de Hollywood, Marilyn Monroe. Sem falar das dezenas, talvez centenas, de outras mulheres que teve. Leio nos jornais que, antes de enfrentar Richard Nixon, em seu primeiro debate na televisão, Kennedy contratou uma garota para transar. Saiu-se tão bem na TV que nunca mais dissociou os dois atos. Em todos os debates que se seguiram, a tática política foi a mesma: uma call girl antes e, no lugar do cigarro, Richard Nixon. Consta ainda que, ao receber um dignitário estrangeiro, Kennedy ordenou a seu staff que o entretivesse, enquanto se entregava ao bom folguedo com sua mulher.

Mais ainda: parece que ninguém lembra mais do santo homem Martin Luther King, que além de plagiador de textos alheios, usava o dinheiro de suas campanhas em favor da igualdade racial para orgias com profissionais do sexo. Enquanto Spitzer é demonizado, Luther King permanece envolto em uma aura de santidade.

Íntegra no Ratio Pro Libertas

23 de mar. de 2008

Brasileiros: miseráveis e desprezíveis

Charles Robert Darwin (1809-1882)
surrupiado do Aluízio Amorim

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Após 176 anos da passagem do navio inglês HMS Beagle pelo Brasil, um grupo de pesquisadores brasileiros busca as "pegadas" deixadas no país por seu passageiro mais ilustre: o naturalista Charles Robert Darwin (1809-1882), segundo informa reportagem na Folha de São Paulo deste domingo.

Darwin estudava para ser clérico e teve de convencer o pai a deixá-lo embarcar no Beagle e ficar quatro anos e nove meses longe de casa. Durante a viagem, escreveu um diário e um caderno de campo em que descrevia o ambiente que via. As observações culminaram na teoria da seleção natural como mecanismo da evolução.

O diário, publicado depois no livro "A Viagem do Beagle", serviria ainda de inspiração a outro jovem naturalista, o galês Alfred Russel Wallace. Ele acabou descobrindo a seleção natural de forma independente. Os trabalhos de ambos foram apresentados à Sociedade Lineana de Londres em 1858. No ano seguinte, Darwin publicou "A Origem das Espécies", um dos livros mais importantes da história da ciência.

Os parágrafo acima são excertos do texto da Folha que assinantes podem ler na íntegra clicando aqui.

Entretanto, a parte mais interessante não está nesta matéria de abertura, mas no texto subseqüente que pinça dos diários de Darwin algumas de suas impressões sobre os brasileiros e sua cultura botocuda. Aliás, isso não constitui novidade. Consta dos diários do naturalista e já foi publicado na imprensa em outras oportunidades.

Mas reparem que no fechamento da matéria o seu autor, Ítalo Nogueira, trata de atenuar as críticas ácidas de Darwin a respeito do botocudismo brasileiro, ouvindo uma espécie de sentença proferida por um tal de Ildeu Moreira, do Ministério da Ciência e Tecnologia, para quem Darwin era “preconceituoso”.

Enquanto houver essa condescendência com a estupidez e a idiotice dos brasileiros por aquelas pessoas que deveriam combatê-la, jornalistas, professores e técnicos como Ildeu, as quais se presume que tenham um mínimo de informação, o botocudismo permanecerá incólume, entranhado profundamente na cultura brasileira.

É muito fácil acusar de preconceituoso um cientista que deixou um dos maiores legados científicos à humanidade e que já está morto há muito tempo. Mas aqui no meu blog essa cretinice politicamente correta não passa. Se a repulsa à estupidez é preconceito, então eu também sou preconceituoso.

Eis a matéria assinada por Ítalo Nogueira, que está na Folha deste domingo:

Se a floresta tropical brasileira provocou "deleite" em Charles Darwin, o naturalista não teceu muitos elogios aos brasileiros. "Miseráveis" e "desprezíveis" foram algumas das classificações dadas por ele durante a sua temporada no país.

Logo no início, no Rio, Darwin se queixava da burocracia para conseguir a autorização para viajar pelo interior do Estado, exigida aos estrangeiros.
No dia 6 de abril, ele escreveu:

"Nunca é muito agradável submeter-se à insolência de homens de escritório, mas aos brasileiros, que são tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis as suas pessoas, é quase intolerável. Contudo, a perspectiva de florestas selvagens zeladas por lindas aves, macacos e preguiças, lagos, roedores e aligatores fará um naturalista lamber o pó até da sola dos pés de um brasileiro".

Durante a viagem, queixa-se da falta de opções de comida na estalagem em Maricá . "À medida que a conversa prosseguia, a situação geralmente se tornava lastimável", escreveu, queixando-se das repetidas respostas "Oh, não, senhor" após pedir peixe, sopa e carne seca. "Se tivéssemos sorte, depois de esperar umas duas horas, conseguíamos aves, arroz e farinha."

Até o Carnaval baiano o incomodou. "As ameaças consistiam em sermos cruelmente atingidos por bolas de cera cheias de água (...) Achamos muito difícil manter nossa dignidade andando pelas ruas."

Durante a viagem, Darwin relata com horror as condições a que os escravos eram submetidos. Relata o caso em que um dono de fazenda, em razão de uma briga, "estava prestes a tirar todas as mulheres e crianças da companhia dos homens e vendê-las separadamente num leilão". "Não creio que tivesse ocorrido ao proprietário a idéia de desumanidade de separar trinta famílias.

- Ele tinha um posicionamento preconceituoso. Apesar de ser abolicionista, ele tinha uma visão aristocrata - disse Ildeu Moreira, do Ministério da Ciência e Tecnologia.

surrupiado do Aluízio Amorim
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Eu gosto do Império - por Diogo Mainardi (Veja)


"Eu sou o tupinambá colonizado que aceita parar de comer carne humana. Eu sou o caraíba rendido que oferece passivamente suas filhas púberes ao conquistador. Mas tem de haver uma contrapartida: o Império deve assumir suas responsabilidades de Império"

– Cem anos no Iraque!

Esse era o mote da campanha eleitoral de John McCain. Ele foi ainda mais longe. Declarou que estaria disposto a manter as tropas americanas no Iraque por mil anos, por dez mil anos. Quando o eleitorado chiou, ele deu para trás, garantindo que a guerra terminaria muito antes disso. E terminaria porque ele saberia como ganhá-la.

Eu elegeria um candidato que prometesse:

– Cem anos na Rocinha!

Melhor ainda:

– Mil anos na Maré! Dez mil anos no Cantagalo!

A guerra no Iraque acaba de completar cinco anos. Em seu discurso no Pentágono, George W. Bush reconheceu a impopularidade do conflito, repetiu que os Estados Unidos acertaram ao derrubar Saddam Hussein e acrescentou que se trata de uma guerra que pode e tem de ser vencida. Os americanos erraram tudo nesses cinco anos. Erraram militarmente, erraram politicamente, erraram estrategicamente. O custo da guerra foi alto demais. George W. Bush tem de ser responsabilizado por isso. Mas eu topo dizer que os Estados Unidos acertaram ao derrubar o tirano genocida Saddam Hussein. E topo dizer também que a guerra no Iraque pode e tem de ser vencida.

O fracasso no Iraque está gerando uma onda isolacionista nos Estados Unidos. Uma onda igual a outra do passado: a que tentou impedir o país de entrar na II Guerra Mundial. Em vez de Charles Lindbergh, o herói do momento é Barack Obama. Isso é o pior que poderia acontecer. Eu gosto do Império. Eu gosto da idéia do Império. Creio que ele tem um papel regulador sem o qual o mundo acabaria se esfarelando. Eu sou o tupinambá colonizado que aceita voluntariamente parar de comer carne humana. Eu sou o caraíba rendido que oferece passivamente suas filhas púberes ao conquistador. Mas tem de haver uma contrapartida: o Império deve assumir suas responsabilidades de Império. No caso do Iraque, assumir responsabilidades significa combater até o fim a Al Qaeda, reprimir os bandos religiosos armados e fazer jorrar dez vezes mais petróleo. Nem que leve cem anos. Nem que leve mil anos. Nem que leve dez mil anos.

O debate político se infantilizou tremendamente nos últimos tempos. Foi mais um dos efeitos deletérios da guerra no Iraque. A retirada das tropas americanas produziria um massacre generalizado no país. Que essa hipótese atraia tanto consenso nos Estados Unidos é sinal de um abastardamento das idéias. O mundo é brutal. O mundo é perigoso. Alguém tem de policiá-lo. Alguém tem de bombardear os terroristas. Alguém tem de impor regras que sejam acatadas por todos. Alguém tem de deter os planos nucleares iranianos. Alguém tem de armar Israel. Só os Estados Unidos podem fazer tudo isso. O trato é muito simples: nós entramos com as filhas púberes, eles entram com os tanques.

– Cem anos no Iraque!

22 de mar. de 2008

The new Porsche museum

Filhotes de Fidel


Na minha modesta concepção não existe diferença significativa entre Lula e os demais líderes populistas da América Latina. Ideologicamente são idênticos e trazem em seu bojo uma condição que é pontual em todos pseudo-ditadores: calar a imprensa. Nada mais óbvio para os adoradores de Fidel, que encheu os tubos da população cubana com discursos de mais de três horas e apenas um jornal oficial. Agora é o tal Evo, líder cocaleiro, que quer calar a mídia em seu país.

Não conviver com a crítica faz parte dos medíocres. Têm queixo de vidro. Falta-lhes competência para administrar e realizar um projeto de nação. Qualquer opinião em contrário as suas implicam em tentativa de desestabilização e outras diatribes inomináveis. Que ridículo. Conviver com a estupidez é algo que nós não merecíamos. Escrever sobre elas é uma perda de tempo significativa. Podíamos estar produzindo textos que ajudassem na discussão sobre o progresso. Mas ao contrário, como eles mexem com direitos fundamentais nossos, somos obrigados a questioná-los.

A América Latina ou é azarada ou incompetente, ou as duas coisas juntas. Nas décadas de 60, 70 e 80 vivenciou as ditaduras militares. Anacronismo, nacionalismo e burocracia fizeram parte do ideário ideológico deste período. No Brasil, até o advento do FHC, que institucionalizou este país, vivemos uma inconstante democracia que primou pela desgovernança na economia. Nos demais países latino-americanos as situações foram semelhantes.

Após passarem por uma fase neoliberal, optaram em sua maioria por ideários socialistas. Qual a diferença entre Lula e Chavez? Nenhuma, no campo ideológico. Entre Lula e Evo? Também nenhuma. E assim com os demais. O que existe de diferente aqui é que Lula tem medo. As instituições se democratizaram no país. Há uma divisão de poderes, autônomos financeiramente. Isto inibe políticas totalizantes. Mas sabemos que sub-repticiamente, o ideário da disputa pela hegemonia, próprio de Gramsci continua a todo o vapor. De quem é a culpa? Da oposição que não consegue construir uma agenda alternativa. Lula está cada vez mais popular e continuando assim, corremos o risco de se repetir aqui o que aconteceu na Rússia de Putin, ou seja, Lula aponta o seu candidato e ele ou ela se torna vitorioso(a). Escrevi e assino embaixo.

20 de mar. de 2008

Frases, ditos suspeitísssimos...

Onde vejo escrito - comum em parachoques de caminhões, adesivos em veículos, etc., - as frases, ditos abaixo, tenho 99,99% de certeza que há um PILANTRÃO por trás:
  • Deus é fiel.
  • Jesus é fiel.
  • Propriedade do Senhor Jesus.
  • Senhor abençoe este lugar.
  • ...
  • ...
  • ...
  • ...
  • ...
  • ...
  • ...
  • ...
  • ....
  • ...
  • Não dá pra enumerar o monte de asneiras. Os autores ou quem mandou escrever as asneiras - podem crer -, é um pilantrão da pior espécie. No mínimo um mal educado, um grosseiro dos grandes.

Made in China: repressão

A China é um mito em crescimento chinês. Sinônimo de dinamismo e força, o gigante asiático tornou-se a fábrica do mundo com sua acelerada revolução industrial pós-moderna: a Inglaterra do século 18 de volta para o futuro do século 21.

Milhões e milhões deixam a zona rural chinesa e engrenam nas manufaturas globais. Trabalham sem parar em busca de salários magros que enchem os bolsos dos industriais chineses e estrangeiros.

Todos lucramos na operação China. Explorando sua farta mão-de-obra, vendendo nossas commodities ao seu imenso mercado, comprando importados baratos.

Justamente um país comunista tornou-se peça-chave do capitalismo global com sua bem organizada exploração do proletariado chinês, que segura a inflação no mundo. Suas reservas cambiais, já no trilhão de dólares, ainda financiam os EUA e resgatam seus bancos podres.

O mundo agradece a essa explosão de vigor, que nos impulsiona. Talvez seja isso que explique a tolerância com os abusos aos direitos humanos da ditadura comunista, que deveriam nos causar repulsa.

A revolta em curso no platô tibetano, pelas ruas de Lhasa e outros centros, e a dura repressão chinesa expõem, apesar da censura de ferro, a face escura do milagre chinês, um regime de partido único que não tolera dissensão.

O caso tibetano é comovente, caro a estrelas de Hollywood, intelectuais e humanistas em geral. O Dalai Lama esteve em São Paulo em 2006 e lotou o Ginásio do Ibirapuera com sua mensagem pacifista. Reencarnação do Buda da compaixão na tradição do budismo tibetano, ele já desistiu de obter a independência do jugo chinês e trabalha por mais autonomia aos tibetanos.

A China ocupa o Tibete desde 1950. O Dalai Lama fugiu ao exílio indiano em 1959 após sangrenta revolta ser reprimida pelos chineses.

Antes dos comunistas, a região era muito pobre, um regime de castas desigual e teocrata. Pequim investiu bilhões no Tibete, inaugurou no ano passado a "ferrovia mais alta do mundo", ligando o platô isolado às massas chinesas, e inundou as cidades tibetanas de chineses da etnia han, protegidos pelo regime e odiados pelos locais, que denunciam um genocídio cultural.

O Partido Comunista Chinês ainda advogou a si o direito de nomear os altos lamas, interferindo na sucessão do Dalai Lama, tentando dividir seus seguidores. Apesar de se dizer disposta ao diálogo, a China para alguns analistas na verdade ganha tempo até que o carismático Dalai Lama saia de cena e sua causa desidrate.

Talvez por isso a revolta desesperada dos tibetanos, que levou a China a reforçar ainda mais as duras restrições aos jornalistas estrangeiros e à internet: as transmissões da CNN e da BBC chegaram a ser interrompidas no país.

Os tibetanos querem aproveitar a proximidade das Olimpíadas para chamar a atenção global. Os Repórteres sem Fronteiras, a ONG que defende jornalistas, propôs um boicote à transmissão de abertura das Olimpíadas de Pequim, marcada para 8/8/8.

O cineasta Steven Spielberg já tinha abandonado sua ligação com os jogos em protesto contra o apoio chinês ao regime do Sudão, fornecedor de petróleo a Pequim e acusado de cumplicidade na matança de milhares de pessoas em Darfur. Sentindo o golpe, pouco depois um diplomata chinês apareceu em Cartum pedindo mais atenção do governo sudanês aos conflitos na região.

Assim como outras potências no passado, a China quer usar as Olimpíadas para projetar poder global. Por isso, está vulnerável. Não quer alimentar atritos, pode ceder a pressões. Este é o raciocínio da revolta tibetana. Mas o pavor de Pequim a agitações separatistas predomina.

Projeções de alguns economistas indicam que a China passará os EUA como maior economia do mundo nos anos 2020. Essa emergência trará abalos sísmicos à ordem mundial. Estrategistas americanos sugerem que a melhor forma de acomodação com o gigante chinês seja trazê-lo à moldura institucional criada pelo Ocidente desde o pós-guerra: FMI, ONU, Banco Mundial, OMC.

Roosevelt já pensava assim quando brigou com Churchill para que os chineses fossem membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Sabia do destino manifesto da China.

Para onde for a China irá ao menos o entorno asiático. Sua política precisa caminhar atrás de sua economia, para a abertura. É um caminho difícil.

Em 1997, entrevistei em São Paulo Samdhong Rinpoche, então presidente do Parlamento do governo do Tibete no exílio. "Não é correto dizer que a China está ficando mais forte", errou ele há dez anos. "Na verdade, a China está ficando mais fraca. O crescimento econômico chinês é artificial, baseado no uso de mão-de-obra quase escrava. O compromisso ideológico chinês está se perdendo. A economia de mercado e o regime político totalitário não podem conviver para sempre. Isso é uma grande contradição. O movimento pró-democracia está crescendo."

O movimento democrático não cresceu, mas a equação de Rinpoche pode trazer resultado via crescimento econômico. A massa urbana assalariada já exige mais direitos, a internet atinge 200 milhões de chineses, 700 milhões votam em eleições nos vilarejos rurais.

Todos ganharemos se a China seguir a trilha democrática. "Se a China se tornar uma democracia, o Tibete ganhará autonomia", disse Rinpoche em 1997.

Os tibetanos cansaram de esperar. Estão gritando ao mundo, desesperados, mas o barulho da locomotiva chinesa (e de seus tanques) os abafa.

Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
E-mail: smalberg@uol.com.br

O analfabeto e Deus

Assisti no Jornal Hoje, da Globo, reportagem sobre um concurso público que foi anulado por fraude - uma novidade 'nestepaíz' -, no qual um analfabeto foi aprovado.

Entrevistado por uma repórter o mesmo afirmou que foi ajudado, recebeu ajuda de Deus. Que Deus assim o quis.

Diz-se que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança.

Os brasileiros privatizaram-no às suas necessidades e pilantragens.

Usam o pobre coitado para tudo:
  • não dá pra enumerar.
  • é Deus para tudo.
  • sei que em prisões os detentos têm horários de orações. Logo após esses "sagrados momentos" partem para discutir os planos do que farão após saírem de suas detenções, especialmente os que estão em delegacias, passando por prisões de curta duração.

Luzes e sombras


O processo inquisitorial de Galileu é uma chave crucial de nossa interpretação da modernidade. A narrativa do confronto prometéico entre a ciência, que é progresso e luz, e a religião, que é retrocesso e sombras, está inscrita na nossa mente como uma tinta indelével. É por isso que nos surpreendemos diante da informação de que Charles Darwin consolidou seu interesse pela história natural enquanto estudava teologia em Cambridge - e mais ainda ao sabermos que escreveu A Origem das Espécies como um crente em Deus. Todos nós, e não só os comunistas, encaramos com certa naturalidade a curiosa metáfora de Karl Marx, que identificou a revolução como “locomotiva da História”, porque tendemos a admitir que há uma História, assim, com maiúscula, cuja trajetória se acomoda aos trilhos da ferrovia do futuro. O culto ao progresso, que é antes de tudo um culto à razão científica, configura a religião pagã da modernidade.

Os pólos da narrativa caricatural da modernidade emergiram na forma dos dois inquisidores da polêmica sobre as pesquisas com células-tronco embrionárias. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, alertou para a inauguração de uma “época do obscurantismo e do atraso” caso o STF venha a julgar inconstitucionais as pesquisas. Já o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles reiterou a tese da Igreja segundo a qual a vida está presente na “célula autônoma” que “surge, por movimento de dinamismo próprio, independente de qualquer interferência da mãe ou do pai”. Atrás das posições polares se adivinham os contornos da próxima guerra de valores, que será sobre o aborto.

Será uma lástima se o debate público cair prisioneiro na armadilha de dois fundamentalismos. O articulista Reinaldo Azevedo, um católico, sugere que há espaço para nuances. Ele aceita, com relutância, a permissão das pesquisas com células embrionárias, mas se opõe por princípio à legalização do aborto. No seu blog, chama a atenção para a intervenção da bióloga Mayana Zatz, que estabelece uma distinção essencial. “No aborto, há uma vida dentro do útero de uma mulher. Se não houver intervenção humana, essa vida continuará. Já na reprodução assistida, é exatamente o contrário: não houve fertilização natural. Só há junção do espermatozóide com o óvulo por intervenção humana. E, novamente, não haverá vida se não houver uma intervenção humana para colocar o embrião no útero.”

A CNBB elevou o combate ao aborto à condição de eixo de sua Campanha da Fraternidade. Sob o sistema político que a separa do Estado, a Igreja fala legitimamente para os seus fiéis - e exprime um fundamentalismo que concerne à sua própria natureza. O ministro Temporão, por outro lado, é um agente do Estado, do qual se espera alguma coisa diferente da militância política fundamentalista. Quando ele se veste com a fantasia de porta-voz da ciência e, em nome da saúde pública, afasta liminarmente as objeções éticas levantadas pelos religiosos, revela apenas a estupidez da razão.

Sob Temporão, a esfera da saúde pública foi isolada, por uma muralha de insensatez, das esferas da moral e da cultura. Um experimento do programa de DST/aids instalou em escolas públicas máquinas de distribuição de preservativos para adolescentes a partir dos 13 anos, enquanto os postos de saúde oferecem pílulas do dia seguinte a jovens da mesma faixa etária. As iniciativas passam por cima de prerrogativas das famílias, mas as críticas dirigidas a elas são fulminadas pelo ministro como meras expressões de moralismo anacrônico.

Os totalitarismos do século 20 se engajaram no culto à ciência e, paralelamente, nos projetos de abolição ou estatização da religião. Na URSS, a psiquiatria oficial definiu como distúrbio paranóico as idéias de luta pela verdade e pela justiça e os dissidentes foram internados em hospitais para doentes mentais. Na Alemanha, o teísta Hitler deflagrou o empreendimento eugênico de fabricação da raça pura. As sociedades democráticas separam a política da religião, mas não convertem a ciência num imperativo absoluto, incorporam ao debate público os valores de ordem ética e refletem sobre o sentido moral dos princípios religiosos.

A tentação da eugenia se esconde atrás da manipulação de células embrionárias e, por isso, há um nítido interesse público na regulamentação dessa esfera da atividade médico-científica. A crítica ética ao aborto não é uma manifestação medieval de “homens conservadores que prescrevem como a sociedade deve controlar o corpo das mulheres”, na frase do ministro-militante, mas um componente da indagação existencial dos seres humanos. Temporão parece incapaz de entender isso - que, no entanto, é claro não apenas para religiosos, mas também para agnósticos.

O ministro da Saúde se distingue positivamente sobre o pano de fundo de um Ministério nascido no caldo do fisiologismo. O médico sanitarista e planejador de saúde pública declarou, na hora da posse: “O Ministério da Saúde vai fazer política de Saúde; não fará política na Saúde.” A sua cruzada pelo aborto, contudo, é exatamente “política na Saúde” - e má política. Há argumentos ponderáveis para sustentar uma flexibilização da legislação sobre o aborto e o próprio Temporão apresenta alguns deles. Mas não é seu papel atuar como ideólogo hipnotizado por certezas absolutas, que desqualifica sem cessar a opinião divergente.

Desconectado da realidade cultural brasileira, Temporão declarou que a descriminalização do aborto, um fenômeno essencialmente europeu, é “uma tendência mundial”. Em novembro, seu Ministério se articulou às ONGs feministas para fazer aprovar um relatório pró-aborto na 13ª Conferência Nacional de Saúde, mas uma ampla maioria de participantes derrotou a proposta oficial. Agora, sua cruzada pode arrastar o País para um plebiscito cheio de som e fúria, cujo desenlace só o ministro não adivinha.

Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP.
E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br

Bolsa mesada

por Editorial da Folha

(Leia também "Bolsa marmita", por Maria L. V. Barbosa)

O atalho que leva do salvacionismo ao assistencialismo, no governo Lula, já se encontra mais que batido. A extensão do Bolsa Família, que passa a pagar R$ 30 para jovens de 16 e 17 anos, é só um eco distante -mas de imediato rendimento eleitoral- do programa Primeiro Emprego, lançado com fanfarra em 2003 só para esboroar-se em fracasso retumbante.

Foram necessários quatro anos para o Planalto desistir em definitivo da meta ambiciosa de abrir aos jovens 500 mil vagas com repasses de R$ 1.500 anuais a empresas dispostas a empregá-los. Só 15 mil postos foram criados. Segue descumprido o objetivo de qualificar os adolescentes para que consigam entrar e manter-se no mercado de trabalho.

Em seu lugar, a administração petista repaginou a idéia, em 2005 e 2007, com o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens). Fato excepcional para seu estilo, o Planalto recorreu a um projeto de lei (nº 2.204/ 2007) -e não a mais uma medida provisória, como de hábito- para nele incluir a mesada de R$ 30 aos adolescentes.

O pretexto é fazer com que continuem na escola numa faixa etária em que se acentua a evasão, a passagem do ensino fundamental ao médio. Exige-se, para tanto, freqüência de 75% das aulas ao 1,1 milhão de jovens beneficiados de imediato (estima-se em 1,7 milhão o total dos que satisfazem os critérios). Bastam três bimestres abaixo dessa freqüência para perder o benefício.

Não é o caso, claro, de questionar o espírito humanitário de programas como o Bolsa Família. O que se objeta é seu caráter apenas anestesiador, o fato de não contemplar a chamada porta de saída -uma real emancipação socioeconômica, em que a ajuda seja só temporária, enquanto os beneficiários são preparados para melhorar sua renda por meio do emprego. Apenas receber o estipêndio pouco influi no aprendizado e na qualificação dos jovens, pois isso depende mais da capacidade da escola de dotá-los de aptidões úteis.

Trata-se de algumas gotas de assistencialismo num oceano de desqualificação e desalento juvenis. Resta para explicar a medida, portanto, sua evidente rentabilidade eleitoral, para a qual o governo federal oferece negativas débeis e provas robustas. Isso se torna patente com o fato de o governo ter desistido de introduzir o donativo por projeto de lei e ter optado, no apagar de 2007 (28 de dezembro), pela via fácil da medida provisória (nº 411).

Era imperioso evadir-se dos preceitos da lei nº 11.300/2006, que proíbe novos "bens, valores ou benefícios" em ano de eleições. O governo Lula alega que apenas estende um programa existente, o Bolsa Família, que o número de domicílios agraciados não se ampliou e que o benefício não será pago aos jovens eleitores, mas a seus pais.

Tais argumentos são tão afrontosos quanto irrelevantes. Sem urgência em aumentar a mesada dos pobres que beneficia em sua política paternalista, Lula poderia bem aguardar a tramitação do projeto de lei.

18 de mar. de 2008

Os Novos Pecados Capitais

por Rodrigo Constantino

O Vaticano atualizou a lista de pecados capitais para adaptá-la à "realidade da globalização". Os novos pecados capitais serão agregados aos anteriores: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça. Publicada no jornal do Vaticano, Osservatore Romano, a lista foi divulgada depois que o Papa Bento XVI denunciou a "queda do sentimento de pecado no mundo secularizado", em meio à redução no número de católicos que praticam a confissão. Os novos pecados incluem a manipulação genética, o uso de drogas, a desigualdade social e a poluição ambiental.
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Quero ter 62 bilhões de pecados, como Warren Buffet.

Rodrigo Constantino


"O fato de um crente ser mais feliz que um cético não é mais pertinente que o fato de um homem bêbado ser mais feliz que um sóbrio." (George Bernard Shaw)

“A utilidade de uma opinião é, por si mesma, uma questão de opinião: é tão discutível, tão exposta à discussão e exige tanta discussão como a própria opinião. Permanece a mesma necessidade de um juiz infalível das opiniões para decidir tanto que uma opinião é nociva, como que é falsa, a menos que a opinião condenada tenha plena oportunidade de se defender. E não bastará afirmar que ao herético se permite sustentar a utilidade ou a inocência de sua opinião, embora lhe seja proibido defender a verdade. A verdade de uma opinião faz parte de sua utilidade. Se quiséssemos saber se é ou não desejável crer numa proposição, seria possível excluir a consideração sobre ser ou não verdadeira? Na opinião, não dos maus, mas dos melhores, nenhuma crença contrária à verdade pode ser realmente útil.” (John Stuart Mill)
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"A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta." (Arthur Schopenhauer)

Sobre a coerência dos papistas


Pesquisando sobre Tomás de Aquino, encontrei em Veja, edição de fevereiro do ano passado, esta pérola de Reinaldo Azevedo, o recórter chapa-branca tucanopapista e, ao que tudo indica, também tomista:

“A Igreja Católica conta hoje com 33 Doutores, seus "deuses" maiores, todos eles santos, que se tornaram notáveis graças a sua entrega à vida religiosa e por sua produção doutrinária. Destes, quatro ocupam um lugar especial: Santo Agostinho (354-430), Santo Ambrósio (340-397), São Jerônimo (347-420) e São Gregório Magno (540-604). Eu reivindicaria um quinto: Santo Tomás de Aquino (1225-1274), um gigante da teologia e da filosofia. Se um dia você quiser ao menos uma explicação plausível, inteligente, culta, que concilia a fé e a razão, a crença e a ciência, leia o que for possível ler da Suma Teológica, de Santo Tomás. Esse catolicismo dos Doutores foi fundamental para consolidar o aparelho da Igreja – sem o qual não haveria o resto –, mas ele só conta parte da história”.

Curiosamente, o recórter chapa-branca tucanopapista tomista tem definido o aborto como assassinato, homicídio. Parece não ter lido a obra de dois de seus campeões, são Tomás e santo Agostinho, que eram favoráveis ao aborto. Segundo o aquinata, só haveria aborto pecaminoso quando o feto tivesse alma humana o que só aconteceria depois de o feto ter uma forma humana reconhecível. Para o Doutor Angélico, como o chamam os católicos, a chegada da alma ao corpo só ocorre no 40º dia de gravidez. A posição de Aquino sobre o assunto foi aceita pela igreja no Concílio de Viena, em 1312. Isso sem falar que foi só em pleno século XIX, em 1869 mais precisamente, que o Papa Pio IX declarou que o aborto constitui um pecado em qualquer situação e em qualquer momento que se realize.

O recórter chapa-branca tucanopapista tomista está navegando em rota de colisão com seus mestres inefáveis. A ICAR incensa Tomás e Agostinho. Na hora de comentar a opinião de seus doutores sobre o aborto, caluda!
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Sou fã do Reinaldão, mas esse papo de igreja - e coisas do além -, não entra não.

Quando devemos nos calar


Considerar Oscar Niemeyer como um "idiota útil" é ter muito boa vontade e falsear os fatos. Afinal, um idiota útil precisa ser pelo menos verossímil, e a retórica comunista do velho stalinista pode ser tudo, menos isso.

17 de mar. de 2008

Estupidez infinita


Niemeyer e um artigo abjeto

por Reinaldo Azevedo, no blog da Veja

Se eu chamar Oscar Niemeyer de múmia moral, acusarão a minha agressividade com o velhinho. Afinal, está no seu pé biográfico: 100 anos. E ele é uma das nossas "figuras respeitáveis", não é?, embora a experiência não o impeça de escrever sandices, que justificam o terror, a tortura, os campos de concentração, os assassinatos. Não desistirei jamais da pergunta: a mídia brasileira abrigaria textos defendendo o fascismo armado? Por que os facinorosos da esquerda e seus prosélitos têm essa licença?

Niemeyer está, também ele, na seção Tendências/Debates da Folha demonizando o governo democrático da Colômbia, que tem mais de 80% de aprovação, e cantando as glórias das Farc. Num delírio senil — mas de que padece desde a juventude —, escreve: "O governo reacionário de Bogotá passou a acusar a direção das Farc de ser conivente com o narcotráfico em crescente expansão na Colômbia." Como é que é? Em entrevista à própria Folha, onde está publicado o texto, Raul Reyes admitiu de viva voz o que todos sabiam: as Farc agem, sim, em parceria com o narcotráfico.

Niemeyer chegou aos 100 anos, mas ainda não se livrou da compulsão à mentira que acomete todo comunista — ou, digam-me, como ser comunista? Pisoteando – ou bengalando – nada menos de 700 reféns em poder dos terroristas, narra seu encontro sentimental com um dos emissários do terror, que lhe teria pedido um desenho, para ser reproduzido em cartazes, contra o Plano Colômbia.

Niemeyer é assim: vai emprestando seus traços sinuosos aos delírios homicidas de tiranos terceiro-mundistas. Seu artigo está aqui, abjeto como tudo o que sempre pensou sobre política. Passou uma vida como inimputável, porque com a fama de "gênio comunista". Agora, é a idade que o eleva acima de qualquer critica, mesmo quando, como é o caso, defende facínoras.

15 de mar. de 2008

“Bolsa marmita”


A festança foi em Dianópolis, Tocantins. O benfeitor dos pobres e parceiro dos ricos, presidente Luiz Inácio, entregou títulos de propriedade a 58 famílias de pequenos agricultores incluídos num projeto de irrigação rural que totalizou 2,2 hectares. Para compensar a bondade feita aos pequenos, 2,3 hectares foram repassados a cinco empresários.

Os presentes ao comício acharam natural e justa a divisão e o presidente foi muito aplaudido pela claque composta por 28 prefeitos, pelo governador Marcelo Miranda e demais autoridades. Satisfeitíssimas ficaram as 5.000 pessoas que foram levadas para assistir ao espetáculo da política. Elas ganharam refrigerantes e quentinhas com arroz, feijão e alguma outra comida de pobre.

Tal ato de coronelismo explícito em pleno século XXI ensejou a frase do senador Álvaro Dias (PSDB-PR): “faltam sete meses para a eleição e o governo já começou a distribuir quentinha eleitoral. Até outubro vão criar a ‘Bolsa Marmita”.

O governo na verdade já está incrementando sua impressionante máquina eleitoreira voltada especialmente para a pobreza. Se 45 milhões de pessoas já contam com Bolsa-Esmola, esse incentivo ao dolce far niente, agora vão também ser contemplados com R$ 30,00 mensais jovens de 16 e 17 anos, portanto, eleitores.

O Programa Bolsa-Família paga entre R$ 18,00 a R$ 112,00 de acordo com a renda e o número de filhos, mas, segundo tem sido noticiado, muitos que não precisam do auxílio o recebem do pai Estado configurado no benemérito pai Lula. É o Bolsa-Fraude funcionando como o “programa social” mais difundido no País.

Tudo, porém, vai melhorar ainda mais em nosso paraíso tropical: Decreto do governo garante que as revisões da renda, que têm por limite R$ 120,00 per capita, só ocorrerão a partir de 2010, e daí com intervalos de dois anos. Por isso, mesmo a família que ultrapassar o limite de renda continuará a ganhar o cobiçado numerário.

Tem mais, pois o ano é de eleições: Os agraciados com o Bolsa Família poderão abrir contas bancárias sem tarifa nem comprovação de renda e os titulares terão acesso a crédito de até R$ 600,00. Ainda segundo o governo, em abril serão treinadas 200 mil pessoas para trabalhar em prometidas obras do PAC. Haja marmita para distribuir a tanta gente.

Entusiasmado com os números da economia, LILS está como quer e gosta: em plena campanha. No seu primeiro mandado ele prometeu que seus ministros percorreriam o país de ônibus para sentir o cheiro da poeira e conhecer os problemas do Brasil. Como ministros viajam de avião, preferencialmente da FAB, não sentem cheiro de poeira. Parece também um tanto duvidoso que conheçam profundamente os problemas do País. Contudo, muitos deles acompanham o chefe em campanha e alguns vão sendo destacados como balões de ensaio para uma possível candidatura à presidência da República em 2010.

É o caso de Dilma Rousseff, chamada de “mãe do PAC” por Lula que, naturalmente, é o pai, e Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social que comemorou com pompas e honras os quatro anos de sua pasta. Durante a cerimônia festiva Ananias deu o tom de atraso da esquerda: clamou contra a privatização da Vale do Rio Doce, que na verdade se tornou um sucesso, e pôs em cheque o direito de propriedade.

No mais, o que se vê é o presidente da República usando palanques em todo Brasil para divulgar sua montagem eleitoral. Ele imprime nos discursos improvisados a velha e retumbante retórica sindicalista, esbraveja, cobra, vocifera, parecendo estar tomado por transe colérico. Para ter mais sucesso do que obtém seu companheiro Hugo Chávez em suas aparições pela América Latina, só falta a Luiz Inácio dançar o xaxado.

LILS tem retomado sua posição predileta de vítima. Queixa-se dizendo que não querem deixá-lo trabalhar, apela para sua longínqua origem pobre e comove o público ao dizer que sua mãe nasceu analfabeta, ao que José Simão, da Folha de S. Paulo, redargüiu que a sua nasceu analfabeta, desdentada e virgem.

É de se perguntar se tais arroubos populistas, esse entusiasmo de perfeito idiólatra, a crença nas próprias petas que matreiramente inventa não são sinais mais que evidentes de que ele só pensa naquilo: o terceiro mandado. Afinal, sabe que será muito fácil mudar a Constituição, pois conta com os subservientes parlamentares interessados apenas em privilégios e mensalões, ou seja, a “base aliada”.

Em meio a foguetórios e vivas que comemoram um crescimento de 5,4% do PIB em 2007, a crise na economia norte-americana lança sua sombra sobre o mundo e nosso Banco central já fala em aumentar juros para enfrentar a possibilidade de uma inflação mais alta e os gastos excessivos do governo.

Mas quem se importa? Os pobres têm marmita garantida, os ricos, altíssimos lucros e a classe média serve para pagar o imposto de renda mais alto da América do Sul, conforme levantamento feito pela consultoria Ernst & Young e, assim, sustentar Programas como o Bolsa-Fraude, o Bolsa-Esmola e o Bolsa-Marmita.

13 de mar. de 2008

Igualzinho ao Brasil

Assuntos Iguais, Soluções diferentes

No Brasil, ministro da Fazenda, deputados e políticos ligados estreitamente ao governo, faziam suas farras, mais bacanais, entre lobistas e belas meninas do ramo, em um bordel da capital.
A orgia desenfreada veio a público e eles acabaram perpetrando altas trapalhadas, todavia a casa caiu quando fizeram uma canhestra violação do sigilo bancário de uma testemunha dos acontecimentos.

Mas tudo ficou como estava pois, a cafetina dona do bordel, agitando sua agenda de batalha, ameaçou revelar o nome de todos os clientes vips e suas preferências, algumas muito bizarras.
Para os freqüentadores da casa, de festinhas pagas com dinheiro de obscura proveniência, tambèm tudo ficou na mesma, alguns tem cargos eletivos e os mais “pobres” desfrutam de nababescos cargos públicos.

Não sou americanófilo, mas nos Estados Unidos, mesmo sendo um país de hipócritas, a banda toca com outra música.

Eliot Spitzer (foto), casado, três filhos, até ontem governador do estado de Nova York, quando era procurador tornou-se conhecido como um inclemente censor, ele prendeu mafiosos e corruptos de Wall Street. Dirigiu um inquérito sobre prostituição em que foram presas 16 pessoas, na época comentou: que a exploração sexual era um “crime revoltante”.

Em seu trabalho valia-se quase sempre de grampos telefônicos e foi pego com a boca na botija por um deles. Spitzer recorria aos serviços do Emperors Club Vip, além dos Estados Unidos, tem filiais nas principais cidades européias, sendo considerado o mais custoso dos bordéis em atividade. O entretenimento com algumas da mocinhas chega a 5,5 mil dólares a hora.

Na véspera do dia de são Valentin, Sptzer pediu a visita de uma moçoila que batalha no Emperors, e que já conhecia: Ashley Alessandra Dupré, uma morena miúda e muito bonita. Ela viajou para Washington, onde ele estava em reuniões no Congresso, a fim de encontrá-lo na suíte do hotel Mayflower e aí o escândalo veio à luz. Com uma agravante, o deslocamento da moça de um estado para outro, torna o crime de caráter federal. Nos Estados Unidos, raramente são incriminados clientes de prostitutas, mas uma lei de 1910 estabelece que é um crime transferir uma pessoa de um estado para outro com a finalidade sexo pago. Os donos do Emperor foram presos e Eliot Spitzer, mesmo tendo pedido desculpas de público, por forte pressão, ontem renunciou ao governo do estado.

Igualzinho ao Brasil

A Família Silva

Um Silva pode ser descendente de um nobre, de um escravo, de um degredado, ou de um fdp.

Surrupiado do Prosa & Política

A politicagem com a Educação

Por Raphael Curvo - Advogado pela PUC-RJ e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ

surrupiado da Adriana, Giulio e cia

O Bolsa Família, composição de programas agregados ao Bolsa Escola instituído no governo FHC, não vem cumprindo com o objetivo de fixar e atrair as crianças de famílias de baixa renda ao sistema educacional. É grande, e está aumentando, a evasão escolar apesar do auxílio financeiro para que as famílias promovam a freqüência dos filhos nos bancos escolares. As deficiências do programa são visíveis e estão locadas na forma que o governo, desde a sua origem, procede na aplicação dos conceitos que o deram forma. Transformaram o estímulo em doação que, pela sua natureza, não exige contrapartida no conceito popular.

Com elevado índice de ineficiência pedagógica, precariedade de projeto e estrutura física das escolas, não há como, somadas às necessidades familiares, manter atrativa às crianças à sua vontade de permanecer em freqüência nos espaços de ensino, as escolas. Tal programa de estímulos veio capenga. Não avaliou a falta de preparo dos professores. Não foi estruturado um eficaz plano de desenvolvimento pedagógico para enfrentar a situação, como um todo, que acompanham esses jovens oriundos das classes sociais de baixa ou de nenhuma renda.

A bagagem de que são detentoras estes jovens, não são providas das necessidades da educação na vida social e suas escalas para uma vida melhor neste mundo. Acostumados a um viver apenas por existir e seu interior sem perspectivas de vida, muito menos de ganhos materiais, estas crianças deveriam ter um aporte educacional de nível diferenciado para entender o sentido da educação e buscar com o aprendizado campos melhores para sua existência. Qual a razão que pode impulsionar os jovens, por exemplo, do agreste nordestino? O que pode significar para eles e suas famílias receber um diploma de ensino fundamental em uma região com escassos recursos e desenvolvimento econômico? Nestes casos o diferencial está, quando muito, em saber escrever. Financeiramente nada vai representar, com raríssimas exceções.

O governo, penso, se realmente fosse imbuído de um programa voltado a dar instrução aos estudantes menos favorecidos, teria formulado uma política educacional abrangente que englobasse todos os campos estruturais de uma boa educação. Ou seja, projetos de construções de escolas diferenciados para regiões carentes, com mais equipamentos, preparação contínua da equipe de professores acompanhadas de apoio pedagógico e psicossocial, seja via de comunicação a distância ou outro meio, com material qualificado e de acordo com a clientela, além de uma “bolsa professor”. Desconheço, por ora, que exista um programa tipo “café com o presidente” voltado aos educadores desse Brasil a fora. Porque não ter um “café com os professores”, pelo MEC, como forma diária de promover a educação e transmitir informações? Até sobre novas técnicas ou métodos de ensinar.

O que se observa, e não é necessário muita profundidade, é que estes programas sociais tem um viés muito forte no voto. Eles são constituídos com objetivos primeiramente políticos. Daí, como exemplo, aumentar a faixa de idade para alcance do Bolsa Família e o mais atual que é beneficiar os detentores deste programa com créditos para pequenos empréstimos em bancos oficiais. A inadimplência destes empréstimos, posso apostar, ficará a fundo perdido tão logo sejam armadas as urnas eleitorais. Os objetivos eleitorais destes programas já vêm sendo sentidos há muito.Os resultados das urnas que o digam. Afinal, são 45 milhões de pessoas favorecidas pelo Bolsa Família. Não importa se o filho está ou não em sala de aula para receber o dinheiro. E olha que já estão pensando em incluir mais dois filhos, além do limite atual de dois, maiores de 15 anos.

Tudo isso seria de muito orgulho se realmente os objetivos fossem nobres. De governantes comprometidos com a libertação cultural do povo. De governantes com elevado espírito para conduzir a grande maioria dos brasileiros à um novo horizonte.

Tá tudo muito quieto


Vocês lembram o que acontecia depois do caubói dizer que estava tudo muito quieto. De não sei aonde uma flecha acertava e matava alguém do grupo.

Pois é isto que me preocupa. O governo se propõe, em um arroubo de hidrofobia, a não só voltar à década de cinqüenta como também voltar de uma forma ainda pior.

Refiro-me à proibição de despedir sem justa causa. Antigamente tinha os limite de 10 ou sei lá quantos anos (reduziram o limite várias vezes). O empresário não podia dar-se o luxo de continuar com empregados sob pena de no futuro não poder reagir a contingências de mercado.

Aí os governos militares acabaram com este abuso e criaram um substituto justo. O FGTS. Pena que os juros sobre estes valores sejam bons apenas para o governo.

Agora os parasitas da sociedade decidiram voltar com isto. Puro capital eleitoreiro. Pensam que no fundo é uma lei que não vai pegar. Só vai dar voto.

Mas como não vai pegar. Se alguma coisa funciona neste país é a arrecadação e fiscalização de obrigações trabalhistas.

Um amigo me pediu o que podia fazer com seus 15 funcionários se a nova lei fosse aprovada. Acho que só resta a ele pedir autofalência por não poder fazer frente ao Passivo Trabalhista e Potencial.

Não pode trocar de tecnologia, não pode reagir a uma queda de mercado.

Parece um país vizinho onde um conhecido tinha uma clínica com máquinas de hemodiálise. Seus honorários eram pagos pelas instituições de saúde pública que mandavam os doentes renais fazer seu tratamento semanal ou bimensal ali.

Um dia o governo parou de pagar. Quando a conta já estava na estratosfera ele reclamou, e foi informado de que o Ministério estava contingenciando os gastos.

Sem ter mais recursos ele voltou para sua clínica, e informou aos doentes de que, tendo esgotado suas reservas, na empresa e pessoais estava fechando e não mais atenderia.

A semana seguinte foi preso e enfrenta agora processo por “omissão de socorro”.

Assim suponho será o que ocorrerá com o empresário que não tiver mais recursos, negócios e crédito. Vai preso.

E o que acontecerá com os empresários que possuem dezenas de milhares de empregados? Por que estão tão quietos?

Tá tudo muito quieto. Daqui a pouco alguém leva uma flechada.
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A EXORTAÇÃO

por Ralph J. Hofmann
Companheiras e companheiros!

Quero aproveitar esta reunião privada (creio que não estamos em mais de duzentos aqui), para alterar, digo alertar, digo avisar pr’ocês dos perigos do consumo irregular de certos produtos.

Veja por exemplo o Romanée Conti. Pega mal gente mal, fica todo mundo reparando. Se precisam tomar este vinho telefonem na frente e mandem passar para garrafas de “Sangue de Boi” da vinícola Aurora.

De forma alguma quero ver alguém cheirando of fumando uma ervinha onde puderem ser vistos. Vou pedir à ABIN que providência uma sala designada em cada prédio público. Mas não vão oferecer pros amigos senão vamos ter de construir fumódromos maiores que a catedral de Brasília. Charutos podem fumar. Desde que cubanos.

Este negócio de parceria com as FARC e solidariedade com Chavez e aquele indiozinho de quem esqueço o nome sempre, sabem, aquele com aqueles blusões engraçados. Aquele que a Petrobrás vive dizendo que afanou umas bufunfa da gente, tá ficando estranho. Acho melhor alguns pararem de cheirar o pozinho deles quando temos reunião com eles. E talvez largar a 51 e experimentar uma Pitú. O pessoal da 51 tá ficando cheio dos guéri-guéri.

Do cartão corporativo. Mas será que eu tenho de ensinar tudo? Será que eu vou acabar sozinho no meu bunker com vocês me olhando com cara de tacho? Que nem aquele cara lá nas Lemanha? Como se chamava? Adolfo? Adolfo Celli? Não este é carcamano. Ah, já sei, Adolfo Idler!! Esse mesmo.

Bom, do cartão corporativo. Cês não sabe usar. Colocar pão e carne no cartão? Só podia dar caca. Tem de tirar a nota dizendo que é a compra de uma maçaneta nova pro aerolula. As notas de consertos e Floripa? Troca da biruta da base aérea de Florianópolis. Santa ignorância! Não sabem fazer nada sozinhos?

É por isto que ser presidente dá tanto trabalho. São uns incompetentes. E eu, um aposentado por invalidez tenho de fazer t-u-d-o!

12 de mar. de 2008

A Esperteza de Lula


Parece claro que um conflito bélico entre a Colômbia e a Venezuela tem data marcada, faltando apenas o pretexto adequado para a eclosão. Será o passo decisivo do Foro de São Paulo para tentar desestabilizar o país mais democrático da América do Sul, que pela graça de Deus está sendo conduzido por um governante lúcido e sensato. O esforço armamentista de Hugo Chávez tem endereço: derrubar o governo constitucional de Álvaro Uribe, pondo em seu lugar alguém das FARC. A ação inesperada de Uribe, que liquidou o arquiterrorista Raúl Reys, precipitou alguns acontecimentos e deixou claro para os revolucionários que a Colômbia não vai aguardar a sua agenda, ela combaterá no seu próprio tempo e de acordo com as oportunidades que se apresentarem.

Sua melhor estratégia é liquidar a liderança das FARC por quaisquer meios e onde elas estiverem. A morte de Raúl Reys foi uma grande vitória militar. A ação fora do seu território – uma necessidade estratégica da maior importância finalmente posta em prática – começou pelo Equador em face da fragilidade militar do país. Foi um bom teste, servindo para mandar a necessária mensagem aos inimigos. Mas Uribe sabe que a cúpula das FARC está abrigada debaixo da asa de Hugo Chávez, em território venezuelano. A reação de Chávez mostrou um misto de surpresa e medo, pois tem consciência de que o próximo alvo será na Venezuela e aí a guerra poderá ser inevitável, antes do tempo que ele queria, antes de ter as armas compradas e o treinamento se seus soldados completado.

A grande surpresa para mim foi o comportamento de Lula. Como se sabe, Lula e o PT são os maiores cabeças do Foro de São Paulo e dão apoio político e diplomático às FARC e a Chávez. Imitando a sobriedade apresentada quando da derrota da CPMF no Senado Federal, mandando publicamente o ministro da Fazenda Guido Mantega calar a boca, Lula não escalou seu embaixador plenipotenciário Marco Aurélio Garcia para interagir na crise, deixando o problema a cargo dos profissionais do Itamaraty. O fato foi surpreendente porque Garcia é o ostensivo elo com as FARC e com Hugo Chávez e certamente colocaria o peso do Brasil favoravelmente aos narcotraficantes e seus aliados.

Se fizesse isso tornaria o jogo do PT com as FARC aberto e colocaria o Brasil como inimigo da Colômbia e dos EUA. Seria um erro crasso. Minha conclusão é que o comitê central do PT, repetindo o que houve por ocasião da derrota da CPMF, reuniu-se e traçou a estratégia, correta em face dos acontecimentos. Como o tempo não está maduro para uma guerra entre a Colômbia e a Venezuela não convinha o alinhamento automático e ostensivo com as FARC e Chávez no momento, cabendo botar água na fervura. Por isso também que o furor inicial de Hugo Chávez deu lugar a um silêncio estudado e oportuno. A vitória militar da Colômbia ao liquidar Raúl Reyes foi reconhecida e assimilada, cabendo ao Foro de São Paulo manter o perfil baixo para continuar a acumulação de forças. Tudo pela vitória da revolução!

A esperteza não é de Lula, como se vê, mas do comitê dirigente do PT que tem no presidente o porta-voz. São os governantes nas sombras e eu nem imagino quem são esses camaradas. Mas preciso reconhecer que estão agindo de forma inteligente, respondendo aos fatos da conjuntura de maneira adequada aos seus objetivos estratégicos. Essa gente sabe que as Forças Armadas brasileiras são inimigas de seu projeto estratégico de fazer a revolução comunista, então sabem que não podem dar o passo maior que a perna, pelo menos por enquanto. A questão em aberto é o que o PT está fazendo para liquidar a “neutralidade ofensiva” das Forças Armadas. Entendo que essa é a maior fragilidade do partido governante e nem imagino o que farão sobre o assunto. Claro está que só darão passos ousados na área militar depois de resolvida a questão da sucessão presidencial.

O Partidão renascido no PT aprendeu a ter paciência e a jogar xadrez. Lembra-se muito bem de 1935 e de 1964, cuja memória os brasileiros de bem estão celebrando agora no dia 31, como faço aqui antecipadamente. Não quer afobação e voluntarismos. Aguardemos os próximos passos.

A "direita" não tem vez, não, sinhô!!!


Sim, no período em que Primeira Leitura esteve sob o meu comando, foi uma revista conservadora — na Europa ou nos Estados Unidos, teria sido chamada “de direita” sem que isso parecesse uma ofensa. Era a única. Fechou. Tinha uma tiragem de 30 mil exemplares — vendia de 70% a 80% do que imprimia, um resultado e tanto. O site era gigantesco, mas a revista, de fato, era a única “nanica” que defendia a economia de mercado e o primado da lei sobre o supostamente legítimo. Fechou por quê? Porque, como ouvi mais de uma vez em agências, “você sabe, né?, que a sua revista vai na contramão de muita coisa”. De fato, ousava defender o capitalismo, a legalidade, o individualismo, essas bizarrices...

À época do fechamento, um jornalista de esquerda como José Arbex estranhou que “a direita” não se interessasse por Primeira Leitura ou que ela tivesse de fechar por falta de anúncio. Se não me engano, ele até reconhecia que a revista era bem feita no gênero. Afinal, ele sugeria, a gente era uma espécie de fina flor do direitismo. Ora, tudo me parecia lógico e racional: se é para financiar a imprensa “alternativa”, o capitalismo brasileiro prefere posar de “progressista”, né? Sem contar que, por vias sempre tortas, mesmo os nanicos de esquerda acabam sendo financiados é com dinheiro público mesmo.

6 de mar. de 2008

Férias no narcotráfico - É uma vergonha! - diria Boris Casoy

((Interessante ler também Avacalhar Para Dominar da Maria L. V. Barbosa))

Perdemos, em qualquer hipótese (original do autor)

Por estarem fardados e armados, ocupando determinado território, grupos de bandidos, narcotraficantes e seqüestradores devem ser considerados um Estado independente, ou receber a prerrogativa de beligerantes? É o caso das Farc, na Colômbia, que mantém cerca de 700 cidadãos em cativeiro e tiram a maior parte de seus recursos da proteção e até da produção e comercialização da cocaína. Dirão alguns ingênuos fazerem essas acusações parte de uma campanha diabólica do governo de Bogotá, amparado pelos Estados Unidos, mas não dá para ignorar as imagens e os depoimentos a respeito da transformação da selva em monumental cárcere privado. Também ajudam as confissões de integrantes de cartéis do tráfico de drogas, que quando presos confirmam a espúria relação com as Farc. Feito o preâmbulo, porém, é bom atentar para o que vem depois. A Colômbia não tinha nada que invadir território do Equador para bombardear e metralhar contingentes de bandidos lá instalados. Foi um injustificado ato de guerra, jamais se aceitando a teoria do tal ataque preventivo. No reverso da medalha, porém, o que dizer do governo de Quito? Complacência e até conivência com as Farc, permitindo que atravessassem a fronteira e se instalassem no seu país? Ou, alternativa ainda mais triste, a prova de profunda incompetência, ignorando o ingresso e a presença de tropas alienígenas em seus limites? Nessa novela de horror, muito menos poderiam os Estados Unidos estar usurpando a soberania dos países da região, mantendo amplos contingentes militares na Colômbia e monitorando, através de satélites e outras parafernálias eletrônicas, movimentações de toda espécie. Ainda mais, se essas informações são repassadas para um governo subordinado a seus interesses. Pior ainda, se a operação militar teve a colaboração de oficiais americanos. Por último, exacerbou de sua competência e do bom senso o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, ao mobilizar blindados para a fronteira de seu país com a Colômbia, quando o conflito militar aconteceu do lado de lá, nos limites com o Equador. Em suma, lambuzaram-se todos, sem exceção. Uma tremenda trapalhada onde as responsabilidades são gerais. A pergunta que se faz é o que tem o Brasil com isso, arriscando-se a ser respingado pelo melado em que se transformou o extremo norte do continente sul-americano. Se de um lado a diplomacia existe para dirimir conflitos e construir a paz, de outro ela deve sempre funcionar na defesa dos interesses de quem a pratica. Aqui surge o perigo: oferecendo-se o presidente Lula para mediador do conflito entre nossos vizinhos, a hipótese mais provável é de desagradarmos a todos. As Farc acusarão o Brasil de não compreender nada sobre o direito à rebelião que têm os povos oprimidos. O presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, reclamará por não estarmos sustentando integralmente a existência de um governo democrático que se defende contra bandidos. Já o presidente Rafael Correia, do Equador, protestará por não termos sidos veementes na condenação à invasão armada de seu território. Hugo Chávez torcerá o nariz por não estarmos condenando a intervenção dos Estados Unidos na América do Sul. E o presidente Bush poderá ser tentado a imitar o rei Juan Carlos, da Espanha, dirigindo-se ao presidente Lula com a contundente pergunta: "Ppor que não se cala?" Vamos com calma Ex-diretor-geral da Receita Federal, antigo ministro da Fazenda e tributarista de excepcional capacidade, o senador Francisco Dornelles desabafou, ontem, em reunião da Comissão de Economia. Votava-se projeto referente à devolução do Imposto de Renda quando o representante do Rio de Janeiro pediu a palavra e protestou contra a presença de funcionários da Receita Federal no recinto, fazendo lobby junto aos senadores. Pediu a retirada dos intrusos e denunciou que a Receita Federal jamais apoiou qualquer projeto de qualquer senador, mantendo-se sempre em oposição ao interesse dos contribuintes. Pelo jeito, o governo abre espaços para que ressurjam os filhotes do dr. Travancas, antigo diretor-geral da Receita Federal, que nos tempos do consulado de Roberto Campos na economia assustava o Brasil inteiro, tanto pelo seu nome quanto pela truculência com que tratava os contribuintes, para ele todos suspeitos de sonegação. Foi preciso que viesse depois o ministro Delfim Netto como czar da economia para dizer que não era nada daquilo, que o trabalho da Receita Federal era zelar pela arrecadação mas sem transformar cidadãos em réus. Namoro ou noivado? A direção nacional do PMDB chegou a levar as alianças, mas o governador Aécio Neves pediu mais tempo para celebrar o noivado, preferindo permanecer no namoro. Mas namoro quente, desses dos tempos modernos. Foi durante jantar na casa de José Yunes, na noite de segunda-feira, em São Paulo. O presidente Michel Temer já falava em festa de casamento mas o governador, pelo jeito, queria antes discutir o dote. Não afasta, em particular, a hipótese de trocar o PSDB pelo PMDB, mas, por enquanto, ainda cultiva os tucanos. Afinal, inexistem leis determinando que José Serra será o candidato, apesar de tudo indicar que será. Para Aécio Neves bandear-se para o PMDB será necessária a garantia integral de que o partido o lançaria candidato à sucessão de 2010, uma possibilidade, mas ainda não uma probabilidade. Afinal, Roberto Requião e Nelson Jobim trabalham nesse sentido e poderiam botar água no chope do governador mineiro. Além do que, as pesquisas favorecem seu colega de São Paulo, cujo sonho maior seria uma chapa café-com-leite, ou seja, Aécio como candidato à vice-presidência. Pressa, propriamente, não há para as decisões. Tudo se resolverá ano que vem, ainda que importe sempre repetir o provérbio árabe de que "bebe água limpa quem chega primeiro na fonte"... Férias no narcotráfico O presidente Lula visitará três favelas cariocas, amanhã. Estará no Complexo do Alemão, depois em Manguinhos e, finalmente, na Rocinha. Acompanhado do governador Sérgio Cabral e de alguns ministros, anunciará obras do PAC nos locais onde já estão sendo armados palanques para seus pronunciamentos. Há dias os organismos federais e estaduais de segurança trabalham em tempo integral, monitorando e já se instalando nas favelas, de olho nos esconderijos do narcotráfico. Pelas informações que fluem do Rio, não haverá motivo para muita preocupação, porque os bandidos podem ser tudo, menos bobos. Qualquer suspeita de atos de inconformismo ou agressão por parte deles determinaria a maior blitz de todos os tempos nas respectivas favelas, com prejuízos fatais para suas atividades criminosas. Assim, o mais provável é que os chefões determinem férias coletivas para suas quadrilhas. Até eles talvez se afastem, mas recomendando antes às respectivas comunidades todo o apoio à visita do presidente Lula...
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