22 de fev. de 2007

Nação de adolescentes - por Frederico de Paola

Resumo: Poucos brasileiros chegam a idade adulta, intelectualmente falando. Permanecem extasiados na teenage, onde tudo é possível e sonham viver num mundo melhor.

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A aprendizagem deve cessar apenas após o último suspiro, nunca antes.

Tenho uma filha de um ano de idade. Quando observo as mudanças que passam em seu comportamento e tudo que ela descobre a cada dia, vejo que quanto mais ela aprende mais ela necessita de mim e de sua mãe para continuar aprendendo. Meu trabalho como educador está apenas começando e daqui a pouco ela irá para a escola para continuar aprendendo. May God help her! Pais e mães são o primeiro estágio do aprendizado, depois vem a escola com complemento da universidade e, aí sim, vem a vida propriamente dita e nessa fase nossa curiosidade deve ser tão aguçada quanto em nossos primeiros anos, pois vidas dependem de nós. É claro que o papel dos pais não se encerra nunca.

Na infância somos curiosos com tudo o que nos cerca e ficamos felizes com cada descoberta, cada passo; cada sentimento novo nos faz cidadãos melhores e os pais devem incentivar a curiosidade e despertar novos prazeres. A adolescência é um período de turbilhões de sentimentos; é a fase da vida em que muitas besteiras são cometidas, algumas irreversíveis. Já não se dá tanto ouvido aos pais. Para fugir dos problemas, o jovem declara que já sabe tudo sobre qualquer coisa, mas no fundo ele não sabe nem mesmo quem é. Admitir essa ignorância é prova de fraqueza perante o grupo – mesmo que todos estejam no mesmo barco. Sendo assim a juventude nunca busca respostas sérias sobre seus problemas. Já a idade adulta é quando temos responsabilidades com outros e principalmente para conosco. É o tempo de voltar a aprender e começar a ensinar. Portanto, é preciso averiguar tudo que nos chega e concordar ou não, e para isso contamos com uma variedade infinita de fontes. Dá trabalho, mas é muito bom aprender, como na infância.

Dessas três fases da vida a que melhor define o intelecto do brasileiro é a adolescência. O pensamento que rege a inteligência nacional é como o de qualquer jovem; já sabem tudo, não se interessam por mais nada e vão de encontro a tudo que não condiz com “seus” pensamentos, chegando mesmo a discriminar os que pensam por si sós. Andam em bandos e reconfortam-se uns com os outros. Os brasileiros foram sistematicamente levados a perder a curiosidade e isso os fez retroceder muito em termos intelectuais. Quanto mais buscamos aprender, mais rápido entendemos diversos assuntos e mais “espaço” temos em nossos cérebros, pois ao contrário de hardwares, não possuímos limites para o acúmulo de informações. É preciso uma constante utilização ou ele atrofia, certo Lula?

No Brasil, aborta-se o processo de aprendizagem. Professores de todos os níveis não incentivam os alunos a pensarem, ao contrário, dão a eles fórmulas - falsas - prontas sobre tudo. Então, quando saem da faculdade se acham conhecedores do mundo e não buscam nada além do que aprenderam em sala de aula. Mas os professores, em sua maioria, não fazem por mal; eles mesmos só alcançam o que ensinam. Não falo das ciências exatas, pois neste campo não há limite, aprende-se tudo que conseguir, ninguém pode enganar os números e sim, do que há de mais sério em termos de matéria escolar, universitária e de vida: História. Deturpam-se as mentes de jovens que no futuro vão engrossar as fileiras da esquerda mundial, gerando mais pobreza e miséria que serão temas de mais aulas enganosas.

É claro que a estratégia da esquerda mundial, alicerçada nas teorias do comunista italiano Antonio Gramsci, foi espetacular, digna de um gênio; mas daí a eliminar por completo a curiosidade de uma nação inteira??? Vivemos o cenário dos sonhos de qualquer comunista, uma nação onde 99% dos jornalistas e educadores são adolescentes.

Aqui, a infância acaba cada vez mais cedo, o sexo é liberado e incentivado, as drogas são menos danosas que o cigarro e respeitar os pais é antiquado. Com isso, crianças crescem antes do tempo e para fazer parte do grupo dos adolescentes o mais cedo possível são levadas a falarem sobre temas que desconhecem completamente, portanto, repetem o que ouvem até que aquilo se torne realidade em suas cabeças. A curiosidade infantil é decepada antes que a criança comece a pensar. Poucos brasileiros chegam a idade adulta, intelectualmente falando. Permanecem extasiados na teenage, onde tudo é possível e sonham viver num mundo melhor. Com isso temos muito poucos adultos no Brasil e, os que alcançam a maioridade não são nem sequer ouvidos, quanto mais respeitados. Outra característica da adolescência. O auge da discussão intelectual no Brasil é um menino de 11 anos debatendo com uma senhora de 70 quem será o próximo eliminado no Big Brother Brasil e porquê. Os dois não pensam da mesma forma.

O curioso de tudo é que esse não é o retrato do Brasil; apenas reflete o que o brasileiro pensa e, infelizmente, apenas ao adolescente é permitido pensar e emitir opiniões. Nossa maioria é composta de crianças que querem aprender, trabalham de sol a sol e não têm condições de aprender sozinhas. Coitadas, como faria bem a elas (povo brasileiro) ouvir os poucos adultos de que dispomos. Mas, entre elas e os adultos há a intransponível barreira dos adolescentes e nada chega às crianças sem antes passar e ser deturpado por esse grupo. Política, economia, ética, moral, PAZ, aquecimento global, tudo depende de os adolescentes darem sua versão para que as crianças possam “aprender”, decorar e repetir, e para os adultos darem suas risadas. O tema é muito sério, mas ante a ignorância e a recusa em aprender, é difícil não achar graça, mesmo que o humor seja negro.

Já que não conseguimos passar da adolescência, voltemos à infância, quando podíamos xingar todo mundo, bater, apanhar e jogávamos bola, todos juntos, uma hora depois e sem o menor constrangimento; tínhamos coisas mais importantes a fazer, viver e aprender. O Brasil esqueceu como se aprende. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que minha filha passe da infância, para a adolescência (fase maravilhosa, deixo claro) e siga o caminho normal dos seres humanos, chegando à idade adulta. Nem que para isso tenha que deixar a nação dos adolescentes.

Frederico de Paola é formado em Comunicação Social - PUC - Rio e Pós Graduado - MBA em Administração Esportiva - Fundação Getúlio Vargas.