31 de jul. de 2006

Financial Times - por Ralph J. Hofmann

É interessante ver como que um jornal como o Financial Times percebe o Brasil, à luz de tudo que nós aqui publicamos em Blogs. Vejam abaixo um artigo de Richard Lapper, do bureau de São Paulo, publicado em 26 de Julho passado. É mais sério do que um artigo sobre os excessos etílicos do presidente. Será que Richard Lapper será convidado a trabalhar noutra freguesia?

Traduzi-o por achar de extrema importância, pois quantifica uma série de coisas que já liquidaram iniciativas de pessoas sérias que apenas queriam trabalhar corretamente dentro da lei. Há muitos anos atrás, quando eu e alguns amigos, ainda estudantes, começamos nosso primeiro pequeno negócio me perguntaram: “Você já recebeu sua primeira multa?” Poderei que éramos pessoas sérias e responsáveis. A resposta foi: “Neste país é impossível não infringir alguma lei. Quando pensas que fizeste tudo certo descobres que há alguma coisa que passou desapercebido. Há um excesso de fatores que podem gerar multas.”

Outra coisa que fica clara pelas estimativas de setor informal. A economia brasileira é muito maior, ou seja, o próprio PIB é maior do que o aparente.

Se entre os leitores houver alguma pessoa com acesso aos candidatos a presidente, peço que cobre dos mesmos, em palanque, uma posição. Particularmente daqueles partidos que acham que podem seguir semeando dinheiro de impostos entre os seus amigos e asseclas, pois sempre haverá novos “patos” para contribuírem com mais impostos. A desobediência civil ocorre hoje através da sonegação. Essa passou de crime a ato patriótico, que salva a pátria e reduz o desemprego.

Segue abaixo a íntegra do artigo:

Uma burocracia desnorteante, papelada infindável e um dos sistemas de impostos mais onerosos significa que milhares de negócios brasileiros apenas literalmente apenas podem sobreviver na ilegalidade, conforme um relatório publicado na quarta-feira.

O relatório da International Finance Corporation acha grandes variações entre os 13 estados do Brasil que foram estudados mas conclui que o Brasil precisa simplificar seus procedimentos radicalmente para competir mais eficazmente com outros mercados emergentes.

“Ainda há uma grande distância entre o melhor que o Brasil tem a oferecer e fazer negócios em Bangkok e Johannesburg, e as reformas são necessárias” alega o relatório.

“Os estados deveriam combinar as melhores práticas do Brasil – como, por exemplo, o registro de propriedades informatizado do estado nortista do Maranhão, e ao mesmo tempo tentar manter o ritmo de reformas de países como o Chile, Vietname e a Slovakia.”

Um dos maiores problemas é o imposto. Em um dos casos extremos o IFC, braço do setor privado do Banco Mundial descobriu que negócios do Rio de Janeiro enfrentariam uma conta de impostos igual a mais do que o dobro dos seus lucros brutos se pagassem todas as suas obrigações fiscais.

Na média, nos 13 estados estudados a carga de impostos, chega a 147 porcento do lucro bruto.

As alterações dos códigos de impostos estaduais e municipais ocorrem com tanta freqüência que uma empresa que possua 50 funcionários precisa de três contadores em tempo integral para se manter informada comenta Caralee McLiesh uma das autoras do relatório. Os contadores precisariam gastar 26t00 horas anuais para lidar com os impostos, mais tempo do quer qualquer dos 155 países analisados anualmente pela IFC.

O relatório estima que em 2002 e 2003, 42 porcento da atividade econômica correu na economia informal no Brasil, comparado a 33 porcento no México, 16 porcento na China e 26 porcento na Índia.

Com autorização do Ralph J. Hofmann

Vai um privilégio aí? - por Percival Puggina

Imagine, leitor, que você soubesse da existência de um privilégio disponível em algum lugar e ainda não buscado por alguém. Era só ir até lá acompanhado de um "pistolão" com prestígio suficiente para concedê-lo. Você iria? Ao ponderar essa questão no íntimo de sua consciência você certamente levaria em conta noções do tipo: "se eu não for alguém vai", ou "pistolão existe para isso, mesmo", ou ainda, "não fui eu quem criou o privilégio, se ele está lá é para ser buscado".

Não se amargure, meu amigo, minha amiga, com a possível brecha que a questão proposta acima possa sinalizar na rigidez de seu caráter. O problema, em princípio, não está na decisão que você tome; ele reside na existência do privilégio e nos padrões políticos e sócio-culturais que o criaram. É evidente que todo privilégio é abusivo na medida em que dele fica excluída a maioria; partilhado por muitos ou por todos, o privilégio perde a finalidade (e a graça).

Existem vários tipos de privilégios. O estacionamento coberto, o elevador privativo, a carteirinha que permite entrar de graça onde outros pagam, por exemplo, são expressão pequena de um mal muito maior. Sua expressão mais nociva está nos privilégios buscados junto às instituições públicas, convertidos em lei, constituídos em direito adquirido, de modo a produzir efeitos permanentes.

Tais privilégios são a vareta dos trapezistas da cena política nacional. É graças a essa vareta que eles se equilibram e não caem. E é por causa dela que o bem comum falece e a sociedade brasileira tarda em desenvolver uma cultura de justiça e eqüidade. Examine a pauta de qualquer casa legislativa (municipal, estadual ou federal); exclua os projetos de origem dos respectivos poderes executivos, e você verá que a maior parte do esforço legislativo está centrado na distribuição de favores públicos.

Por quê? A razão é sempre a mesma: o nosso sistema eleitoral, a regra do jogo político, permite que a maioria dos parlamentares se eleja mediante votos obtidos junto a grupos de interesse em nome dos quais trabalham, junto aos quais depositam sua fidelidade e com cujo benefício se comprometem de modo exclusivo. Enquanto a sociedade não perceber isso e não se empenhar na mudança da regra do jogo, continuaremos aplaudindo os mesmos atletas e suas reprováveis piruetas.
fonte: MSM.org

30 de jul. de 2006

O Arrastão Autoritário - por Alberto Oliva, filósofo.

O Brasil corre o risco de ser um país cuja redemocratização foi sutilmente preparada, pelas forças que se tornaram hegemônicas, para recolocá-lo, tempos depois, na primeira ditadura de esquerda posterior à derrocada do socialismo real. Isto em parte pode ser explicado como conseqüência de os grupos de esquerda que se opuseram ao regime militar não possuírem convicções democráticas. Constata-se hoje, por meio de atos, o que já se sabia em teoria: o desapreço da esquerda pelos valores que constituem a Sociedade Aberta. A bandeira das liberdades foi brandida apenas como marketing de conquista do poder. O denuncismo nada tinha que ver com moralização institucional e respeito aos valores republicanos. Somente os ingênuos e os nefelibatas não se deram conta disso.

Foram usados pelas águias do maquiavelismo esquerdista que, por meio de longa e amadurecida estratégia de formação das consciências, prometiam sanar carências materiais sem desrespeitar as diferenças espirituais. O completo desprezo por aquilo que depreciativamente qualificam de democracia burguesa está na origem dos recentes ataques aos pilares que asseguram a liberdade de expressão e manifestação. Todos os tipos de controle que o Governo tenta começar a impor a sociedade derivam do vezo autoritário antidemocrático que o socialismo real sempre exibiu. Não se pode amar Cuba sem considerar a democracia um inútil penduricalho da burguesia.

O grande engano de certos grupos de opinião é supor que o atual governo está cindido, que na economia um grupo faz valer o principio da realidade e na política outro trama a retomada de sonhos que a evidência histórica provou no século XX não passarem de pesadelos opressivos. Não existe, como afirmou Arnaldo Jabour, o governo diurno, que gere com eficiência a economia, e o noturno, que flerta com formas soturnas de intervencionismo. O mostrengo atual é o “socialismo liberal”, o modelo chinês: economia de mercado com capitalistas atuando como testas de ferro, com direito apenas a enriquecer, e os burocratas todo-poderosos do Partido Comunista exercendo controle férreo sobre quase tudo.

Dos investimentos a priorizar ao universo das opiniões e das idéias tudo passa pelo crivo do Partido. Isto possibilita matar dois coelhos com uma cajadada só: poder político absoluto e apoio e subsídios para os “empresários do sistema”. Com isso, desaparece a autêntica competição tanto no mercado econômico quanto no político. Tudo totalmente controlado pelo Poder Central. O empresário se torna completamente dependente do Estado, o poder político concentradissimo e a oposição tanto ideológica quanto filosófica manietada. O triste é que no Brasil tem muito empresário, jornalista e político doido para assumir de corpo e alma essa forma de vassalagem. A ironia da história pós-Muro é que o estatismo sagazmente incorpora o “mercado” sem ter que se submeter a uma forma liberal de ordem social...

Com o fim da Guerra Fria cresceu a esperança de que estava para se universalizar o modelo de sociedade liberal que na Europa e nos EUA alcançara resultados bem superiores aos exibidos pelo socialismo real. Chegou-se até a falar em fim da história. Só que o mundo ama surpreender os afoitos e desmontar os esquematismos dos inscientes. Os eventos que nele se desenrolam sempre exprimem formas latentes ou manifestas de conflito. E aí apareceu a China para livrar os socialismos da derrota acachapante. Os herdeiros da Revolução de 49 conservaram o legado político de Mão-Tsé-Tung e os ensinamentos pragmáticos de Deng Xiao Ping.

O modelo é tão complexo que há até quem acredite que a China é exemplo de economia liberal. No Brasil, até o modelo híbrido enfrenta dificuldades para ser aceito. Palocci é o tempo todo questionado pelos grupos do PT que jamais deixaram de ter, a despeito da matança ideológica perpetrada pelo socialismo real, enorme saudade de Vladimir Ilich Ulianov (Lênin), de Joseph Stalin e tutti quanti. O PT puro-sangue não admite sequer entregar a rapadura da economia para conservar o leme político-ideológico.

Empresários são tão odiados que cooptá-los é muito pouco. O desafio é descobrir um modo de conservá-los eficientes mais totalmente dependentes do Estado. A ala realista que está no Poder sonha em implantar no Brasil um modelo político-econômico como o chinês. A facção radical quer transformar o Brasil numa Grande Cuba. Todos são projetos de eternização no poder. O socialismo não está morto e sepultado, como muitos imaginam. Conseguiu sobreviver agarrando-se ao modelo híbrido: o universo das idéias e ideologias deve permanecer monolítico e controlado e o da economia submetido ao capitalismo selvagem dos grandes empresários estado-dependentes e dos trabalhadores hiperexplorados. Costuma-se dizer que no Brasil existe o capitalismo selvagem. Ao que parece, quem vai tentar implantá-lo são justamente seus antigos críticos, os neo-socialistas.

26/08/2004 - fonte: RATIO PRO LIBERTAS

QUADRADO TRÁGICO - por Maria Lúcia Victor Barbosa

Conforme analisei em um dos meus livros, “América Latina – em busca do paraíso perdido”, entre 1810 e 1824, aconteceu o processo de independência das colônias hispânicas e a situação que daí se originou marcou o destino dos futuros países latino-americanos: findou-se um equilíbrio e outro não surgiu em seu lugar.

Um fato marcante daquela época que se esvaía sob o estilhaçamento do império espanhol foi o nascimento das repúblicas sob a égide dos caudilhos. Eles emergirão das guerras da independência, lutando à frente dos seus bandos armados. Bastante numerosos de início serão reduzidos, submetidos pouco a pouco por supercaudilhos. Surge a era de um Rosas na Argentina, de um Porfírio Díaz no México e de outros mais. Eles foram o protótipo dos futuros ditadores latino-americanos e sua “pedagogia política” foi feita na mesma linha de violência e autoritarismo, de intolerância e brutalidade dos conquistadores espanhóis e das sociedades pré-colombianas mais evoluídas.

Tudo isso significa que as “revoluções” das oligarquias nativas continham muito mais o elemento da tradição que o da mudança. O que se desejava alterar era a composição do poder e não a sua essência. Assim, a partir da “Espanha invertebrada” (expressão de Ortega y Gasset), não houve na América espanhola independente a “comunidade de propósitos” que faz com que grupos integrantes “convivam não por estar juntos, mas sim por fazer algo juntos”, conforme o lapidar pensamento orteguiano. E, nas nascentes sociedades invertebradas, o isolamento entre as camadas sociais, a falta de “minorias seletas” que comandassem o processo emancipatório, a inexistência de espírito associativo (substituído pela vivência do pequeno mundo familiar ou clânico), gerarão o desequilíbrio estrutural cujas manifestações mais graves são sentidas até hoje: o atraso econômico, o individualismo, a desconfiança generalizada, o populismo, o nacionalismo xenófobo, a tendência autoritária, os Estados leviatânicos incompetentes e corruptos.

Se a Espanha foi um “licor forte” para suas colônias, nós bebemos o “vinho verde e leve” de Portugal. Sem o radicalismo espanhol viemos ao mundo marcados por um certo desleixo, pela plasticidade de costumes e também pela veleidade que nos faz “ser e não ser, ir e não ir, indefinição de formas e vontade criadora”, conforme Raymundo Faoro. Porém, se somos primos e não hermanos dos nossos vizinhos, se nos diferenciamos do restante da América Latina pela nossa dimensão territorial e fatos de nossa história como, por exemplo, a presença da corte Portuguesa em território nacional e a ausência da participação popular em nosso processo de emancipação de Portugal, guardamos certos traços comuns com os citados acima, que por outras vias históricas marcaram a América Espanhola.

Desse modo, a situação que hoje existe na América Latina como um todo reproduz em muitos aspectos a continuidade da mentalidade do atraso que sempre nos caracterizou. Permanece a atração por caudilhos autoritários e líderes populistas; a defesa do pai Estado que nos castiga com seus monopólios, seus impostos exorbitantes, sua burocracia asfixiante; a corrupção endêmica de nossos governos; o ódio aos Estados Unidos como sublimação de nossas mazelas; a incapacidade de romper o atraso político e econômico; as quimeras revolucionárias que sempre prometeram o paraíso e geraram o inferno, a falta de minorias seletas capazes de nos dotar de um projeto comum.

Quanto ao palco político, desenhou-se por essas plagas um quadrado trágico que por sua característica ideológica de fazer a América Latina dissociar-se em termos comerciais e políticos dos países mais desenvolvidos, de cultivar traços populistas e paternalistas que mantém os pobres sempre pobres através das caridades oficiais, de apresentar vezo estatizante e forte tendência autoritária, arrasta os latino-americanos pela contra-mão da historia.

O quadrado trágico é composto pela Venezuela, Bolívia, Cuba e Brasil, respectivamente governados por Hugo Chávez, Evo Morales, Fidel Castro (ressuscitado por Chávez no que foi apoiado pelo presidente brasileiro) e Luiz Inácio Lula da Silva.

Evidentemente esses presidentes possuem pesos políticos diferenciados no cenário latino-americano. Mas, infelizmente, o Brasil, que por tanto tempo e dada sua envergadura econômica salientou-se como líder natural da América Latina, hoje segue a reboque de Hugo Chávez. Este ajudou eleger Evo Morales, amargou derrotas de seus candidatos no Peru e no México e agora apóia Luiz Inácio.

O quadro é trágico porque conduz aos confins do subdesenvolvimento. É preciso, pois, frear sua escalada. No nosso caso, temos uma “arma” ao nosso alcance para fazer isso: o voto.

Roberto Romano responde a Lillian Wite Fibe

Um escândalo atrás do outro: como isso afeta o eleitor? Roberto Romano comenta:

É corrupção para tudo quanto é lado. Só para falar das mais recentes: Sanguessugas (roubo de dinheiro público que deveria ser usado na compra de ambulâncias), Operação Cerol (policiais federais e executivos de empresas presos no Rio na sexta-feira) e Operação Mão de Obra, que é a de hoje e está "rolando" em Brasília. Foram presos empresários e funcionários públicos acusados... adivinhe do quê? Acertou: de roubar dinheiro público. A Polícia Federal diz ter descoberto fraudes em licitações com empresas que se candidatam a limpar e a fazer a segurança de prédios públicos e prendeu até um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. A polícia diz que encontrou roubalheira nos Ministérios dos Transportes e da Justiça, no Senado e no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Não sobra ninguém?

"A corrupção virou rotina no país", disse o cientista político, Roberto Romano, em entrevista a Lillian Witte Fibe, no UOL News. E para ele, esta prática rotineira pode representar perigo para a democracia brasileira, que não vai "se agüentar" com tantas fraudes dentro da própria estrutura da vida pública. "Esse é um ponto que me preocupa; eu fico cada vez mais acabrunhado com esse país, porque não há os contra exemplos, uma tentativa de apresentar outros caminhos para atenuar este fenômeno", lamentou. "O meu avô dizia que na França o ridículo mata e no Brasil, engorda".

O presidente e a corrupção

Segundo o cientista político, quando o presidente da República diz que "não viu, não sabe e não conhece", ele passa a impressão de que não há nenhum responsável e ninguém que controle esse governo. "Você dá muito poder ao presidente da República e ele quer viver com a irresponsabilidade do imperador", indignou-se. Romano disse ainda que um grande mal da República brasileira é que só quando se consegue provar a corrupção por A+B é que o presidente passa a ser responsabilizando, citando o caso da perua Elba presenteada ao ex-presidente Fernando Collor e um dos estopins do seu Impeachment. "O presidente da República tem que saber, ele não pode não saber", protestou.

Para ele, a oposição também não fez o seu papel exigindo uma prestação de contas ou até mesmo o Impeachment do presidente Lula. "No momento em que o presidente da República veio a público, naquela patética entrevista (em Paris) em que ele olhava para cima, com jeito de menino arrependido, e disse que pedia desculpas, mas sem saber muito bem porque", lembrou. "O presidente que não sabe é irresponsável porque, se ele é responsável, tem que responder. Está na Constituição: 'o presidente da República é responsável pelas ações do Governo, etc'". Romano falou ainda sobre as recentes acusações aos ex-ministros da Saúde do governo Lula, Humberto Costa (PT-PE) e Saraiva Felipe (PMDB-MG), no desvio de recursos públicos na compra de ambulâncias superfaturadas.

O cientista político comparou a atitude de alguns políticos brasileiros a do gambá, que quando se sente ameaçado lança aquele "perfume" em cima dos outros para escapar. "A pessoa só precisa responder que sim ou que não, no entanto ela só diz que vai processar. Isso não é modo de responder, ele deveria dizer: 'está aqui a minha gestão e eu sei de tudo o que ocorreu; o que ocorreu sem o meu conhecimento é da responsabilidade de tal e tal pessoa e dane-se quem é culpado, eu não sou". Romano citou ainda a entrevista em que o presidente Lula dizia que fazer caixa 2 era comum e que todo mundo fazia. "Se ele diz que não pode condenar ninguém e que a CPI dos Correios torturou os coitados dos depoentes, ele quer dizer que Delúbio Soares e Marcos Valério foram torturados pelos maldosos deputados da CPI; e se ele disse isso - e a gente não está inventando - o que se pode deduzir é que todos os 180 milhões de brasileiros são corruptos e o PT ainda pode receber o epíteto de grande partido da ética", indignou-se mais uma vez.

Recomendações ao eleitor

E com toda esta corrupção, como o eleitor deve vai votar em outubro? O que ainda é possível fazer neste período eleitoral? Romano questionou a eficácia do voto nulo - que para ele é como um protesto mudo - e recomendou que os eleitores comecem a participar dos comícios políticos, principalmente dos candidatos mensaleiros, "absolvidos" pela Câmara dos Deputados, "e lá, diante do povo, questionem sua atuação e peçam explicações", incentivou. O cientista político lembrou que em Roma, os comícios eram lugares para debates entre os candidatos e o povo. "A origem da palavra candidato vem de cândido, de roupa limpa, alva. O candidato precisava provar que sua roupa era limpa, e a alma também. Esta é a idéia de um sujeito que postula um cargo público, ele precisa estar alvo."

29 de jul. de 2006

O Paradoxo de Stalin - por Rodrigo Constantino

Por pior que seja aos olhos dos outros, nenhum homem consegue suportar uma imagem horrível e repugnante de si mesmo por muito tempo.” (Eduardo Giannetti)

Ao revisar para a publicação a sua biografia oficial, o ditador Stalin ordenou que fosse incluída uma frase mencionando que ele jamais deixou que seu trabalho fosse prejudicado pela mais leve sombra de vaidade, presunção ou idolatria. Negar dessa forma tão grotesca a vaidade é justamente confessá-la abertamente, aos brados! A questão que fica é se o ditador soviético pretendia enganar de forma deliberada seu público ou se mentia para si mesmo. Normalmente, o hipócrita é mais calculista, medindo os efeitos de seus atos e colocando-se no lugar da vítima, para não errar o alvo. Um absurdo tão flagrante desses parece mais ser um caso de enorme auto-engano mesmo. Mas nunca se sabe!

Este caso nos remete à atualidade brasileira, onde um presidente que comanda o governo mais corrupto de todos os tempos afirma, concomitantemente, ser a alma mais ética da nação. As contradições entre as declarações de Lula e seus atos, fazendo não só vista grossa como subindo no palanque ao lado dos tais corruptos, levanta a questão sobre hipocrisia ou auto-engano. O presidente Lula pode tratar-se de um caso extremo de maquiavelismo, com espantosa cara-de-pau, onde tudo vale pela busca do poder, ou pode ser a maior vítima de auto-engano já vista, repetindo absurdos na maior inocência, mentindo com a firmeza de quem “sabe” falar a verdade.

O auto-engano é uma estratégia útil para a sobrevivência e procriação das espécies. Temos inúmeros casos entre os diferentes seres vivos, desde vírus, passando por plantas, animais e finalmente o homem. Evidentemente que não faz muito sentido falar em auto-engano para animais sem consciência, pois trata-se apenas de um mecanismo automático do seu instinto de sobrevivência. Mas a analogia não deixa de ser útil, quando sabemos que uma cobra-coral falsa age como a verdadeira, ainda que sem seu veneno, para intimidar os possíveis predadores. Como diz Eduardo Giannetti, em seu livro Auto-Engano, “o enganador auto-enganado, convencido sinceramente do seu próprio engano, é uma máquina de enganar mais habilidosa e competente em sua arte do que o enganador frio e calculista”. O enganador embarca em suas próprias mentiras, e passa a acreditar nelas com toda a inocência e boa-fé do mundo. Assim fica mais fácil convencer os demais. Seria o sapo barbudo, no fundo, uma cobra-coral falsa?

O presidente Lula chama a atenção por ser o líder deste governo corrupto e por ser, ao mesmo tempo, o autor de declarações estapafúrdias, se auto-vangloriando por questões éticas. Mas não é um caso isolado no PT – pelo contrário. Vários membros do partido passaram a crer de verdade no que pregam, por mais refutada que tal pregação tenha sido tanto pela lógica como pela evidência empírica. E a fé dogmática na ideologia é uma arma poderosa para o auto-engano, permitindo as maiores atrocidades em nome da causa. O fervor religioso sempre trouxe consigo tal perigo, especialmente na seita socialista. Os corruptos não se vêem como tais pois roubam “em nome da causa”, ainda que os benefícios concretos sejam bem individuais. Entre seus líderes e seguidores, resta apenas identificar os hipócritas oportunistas e a legião de inocentes úteis, ludibriada pela fé. “O auto-engano coletivo em grande escala é a resultante trágica e grotesca de uma multidão de auto-enganos sincronizados entre si no plano individual”. A cura está no pensamento independente, rigoroso com a lógica e a veracidade dos fatos. Coletivistas em geral, e petistas em particular, jamais toleraram este antídoto contra o rebanho bovino.

Voltando ao paradoxo de Stalin, permanece então a pergunta: o presidente Lula, com tantas evidências de mentiras deslavadas, contradições absurdas e incoerências, sofre de elevado grau de auto-engano ou é o maior consumidor de óleo de peroba do mundo, pela grande cara-de-pau? O leitor decide...

Com autorização do Rodrigo Constantino

Discursos de destruição em massa - por Reinaldo Azevedo, n'O Globo

Se a ONU não fosse inútil, como prova Kofi Annan, eu denunciaria Lula a esta ONG global por fazer discursos de destruição em massa. Destruição de qualquer forma de inteligência política. Na semana passada, o Babalorixá de Banânia vocalizou uma tese um tanto antiga no Brasil: sem uma ampla reforma política, é impossível acabar com a corrupção. Li o que ele disse como ameaça e autojustificação. Concedo que há sistemas políticos que podem ser mais ou menos porosos a práticas ilegais, mas é uma mentira maligna supor que é a estrutura que dá conta da moralidade do processo da vida pública: sempre será o indivíduo. Pode-se perfeitamente ser um homicida compulsivo brandindo as Santas Escrituras como princípio. Pode-se fazer o governo mais corrupto da História do Brasil alegando uma revolução ética.

É Lula quem não me deixa mentir — e, se eu não estou mentindo nessa história, alguém está. Ele está dividindo o palanque eleitoral com mensaleiros e sanguessugas. Quem o obriga a tanto? O “sistema”? Não. É a sua moralidade pessoal que é elástica o suficiente para não ver nisso qualquer problema. Ao contrário: Marco Aurélio Garcia, um faz-tudo que já cuidou de desastres externos e agora cuida dos internos, disse não ver nisso constrangimento. “Constrangimento é não ter voto”, disse ele a este jornal. A fala de Lula é, pois, pura autojustificação. Mas é também uma ameaça.

Se reeleito, é até provável que queira encaminhar uma reforma política. Mas qual? Ora, terá de ser uma compatível com a moralidade reinante no grupo que o apóia, sejam os petistas, sejam aqueles que aderiram ao lulismo, em especial o PMDB de Renan Calheiros e José Sarney. Os adesistas estão como aqueles crocodilos de documentário esperando a passagem da manada de gnus. Um mais tolinho ou mais fraquinho deu sopa, nhoc! São a periferia do novo poder, ao contrário do que dão a entender setores da mídia. A reforma que se vai tentar é uma que atenda aos interesses da nova classe social que chegou ao poder, de que Lula é a grande expressão.

Trata-se, como chamo, dos burgueses sem capital (ou do capital alheio), que tomaram o aparelho estatal e paraestatal — do posto de saúde da esquina aos fundos de pensão — e agora estão dedicados a tornar irrelevantes a democracia e a alternância de poder. Há dias, o sociólogo Francisco de Oliveira, ex-petista, deu a entrevista anual em que anuncia o fim dos tempos. Ele diz que a política se tornou inútil porque o país é governado pelo mercado financeiro. Conversa mole. É a esquerda radical frustrada com Lula. O PT se esforça para tornar irrelevante a política, mas o financismo é apenas o outro grupo de jacarés que se alimenta à beira do lago. Lula vai lhe dando gnus enquanto prossegue a marcha petista.

A versão tropical do Moderno Príncipe percebeu que a melhor garantia que tem de permanecer no poder — mesmo que venha a perder as eleições presidenciais — é oficializar no país o apartheid social, esforçando-se para ter, ao mesmo tempo, o monopólio do discurso que o denuncia. Lula faz do Bolsa Família a sua “indústria da seca” e cria uma categoria de cativos eleitorais miseráveis, aos quais fala diretamente, os quais incita, classificando os “outros” (os “burgueses”?) de inimigos. Não é a revolução. É só a demagogia a serviço do atraso. Ele recebe em palácio o movimento que depredou o laboratório da Aracruz e ouve, com sinais de assentimento, uma peroração em favor da luta de classes. Embora o nosso Lenin alimente, diligente, os jacarés e deprede a História. Segundo ele, é melhor banqueiro lucrar com juros do que com o Proer. O Proer, no governo FHC, fez de seus netos uns sem-banco. O modelo de Lula fez do filho um milionário.

Não, senhores! Não há lei, modelo ou sistema que possa substituir a moral privada. A História pode, eventualmente, explicar por que uma pessoa decente foi parar num lupanar. Mas só as escolhas individuais farão a devida genealogia do seu gozo ou do seu sofrimento. Lula faz o que faz porque quer. Porque gosta. Porque sente prazer.

King's College Chapel - Uma coisa bonita, para variar!




Arquiteto desconhecido. Talvez, por falta de "deproma", não teve seu nome divulgado. Isso num país de Memória e uma obra não muito antiga, para os padrões britânicos. Cambridge, England, 1446 to 1515.

28 de jul. de 2006

O Crime Está Liberado! - por Rodrigo Constantino

José foi em uma boate. Seu intuito era beber. Na mesma boate, estaria presente João, que não gosta de José. O dono da boate sabia que ambos estariam presentes. Não reforçou a segurança. José se desentendeu com João, e partiu para a briga. Agrediu tanto o pobre coitado, do nada, que o outro acabou indo parar na UTI de um hospital. José é inocente! Afinal, a negligência do dono da boate o torna o único responsável pela violência. Ele deveria ter antecipado a briga e colocado mais seguranças na casa noturna. José é praticamente uma vítima no caso. Ele tinha ido apenas para beber. O que importa o fato dele ter agredido do nada um inocente, mandando-o para o hospital?

Parece brincadeira, mas essa seria justamente a opinião do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal. Este juiz foi aquele que mandou soltar os 32 integrantes do MLST, acusados pela depredação da Câmara dos Deputados. Está certo que uma boate não é a Câmara. Merece mais respeito. Mas o “argumento” apresentado pelo juiz foi o de que a “reunião” estava previamente agendada, e o presidente da casa deveria ter antecipado o clima de tensão que se instalaria. Logo, os dois casos são análogos. Concluiu o juiz: "Essa situação de prévio agendamento da manifestação a ser realizada no Congresso enfraquece a tese de que os representantes do MLST foram à Casa Legislativa com o intuito de cometer crimes".

Não obstante a flagrante mentira de que não era o intuito do MLST depredar a casa, posto que foram encontrados vídeos e documentos comprovando o claro planejamento do ato deliberado de violência, o julgamento é absurdo de qualquer jeito. Afinal, o crime é cometido pelo ato em si, independente da intenção do seu autor. Se eu vou à casa de um vizinho com a intenção de pedir açúcar, ele recusa meu pedido e eu reajo destruindo sua casa e agredindo-o, cometi um crime, evidentemente.

Bem, para certos juizes desse país, nada é tão evidente, tirando o fato de que “amigos do rei” possuem carta branca para executarem o crime que desejarem, contanto que em nome da “justiça social”. Não vamos esquecer que o Ouvidor Agrário Nacional, subordinado ao ministro do Desenvolvimento Agrário de Lula, que pressionou o juiz, passando inclusive a falsa informação de que havia uma audiência marcada entre o MLST e o presidente da Câmara. O Ouvidor, ao interferir no processo, desrespeitou o Código de Processo Penal.

O principal acusado da quadrilha é Bruno Maranhão, camarada do presidente Lula, já tendo sido inclusive hóspede na Granja do Torto. Segundo o próprio, ele não irá apenas apoiar, como será um soldado da reeleição de Lula. Ele era membro da Executiva Nacional do PT e respondia pela secretaria nacional de movimentos populares da sigla. Maranhão é filho de um rico usineiro, e mora num luxuoso apartamento de 200 m2. O líder dos “sem-terra” tem uma bela casa. Melhor os colegas “sem-teto” não saberem disso...

No Brasil é assim: as leis para os inimigos, e uma licença para o crime para os amigos do presidente. Um pobre caseiro que denuncia um ministro de Lula sofre com o abuso do aparato estatal, que invade sua privacidade de forma ilegal. Mas um criminoso que forma uma quadrilha para destruir o patrimônio público fica livre, além de contar com financiamento público para seus atos criminosos. E ainda chamam a quadrilha de “movimento social”. O que esperar de um país assim?

Com autorização do Rodrigo Constantino
...
Eu, um pessimista ou realista de carteirinha, pergunto: onde não há crime neste país de merda?

O Ósculo do Batráquio - por Rodrigo Constantino



No mundo da fantasia, conta-se que o príncipe fora transformado em sapo, através do feitiço da bruxa, e que somente o beijo da bela princesa traria o príncipe novamente à sua forma original. O povo brasileiro parece afeito a contos fantasiosos, e acreditou nesta possível mudança. O sapo, barbudo e tudo, iria transformar-se no grande príncipe, a salvar o reino podre. A metamorfose, no entanto, foi kafkiana.

Sapos parecem mesmo imprevisíveis. Há cerca de 70 anos, foram introduzidos sapos venenosos na Austrália, na tentativa de controlar a população de besouros, verdadeira praga local. Ocorre que o cururu, da beira do rio, espalhou-se pelo continente, deixando um rastro de devastação. Várias espécies foram depredadas, e o anfíbio desenvolveu pernas mais longas, adaptando-se. Não é à toa que os animais existem há milhões de anos. Esperavam que o batráquio, tido como lento, fosse apenas caçar alguns besouros. Não contavam com sua astúcia. Aliás, lembro que o sapo em questão, da espécie bufo marinus, é bastante comum no Brasil. Seu nome origina-se do tupi-guarani. Um deles, ao que consta, foi tão longe que chegou a presidente!

Os “intelectuais” brasileiros, que ainda sonham com a utopia pregada pelo outro barbudo, ajudaram a criar o mito do “bom revolucionário”. Com o auxílio do trapaceiro que criou a falsa roupa do imperador, essa elite vendeu a idéia de que o sapo faria até milagres, como a multiplicação de pães. Diante dos implacáveis fatos que contrariaram tal imagem redentora, restou o silêncio desses “intelectuais”. Os irascíveis no proselitismo mostram-se pusilânimes diante da dura realidade. Não têm coragem nem mesmo de assumir a criação da criatura, agora fora de controle. Aquele que iria combater o sistema acabou abraçando-o, e dando aulas de corrupção que fizeram os antecessores parecerem inexperientes ladrões de galinha. O sapo mostrou-se não apenas “um deles”, mas o pior deles! O “mensalão”, apenas a ponta do iceberg, que o diga...

Mas como eu ia dizendo, o povo brasileiro parece gostar mesmo de uma fantasia. Ainda não parece ter abandonado a idéia do “salvador da pátria”, que irá resgatar as vítimas do perverso sistema e colocar o país na trajetória do progresso. Ainda não entenderam que tal visão paternalista e centralizadora é o grande problema. Não atinaram ainda que deveriam lutar para a drástica redução do tamanho do Estado, e não para colocar um “santo clarividente” sob a espada de Dâmocles. O modelo está errado. O poder corrompe. “O poder absoluto corrompe absolutamente”. Há que se reduzir o poder, independente da pessoa que chega ao trono. Mas o desespero, aliado à ignorância, faz muitos votarem naqueles que pregam mais e mais governo, como se o Estado fosse uma verdadeira panacéia. Nada mais falso.

As eleições avizinham-se. Teremos mais uma oportunidade para que os eleitores possam demonstrar algum bom senso. A racionalidade precisa dominar emoções instintivas. Os “intelectuais”, os mesmos que criaram o Frankenstein em forma de sapo, tentarão novamente nos vender lebre por gato, ignorando que o apedeuta já fora testado e desmascarado. Vão romper o silêncio na hora oportuna. O rei está nu, mas isso não irá abalar os pérfidos. Somente a razão pode blindar o povo contra tamanha safadeza. Veremos se o povo valoriza a lógica, ou se ainda está sujeito aos encantos dos contos de fadas. Quem quiser beijar o sapo, na esperança de vê-lo virar príncipe, que o faça. Vivemos em uma democracia, ainda que falha. Mas acho melhor lembrar que pode tratar-se de um cururu venenoso...

SEM RESPONSABILIDADE - por Ralph J. Hofmann

Salta aos olhos a diferença entre governar um país ou simplesmente manter uma força armada dentro de um país.
Vemos mulheres histéricas chegando do Líbano aos aeroportos brasileiros chorando as mágoas de ter deixado para trás parentes e amigos sem comida, sem água, sem abrigos antiaéreos.
Do outro lado vemos Haifa evacuada na medida do possível, prédios com abrigos, uma sociedade funcionando sob fogo inimigo, exatamente como já faz de uma forma ou outra ha 58 anos.
Em 1937 o escritor Nevil Shute escreveu o romance “What Happened to the Corbetts” em que descrevia o que imaginava que ocorreria no caso de um bombardeio de cidades inglesas como de fato veio a acontecer três anos depois. Shute era engenheiro aeronáutico. Conhecia as possibilidades dos aviões e bombas da época. Sabia detalhes sobre o que ocorrera em Guernica e outras cidades espanholas e alguns do bombardeios japoneses nas lutas na China, que já se arrastavam ha uma década. Em seu livro discutia prédios em chamas, epidemias causadas por cadáveres insepultos e consumo de água não-tratada, o colapso de prédios com pessoas dentro e todos os horrores que poderiam ocorrer. Descreveu tentativas frustradas de evacuar crianças para o campo após o início dos bombardeios.
Lançado o livro, Nevil Shute e o editor enviaram 1.000 cópias do mesmo para as autoridades que por lógica seriam responsáveis pela defesa civil da Inglaterra em caso de guerra. O livro sendo um romance por um escritor empolgante, as pessoas que o receberam leram sofregamente e passaram adiante, mas também sentiram a mensagem que o mesmo trazia, e passaram a criar programas para o caso de guerra. .
Iniciada a “blitz” sobre as cidades inglesas a defesa civil estava pronta e treinada para enfrentar tudo. Algumas das previsões tais como as epidemias e a falta de acesso à água potável, não vieram a ocorrer, havia equipamentos para salvamento de pessoas sob escombros, bombas de água leves para combate a incêndios. Não é sabido até que ponto o livro afetou a criação dessas precauções, mas mostrou que a guerra moderna não é apenas um problema militar. É uma ação de governo também.
O que dizer da guerra no Líbano hoje. O país tem um governo totalmente desvinculado das ações militares. Como tal não tem realmente esquemas de evacuação ou de transporte de suprimento sob fogo. Não pode sequer negociar colunas de evacuados com o governo de Israel. O Hezbolah por outro lado, não sendo governo não tem responsabilidade para com os civis. Também não criou abrigos e estoques de alimentos para os civis. Hospitais idem. É unicamente uma organização militar.
A todas essas, o Vale do Bekaa, donde foi retirado o maior número de refugiados brasileiros é feudo do Hezbolah há mais de 20 anos. Mas apenas para fins militares. Quem administra as cidades são os prefeitos. Não há uma organização nacional que pudesse prever evacuações , hospitais, sistemas de combate ao incêndio. E isso num país que quando não está em guerra com os vizinhos está em convulsão interna há mais de 30 anos.
Em tempo, já que a Revolução Bolivariana está se armando copiosamente, caso alguém saiba localizar uma edição de “What Happened to the Corbetts” em espanhol, sugiro fotocopiá-la e enviar para o Evo Morales e o Hugo Chavez. Sei que o livro não existe em português, mas pagando bem terei prazer em traduzi-lo para o Lula e o Alckmin, pois no caso de uma Guerra Bolivariana dificilmente ficaremos de fora.

Com autorização do Ralph J. Hoffmann - fonte: Argumento & Prosa

Um Congresso vergonhoso - por Paulo Saab, no MSM.org

A vida pública brasileira está tomada, infestada, dominada, por picaretas sem pudor.

Há também os marginais que se elegem travestidos de representantes de Jesus na Terra mas corrompidos até a alma pelo Maldito , e tentam posar de puros invocando o filho de Deus, enquanto enfiam a mão em toda bolsa de dinheiro que consigam alcançar.

Proposta indecente - por Olavo de Carvalho no MSM.org

© 2006 MidiaSemMascara.org

Que um governo que coloca suas alianças revolucionárias acima das leis ajude o MST a implementar uma inversão de legitimidade que torne aceitável seus crimes não é supreendente. A novidade é que um alto oficial das Forças Armadas, personificando se disponha tão bisonhamente a colaborar com tal ato.

Deliriopata Autistossociável - por Christina Fontenelle

O processo de formação da grande aldeia global sem fronteiras está tão acelerado que parece não existir nem mais o interesse em escamotear intenções por trás deste ou daquele procedimento. Outro dia eu escrevi um pequeno informativo, "Engolido Pelo Bloco", que falava sobre o descaramento com que o tal processo de globalização vem se concretizando na América Latina ( http://infomix-cf.blogspot.com/ ). A coisa já se agigantou tanto que muitos não conseguem enxergar o quanto de anormal há nela.

A constante repetição ininterrupta de um discurso que sempre pretendeu transformar em normal aquilo que não o é e que descreve a realidade não como ela se apresenta, mas sob a ótica de quem diz precisamente aquilo quer, sem se importar com o que tenha de fato acontecido, em toda parte que se vá, que se veja ou que se ouça, está produzindo efeitos concretos no cérebro humano, especialmente nos mais jovens deles.

Já não é mais tão raro encontrar pessoas com uma visão completamente deturpada de si mesmas, dos outros e do mundo. São criaturas totalmente incapazes de estabelecer relações entre causa e efeito ou de distinguir o que seja certo daquilo que seja errado, ainda que com base nas próprias convicções. Convicções estas que são porque são e sobre as quais não conseguem construir um só argumento que seja para defender. São pessoas igualmente incapazes de abstrair-se de si mesmas para tentar compreender o que quer que se passe em outro ser humano.

Não são burros não. Muitos até são capazes de se aventurar pelos mais complicados caminhos da matemática ou da física. Outros parecem ter alguns espasmos de coordenação cerebral, provavelmente ocasionados pela força da genética, e conseguem organizar pensamentos em forma de textos legíveis. Eles riem, eles choram e até conversam; mas são frios, distantes e impenetráveis. Há algo que os torna diferentes do ser humano convencional. Um ser estranho que eu ainda tenho dificuldade em descrever e que costumo chamar de "deliriopata autistossociável" (*).

Eu vou dar um exemplo. Na semana passada, aconteceu o concurso Miss Universo 2006. A última prova para as cinco finalistas foi dizer algo a respeito de um tema que era sorteado na hora – assim, de supetão. Muito me impressionaram as palavras da Miss Japão, que acabou ficando com o segundo lugar. Ao ser perguntada sobre o que poderia ser mudado hoje para que o mundo ficasse melhor, a miss disse que algo deveria ser feito para que a força física dos homens pudesse ser controlada para que não fosse mais um diferencial importante entre homens e mulheres, de modo que ambos se tornassem iguais também em força física.

Só eu mesma para prestar atenção numa coisa dessas num concurso de miss. Mas é que a resposta da moça soou como um grito de fazer doer em meus ouvidos. Jamais, em toda a minha vida, eu ouvira uma máxima feminista que houvesse ousado pretender ir tão longe na tentativa de igualar o inigualável, ou seja, homens e mulheres. E olha que as maiores atrocidades foram cometidas no sentido de literalmente transformar a realidade com discursos em nome do feminismo. Não reparem não, mas é que eu acho que para defender direitos (e logicamente estabelecer deveres) dos seres humanos do sexo feminino não é preciso, e muitas vezes necessariamente não se deve, partir de premissas estabelecidas por meio de comparação entre homens e mulheres, e muito menos ainda se estiverem visando igualdade. Mas, isso não vem ao caso agora.

Reparem no que essa moça disse; porque ela não é uma visionária criativa e muito menos uma profetisa estudiosa. Ela é a encarnação do deliriopata autistossociável - aquele que não vê absolutamente nada demais em manipular ou aprisionar a natureza humana para solucionar problemas relacionados ao que imagina ser igualdade e justiça. O que a tal da moça disse é de uma frieza cruel e inimaginável. Mas é assim que é o deliriopata autistossociável: normal, mas inconscientemente cruel. E eu digo inconscientemente, porque o mundo que ele vê e sente não é aquele mesmo que as pessoas de uma ou duas gerações atrás percebem.

Vejam. A pergunta não foi feita para que a moça descrevesse uma fantasia pessoal a respeito de algo que eventualmente pudesse transformar o mundo, como por exemplo, aqueles desejos que se pediria a um gênio da lâmpada para realizar. Não, a pergunta foi feita no sentido mais concreto e que se esperava levar a respostas como "eu acho que deveria haver uma maior conscientização dos governantes em relação à destruição da natureza" ou do tipo "eu acho que o mundo deveria se unir numa campanha para erradicação da fome no planeta". Tudo bem, a japonesinha poderia ter sido mais criativa e inteligente e ter respondido uma outra coisa qualquer do gênero.

Entretanto, a moça pareceu ter uma idéia bem concreta do que para ela viria a ser o mundo ideal. E disse isso com a mais inocente das naturalidades. É como se alguém tivesse respondido à mesma pergunta, calma e sorridentemente, dizendo que gostaria que um desastre natural de proporções gigantescas varresse do mapa milhões e milhões de pobres analfabetos e de fanáticos religiosos para que o mundo pudesse ser reconstruído de maneira mais acertada dessa vez. Estou exagerando? Pode ser. Mas o fato é que o "alguém" propôs um holocausto natural para resolver o que lhe aflige como insolúvel e a mocinha propôs algo parecido com uma indução à mutação genética permanente, ou mais precisamente, com o extermínio de um dos sexos da espécie humana como é conhecido fisicamente nos dias de hoje – que é claro seria aplicado aos machos, porque nem passa pela cabeça da mocinha mexer naquele corpinho esculturalmente feminino. Essa última parte é um "venenozinho" meu, já que eu realmente não sei se a miss pretendia mudar os machos ou as fêmeas.

Gente com este tipo de vulnerabilidade na personalidade está surgindo aos montes. Nem mesmo os próprios pais conseguem livrar-se da desagradável surpresa de descobrir um filho assim mentalmente deformado. A massificação das ideologias globalizantes é infinitamente mais poderosa e onipresente do que a educação e os exemplos que a maioria dos pais têm condições de dar – mesmo porque faz parte dessa mesma ideologia criar a obrigatoriedade (que primeiramente foi psicológica e agora já é uma necessidade de sobrevivência física) de que ambos os pais tenham que passar a maior parte do tempo fora de casa, trabalhando para sustentar e para fazer frutificar aquilo que eles ainda pensam ser a sua própria família. Balela! Estamos todos a criar soldados do universalismo – mão-de-obra desprovida de senso de crítica, de autocrítica e até de capacidade de acreditar no que seus olhos vejam (enxergando apenas aquilo que o que chega a seus ouvidos manda enxergar).

Uma crônica de Fahed Daher, um médico de Apucarana (Paraná), intitulada "O Direito dos Sem Nada", ( http://www.guiasaojose.com.br/novo/coluna/index.asp?id=4084), faz um cômico retrato do deliriopata autistossociável; embora possamos perceber que os agentes da distorção e da tergiversação sobre a realidade, na crônica de Daher, pareçam estar agindo de maneira cínica em relação aos fatos e não sendo naturalmente fiéis ao que são capazes de enxergar. Seria cômico se não fosse trágico, e pior: perfeitamente passível de começar a vir a acontecer em futuro bem próximo. Confiram:

"- Senhor delegado! O senhor não pode atender à acusação deste distinto policial. Realmente ele está procurando cumprir as obrigações de policial. Apenas há um grave engano. Eu não sou um ladrão. Eu não roubei o carro do Sr. Izak. Eu procedi a uma invasão de propriedade. Eu sou um sem condução. Um sem automóvel e invadi uma propriedade. Como os sem-terra, o Sr. Izak, tido como proprietário, que entre em juízo com um pedido de reintegração de posse deste automóvel. Se o Sr. Juiz conceder a sentença da reintegração de posse a favor do dito proprietário e se o Exmo. Sr. Governador autorizar ao Sr. delegado que me faça restituir o bem, assim o farei sem reação e sem violência. Mas até que se cumpra a sentença o bem ficará na minha posse com direito de uso e ainda exigindo que o Sr. providencie um posto de gasolina que me abasteça o veiculo até o final desta questão".

É a total inversão da realidade! Seria espantoso? Não, porque é exatamente o que vem acontecendo há mais de 20 anos (isso para falar apenas de Brasil), cada vez com mais intensidade e não há reação que se esboce que consiga impedir o progresso ou chamar atenção suficiente sobre o tema.

A deliriopatia autistossocial não está sozinha na lista dos efeitos da caminhada de toda a humanidade em direção à nova ordem mundial. No sentido diametralmente oposto, em reação ao cárcere imposto por minorias, impingindo conceitos, leis e condutas às maiorias emudecidas pela mídia, pelas polícias do politicamente correto, surge a "Controlofobia" (pavor de controle), uma manifestação surgida das profundezas do instinto humano, que é responsável pelo aparecimento daquele que será o tipo de criminoso mais perseguido pelos novos (e brevemente por todos conhecidos) donos do poder, será o terrorista do futuro: o desobediente.

Desse tipo de ser falarei em outra oportunidade. O que posso dizer agora, metaforicamente, é que ele tem esse nome por se recusar a dizer que o rei não esteja nu. É isso mesmo: ele não consegue ver as roupas que todos dizem estar vendo no rei e, preferindo confiar no que lhe mostram seus próprios olhos, insiste em dizer isso em alto e bom tom, por dois motivos. Primeiro porque se recusa a dizer que vê uma coisa que não vê; segundo porque tem esperança de encontrar outros que como ele também não vejam as roupas do rei – quem sabe assim, algum dia, as maiorias comecem a perceber que não são obrigadas a aceitar cabresto de minorias.


Christina Fontenelle
Jornalista

chrisfontell@gmail.com
http://infomix-cf.blogspot.com/


(*) deliriopata autistosociável

Delírio = Entende-se por delírio um juízo falso e irredutível da realidade
Pata = do grego, pathos = doença
Autisto – sociável é a combinação das características de pessoas portadoras de autismo, mas sem os componentes que lhes tiram a capacidade de apresentar uma normalidade social.

O autismo é definido da seguinte forma simplificada: É preciso que se apresente seis das características abaixo descritas, com pelo menos dois do grupo 1, um do grupo 2 e um do grupo 3. Eu não vou citar todas as características; mas fiz eu mesma a seleção de acordo com os números e os grupos citados. Do grupo 1: não tenta compartilhar suas emoções e falta de reciprocidade social ou emocional; do grupo 2: uso estereotipado e repetitivo da linguagem; e do grupo 3: preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados.

Aliás, ao ler um dos parágrafos sobre certas características identificadas como as que devam ser procuradas na tentativa de se diagnosticar uma pessoa autista, eu não consegui verificar muitas diferenças entre o que poderia ser a definição de muitos de nossos adolescentes nos dias de hoje: 1) usa as pessoas como ferramentas; 2) resiste, fica nervoso com mudanças de rotina; 3) não se mistura com outras crianças; apega-se demais a objetos; 4) não mantém contato visual (não olha nos olhos); 5) às vezes, age como se fosse surdo; 6) resiste ao aprendizado; 7) não demonstra medo de perigos; 8) risos e movimentos não apropriados; 9) gosta de girar objetos; 10) às vezes é agressivo e destrutivo; 11) tem modo e comportamento indiferente e arredio.

CARTA ABERTA À SENADORA HELOISA HELENA - por Paulo Moura, Cientista Político

Prezada Senadora:

Fui petista na juventude, numa época em que ser de esquerda parecia ser o melhor caminho para a Liberdade. Aprendi, com Lula e o com PT, a não ter ilusões em seres humanos envolvidos em conflitos de poder e interesse. Vi, muito cedo e bem de perto, tudo isso que o Brasil está descobrindo agora sobre o petismo no poder. Cresci; estudei e descobri que socialismo e Liberdade são “volumes” que não podem ocupar o mesmo lugar no espaço-tempo. Afastei-me do PT, mas não da política e nem das minhas convicções sobre o que acho melhor para meus filhos, minha família, para mim e para a sociedade em que vivo.

A senhora vive uma fugaz ascensão nas pesquisas eleitorais. Seu crescimento nas pesquisas pode ter várias origens. Boa parte dos eleitores que manifestam intenção de voto na senhora devem ser petistas decepcionados que não seguiram a minha trajetória. Esquerdistas convictos que se sentem traídos e talvez vejam na senhora; na veemência oportuna de seus discursos; nas manchetes fáceis para a mídia sedenta de audiência que a senhora sabe produzir com astúcia; na sua aparência simples de Dom Quixote de jeans e blusinha branca, a nova ilusão numa utopia impossível.

Cada um acredita no que bem entende. Ainda bem. Mas é fato que a senhora os lidera. O que a senhora diz e faz é o que motiva a intenção de voto dessa gente. Foi com um discurso igual ao seu que Lula chegou ao poder. Talvez a fórmula ainda funcione. Lula precisou de 25 anos. A senhora está sendo mais rápida. Cuidado Senadora!

Pode parecer estranho senadora. Mas, acho que outro tipo de eleitor que manifesta intenção de voto na senhora, o faz com saudades do Enéas, o histriônico fascista que era contra tudo e contra todos e, com esse discurso, transformou muitos votos potencialmente nulos em válidos. Quando Enéas resolveu ser a favor da bomba atômica, seu desempenho eleitoral entrou em declínio. Cuidado Senadora!

Sem querer ofendê-la, pois a senhora se encontra no extremo oposto do espectro ideológico de Enéas, e só por isso é diferente dele, muitos a percebem com igual a ele. E votam na senhora por isso. Que risco e que responsabilidade, hein Senadora?

Mas, acho que há, ainda, outro tipo de gente que manifesta intenção de votar na senhora por outros motivos. Trata-se de gente que está com raiva dos políticos em geral, por causa dos escândalos patrocinados pelo petismo no poder. Muitos desses votaram em Lula na eleição passada, depositando no ex-operário a última esperança de sermos governados por homens puros. Pior; por um partido de gente que se dizia pura.

Isso não existe. Todos somos pecadores. O mesmo poder que Alckmin e Lula desejam, a senhora também deseja. E luta por ele como ninguém. Certo, Senadora? Não existem homens e mulheres puros. Não existem partidos puros. Gente que entra em partidos e concorre a cargos públicos; à Presidência da República, quer o poder. Certo, Senadora?

A senhora é uma mulher religiosa. Acredita em Deus. Já a ouvi invocar Nossa Senhora mais de uma vez. Mas, eu, Alckmin, Lula, e a senhora, somos todos pecadores. Certo, Senadora?

Puras, só as crianças. E mesmo assim, a natureza humana por vezes assusta quando vem à tona, mesmo brotando da alma pura de uma criança; sem os freios que a vida impõe aos adultos. Os freios nos vêm exatamente quando descobrimos, em nós e nos outros, os desejos de poder. Contemo-nos pois sabemos que podemos esperar dos outros, aquilo que somos capazes de fazer pelo poder que aspiramos ter.

Civilização é repressão. E auto-repressão. É religião. É Estado. É Lei. É gente decente no poder. O resto é o estado de natureza de Hobbes. A guerra de todos contra todos. A lei do mais forte.

As tentações do poder são permanentes. Mas, animais políticos que somos, contemo-nos. Contemo-nos porque descobrimos que a civilização é melhor que a barbárie; que a sociedade sem Lei e Ordem é o inferno. Na esfera íntima, são as noções de certo e errado - de ética - que todos deveríamos receber dentro de casa, na primeira infância, e a moral religiosa, o que nos contêm. Na esfera social, o Estado e a Lei existem para conter aqueles que, fracos de caráter, negam a contenção de suas ambições aos limites da Ordem e da Segurança coletivas; única garantia de Liberdade de todos.

O ideal é que pudéssemos viver numa sociedade sem Estado e sem Lei. Para isso seria necessário algum tipo de garantia de que todos os indivíduos, sem exceção, fossem capazes de conter suas ambições aos limites da ética e da moral que tornam possível o convívio social em Liberdade, com Ordem e Segurança.

Essa hipótese se consubstanciaria em duas situações: a) uma em que os seres humanos terão atingido elevadíssimo grau de maturidade individual e coletiva; e, b) outra, sugerida pelo ideal religioso, contida na idéia de Paraíso, no qual conviveriam somente seres de almas tão puras que sequer a auto-repressão lhes faria falta para a regulação do convívio social.

Nenhum dessas duas situações está ao alcance de nenhum de nós, no curto prazo. Infelizmente, precisamos do Estado e da Lei. Pior, temos que engolir o Estado e a Lei que temos no Brasil (argh!). E, pior ainda, temos que escolher quem estará governando o Brasil. O indivíduo a quem caberá garantir que o Estado e a Lei nos protejam das ambições desmesuradas de indivíduos que almejam todo o poder.

Saber lidar com as tentações do poder, especialmente quando muito poder nos chega às mãos, é uma prova de fogo Senadora. Ficamos entre Deus e o diabo. E a escolha do lado a que vamos ceder é pura e solitariamente nossa Senadora. Deus fica parado, apenas olhando. E o diabo fica ali, espreitando nossas fraquezas; nos tentando. É aí que descobrimos a verdadeira natureza dos indivíduos. A senhora viu o que aconteceu com Lula e os petistas quando chegaram ao poder?

Pois em breve, no segundo turno da eleição presidencial, teremos que escolher entre Lula e Alckmin para presidir o Brasil.

Desculpe Senadora, não a excluo do segundo turno por desrespeito à senhora ou àqueles que depositam na senhora suas esperanças e ilusões. Acho apenas que ainda não chegou sua hora. Acho que quem a excluirá serão os eleitores. Seu partido ainda é muito pequeno. Os recursos financeiros necessários à eleição de um presidente do Brasil não lhe estão disponíveis. E a oportunidade de vender a alma ao diabo em troca do poder ainda não se ofereceu à senhora como se ofereceu a Lula. A senhora viu o que Lula precisou fazer para chegar ao poder? E o que ele fez depois que chegou lá?

Deixemos Lula para lá Senadora. Vamos refletir sobre a nossa situação. A minha, a da senhora, a de todos os eleitores brasileiros que em breve terão a oportunidade de fazer a sua escolha.

Alckmin tem seus pecados? Certamente; como todos nós. Lula também tem os dele. Ele diz que não sabia de nada. Mas todos nós sabemos.

Senadora Heloisa Helena, a senhora sabe que, nesses tempos pós-modernos, não é o programa de governo que diferencia Lula de Alckmin. Sob o critério das condições éticas e morais para garantir a Segurança; a Lei; a Ordem e nos garantir a Liberdade, à luz da comparação entre a vida pregressa e as experiências de passagem pelo poder e os pecados conhecidos de cada um, quem tem melhores condições de ser presidente da República?

Lembre-se Senadora, lá na solidão e no silêncio da urna; quando todo o poder está na mão de cada de um de nós, e quando experimentamos a maravilhosa e democrática liberdade de escolha, a sábia decisão que vamos tomar, repousa única e exclusivamente sobre a responsabilidade, o caráter e a formação ética e moral de cada um de nós. E Deus estará lá Senadora. Parado. Quieto. Apenas observando a escolha que vamos fazer.

Que Deus abençoe sua escolha, Senadora.

27 de jul. de 2006

O Babalorixá de Banânia em entrevista

Política de crescimento – “Se nós pegarmos o milagre brasileiro, na década de 70, vamos perceber que o Brasil chegou a crescer a 10%. No entanto, quando chegamos na década de 1980, ocasião em que tivemos que pagar a dívida, o povo estava mais pobre e o Brasil mais endividado". Não! Chegou a crescer 13%. Os 3% de diferença estão acima do crescimento médio de sua gestão até agora. O povo estava mais pobre em 1980 na comparação com que ano? Certamente, não com 1964. Diz que o Brasil está pronto para crescer 5%, 6%, de forma sustentada e integrar o grupo dos países desenvolvidos. Não com os investimentos pífios que temos, tanto públicos como privados. Ok. A Lula cabe vender seu peixe. Compra quem não sabe avaliar a qualidade do produto.

Reinaldo Azevedo não dá colher de chá ao ao Supremo Apedeuta.

Esquerda Festiva Carioca - por Rodrigo Constantino

Pelos cariocas, o segundo turno das próximas eleições se daria entre Lula e Heloísa Helena. É o que mostra a última pesquisa do Ibope, onde a senadora fica à frente de Alckmin, com 19% das intenções de voto. E isso não é o mais estarrecedor! A candidata pelo PSOL tem o melhor desempenho entre os eleitores cariocas com maior renda e escolaridade. Heloísa Helena, que adora Che Guevara e gostaria de transformar o Brasil em uma Cuba gigante, tem 26% dos votos entre os eleitores com ensino superior! Lula, o presidente do “mensalão” e camarada de Chávez, obtém 29% dos votos. PT ou PSOL, eis as escolhas do carioca que estudou. Falam em educação como uma verdadeira panacéia. Seria o caso de perguntar: essa educação?

Não se improvisa um absurdo desses. Isso é obra de décadas de lavagem cerebral, de mentalidade deformada e de idolatria do fracasso. Os ícones dessa esquerda festiva são figuras como Chico Buarque, o cantor que adora o ditador Fidel Castro – do conforto de sua mansão, claro. Ou então Oscar Niemeyer, o rico arquiteto que ainda prega o comunismo – mas não recusa um projeto milionário do Estado nem distribui sua fortuna em nome da “igualdade social”. Foi Roberto Campos quem melhor diagnosticou a coisa: “É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar - bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola...”

Pois é. O carioca padrão, esse que faz com que uma dinossauro raivosa como Heloísa Helena tenha mais de um quarto dos votos, é aquele que normalmente mora bem, não entende absolutamente nada de política ou economia, mas adora esbravejar contra o “capitalismo selvagem” durante seu porre no barzinho da esquina. Ele acredita que basta condenar Bush por todos os males do mundo e vociferar contra o egoísmo dos capitalistas – como se ele fosse a Madre Teresa de Calcutá – que um “novo mundo” será possível. “Se ao menos esses ricos fossem menos gananciosos e distribuíssem suas fortunas...” – eles pensam, comprando a paz de espírito enquanto guardam para si suas próprias poupanças (ninguém é de ferro). E seguem adiante, com a consciência tranqüila de quem fez muito pelos pobres: “garçom, mais uma cerveja!”.

Os cariocas se acham malandros, espertos e adoram colocar as emoções acima da razão. Depois não entendem porque os empregos estão migrando para São Paulo... É lamentável que certas pessoas jamais aprendam com os próprios erros ou com a experiência passada. O Rio sofreu uma barbaridade com figuras como Brizola, que tornou as favelas intocáveis, permitindo as fortalezas do crime que são atualmente. Depois tivemos o casal Garotinho. O carioca foi capaz de eleger Saturnino Braga como senador ao invés de Roberto Campos! Não é preciso falar muito mais. Racionalidade não parece ser um dos fortes aqui.

A cidade maravilhosa está infestada pela esquerda festiva. Seus representantes estão por todos os lugares. Os professores são marxistas, os jornalistas chamam o ditador Fidel Castro de presidente e os padres defendem o MST. Os vereadores votam centenas de leis inconstitucionais. Isso para não falar que somos a cidade dos funcionários públicos, herança dos tempos de capital. Não é justo generalizar, pois tem muita gente séria nesse meio. Mas basta lembrar que o cão não morde a mão que o alimenta, e dificilmente um funcionário público prega a redução do Estado e dos privilégios por ele concedido para sua categoria. Há que ser muito honesto, qualidade em falta na capital da malandragem. Aqui vale mais o brocardo “se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”.

Enquanto o casal Garotinho dominar a cena política; enquanto Lula for visto como o bastião da honestidade; enquanto a “lei de Gérson” for mais respeitada que o trabalho honesto; e enquanto Heloísa Helena tiver 26% dos votos entre aqueles com ensino superior, resta mesmo a pessimista – porém realista – previsão do saudoso Roberto Campos: “não corremos o menor risco de dar certo”.

Com autorização do Rodrigo Constantino

Quando a Justiça se recusa a enxergar

Blog do Noblat

Por mais respeito que a Justiça mereça, há decisões dela que devem ser qualificadas de no mínimo absurdas. Uma dessas foi anunciada na semana passada e só ganhou destaque em poucos jornais - e mesmo assim por um ou dois dias.

O juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10a. Vara Federal, mandou soltar os 32 integrantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) que restavam presos em Brasília desde a depredação da Câmara dos Deputados no dia 6 de junho.

Soares Leite amparou sua decisão no seguinte argumento: por meio do seu desarvorado líder Bruno Maranhão, o MLST havia pedido audiência ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), para discutir uma "pauta de reivindicações".

Logo, Rebelo poderia ter desconfiado de "que se instalaria um clima de tensão no Congresso, sendo necessário o reforço da segurança ou a presença de agentes especializados na condução das reivindicações de movimentos de massa".

Concluiu o juiz: "Essa situação de prévio agendamento da manifestação a ser realizada no Congresso enfraquece a tese de que os representantes do MLST foram à Casa Legislativa com o intuito de cometer crimes".

Examinado por qualquer ângulo, seria risível se não fosse primário, estapafúrdio e perigoso o raciocínio do juiz que devolveu a liberdade aos responsáveis pelo mais grave episódio de vandalismo da história do Congresso.

Se tivesse se dado ao trabalho de consultar o presidente da Câmara, Soares Leite saberia que ele não agendara audiência alguma com Maranhão e sua turma. Logo, como poderia ter previsto que "um clima de tensão" tomaria conta do Congresso?

Se tivesse cobrado informações à polícia, saberia também que fitas de vídeo provam que a invasão da Câmara foi planejada em detalhes e com larga antecedência. O MLST se deu ao luxo, inclusive, de filmar às escondidas o interior do prédio.

Câmeras de segurança do Anexo 2 da Câmara registraram que os manifestantes gastaram menos de um minuto entre sua chegada à portaria do prédio e o início dos atos de violência. Logo viraram um carro e o arremessaram contra a porta de entrada.

Uma vez lá dentro, foi o que se viu na televisão: agentes de segurança sendo agredidos e feridos, e homens e mulheres, alguns armados com paus e pedras, a destruírem o que encontravam pela frente - até mesmo caixas eletrônicos.

Foi o Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva Filho, subordinado ao ministro do Desenvolvimento Agrário, o autor da falsa informação remetida ao juiz Soares Leite a cerca da audiência do MLST com o presidente da Câmara.

Ao interferir em favor dos presos, o Ouvidor desrespeitou o Código de Processo Penal. É impensável que tenha procedido assim à revelia dos seus superiores. De resto, o líder do MLST é amigo e já foi hóspede de Lula na Granja do Torto.

Os seis procuradores federais que haviam denunciado à Justiça os baderneiros do MLST avaliam agora a possibilidade de processar a União dada ao comportamento irregular do Ouvidor. É claro que o processo não dará em nada.

A qualquer momento, outra instância da Justiça pode revogar a decisão de Soares Leite e mandar prender quem ele soltou. Ocorre que a maioria dos militantes do MLST vive em assentamentos onde é difícil encontrá-los.

O grave crime cometido contra um dos três poderes da República tende, pois, a ficar impune. Nada demais em um país cujo presidente é capaz de ignorar pequenos e grandes crimes tramados a poucos metros do seu gabinete.

fonte: Diego Casagrande

País de MERDA. Merda Pura!

OAB anuncia faxina contra advogados envolvidos em crimes

Agência Estado - fonte: Diego Casagrande

A OAB nacional anunciou que pretende fazer uma faxina rigorosa contra advogados que praticam atos criminosos. O anúncio foi feito pelo presidente da Ordem, Roberto Busato. No próximo dia 6, o Conselho Federal deve se reunir em Brasília para discutir as punições aos profissionais que se envolvem com facções criminosas como o PCC.

"Eles são uma minoria barulhenta que está dando uma conotação muito ruim à grande maioria da advocacia brasileira, que é uma maioria silenciosa, ética, que vem cumprindo com sua função perante a sociedade", considerou Busato.

"A posição da Ordem é muito clara: hoje, não estamos mais lidando com o advogado antiético, com o advogado que cometeu deslizes junto à criminalidade, mas com o verdadeiro criminoso travestido de advogado", sustentou o presidente nacional da OAB.

Há vários advogados na mira da Polícia em razão da suspeita de participarem de organizações criminosas. No mês de junho e julho foram presos Eduardo Diamante, Valéria Dammous e Libânia Catarina Fernandes Costa. O advogado Nelson Roberto Vinha também foi detido sob acusação de entrar com seis celulares e carregadores de bateria no Centro de Detenção Provisória de Mauá, em São Paulo. Ele foi autuado em flagrante.

Ainda foi presa Maria Cristina Rachado, responsável pela defesa de Marcos Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC por policiais do Deic, o Departamento de Investigações Criminais da Polícia Civil de São Paulo. A advogada foi detida em meio a uma operação para cumprir vários mandados de prisão contra pessoas supostamente ligadas ao crime organizado.

O advogado Mário Sérgio Mungioli já foi condenado a sete anos e seis meses, em regime inicial fechado, pelo crime de formação de quadrilha ou bando. O advogado está preso desde setembro de 2003. Ele foi surpreendido por policiais depois de visitar Marcola no Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes. Com o advogado, foram encontrados bilhetes que revelariam um esquema de comunicação entre presos. Mungioli, por ter acesso aos presídios, teria a função de visitar as lideranças criminosas e transmitir os recados.

Condenado pela juíza Márcia Helena Bosch, da 5ª Vara Criminal da Capital, o advogado foi proibido de recorrer da decisão em liberdade. Mungioli já entrou com recurso na 6ª Câmara Criminal do TJ paulista, representado pela advogada Mônica Wadt Miranda.

Já o advogado Sergio Weslei da Cunha, que defende um suposto integrante do PCC, é acusado de pagar R$ 200 a um funcionário terceirizado da Câmara dos Deputados, junto com Maria Cristina Rachado, para obter gravação de sessão sigilosa da CPI do Tráfico de Armas.

Assiti mais uma vez a "Os Intocáveis". Al Capone foi preso por fraude, sonegação ao fisco americano. Quantos Advogados no Brasil passariam por um crivo do Imposto de Renda? ...do IR americano.

Ah! Quantos Fiscais do Imposto de Renda, no Brasil, passariam incólumes ao fisco da Alemanha?

Fiscais corruptos, com sinais exteriores de riquezas imcompatíveis com seus ganhos, vão pra cadeia mais rápido que um homicida. Na Alemanha, é claro.

Questão de matemática simples: Roubou 1 (mísero) centavo!

DESOBEDIÊNCIA CIVIL: “FUI!

por Christina Fontenelle - reproduzido do Diego Casagrande

Na última sexta-feira, 21 de julho, eu estava assistindo a um dos noticiários que passam na TV, na hora do almoço, e uma reportagem chamou a minha atenção. Um motorista do Rio de Janeiro havia sido detido pela polícia, após ter enganado algumas vezes os famigerados radares eletrônicos espalhados pela Linha Vermelha. Todas as vezes que cruzava com um destes radares, o motorista acionava um dispositivo que fazia a placa verdadeira do carro levantar (como um daqueles portões eletrônicos de garagem) e mostrava uma outra placa, onde estava escrito o seguinte: "Fui!" Assim, ele passava pelos radares sem ter que frear como fazem todos os outros motoristas e evitava as pesadas multas sobre quem ultrapassa os limites de velocidade.

O fato em si é engraçado pela criatividade, pela ousadia e pela engenhosidade do dono do carro. Na hora em que ouvi a notícia, eu ri. Mas, pensando um pouco melhor sobre o ocorrido, eu pude verificar que se tratava de um dos mais emblemáticos atos de desobediência civil que tenho visto ultimamente - coisa que vem me chamando muito a atenção, na medida em que venho notando um crescimento acelerado deste tipo de atitude extrema, levada a cabo por indivíduos que não suportam mais a vigilância física e psicológica, cada vez mais acirrada, por parte da sociedade e dos órgãos de repressão do Estado, muitas vezes com imposições que fogem à lógica da natureza humana e não permitido que nenhuma voz de oposição a elas seja ouvida.

Resolvi pesquisar o que de fato havia acontecido. Adeilson Felix de Brito (30 anos) era o nome do motorista do carro – uma Parati cinza, placa LCA-1455. Ele foi o primeiro infrator a ser flagrado pelo novo esquema de blitz integrado que passou a fiscalizar, desde 20 de julho, a movimentação nas principais rodovias e vias expressas do Rio, através de 90 pardais (que é como os cariocas chamam os radares fixos) e de 120 lombadas eletrônicas – transformando-os, além de detectores de excesso de velocidade, também em detectores de veículos roubados, clonados e com multas e IPVA vencidos.

A partir de agora, os bancos de dados do Detran-RJ, do DER, do Detro e da Polícia Civil estão integrados. A informação captada por radares e lombadas chega até o centro de monitoramento do DER, onde a situação do veículo é checada em segundos. Depois, é repassada via rádio para a blitz mais próxima da mesma via. Vale ressaltar que as 41 lombadas e os 31 radares instalados pela Prefeitura do Rio não fazem parte do esquema.

Na verdade, então, o motorista não foi pego pelo dispositivo instalado na placa, como havia dado a entender a rápida reportagem televisiva, e muito menos por estar trafegando acima da velocidade permitida (90 km/h - muito baixo, diga-se de passagem, para uma via expressa como a Linha Vermelha). Diferentemente do que está descrito no parágrafo anterior, ao que parece, as câmeras filmaram a placa verdadeira (portanto, fora das zonas de radar, onde o dispositivo era acionado e a placa levantava) e, com a rapidez do sistema de informações, detectou que o veículo estava com o IPVA atrasado e o sistema de placa adulterado.

A Parati foi parada pelos policiais que, então, ao revistarem o carro, descobriram o dispositivo que levantava a placa. Adeilson - o motorista - disse que não sabia da artimanha, já que o veículo está em nome de seu cunhado, Renato Gonçalves Montes. O carro foi apreendido por policiais e ficou no posto do DER, perto de Duque de Caxias, na Linha Vermelha, à espera de perícia da Corregedoria do Detran. A punição irá para o proprietário, que vai receber multas por ter dispositivo anti-radar e por estar circulando sem o IPVA em dia - R$ 191,54 cada uma. Ele ainda vai receber 14 pontos negativos na carteira. Adeilson foi liberado, mas os documentos do carro ficaram retidos. A fraude infringe o artigo 230, inciso 3, do Código Nacional de Trânsito e o acusado poderá responder a inquérito por crime de adulteração de característica de propriedade (3 a 6 meses de prisão mais multas).

Enfim, se antes já havia muita polêmica em relação à eficiência dos radares para evitar acidentes no trânsito – que é o objetivo oficialmente declarado pelos Estados para a instalação dos mesmos – agora vai haver muito mais. Radar, agora, também servirá para perseguir endividados. Em futuro próximo, poderemos inclusive estar sendo monitorados em função de nossas preferências políticas, para que sejamos cada vez mais extorquidos financeiramente, até que chegue o momento em que não tenhamos mais tempo nem condições de reagir ao sistema.

Sobre evitar, ou diminuir o número de acidentes, há inclusive uma tese de mestrado apresentada na USP (Universidade de São Paulo) por um engenheiro, que, baseado numa pesquisa realizada na rodovia Washington Luís (SP), indica que o número de acidentes e de vítimas é maior nas proximidades dos radares de controle de velocidade do que em locais não monitorados por eles. Há os que dizem que, se as empresas que instalam os radares recebem uma percentagem sobre as multas, somente isso já seria suficiente para levantar suspeitas quanto aos objetivos da instalação dos mesmos. E ainda há os que defendam a idéia de que os tais radares provoquem mais estresse nos motoristas do que evitem acidentes.

É o caso da Avenida das Américas, no Rio de Janeiro - uma larga avenida que atravessa dois bairros inteiros (Barra e Recreio) e possui, em quase toda a sua extensão, três vias paralelas – a do meio com 4 pistas e as duas laterais com 3 cada uma. Só não é uma via expressa por causa dos sinais de trânsito e dos cruzamentos, que, aliás, são bem espaçados uns dos outros. Pois bem, os limites de velocidade estabelecidos são de 80 Km/h, para a pista do meio, e de 60 Km/h, para as laterais – totalmente fora da realidade. É impossível respeitá-los, a não ser em frente aos radares, local onde todos freiam e onde já houve acidentes, justamente por causa disso. Na verdade, os limites deveriam ser de 100 km/h, no meio, e de 80 km/h, nas laterais. Então, fica parecendo que o objetivo dos radares nesta avenida são os de irritar os motoristas e de angariar fundos para o Detran e não o de educar ou de punir os que circulem pelo local, fora dos limites do bom senso.

A própria Linha Vermelha, onde a Parati foi apreendida, já foi citada como exemplo de via onde o sistema de aplicação de multas visa mais a arrecadação do que a segurança dos motoristas ou a sua educação. As câmeras ficam escondidas e a sinalização de alerta da fiscalização eletrônica - exigida pelo código de trânsito - não é colocada de maneira correta (há câmeras onde não tem sinalização e esta onde não há câmeras). Os limites de velocidade permitidos são inferiores a velocidade média típica da via, aumentando a incidência das multas e, conseqüentemente, a arrecadação. Entretanto, isso é mais um dos fatores de aumento do risco de acidentes, uma vez que faz com que os motoristas desviem com freqüência os olhos da estrada, para conferir o velocímetro, ainda que todos saibam que exista uma tolerância – mas que também é ínfima e, por isso, insuficiente. A bem da verdade, há os que defendem que essa tolerância devesse ser de 30% sobre o limite sinalizado para a aplicação das multas. Isto permitiria que o trânsito fluísse com muito mais segurança, já que os motoristas ficariam mais concentrados no trânsito do que no velocímetro.

A Linha Vermelha (LV) é recordista de multas no RJ. Em seguida vêm a Av. das Américas, a Av. Brasil e a Av. Ayrton Sena. A diferença entre o volume de multas da Linha Vermelha e da Av. das Américas é de 167%. Segundo dados do Departamento de Estadas de Rodagem do RJ (DER/RJ), isso se explica pelas características da LV e por uma diferença básica: nas vias fiscalizadas pela prefeitura, uma sinalização branca nas pistas indica os radares, na LV não.

Há ainda o problema de os radares serem operados por empresas particulares, que são generosamente remuneradas com valores que giram em torno de 20% da arrecadação com as multas, quando deveriam ser bem menores. Mas, não são só as empresas que dão problemas, os Estados arrecadadores dão mais trabalho. Isto porque tais recursos, vindos do bolso dos pretensos maus motoristas, entram nos cofres dos municípios sob o título contábil de "receitas extra-orçamentárias" e, por causa disso, não ficam passíveis de fiscalização direta pelos conselhos ou "tribunais" de contas. O dinheiro deveria ser utilizado para desenvolver atividades de educação no trânsito e em sinalizadores. "Tribunais" ou conselhos de contas espalhados pelo Brasil investigam se o dinheiro das multas está servindo a esquemas paralelos de lavagem de dinheiro, em operações que envolvem fornecedores de prefeituras que, por coincidência, se transformam em financiadores legais e ocultos de campanhas eleitorais.

As propostas em estudo pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados para a reforma do Código de Trânsito Brasileiro atacam problemas importantes observados desde a sua promulgação em 1998. As mais importantes destinam-se a criar mecanismos para forçar as prefeituras a aplicar corretamente os recursos obtidos com a sua aplicação, obedecendo ao artigo 320 do Código, segundo o qual 95% dos recursos obtidos com as multas têm de ser gastos em "sinalização, engenharia de tráfego, de campo, de policiamento, fiscalização e educação de trânsito". Os prefeitos resistem a essa regra, porque sabem que, se os recursos das multas obedecerem à finalidade educativa, elas tenderão naturalmente a diminuir a médio e a longo prazos, atingido assim o objetivo do Código, mas diminuindo a "receita" extra das prefeituras. Isto é Brasil.

A verdade é que ninguém mais agüenta ser extorquido por todos os lados e de todas as maneiras sem que se tenha o menor retorno, nem prático nem psicológico, dos "investimentos" forçados. O cidadão não tem voz como indivíduo, ele só é visto como cidadão-coletivo, coisa que vai diretamente de encontro à mais elementar das característica humanas: a individualidade. É claro que não se poderia ouvir todos os cidadãos individualmente sobre todos os assuntos. Entretanto essa parece ser uma boa desculpa para justificar a imposição de leis e regras que se sabe muito bem servir a minorias, em detrimento das liberdades e dos direitos da maioria, como se fizessem parte do senso comum da última. Se não se pode ouvir a maioria individualmente, que se ouçam os que se manifestam – que, apesar de serem minoria dentro da maioria, são também em maior número do que a minoria para qual muitas das leis e regras são estabelecidas.

No Brasil, as leis parecem surgir do nada, repentinamente, e quase sempre para extorquir o cidadão. De repente, por exemplo, você não pode mais fumar em nenhum lugar público, mas os programas de ajuda a quem está sendo obrigado a deixar de fumar são ministrados em pouquíssimos lugares, às vezes a duas horas do local da residência ou do trabalho do "maldito" fumante. Os remédios e o tratamento são caríssimos. Ou seja, a Lei agora é essa e dane-se. Ficou decidido que fumar polui o ar, mesmo em ambientes abertos, e que se danem os viciados e os que pensem em contrário, mesmo que estejam baseados em estudos estatísticos e científicos que digam exatamente o contrário do que os que foram utilizados para embasar a nova lei.

Ficou decidido também, que todos os consumidores das grandes cidades do país estão obrigados a pagar uma taxa extra pelo direito de consumir. São os famigerados estacionamentos pagos em shoppings, desde os minúsculos aos mega deles. O sujeito, se quiser consumir num shopping, tem que pagar para estacionar, mesmo que, se não houvesse onde parar, o mesmo sujeito talvez jamais aparecesse por lá. Quem vem primeiro? O ovo ou a galinha? Nesse caso, com certeza os shoppings vieram primeiro; os estacionamentos pagos, depois. Aliás, quando começaram a se espalhar pelo país, um dos apelos dos shoppings, para tirar os clientes do comércio de rua, era justamente em relação às facilidades de estacionamento. Alguns destes, mesmo depois de terem passado a cobrar, ainda exibem uma placa dizendo que não se responsabilizam por roubos de objetos deixados dentro dos veículos e alguns até mesmo pelos danos que o veículo possa sofrer durante a permanência no estacionamento.

Querem mais? Lá vai. O Governo do Presidente Lula decidiu que a segunda língua que todos os brasileirinhos das escolas públicas do país serão obrigados a aprender é o espanhol. Por decreto, o Governo brasileiro resolveu que o espanhol é mais importante do que o inglês, quando todo mundo sabe que, sem saber inglês hoje em dia, uma pessoa fica extremamente limitada, principalmente no que se refere à sua capacidade de obter uma diversidade maior de informações.

Outro exemplo. A gente paga CPMF para que o dinheiro se destine à melhoria do sistema de saúde e, ao contrário, cada vez mais temos que recorrer aos planos de saúde para não vir a ter que morrer nos corredores dos hospitais públicos caso precisemos de atendimento hospitalar.

Cansado de esperar anos a fio para que o país tome os rumos do desenvolvimento e do respeito ao cidadão – além das fronteiras do politicamente correto e dos direitos humanos dos criminosos - , o indivíduo começa a tomar consciência de que a desobediência civil é a última arma que lhe restou para defender seus direitos e para que seus pontos de vista sejam levados em consideração. É a natureza humana falando mais alto dentro das pessoas. São essas reações que acabam não podendo ser previstas pelos instituidores da nova ordem mundial. Mas, percebendo o fenômeno, seus agentes agem no sentido de incrementar cada vez mais os sistemas de vigilância e de punição.

A jogada é a seguinte: cria-se uma determinada situação incômoda (os assaltos, por exemplo); depois, começam os estudos e as estatísticas – muitas delas falsas – a respeito do tema; em seguida, começam as medidas para "controlar" o problema – jamais para resolvê-lo de vez, já que isso implicaria, a longo prazo, na não mais necessidade de tais medidas (que são para o controle das pessoas comuns e não apenas dos criminosos, na verdade); até que finalmente se chegue ao ponto no qual as pessoas passarão uma "procuração" aos "solucionadores do problema" para que eles possam vigiá-las, em nome da sua própria segurança (ou da solução do problema). É a nova ordem mundial.

Chegará ao ponto em que pagaremos imposto ao Estado por permitir que vivamos sob sua vigilância e cuidados. Pagaremos pelo direito de viver – e muito mal, diga-se de passagem.

Com autorização da Christina Fontenelle

¿Brasil enfermo? Ministro Mello, corrupción gubernamental y apatía.

A pocos meses de las elecciones presidenciales, aclarar el enigma de la apatía en la sociedad brasileña es de fundamental importancia no sólo para los rumbos de esa grande y querida nación que es Brasil, sino para los de toda América Latina
1. Brasil vive "tiempos muy extraños", en los que se tornaron "casi banales" las noticias diarias de "encuadramiento judicial de autoridades de diversos rangos", no sólo "por un crimen, sino por varios", dejando a la luz del día una "rutina de desfachatez y de indignidad" que "parece no tener límites". Lo anterior estaría trayendo una grave e inesperada consecuencia psicológica y moral en vastos sectores de brasileños: en lugar de una proporcionada indignación de las personas, inclusive de un clamor contra esa corrupción generalizada, se va produciendo "una apatía cada vez más sorprendente", como si "todo eso fuese muy natural y las cosas debiesen ser así", con los ciudadanos aplicando la "táctica del avestruz" y pasando a vivir "como si nada grave estuviese ocurriendo".
Este análisis de la realidad brasileña, que se ha tratado de sintetizar respetando el contexto en que fue formulado, pertenece al presidente del Tribunal Superior Electoral del Brasil, ministro Marco Aurélio Mello, en reciente discurso al asumir ese alto cargo, a pocos meses de las elecciones nacionales. Que nos conste, dicho diagnóstico no recibió la atención que merecía, no sólo por provenir de tan alto magistrado, sino por la importante e inesperada relación de causa y efecto que él establece entre el aluvión de denuncias de corrupción y la creciente apatía en sectores importantes de la población brasileña.
2. El destape de la corrupción se produjo a mediados de 2005 cuando el diputado Roberto Jefferson, del partido PTB, hizo pública la existencia de una gigantesca red de recaudación ilegal de dinero organizada por el gobernante Partido de los Trabajadores (PT), desviando sumas millonarias de empresas públicas, privadas e instituciones financieras para sustentar un sistema de compra de votos de diputados de diversos partidos -el llamado "mensalón", consistente en una generosa propina mensual- con el objetivo de obtener la aprobación legislativa de los proyectos del PT y asegurar su continuidad en el poder por los próximos 10 a 15 años. A pesar de que ese esquema fue organizado por figuras entre las más cercanas al presidente Lula, éste, hasta hoy, afirma que no sabía de nada.
Es delante de esa situación que el presidente del Tribunal Superior Electoral del Brasil constata esa enigmática indiferencia, en vez de una natural reacción de repudio, de sectores importantes de la población.
3. Los síntomas de que la sociedad brasileña parece estar enferma, con su propio instinto de conservación debilitado, son múltiples. En ese sentido, la revista brasileña "Observatorio de la Prensa" destaca el diagnóstico hecho por Silvio de Abreu, guionista de varias novelas estelares de la TV Globo, basado en pesquisas efectuadas por la emisora, de que "la moral de Brasil está en pedazos". El Sr. Abreu da, entre otras pruebas, la de que hasta hace un tiempo atrás los telespectadores se identificaban con los personajes buenos, pero que hoy muchos se identifican con los deshonestos y los moralmente reprobables. Abreu observa que esa mayor tolerancia de los telespectadores "en relación a los desvíos morales de conducta está directamente relacionada con los escándalos recientes de la política", y concluye que "el simple hecho de que el presidente Lula diga que no sabía nada de nada y que no había visto nada de lo que fue denunciado en el Parlamento y en la prensa, parece ser una explicación suficiente para aquellas personas que fingen que creen en lo que él dice porque les parece más conveniente que todo quede como está".
4. A ese respecto, "Observatorio de la Prensa" observa que la minoría que percibe ese deterioro moral no encuentra medios adecuados para realizar el alerta, y está en una situación análoga a la de "centinelas que percibiesen el avance de los bárbaros en las puertas de Roma y no pudiesen alertar a la ciudad sobre el peligro", entre otras razones, "porque los destinatarios del aviso no quieren saber de ningún tipo de alerta".
5. Cuando en 1992 trascendieron noticias de corrupción en el seno del gobierno del entonces presidente Fernando Collor, el país comenzó a vivir un clima de efervescencia, que se reflejó inclusive en protestas pacíficas callejeras que llevaron a la Cámara de Diputados y al Senado a votar el "impeachment" del presidente y a suspender sus derechos políticos por 8 años. Esto parece ser un efecto contrario a lo que hoy se estaría produciendo en sectores de la población brasileña, a propósito de la corrupción en el gobierno del actual presidente Lula.
6. Colocados estos elementos de juicio, son nuestros lectores brasileños quienes están en condiciones de analizar si dichos elementos son objetivos y, en este caso, detectar y explicar los mecanismos psicológicos por los cuales la natural indignación se ha ido transformando en apatía psicológica y en parálisis del raciocinio moral.
A pocos meses de las elecciones presidenciales, aclarar ese enigma en el seno de la sociedad brasileña es de fundamental importancia no sólo para los rumbos de esa grande y querida nación que es Brasil, sino para los de toda América Latina.

RUGBY - por Ralph J. Hofmann

Pois o Sr. William José Carlos Drews , brasileiro de São Paulo foi enviado para a terra dos seus avós, a Inglaterra, para estudar. Fez o ensino médio lá, entrou para Cambridge, graduou-se com excelentes notas, fez mestrado e doutorou-se em marketing. Seu esporte ao longo dos anos sempre foi o rugby.

Voltando ao Brasil, após alguns empregos tornou-se consultor, tendo desenvolvido uma brilhante carreira e enriquecido. Em São Paulo conseguiu juntar um grupo de jogadores de rugby que disputavam modestamente partidas com as pequenas equipes locais, meros clubes de aficionados.

Mas por volta de 2004 por obra do destino conseguiu reunir um time excepcional, e um excelente patrocinador. Com este time começou a participar de torneios internacionais, de início na Argentina e no Uruguai, depois no mundo inteiro, e eis que seu time estava cotado como um dos melhores times amadores do mundo.

Sempre a procura de jogadores talentosos, uma noite ao ver o noticiário internacional na CNN reparou num combate entre tropas do atual exército iraquiano se defendendo de um ataque terrorista. A câmara acompanhou um sargento iraquiano em especial. O sujeito era excepcional, num entrevero em que ficara sem munição, mano-a-mano, enfrentou 15 inimigos. Ele esmurrou alguns bloqueou outros, e finalmente pegou uma rocha de uns 20 centímetros de diâmetro e acertou o último inimigo na cabeça a 30 jardas de distância.

Imediatamente sentiu que tinha descoberto um grande jogador em potencial. Entrou em contato com a CNN em Atlanta, comunicou-se com o Sargento Ali no Iraque e trouxe-o rapidamente para o Brasil, onde conseguiu colocá-lo como executivo numa empresa de segurança.

Nos fins de semana Ali aprendia Rugby. Com o tempo tornou-se um jogador maravilhoso. O time do Sr. William aquele ano venceu o campeonato mundial de times amadores de rugby, com atuação destacada do Ali. .

Após a final do jogo, que foi em Tóquio o Sr. William procurou o Ali, dando-lhe os parabéns e perguntou se havia algo de especial que desejava fazer naquele momento.

Ali respondeu: “Bom, se me emprestas o celular quero falar com minha mãe”. Prontamente William estendeu o telefone e o Ali ligou para a mãe. “Mãe! Ganhamos o mundial! Tô cercado de amigos e admiradores. Nunca me senti melhor na minha vida! “

Ah é filho. Pois aqui nada de bom. Destruíram a frente de nossa casa. Teus dois irmãos levaram tiros e estão no hospital, tua irmã foi estuprada e tu aí celebrando! Eu nunca vou te perdoar por nos fazer morar em São Paulo!

Com autorização do Ralph J. Hofmann
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Negrito é ingerência minha.