20 de ago. de 2008

Samba de uma nota só


Poor Johnny one-note sang out with "gusto" And just overlorded the
place
Poor Johnny one-note yelled willy nilly Until he was bleu in the face
For holding one note was his ace – Rodgers & Hart – “Babes in Arms –
1937

A alegre canção acima sobre o Joãozinho que só conseguia cantar uma nota, e a mantinha por um tempo incrível, sufocando o som dos outros cantores, de todos os instrumentos da orquestra, do tráfego na rua e até do bombardino, “pois seu ás na manga era manter esta nota” é incrivelmente descritiva do desempenho do “Honorável Batráquio Hirsuto”. (O honorável fica por conta da viagem à Ásia).

Desde sua eleição, por quase seis anos, seja o que for que diga, seja o saque que se proponha a fazer sobre as riquezas do país, seja o plano para roubar a moeda número um do Patinhas ele sempre explica que é para ajudar os pobres e desvalidos desta e de outras nações.

Peguemos o exemplo das declarações sobre o petróleo do pré-sal. Eis que de repente Lula decide que este é um petróleo “filantrópico”. Pretende criar uma nova corporação para explorá-lo. Mais uma vez sente-se cheiro de enxofre no ar. Uma nova corporação, novos funcionários, novos diretores, o envio de cem ou duzentos aprendizes/afilhados para fazer cursos, investimentos públicos a fundo perdido, receitas remetidas diretamente ao tesouro para cumprir vagos objetivos sociais. Supomos que a Petrobrás, já amplamente aparelhada deverá contribuir magnanimamente com os bilhões gastos em pesquisa do pré-sal e do desenvolvimento de novas tecnologias, em detrimento de seus acionistas.

Evidentemente até a discussão, nas palavras de Lula, “quem vai ficar com o lucro?” é absurda. O acionista controlador da Petrobrás é o governo. Além de receber impostos o governo embolsa sua parte do lucro. As licenças para prospecção nas áreas do pré-sal devem estar em ordem. Então o governo que designe, num novo e fajuto engessamento de rendas, uma parcela de sua renda (lucros) para a finalidade que se fizer necessária.

O problema do cantor de uma nota só é que ele jamais deveria ser senão um pequeno elemento do conjunto musical. Ao sinal da batuta do regente se esgoela com aquela uma nota pelo tempo necessário. Participa da obra como os canhões e os sinos da Abertura 1812. Como não consegue executar, nem mesmo ouvir outras notas para cantar junto com o coral é um mero recurso de efeito limitado.

Mas na “Pátria amada, idolatrada, salve, salve” o Joãozinho conseguiu ser o maestro. Se não tem musicalidade como vai reger naipes e mais naipes de instrumentos? Sempre que pressionado com problemas reais recua para aquela única nota que consegue cantar com maestria barulhenta e demorada.

Não é por acaso que Celso Amorim citou Goebbels. Uma nota repetida muitas vezes vira música. Veja o que (Tom) Jobim fez com o “Samba de uma nota só”.