31 de dez. de 2007

O império do mal


Resumo: Os mais realistas (ou cínicos) diriam que um pouco de canalhice faz parte do espetáculo da vida. Mas o que se passa hoje no país é que o canalha, travestido de “salvador da pátria”, não apenas estupra a cunhada nos corredores, mas agride o corpo, a alma e os cofres da nação.

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Não sei se os senhores já ouviram falar de Palhares, o Canalha, personagem marcante da safadeza carioca criado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues. Palhares era o perfeito velhaco, freqüentador de festas grã-finas, onde, com suas narrativas vis, fazia sucesso retumbante. Entre outras, Palhares gostava de contar a história da própria cunhada, que fora ao hospital visitar a irmã - sua mulher - nas dores de um câncer terminal. Em dado momento, enquanto a moribunda agonizava no leito, o canalha correu atrás da cunhada e atracou-a no corredor. Ele dizia e repetia, para o gozo da platéia grã-fina com a qual se identificava:

- Sim senhor, sim senhor: ali, no corredor, liquidei a fatura!

O Palhares era um personagem rodrigueano do final dos anos de 1960, juntamente com a Grã-fina de Narinas de Cadáver, o Padre de Passeata, a Estagiária de Calcanhar Sujo, o Comunista de Galinheiro e outros que tais, representantes de uma época em que a esquerda apenas ululava. Hoje, 40 anos depois, em vista do que ocorre no Brasil da era Lula, a canalhice do Palhares - pode-se garantir - não passa de brincadeirinha de criança. De fato, é como se o espírito do canalha, multiplicado por mil, contagiasse o organismo combalido da nação e, em especial, o ativo aparato político-administrativo do governo.

Os mais realistas (ou cínicos) diriam que um pouco de canalhice faz parte do espetáculo da vida - de resto, uma perversão da conduta humana até certo ponto perdoável. Mas o que se passa hoje no país é que o canalha, travestido de “salvador da pátria”, não apenas estupra a cunhada nos corredores, mas agride - em gestos, ações e palavras - o corpo, a alma e os cofres da nação. E não fica por ai, o canalha. Promovido, por assim dizer, como um padrão de comportamento, tornou-se um monumento nacional: em torno dele e sobre ele se deitam glórias, honrarias e medalhas de toda espécie, para não falar no seu enriquecimento rápido e ilícito.

Vejamos um caso recente - o escândalo do Padre Júlio Lancelloti, acusado de manter relações sexuais com Anderson Batista, ex-interno da antiga Febem. Segundo o advogado de Anderson, Nelson Bernardo da Costa, o religioso engajado não só prodigalizava somas em dinheiro (cerca de R$ 700 mil, em oito anos) como presentes caros (automóveis de luxo) ao pretenso amante, com recursos supostamente sacados de uma ONG que o padre administra: “Eles chegaram a ter relações dentro da igreja” - afirmou o advogado. “O relacionamento dos dois acabou quando Anderson casou” - concluiu.

O Padre Lancelotti negou as acusações de Anderson e o delegado do setor de investigações, André Luiz Pimentel, diz que o padre foi “vítima de extorsão”. A polícia abriu inquérito e quebrou o sigilo bancário do padre, mas o advogado garante que os presentes foram dados ao indiciado a título de “gratificação”.

Claro, há que se levar em conta que uma pessoa é inocente até sentença transitada em julgado. Mas antes mesmo de qualquer veredicto, o governo Lula resolveu agraciar Lancelotti, acusado de pedofilia, com o prêmio Direitos Humanos de 2007. Aplaudindo o ato, D. Marisa.

Já dom Luiz Flávio Cappio, o bispo de Barra (BA), voltou a enfrentar o martírio da fome para sustar a transposição do Rio São Francisco, um “hidronegócio” no valor de R$ 6 bilhões, que faz acender a voracidade dos políticos profissionais e dos empreiteiros espertos. Tanto dinheiro correndo solto em 2008, ano das eleições municipais, deixa o pessoal do governo com apetite capaz de devorar cobras e lagartos. O problema é que, agora, ao contrário do que ocorreu em 2005, quando enfrentou solitário outra greve de fome, o bispo não está só: tem a companhia de artistas, o pessoal da igreja materialista (CNBB) e do terrorista João Pedro Stédile, um especialista em tomar dinheiro dos cofres públicos para subvencionar a malandragem virulenta dos Sem-Terra e dele próprio.

Outro caso digno de admiração é o do deputado José Genoíno, ex-presidente do PT, indiciado pela Procuradoria Geral da República por crime de distribuição de dinheiro no esquema do mensalão – de repercussão internacional -, bem como de formação de quadrilha e corrupção ativa. Segundo a Procuradoria, o deputado do PT assinou junto aos bancos Rural e BMG empréstimos no valor de R$ 5,4 milhões, tidos como fraudulentos, pois visavam ocultar a origem do dinheiro ilícito do valerioduto.

Exibindo colarinho impecável ao sentar no banco dos réus do Supremo Tribunal Federal, Genoíno se fez de vítima: - “Nunca passei dinheiro para ninguém, nunca tratei desse assunto e nunca recebi nada. Quero afirmar minha confiança na justiça e na verdade”.

Antes mesmo de ser julgado pelo STF, o ex-presidente do PT já encontrou quem acredite e teça loas à sua verdade escandalosa: a Fundação Biblioteca Nacional (subordinada ao Minc) premiou com publicação e dinheiro (R$ 12,5 mil, grana do contribuinte) a pesquisa “José Genoíno - Escolhas políticas”, de autoria de Maria Francisca Coelho, que se destaca por um dado no mínimo singular: passa por cima do indiciamento do deputado feito pela Procuradoria Geral da República e da denúncia cabal, feita pelos militares de 64, de que Genoíno entregou sem pestanejar os companheiros da guerrilha do Araguaia.

Sim, nesta época de Natal é necessário reconhecer com humildade cristã: salvo em raras ocasiões, o acanalhamento da vida institucional brasileira é um fato. Na esfera do poder público, por exemplo, onde o sujeito enfiar o dedo corre o risco de encontrar pus. O meu sentimento é de que se trata de uma coisa minuciosamente planejada, com o objetivo fundamental de abalar o que resta dos alicerces morais do país para transformá-lo, em definitivo, no Império do Mal.

Que Cristo se apiede de nós.

23 de dez. de 2007

Proxeneta Petista

Cruel, desumano, degradante - por Reinaldão Azevedo

A grande “conquista” da Teologia Achada na Rua, de Lancelotti e congêneres, em São Paulo, foi a antiga Cracolância, que viveu seu apogeu na gestão de Marta Suplicy, do PT. Para quem não conhece São Paulo: tratava-se de uma região na área central da cidade que foi tomada, verdadeiramente “colonizada”, por consumidores de drogas e traficantes. Farrapos humanos ocupavam as calçadas, destruídos pelo crack. Caridosas, algumas ONGs passavam por ali, acreditem, distribuindo cachimbos grátis e folhetos ensinando como aplicar cocaína na veia “com segurança”. Tudo sob o pretexto de fazer política de redução de danos. A Prefeitura se negava, por exemplo, a lavar as calçadas porque elas eram consideradas “moradias”. A região foi tomada por bares e hotéis, todos irregulares, que serviam de base de apoio para os traficantes. Confesso a vocês que raramente assisti a cenas tão degradantes. Era o paraíso do padre e dessas ONGs só dedicadas a fazer o bem...

Com a derrota do PT e o início da gestão Serra — depois seguida por Gilberto Kassab —, foi posto em prática um plano de revitalização do Centro. A tal “cracolândia”, na forma como existia, acabou, embora existam, sim, ainda, consumidores de drogas por ali. Bares e hotéis foram fechados. A coleta de lixo foi regularizada. As ruas estão sendo lavadas. Uma área foi desapropriada e demolida para receber empresas e prédios de moradia. Lancelotti estrilou. O parque de diversões da degradação humana, que serve ao baixo proselitismo, chegava ao fim. ONGs que vivem da proxenetagem da miséria e da violência, em companhia do padre, acusaram a prática de uma “política higienista”. Em vez de ajudar a Prefeitura a encaminhar os que não têm casa para os albergues, os valentes decidiram defender o “direito” de morar na rua, de privatizar o espaço público.

A revitalização daquela área central da cidade está em curso. A depender do que aconteça na cidade no ano que vem, tudo volta à estaca zero: a miséria e a degradação humanas voltarão a ser vistas como um ato de resistência, como o destino fatal dos humildes. Trata-se da mistura asquerosa do esquerdismo mais vagabundo com a Escatologia da Libertação.

Proxeneta Petista

Cruel, desumano, degradante - por Reinaldão Azevedo

A grande “conquista” da Teologia Achada na Rua, de Lancelotti e congêneres, em São Paulo, foi a antiga Cracolância, que viveu seu apogeu na gestão de Marta Suplicy, do PT. Para quem não conhece São Paulo: tratava-se de uma região na área central da cidade que foi tomada, verdadeiramente “colonizada”, por consumidores de drogas e traficantes. Farrapos humanos ocupavam as calçadas, destruídos pelo crack. Caridosas, algumas ONGs passavam por ali, acreditem, distribuindo cachimbos grátis e folhetos ensinando como aplicar cocaína na veia “com segurança”. Tudo sob o pretexto de fazer política de redução de danos. A Prefeitura se negava, por exemplo, a lavar as calçadas porque elas eram consideradas “moradias”. A região foi tomada por bares e hotéis, todos irregulares, que serviam de base de apoio para os traficantes. Confesso a vocês que raramente assisti a cenas tão degradantes. Era o paraíso do padre e dessas ONGs só dedicadas a fazer o bem...

Com a derrota do PT e o início da gestão Serra — depois seguida por Gilberto Kassab —, foi posto em prática um plano de revitalização do Centro. A tal “cracolândia”, na forma como existia, acabou, embora existam, sim, ainda, consumidores de drogas por ali. Bares e hotéis foram fechados. A coleta de lixo foi regularizada. As ruas estão sendo lavadas. Uma área foi desapropriada e demolida para receber empresas e prédios de moradia. Lancelotti estrilou. O parque de diversões da degradação humana, que serve ao baixo proselitismo, chegava ao fim. ONGs que vivem da proxenetagem da miséria e da violência, em companhia do padre, acusaram a prática de uma “política higienista”. Em vez de ajudar a Prefeitura a encaminhar os que não têm casa para os albergues, os valentes decidiram defender o “direito” de morar na rua, de privatizar o espaço público.

A revitalização daquela área central da cidade está em curso. A depender do que aconteça na cidade no ano que vem, tudo volta à estaca zero: a miséria e a degradação humanas voltarão a ser vistas como um ato de resistência, como o destino fatal dos humildes. Trata-se da mistura asquerosa do esquerdismo mais vagabundo com a Escatologia da Libertação.

A Guerra dos Deuses


Voltando ao Deus à la carte. Na crônica anterior, escrevi que me incluía entre os que pensam que a vida não tem sentido algum. Um leitor me pergunta: “Se a vida é sem sentido (e sou um dos que também nisso acredita) por que então continuamos vivos?”

Minha frase estava incompleta. Sim, a vida não tem sentido em si. Mas tem o sentido que a ela damos. Esta primeira percepção, eu a tive lendo um autor hoje fora do mercado, Somerset Maugham, nascido no século XIX na embaixada britânica em Paris. Não saberia dizer se o local de nascimento determina a vida de uma pessoa, em todo caso Maugham foi um dos escritores mais cosmopolitas do século passado. Em A Servidão Humana, Philip, o personagem central, recebe um tapete, com o recado de que nele encontraria o sentido da vida. Guarda o tapete por longos anos para finalmente descobrir o enigma: o tapete não tinha sentido algum. Como a vida.

Isto não exclui, é claro, que Maugham tenha dado um sentido à sua. Se a vida em si não tem sentido, nada impede que seja plena e rica. Uns se dedicam a fazer poemas, outros a fazer pães, uns fazem revoluções, outros fazem pontes e estradas, há quem crie filosofias e quem construa religiões. São maneiras de enfrentar o vazio. E há também os que buscam deuses.

Outro dia, em discussões internéticas, ouvi de um amigo um depoimento singular. Ele e sua mulher foram às compras em busca de um deus. Pesquisaram o mercado, não encontraram deus que agradasse e voltaram pra casa sem adquirir nada. Confesso que fiquei surpreso com tal atitude, da qual jamais havia ouvido falar. O que só confirma minha tese do deus à la carte. Se nenhum deus me agrada, então não compro. Quem sabe ano que vem a indústria das crenças lança no mercado um modelito mais conveniente.

Reagindo às angústias da procura, as religiões se adaptam. Por exemplo, o tal de Santo Daime. É um culto sem pé nem cabeça, criado por um seringueiro da Amazônia, cujas cerimônias consistem na ingestão da ayahuasca, beberagem feita de um cipó, que produz vômitos e diarréias, as chamadas “peias”. A nova empulhação cultua o Cristo,a Virgem… e a floresta amazônica, ecologia oblige. Pelo jeito, as tais de peias não eram muito convincentes a ponto de por si só arrebanhar acólitos. O Santo Daime então adaptou-se.

A Folha de São Paulo, em sua edição de domingo passado, traz uma reportagem das mais significativas sobre a nova religião – ou coisa que o valha. O Santo Daime assumiu elementos de hinduísmo, umbanda e hare krishna. Deus para todos os gostos. Aqui pertinho de São Paulo, em Nazaré Paulista, a escola espiritual tem dois gurus, um tal de Sri Prem Baba, o mestre da cerimônia, que pelo jeito é tupiniquim com nome indiano para melhor enganar. Mais o guru Sri Hans Raj Maharaji, que vive na Índia, mas já apita no Santo Daime. Mais o sedizente mestre Raimundo Irineu Serra, seringueiro brasileiro neto de escravos, que morreu em 1971, e teria sido o fundador da doutrina do Santo Daime.

Na zona sul de São Paulo – continua a reportagem – no Centro Espírita Sete Pedreiras, a miscigenação de crenças se repete, com orixás da umbanda, santos católicos e retratos de daimistas posicionados em lugares estratégicos do terreiro. A fusão resulta na umbandaime, que promove a mistura entre a doutrina do daime com a religião afro-brasileira. Para o antropólogo Edward MacRae, da Universidade Federal da Bahia, assim como outras religiões o Santo Daime também tem a propriedade de aglutinar elementos de outras crenças, como umbanda, traços indígenas, cristãos, afro e esotéricos, ocidentais ou orientais. Mais um pouco de criatividade vocabular e teremos o catodaime, o krishnadaime, o budidaime. O fenômeno já existe, só falta batizá-lo.

Sincretismo, direis! Nada de novo sob o sol. O cristianismo apoderou-se do Livro dos judeus, temperou-o com elementos da mitologia grega e do paganismo e voilà: temos uma nova religião. Nada se cria, tudo se copia. Mesma vigarice dos tais de Osho, Maharishi Yogi, Sathya Sai Baba, Dalai Lama e outros escroques que servem coquetéis de hinduísmo, budismo e cristianismo para enganar Oriente e Ocidente. Nestes dias de globalização, o Santo Daime quer globalizar-se e abre um grande leque de opções, para consumo dos pobres de espírito.

Já tem até budista e hare krishna tomando chá de cipó. Para a monja tibetana Ani Sherab, o chá “oferece mais clareza para expressar e reconhecer a verdade. Com o daime, recebo muitas bênçãos e ensinamentos dos budas”. Líderes das comunidade hare krishna desaprovam o daime, mas não negam que alguns membros consumam o chá. Para o professor de português Pandita, 51, Krishna se revela de formas diferentes. “O daime pode ser uma delas.”

Nas cerimônias – diz a reportagem – manifesta-se a salada toda. O altar é de Ganesh, deus hindu do sucesso. O som oriental de cítaras é substituído por maracás indígenas e mantras em sânscrito se sucedem a hinos em português. Não faltam sequer as entidades de umbanda. Segundo a mãe-de-santo Maria Natalina, “a ayahuasca proporciona sensibilidade maior. É um instrumento de contato superior com os orixás”.

Para o professor Antônio Flávio Pierucci, da USP, na tentativa de competirem umas com as outras, as religiões acabam se anulando, copiando fórmulas e formatos e, com isso, perdem sua verdadeira identidade. “É como ocorre no comércio alimentício. Tem o McDonald’s e o Bob’s. (…) No fundo, todas alegam que Deus é um só. Mas, na verdade, o que existe é uma guerra entre deuses”.

Como dizia, o Ocidente está caindo em pleno politeísmo. Cientes disto, as religiões já oferecem um farto cardápio de crenças. Se você quer outros deuses, nem precisa buscar outros templos. O nosso os oferece. A necessidade de crer do bicho-homem não recua diante de absurdo algum. Mais adiante, conto sobre o culto dos carregamentos, praticado por indígenas da Melanésia.

22 de dez. de 2007

Capitão Diego Mainardi em ação

QUE MATÉRIA!

por Diogo Mainardi, na VEJA - surrupiei lá do Diego Casagrande

Paulo Henrique Amorim e eu no Fórum de Pinheiros, em São Paulo. Ele como acusador, eu como réu. Encontramo-nos na última segunda-feira, na ante-sala da 1ª Vara Criminal. Fui até ele, cumprimentei-o e perguntei:

– Onde está sua bota cor-de-rosa?

Eu me referia ao programa de Tom Cavalcante, na Rede Record. Duas semanas atrás, Paulo Henrique Amorim participou do quadro B.O.F.E. de Elite, que está circulando na internet com o título "Jornalista de Elite".

B.O.F.E. de Elite, segundo seus autores, é "uma tropa gay, chiquetérrima". Os soldados trajam roupas pretas e botas cor-de-rosa. No programa, Paulo Henrique Amorim desempenhou o papel de um jornalista sério. Em primeiro lugar, perguntou o que teria de fazer para se tornar ele próprio um membro do B.O.F.E. de Elite. O aspira 011 ("Porque 11 é um atrás do outro") respondeu: "Tem de saber segurar no fuzil com carinho". Em seguida, o cantor Tiririca, intérprete do aspira 08 ("Além de macho, ele come biscoito"), soltou o grito de guerra do B.O.F.E. de Elite ("Pochete, gilete, agasalhamos o croquete/Me bate, me arranha, me chama de pira-nha").

Paulo Henrique Amorim curvou-se de tanto rir. Em outra cena, um ator de filmes pornográficos, Alexandre Frota, mandou o jornalista ficar de costas para poder "analisar melhor a sua matéria". Paulo Henrique Amorim obedeceu prontamente, dando um rodopio sensual e recebendo um galanteio do chamado Capitão Monumento: "Que matéria!".

Esse é um bom resumo de 2007. Se estivéssemos num romance de Chico Buarque, eu diria que, no instante em que cumprimentei Paulo Henrique Amorim, o ano inteiro passou diante de meus olhos. O Brasil mergulhou de vez na chanchada.

Os aspectos mais grotescos da nacionalidade eliminaram aquele pingo de pudor que a gente ainda fingia conservar. Consagrou-se a burrice, a obtusidade, o descaramento. O lado mais rasteiro do lulismo contaminou o resto da sociedade.

Paulo Henrique Amorim me processou duas vezes por um comentário sobre seu blog no iG. O primeiro processo eu ganhei. Na segunda-feira, apresentamos as testemunhas do segundo. Ele argumenta que, quando eu o acuso de ser a voz do PT, trata-se de uma calúnia. Quando ele me acusa de ser fascista e caluniador, trata-se de uma simples opinião. De acordo com ele, minha coluna afetou seriamente sua imagem.

Ele disse à juíza: "A senhora confiaria num jornalista que escreve a soldo? A senhora não deve acreditar no que eu escrevo porque eu sou um jornalista sem credibilidade". Pelo contrário: ele tem toda a credibilidade que se confere a um jornalista do B.O.F.E. de Elite.

Paulo Henrique Amorim saiu enfurecido do tribunal, berrando: "Perdi! Não vou conseguir metê-lo na cadeia". Ele tinha uma viagem marcada para Nova York. Perguntei se ele ficaria em um de seus dois apartamentos na cidade. Ele respondeu que sim. Perguntei se os dois apartamentos haviam sido declarados ao imposto de renda. Ele respondeu mais uma vez que sim.

Enquanto Paulo Henrique Amorim se afastava, analisei-o de costas e pensei:

– Que matéria!

19 de dez. de 2007

O PILANTRÃO Oscar Niemeyer ...escória inteliquitual

Fico com Frank Lloyd Wright - capitalista

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C O I S A S do ALÉM

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A Tolerância Religiosa e o Estado Laico
Por Rodrigo Constantino

Para os "PATRIOTAS". Não sou um...

O tamanho do Brasil: país está em 10º lugar no ranking do PIB, não em 6º. E caiu uma posição ...do Reinaldão

Vocês já leram em todo lugar a notícia de que o Brasil subiu uma posição e agora está em sexto lugar entre as economias do mundo, segundo ranking do Banco Mundial. De acordo com o Bird, levando-se em conta a paridade do poder de compra, o chamado PPP, o Brasil responde por metade da economia da América do Sul, com o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto. Estaríamos no mesmo patamar de Reino Unido, França, Rússia e Italia.

A petralhada, em seu desassossego característico, pergunta-me se estou triste com a notícia. Eu? Segundo os iluminados, mais uma conquista de Lolovsky Apedeutakoba. Bem, eu já estava me preparando para iniciar um movimento de fechamento de fronteiras, sabe? Imaginem se ingleses e franceses, em fúria, resolvessem invadir o Brasil em busca do mesmo padrão de vida, mas com as nossas praias, o Pão de Açúcar, a tardinha que cai, o barquinho que vai, o nosso veneno sensual, o nosso charme moreno, a arquitetura de Niemeyer, a sua defesa das ditaduras comunistas? E se decidirem também vir em busca de nossos Voltaires, de nossos Lockes?

Vocês sabem, a minha primeira inclinação sempre é o nacionalismo, né? Liguei para o editor de economia da VEJA, Giuliano Guandalini, em busca de apoio para a minha causa. Ele estragou todo o “meu céu tem mais estrelas”. Ele desestimulou o “meu bosque tem mais flores”. Ele me passou alguns dados que me fizeram ver que as aves que aqui gorjeiam estão mais depenadas que as de lá. Estou arrasado.

O Banco Mundial resolveu empregar um critério de arredondamento — mesmo para a medição do PIB PPP, que é mais generoso com os países emergentes — que se usava antigamente nas escolas quando as notas eram dadas por números. Tudo o que estiver abaixo de meio ponto, eles arredondam para baixo; o que estiver acima, para cima. Assim, vejam só: segundo esse critério, o Brasil detém 2,88% do PIB mundial. Puxaram o número para cima: ficamos com 3%. O Reino Unido detém 3,46%: puxaram para baixo: ficou com 3% também.

Eu não quero que vocês acreditem em mim. Quero que vocês acreditem nos números. A tabela está aqui, com os países agrupados por regiões. O PIB PPP é a terceira coluna. Vejam lá: Brasil: 2,88%; Reino Unido: 3,46%; França: 3,39%; Rússia: 3,09%; Itália: 2,96%. DE FATO, O BRASIL ESTÁ EM 10º LUGAR. Mas isso não é tudo: caiu uma posição.

Vejam só: em 2005, o PIB mundial, diz o Bird, foi de US$ 55 trilhões. Se o Brasil tem 2,88% desse valor, estamos falando de US$ 1,584 trilhão. Se fosse 3%, US$ 1,65 trilhão, o que implicaria produzir US$ 66 bilhões a mais. Se o Reino Unido detém 3,46 dos US$ 55 trilhões, seu PIB PPP é de US$ 1,903 trilhão. Para que o Brasil realmente estivesse em pé de igualdade com este país, teria de produzir US$ 319 bilhões a mais, um crescimento no PIB de imodestíssimos 20%. Ademais, quando se trata de verificar o PIB per capita, saibam que o Brasil está abaixo da média da América Latina e da média mundial.

No mais, estou feliz como todo mundo, é claro (mais informações aqui).

Ótimo!

Juíza se irrita com comportamento de mensaleiro

Por Vannildo Mendes, no Estadão:
O depoimento do deputado Paulo Rocha (PT-PA) no processo do mensalão, prestado ontem na 10ª Vara da Justiça Federal, foi tumultuado por uma discussão áspera entre o réu, seu advogado, a juíza e o procurador da República. Ao constatar má vontade do deputado em responder ao interrogatório, a juíza Maria de Fátima Costa perdeu a paciência e, de dedo em riste, esbravejou: “O senhor me respeite. Quem manda aqui sou eu. Aqui não é a Câmara. O senhor não vai bagunçar a audiência com essa cara de humildezinho..., ou porque é do Pará ou sei lá de onde. O senhor fique quieto e responda.” Acusado pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro no processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), ele admitiu que recebeu R$ 920 mil em 2004 para pagar dívidas contraídas na eleição de 2002 pelo PT do Pará, o qual presidia.
(...)
Rocha voltou a ser repreendido enquanto o procurador José Alfredo de Paula Silva fazia suas indagações. “Aqui o senhor não é deputado. Aqui o senhor é réu, é denunciado e é assim que será tratado”, disse a juíza, orientando o procurador a fazer a pergunta que quisesse. O advogado quis consertar as respostas e a juíza voltou a criticar: “O senhor podia não interferir! O senhor não é ignorante, nem eu. Então deixe que o réu se expresse.” Num gesto que a juíza interpretou como desdém, Rocha manipulava o celular enquanto o procurador falava. “O Senhor quer desligar esse negócio aí!”, disse ela.

11 de dez. de 2007

It is a Great Life, This Life of Music

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Led Zeppelin Returns: Photos from the Reunion Show and More



URSAL: a mãe do monstro


Resumo: Tendo em vista a exaustão de certos métodos do marxismo-leninismo, os integrantes do Foro de São Paulo partiram para a estratégica liquidação da democracia a partir dos próprios instrumentos oferecidos de bandeja pelo sistema democrático: voto e liberdade de ação política.

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Não encontra o menor respaldo a idéia de que a recente derrota de Chávez no referendo para reformar a Constituição venezuelana representa um obstáculo de peso para o avanço do “Socialismo do Século XXI” na América Latina. De fato, ao admitir em público a vitória do “não”, o coronel venezuelano advertiu em pronunciamento que estava pronto para uma “longa batalha” (rumo à revolução) que, apenas por enquanto, não tinha obtido êxito. “Eu não vou retirar nem uma vírgula desse projeto (socialista), esse projeto permanecerá ativo” – reafirmou enfático o déspota pouco esclarecido dos trópicos.

Como já escrevi inúmeras vezes, a proposta de se restabelecer a revolução na América Latina surgiu quando, ao se anunciar a queda do Muro de Berlim e a derrocada da ex-União Soviética, o Partido dos Trabalhadores (Lula) e o PC cubano (Fidel Castro) partiram, em 1990, para a criação de um foro cujo objetivo seria reunir organizações e partidos de esquerda em demanda de uma nova estratégia para se organizar a luta pela implantação do socialismo no subcontinente.

De fato, a implantação desse foro permanente, realizado a cada dois anos, retoma os antigos propósitos da extinta Organização Latino-Americana de Solidariedade - a OLAS -, criada por Fidel Castro em janeiro de 1966, em Havana, para prestar apóio técnico, logístico e financeiro aos movimentos e partidos de esquerda da África, Ásia e da América Latina. De resto, partidos e movimentos engajados na agitação revolucionária e no combate ao “imperialismo ianque”.

A nova versão da OLAS, restabelecida em São Paulo logo após a derrota de Lula para Collor de Mello, se valia da capacidade de mobilização do PT e congregou dezenas de partidos “revolucionários e progressistas”, além de ONGs, representações sindicais e de movimentos sociais, membros da igreja libertária e facções guerrilheiras, entre as quais as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Exército de Libertação Nacional (FLN), União Revolucionária Nacional da Guatemala (URNG), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), etc. etc. – algumas delas envolvidas com narcotráfico, contrabando de armas, lavagem de dinheiro, seqüestros, assaltos a bancos, roubo de gado e pirataria.

O Coronel Chávez, verdade seja dita, não foi um dos fundadores do Foro de São Paulo. Ele só ingressou na “organização” em maio de 1995, segundo informe da AP uruguaia (de novembro de 1999). Desde logo, no entanto, esteve solidário com as teses e resoluções debatidas, aprovadas e encaminhadas pelo Foro, destacando-se, entre elas, o separatismo indigenista, o ecologismo radical, a reforma agrária pela ocupação virulenta das terras produtivas, o assistencialismo, a tomada do poder no espaço continental e, em especial, o aparelhamento do Estado pela infiltração da militância esquerdista.

Por outro lado, é bom lembrar que uma vez dentro da máquina do Estado, as resoluções do Foro recomendam a conseqüente apropriação da riqueza nacional pelo aumento vertiginoso da carga tributária em função do fortalecimento da burocracia do partido dentro do governo.

Eis a realidade inequívoca dos fatos: tendo em vista a exaustão de certos métodos do marxismo-leninismo, os integrantes do Foro partiram para a estratégica liquidação da democracia a partir dos próprios instrumentos oferecidos de bandeja pelo sistema democrático: voto e liberdade de ação política. No quadro estratégico assim compreendido, o papel destinado ao atrevido coronel Chávez, segundo Lula e Fidel, seria o de “ponta-de-lança” na construção da redentora União das Repúblicas Socialistas da América Latina, a URSAL, hoje – basta dar uma olhada no mapa – em plena ascensão.

De fato, com os bilionários dólares do petróleo (e também do narcotráfico), o coronel venezuelano logo se fez pop star da empreitada revolucionária, ora financiando a agitação “carnívora” de países aliados como a Bolívia, Equador e Guatemala, ora prodigalizando dádivas milagrosas à moribunda Cuba ou emprestando dinheiro grosso à Argentina “vegetariana”, ora prometendo parcerias, mundos e fundos ao Uruguai e Paraguai. A propósito do Uruguai e Paraguai, o último projeto do Foro é justamente infiltrar o sestroso Chávez no Mercosul para melhor fomentar, institucionalmente, o projeto totalitário continental.


(Só para lembrar: filho dileto do casamento de Lula com Fidel, Chávez, nos momentos de crise, tem recebido apoio incondicional do chanceler-operário, que, em 2003, para não vê-lo destituído do poder, chegou a criar um operante Grupo dos Países Amigos da Venezuela – motivo, lógico, de veementes protestos da oposição venezuelana).

Neste final de ano, tendo em vista a corajosa insurgência popular contra os governantes dos partidos vermelhos que se apossaram do poder para implantar o império socialista, Luiz Inácio viaja à Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela, Uruguai e Cuba. Entre outras coisas, quem sabe extra-oficialmente ele vai colocar em dia a agenda revolucionária da próxima reunião do Foro de São Paulo, programada na última convenção do PT, a ocorrer em 2008 no Uruguai.

De quebra, a julgar pelo noticiário, Lula passaria na Colômbia para negociar a troca dos guerrilheiros das FARC em poder do presidente Uribe e dos prisioneiros seqüestrados pela guerrilha de Tirofijo - que por sinal teria morrido de câncer na próstata, mas que, por motivos estratégicos, vem sendo tratado como se “vivo” estivesse. Lula entraria em campo para substituir Chávez na farsesca tentativa de se negociar um acordo impossível. Como se sabe, um dos objetivos permanentes do Foro de São Paulo é ver Álvaro Uribe fora do poder, o quanto antes, pois o presidente colombiano, amado pelo seu povo, representa um obstáculo considerável à implantação do domínio comunista na América Latina.

10 de dez. de 2007

Lula e Yeda

por Percival Puggina

Resumo: Enquanto o presidente Lula, em Brasília, compra, escandalosamente, apoio parlamentar, a governadora Yeda mantém com os demais poderes de Estado uma relação tensa, mas digna e respeitosa.

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O Presidente Lula, falando em Macapá, disparou: “Nós estamos percebendo, agora, lá no Senado Federal, que tem algumas pessoas, não todas, dos partidos de oposição, que não querem, não aceitam, que este país dê certo”. E, mais adiante: “Me parece que, lamentavelmente, tem gente que acha que não pode dar certo, que o Brasil precisa de uma crise, porque sem crise a gente não tira proveito de nada”. A cena, exibida na tevê, mostrou Lula irritado, com dedo em riste. Mas aquele dedo deveria estar apontando, muito especialmente, para o passado de seu próprio partido e para seus companheiros no Rio Grande do Sul.

De fato, foram os longos anos de militância oposicionista, através dos quais ele e o partido que comandou se permitiram todas as bravatas (para usar as mesmas palavras com que Lula se refere àqueles tempos) que acabaram por fazer do presidente uma metamorfose ambulante (como ele próprio se define). Eram tempos em que os petistas investiam contra qualquer um que sentasse nas cadeiras que eles queriam. O evento de Macapá, aliás, foi renovada evidência disso. Ninguém, ali, foi tão elogiado, exaltado e valorizado na fala presidencial quanto o senador Sarney! Todos os hotéis de Brasília, juntos, são insuficientes para acomodar o contingente daqueles a quem Lula e seu partido dedicavam os piores adjetivos e hoje estão na copa e na cozinha do governo. E eram também, aqueles anos oposicionistas, tempos em que o PT arremeteu contra tudo que foi feito para que a economia brasileira tomasse jeito: privatizações, pagamento dos compromissos da dívida externa, Plano Real, abertura dos mercados, agronegócio, superávit primário e por aí afora. Se o presidente quiser saber o que é lutar para que o país não dê certo, lembre-se, então, daqueles anos e daquelas mobilizações de seu partido. E não as retire da própria consciência como se tivessem sido meras bravatas. Não foram.

Por fim, observe o presidente a conduta de seus companheiros. Em Brasília, lutam por uma CPMF que apenas vai adicionar mais carne para o leão, mais verbas para serem distribuídas aos parceiros, mais mordomias aos companheiros e mais recursos para o neocoronelismo oficial. No Rio Grande do Sul, se multiplicam em esforços - não alguns, mas todos os seus companheiros - para impedir a governadora Yeda Crusius de corrigir o terrível desequilíbrio fiscal, cujas causas estão postas no artigo que escrevi recentemente e pode ser lido em A União contra o Rio Grande.
Enquanto o presidente, em entrevista a O Globo no dia 27 de novembro, afirma que não dá para governar “sem aumentar os gastos da máquina”, o Rio Grande do Sul, com o menor ICMS do Brasil, só corta gastos, há cinco anos. E o PT tira disso todo proveito que pode. Enquanto o presidente Lula, em Brasília, compra, escandalosamente, apoio parlamentar, a governadora Yeda mantém com os demais poderes de Estado uma relação tensa, mas digna e respeitosa. Por enquanto, a austeridade e a honradez estão em desvantagem operacional.

9 de dez. de 2007

A Máscara da Inveja

"A inveja é a paixão que vê com maligno desgosto a superioridade dos que realmente têm direito a toda a superioridade que possuem." (Adam Smith)


O escritor argentino Gonzalo Otálora causou polêmica ao defender a cobrança de impostos das pessoas consideradas mais belas para compensar o "sofrimento" daqueles que supostamente foram menos favorecidos pela natureza. O escritor disse que sua iniciativa tem o objetivo de provocar um debate sobre o culto à beleza. Com um megafone, ele foi à frente da Casa Rosada reclamar os "direitos" dos feios. Esperava contar com o apoio do então presidente Kirchner, a quem classifica como "pouco atraente". Otálora alega que os deboches sofridos na infância prejudicaram sua auto-estima e atrapalharam na conquista de melhores empregos. Em sua opinião, um dos assuntos que deveriam ser debatidos é a representação de "todos os tipos de constituição física" nos desfiles de moda. A inveja é alçada ao patamar de justiça, e a mediocridade é enaltecida enquanto o superior é condenado por suas virtudes, e não vícios.

Ainda que as demandas do argentino feioso pareçam absurdas – e são, elas no fundo representam apenas os ideais igualitários levados ao extremo de sua coerência. No fundo, um igualitário deveria pregar a igualdade plena, abolindo qualquer tipo de diferença entre os indivíduos. Aquele igualitário que prega uma distribuição de riqueza igual entre os indivíduos precisa aplaudir o apelo do argentino sob pena de ser acusado de materialista, caso não o faça. Ora, ficaria evidente demais que ele só pensa em dinheiro! Por que todos deveriam ter uma renda igual, mas rostos diferentes, podendo se destacar pela beleza num desfile? Onde estaria a igualdade? Na verdade, os igualitários, ou socialistas, pregam a igualdade das contas bancárias, assumindo involuntariamente que focam apenas nos bens materiais. Normalmente, são os primeiros a acusar os capitalistas de materialistas, mas só querem saber de dinheiro. Talvez porque demandar igualdade em outros campos tornaria o verdadeiro motivador de suas idéias aparente demais. E este motivador é conhecido: a inveja.

Na década de 1960, os igualitários ganharam força, levando George Orwell a escrever 1984, uma distopia que explorava a inveja na política. O Partido Trabalhista inglês, de esquerda, demandava uma sociedade de iguais "absolutos". Uma novela satírica iria explorar esta "paixão anti-social", como dizia Mill, no campo do cotidiano. O escritor inglês L. P. Hartley era o autor, e a obra chamava-se Facial Justice, comentada no excelente livro de Helmut Schoeck sobre o tema, intitulado Envy: a Theory of Social Behaviour. Na sátira, Hartley chega à conclusão lógica através das tendências do século passado, e expressada por Schoeck no seu livro, sobre a estranha tentativa de legitimar o invejoso e sua inveja, de forma que qualquer um capaz de despertar inveja é tratado como anti-social ou criminoso. Em vez de o invejoso ter vergonha de sua inveja, é o invejado que deve desculpas por ser melhor. Há uma total inversão dos valores, explicada apenas por uma completa aniquilação do indivíduo em nome da igualdade coletivista. Os seres humanos passam a ser tratados como insetos gregários, e o indivíduo que ousa se destacar passa a ser tratado como um inimigo da "sociedade". O rico, ainda que tenha criado sua riqueza de forma honesta através de trocas voluntárias, é execrado pelos invejosos. O sucesso individual é um pecado!

A heroína da novela de Hartley chama-se Jael, uma mulher que, desde o começo, não se conforma com a visão igualitária, recusando-se a aceitar porque pessoas mais bonitas ou inteligentes deveriam se anular como indivíduos por causa da inveja alheia. A novela se passa no futuro, depois de uma Terceira Guerra Mundial, e as pessoas eram divididas de acordo com o grau de aparência. A meta era obter uma igualdade facial, pois a igualdade material não era suficiente para acabar com a inveja: alguns sempre terão algo que os outros não têm e invejam.* Havia um Ministério da Igualdade Facial, e a extirpação dos rostos tipo Alfa, os mais belos, não bastava, pois os rostos tipo Beta ainda estavam em patamar superior aos do tipo Gama. Enquanto todos não tivessem a mesma aparência, não haveria justiça. Ninguém poderia ser desprivilegiado facialmente. Hartley combate a utopia dos igualitários, mostrando que a igualdade financeira jamais iria abolir a inveja na sociedade. Durante sua vida, ele demonstrou aversão a todas as formas de coerção estatal.

No livro Teoria da Personalidade, o psiquiatra G. J. Ballone diz: "Todas as tendências ideológicas que enfatizam a igualdade dos seres humanos, num total descaso para com as diferenças funcionais, ecoam aos ouvidos despreparados com eloqüente beleza retórica, romântica, ética e moral. Transportando tais ideais do papel para a prática, sucumbem diante de incontáveis evidências em contrário: não resistem à constatação das flagrantes e involuntárias diferenças entre os indivíduos, bem como não explicam a indomável característica humana que é a perene vocação das pessoas em querer destacar-se dos demais". O sonho com um mundo de iguais, como se homens fossem cupins, denota um escancarado complexo de inferioridade. As diferenças agridem este indivíduo, pois ele é incapaz de aceitá-las, provavelmente por detestar ver no espelho aquilo que o diferencia dos demais. A inveja toma conta de seus sentimentos, e a destruição dessas diferenças passa a ser sua meta. Como ele não suporta as conquistas alheias, ele demanda a mediocridade geral. Os coletivistas odeiam admitir que indivíduos possam fazer a diferença. A riqueza precisa ser explicada como um fatalismo coletivista, os méritos individuais precisam ser derrubados, as escolhas individuais cedem lugar ao determinismo, tudo para anular o indivíduo enquanto indivíduo, substituindo-o pelo coletivo.

Em resumo, o que está por trás do igualitarismo é apenas a inveja mesquinha. O socialismo não passa da idealização da inveja. O foco desses igualitários costuma ser somente o material por dois aspectos: é inviável pregar de fato a igualdade facial, por exemplo; e fazê-lo iria rasgar de vez a máscara da hipocrisia que cobre seus apelos invejosos do mais "nobre" altruísmo. Mas a lamentável verdade é que igualitários não suportam as diferenças. E como os indivíduos, felizmente, são diferentes, parece evidente que existirão vários graus distintos de beleza, inteligência, altura, velocidade, talento musical e sim, também renda. Para Bill Gates ficar bilionário, ele não teve que tirar nada de ninguém. Foram os consumidores que, voluntariamente, julgaram os produtos de sua empresa valiosos, pois criavam valor para eles. Logo, não há motivo algum para que o governo meta suas garras na fortuna de Gates de forma compulsória, em nome da "igualdade". Ele tem o direito de ser bem mais rico que os outros. Aqueles que não aceitam isso, desejando um imposto extorsivo sobre sua fortuna, podem tentar mascarar seu motivador com a desculpa que quiserem, mas isso não mudará o fato de que, por trás dessa máscara, reside somente a abominável inveja daqueles que não são capazes de admirar o sucesso alheio.


* No filme Círculo de Fogo, que conta a história de um soldado russo que precisa enfrentar um sniper enviado pelos nazistas especialmente para matá-lo, isso fica bem evidente quando um companheiro político, interpretado por Joseph Fiennes, acaba traindo Vasily Zaitsev, o soldado russo interpretado por Jude Law. Sua constatação, quando realiza sua traição, expressa a essência da mensagem. Ele descobre que sempre haverá algo no vizinho que desejamos, mas não possuímos, independente da igualdade material. No caso do filme, trata-se do amor de uma mulher, disputada por ambos. A inveja é uma característica da pessoa, não fruto das desigualdades em si, que sempre existirão.

A lição que veio da Venezuela


Já mencionei em artigo que a leitura de jornais velhos é bem interessante. Especialmente as matérias relativas à política mostram claramente algumas coisas, dessas corriqueiras, tais como: traição, mentira, não cumprimento de promessas, negativa na prática dos discursos, sobretudo os de cunho ideológico e uma cultura do cinismo que chega a ser espantosa. Se essas atitudes são comuns aos seres humanos, acentuam-se de forma mais evidente no palco do poder. Assim, as metamorfoses ambulantes dos nossos governantes, que nos surgem em jornais passados, ajudam a refrescar a memória. Aliás, é costume dizer que a memória do povo é curta, verdade incontestável, sendo que uma curiosa e recente experiência científica demonstrou que os chipanzés ganham dos humanos quando se trata da capacidade de memorizar.

No Brasil parece que realmente perdemos para nossos simpáticos primos macacos. Para começar, sabemos pouquíssimo sobre nossa história e muito menos sobre história mundial. E como somos parcos em heróis e tradições, nossos valores estão ligados àquilo que nos parece ser mais importante em termos de destaque coletivo, ou seja, o futebol. Já nossos ídolos não são mártires, estadistas ou vencedores do mundo empresarial. Diga-se de passagem, que odiamos a riqueza alheia, sempre vista com grandes desconfianças, apesar de desejarmos ardentemente sermos ricos.Na verdade, o que nos empolga são artistas ou cantores populares em seus fugazes momentos de glória. Faz também imenso sucesso programas televisivos como Big Brother Brasil que, ao espelhar através de seus participantes, mazelas sociais como mau-caratismo, vulgaridade, mediocridade, total ignorância dos mais básicos conhecimentos e abundância de anti-valores provocam aquela profunda e deliciosa sensação de identificação com os vencedores do glamouroso mundo da fama. Então, bem lá no seu íntimo, o homem comum, frustrado com sua vidinha desenxabida, conclui exultante: sou igualzinho a eles.

Mas, não apenas o desconhecimento da história é nossa marca registrada. Fatos recentes também nos escapam. E para piorar, ficou demonstrado que a Educação brasileira vai tão mal que nossos estudantes não entendem o que lêem e amargam a rabeira em matemática numa vasta lista de países. Conclui-se que passamos da civilização baseada na escrita e na racionalidade para a civilização auditiva, visual e emocional.

Desse modo, somos presas fáceis dos demagogos, dos populistas, dos tiranetes que satisfazem sua desmesurada ânsia de poder simulando ajudar os pobres, enquanto os mantém na pobreza através de caridades oficiais.

Na América Latina isso tem sido uma constante com momentos históricos em que a emergência de caudilhos é acentuada. Eles dão esmolas aos pobres, lucros aos ricos e carregam a classe média com impostos, fonte do sustento de suas cortes nababescas e perdulárias. Mas seu suporte político vem mesmo da classe mais baixa, sequiosa de um pai que lhe prodigalize facilidades e sedenta de revanche perante as classes médias e altas, que nem sempre, mas muitas vezes, não tratam bem os "de baixo", além de estabelecer o contraste que, na sociedade de apelo desenfreado ao consumo, chega a ser doloroso.

É nesse caldo cultural que vicejam com êxito os Fidel Castro, os Hugo Chávez, os Evo Morales, os Rafael Correia, e, porque não, os Lula da Silva e tanto outros que já passaram em nossas plagas latino americanas e que ainda surgirão, pois a mentalidade do atraso, que rejeita a riqueza e a democracia dos países capitalistas, apóia em nossos países a esquerda que, explorando o recalque, o complexo de inferioridade e a inveja, promove subliminarmente aquilo que tem como base esses ingredientes, ou seja: a luta de classes.

Quanto aos que governam em nome da esquerda, ao invés de promover o verdadeiro desenvolvimento de suas nações, através do tripé: Saúde, Educação e Trabalho, apelam para o discurso fácil e emocional das promessas ilusórias, aproveitam da pouca instrução do povo para anestesiá-lo com falsa propaganda e pretendem viverem felizes para sempre nas suas cortes de luxo e corrupção, visto que na América Latina não se valoriza a verdadeira democracia porque não se tem noção do que isto significa.

Há, porém, por conta de origens coloniais e históricas uma diferença marcante entre nós e nossos vizinhos: eles sabem se opor a governos indesejáveis e radicalizam suas atitudes políticas, inclusive, sendo capazes de morrer por seus ideais.

A Venezuela mostrou isso no recente referendo quando Chávez levou um "por que não te calas", não de um rei, mas do povo. Como bom democrata, segundo os petistas, e democrata elegante, conforme nosso chanceler de direito, Celso Amorim (o chanceler de fato é Marco Aurélio Garcia, aquele dos gestos obscenos), Chávez disse que a vitória de seus oponentes era de m... Só esqueceu de que o povo o mandou a isso mesmo. Aprendamos a lição dos venezuelanos.

A Virada da Irlanda



Reproduzido do Ratio Pro Libertas

“Não há como escapar das inexoráveis leis do mercado.” (Ludwig Von Mises)

Através da pura lógica econômica e de uma teoria apriorística acerca da ação humana podemos, em minha opinião, concluir quais são as principais bases para o desenvolvimento econômico de um povo. Mas isso não anula a importância do estudo de casos e de testes empíricos, o popular “teste do pudim”, que ilustra essas conclusões teóricas. Não devemos esquecer que uma observação empírica dos fatos foi o que levou Adam Smith a condenar o mercantilismo vigente em seu tempo. O caso da Irlanda vem bem a calhar então, pois se trata de um impressionante exemplo do sucesso das reformas liberais, que reduzem a intervenção estatal e aumentam a autonomia individual. A Irlanda aderiu com vontade ao capitalismo global, e isso permitiu um enorme crescimento econômico, levando a renda per capita dos irlandeses para patamares espantosos. O país, que era um dos mais pobres da Europa, mereceu o título de “tigre celta”. Não há milagre por trás deste sucesso, apenas lógica e respeito aos fatos da realidade. Atualmente, os cerca de quatro milhões de habitantes do país desfrutam de uma expectativa média de vida de 80 anos, e a mortalidade infantil está em apenas 5,2 para cada mil nascimentos (no Brasil essa taxa é de 27,6). O crescimento médio da economia foi de 6% ao ano entre 1995 e 2006. A agricultura, que já foi o setor mais importante do país, agora representa uma pequena parte do total, empregando apenas 8% da mão-de-obra e respondendo por 5% do PIB, cedendo espaço para a indústria e o setor de serviços. A Irlanda é agora um grande exportador de software e conta com a presença de várias empresas importantes de tecnologia. A taxa de desemprego ficou em apenas 4,3% em 2006. A renda per capita chegou a impressionantes US$ 44.500 em 2006, sendo 40% maior que a média das quatro maiores economias européias. Durante a última década, o governo irlandês adotou uma série de medidas liberais, atacando a inflação, reduzindo os gastos públicos e promovendo o investimento estrangeiro. O período de ajuste não foi fácil nem indolor, mas os resultados estão cada vez mais visíveis. Em conjunto com o The Wall Street Journal, o The Heritage Foundation publica todo ano o Index of Economic Freedom, onde calcula o grau de liberdade econômica existente em diferentes áreas para cada país. A Irlanda ocupava a sétima posição no ranking no último dado disponível, atrás apenas de Hong Kong, Cingapura, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido, não por acaso lugares ricos e desenvolvidos. A Irlanda conta com um elevado nível de liberdade para negócios, investimentos e finanças, além de garantir bem os direitos de propriedade privada. O empreendedorismo foi facilitado através de mudanças regulatórias, e iniciar um negócio lá leva apenas 19 dias, comparados a 48 dias de média mundial. No começo de 2003 o governo reduziu o imposto corporativo para 12,5%, bem abaixo da média européia. O país recebe quase um terço dos investimentos americanos destinados a União Européia. As tarifas médias de importação são de apenas 1,7%, ainda que outras formas de protecionismo vigorem, como no caso dos subsídios agrícolas. O setor financeiro é totalmente competitivo e aberto aos estrangeiros, e 115 bancos e instituições de crédito operam no país. Em 2002, o governo vendeu sua participação na última estatal do setor financeiro, o ACC Bank. Os direitos de propriedade são garantidos por um sistema judiciário de alta qualidade. Há pouca corrupção, como reflexo disso tudo. O calcanhar de Aquiles encontra-se nas questões trabalhistas, ainda que possam ser consideradas “ultra-liberais” se comparadas a situação brasileira. Mas há menor flexibilidade trabalhista se comparado aos Estados Unidos, por exemplo. Demitir um empregado pode custar caro na Irlanda, o que prejudica a contratação e as mudanças de emprego, afetando negativamente a produtividade. Um trabalhador médio recebe 15% do seu salário em benefícios, o que não chega ao patamar ridículo do Brasil, mas ainda assim limita a liberdade dos trabalhadores de escolher como receber seus salários. Ainda há o que melhorar nessa área. A comparação dos dados irlandeses com aqueles belgas é interessante para demonstrar o contraste do desempenho nos últimos anos. Os gastos públicos na Irlanda saíram de quase 50% do PIB no final da década de 80 para 34% atualmente, enquanto os gastos públicos na Bélgica continuam perto dos 50% do PIB. O desemprego, que oscilava perto de 10% até o final da década de 90, caiu para menos de 5% na Irlanda, e ainda encontra-se perto dos 7,5% na Bélgica. O crescimento da renda per capita dos dois países vinha num ritmo parecido até o final da década de 80, mas a virada irlandesa deixou um abismo entre ambos. Atualmente, a renda per capita da Irlanda já é 35% maior que a da Bélgica. Em 1994, os impostos sobre o salário eram de 55% na Bélgica e 38% na Irlanda. Em 2005, continuavam 55% na Bélgica, mas estavam em 25% na Irlanda. A dívida pública irlandesa, que estava em 94% do PIB em 1990, caiu para 25% do PIB em 2006, enquanto a da Bélgica ainda estava em 88% do PIB. A trajetória entre ambos os países foi bem diferente na última década, com a Irlanda sendo bem mais agressiva nas reformas liberais e redução do governo. Os resultados estão aí. O índice de desenvolvimento humano irlandês subiu 6,9% de 1995 até 2004, enquanto o belga aumentou apenas 1,7%. Atualmente, a Irlanda ocupa o quinto lugar no ranking, enquanto a Bélgica está no 17º lugar. Não é preciso limitar a comparação ao caso belga. A Irlanda dá um show em praticamente qualquer país europeu na última década. Seu crescimento na renda per capita foi quase o dobro daquele experimentado pelos demais países. Os gastos públicos de 34% do PIB são bem menores que a média de 46% na Europa ou 53% na França, que vive sérios problemas por conta do excesso de governo. A criação de empregos na Irlanda foi praticamente o dobro daquela observada no restante da região desde 1985. Somente a Espanha se aproxima do nível irlandês, também como resultado de várias reformas liberais. Enquanto a Alemanha, França e Itália fecharam 2006 com um déficit fiscal de 1,6%, 2,5% e 4,4% do PIB, respectivamente, a Irlanda apresentava um superávit de 2,9% do PIB no mesmo ano. Enquanto a dívida pública da Alemanha, França e Itália estava em 68%, 64% e 107% do PIB em 2006, respectivamente, a irlandesa era de apenas 25% do PIB. Os passivos sem cobertura das pensões garantidas pelos governos representam uma bomba relógio na região, chegando a impressionantes 285% do PIB na Eurolândia. Na França, esse montante passa dos 330% do PIB. Estima-se que aumentos de impostos de 5% a 15% serão necessários no futuro se as políticas sociais não mudarem. A Irlanda, por outro lado, apresenta 150% de passivo sem cobertura em relação ao PIB, pior apenas que Holanda e Reino Unido. Uma situação bem mais confortável e sustentável. Em resumo, a grande virada da Irlanda na última década não tem muito mistério, tampouco se explica por algum milagre qualquer. O país simplesmente resolveu encarar a dura realidade, adotar o capitalismo global como modelo, receber de braços abertos os investimentos estrangeiros, especialmente americanos, e reduzir drasticamente o peso do governo na economia. O resultado é uma das maiores rendas per capita do mundo!

8 de dez. de 2007

Tipos de Petistas



O PT está aí. Na maioria da imprensa, na sua família ou no ambiente de trabalho, pipocam petistas de todos os perfis. No fundo, todo mundo é petista. Convivendo com muitos deles, consegui diagnosticar alguns grupos.

Petistas peace and love – são petistas de bom coração. Acreditam no discurso de igualdade e justiça social que lhe prometem, mas nunca cumprem. São românticos e tem fortes tendências socialistas por pura generosidade. Possuem, porém, pouca massa crítica. Querem transformar o mundo em um lugar melhor, mas não fazem a menor idéia de como fazer isso.

Petista alienado – Não se envolve com política. Mas, além de ter assimilado toda cartilha politicamente correta do partido, está lá, eleição após eleição, contribuindo com seu voto. Seja para um deputado ou para um prefeito do partido.

Petistas tucanos (ou fernandistas) – esta ala é conhecida pela admiração e ódio simultâneos pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Atribuem a ele todas as mazelas sociais brasileiras, da mesma forma que lhe tomam de assalto feitos como a institucionalização do País, a estabilidade econômica e os programas sociais implementados.

Petistas racionalistas – sempre tem uma boa explicação para tudo. Quando reconhecem que o PT é ruim, dizem que "com o PSDB era pior". Quando estoura algum escândalo de corrupção, dizem que "os fins justificam os meios". Outros, mais atirados, dizem que às vezes é preciso "meter a mão na m....".

Petistas bolivarianistas – são os mais arrojados. Tem uma ideologia bolivariana e aderem a qualquer tipo de PT. Costumam fazer afirmações ousadas, como dizer que Hugo Chávez é democrático e que o mensalão não existiu. Colocam-se acima do bem e do mal e travam uma guerra fria contra a Rede Globo e a VEJA. Vomitam sandices econômicas quase folclóricas. Inventam notícias, manipulam dados e são leninistas.

Petistas de oportunidade – para estes, não importa sequer o nome do presidente do partido. O lance é conseguir um emprego público ou um cargo de confiança no governo ou em alguma prefeitura. Querem que o governo arroche os empresários de impostos, para que mais cargos públicos possam ser criados. Proliferam a cada ano, de mãos dadas com a dívida pública.

Petistas psolistas – para este grupo, o PT não cumpriu as regras esquerdistas, politicamente corretas e socialistas prometidas quando assumiu o governo. Decepcionaram-se. A partir daí, migraram para o PSOL de Heloísa Helena, o partido que é contra o 3º mandato de Lula, mas a favor da reeleição contínua – leia-se DITADURA – de Hugo Chávez na Venezuela.

Petistas comunistas – são aqueles que acham que o PT ainda vai dar uma reviravolta comunista. Adoram Fidel, Che Guevara e URSS. Odeiam capitalismo, EUA e Israel. São anti-semitas. Entretanto, volta e meia, são flagrados no McDonald’s bebendo Coca-Cola e comendo Big Mac. Possuem celulares, microcomputadores, e todas as benesses do diabo capitalista moderno que repudiam. Escutam rock americano.

Petistas compulsórios – este é o meu grupo. Querendo ou não, pertenço a algum PT. Meu grupo é aquele que, na condição de pagador de impostos, vive reclamando do governo, mas é obrigado a pagar tributos escorchantes. Consequentemente, através dos impostos, pago o salário dos petistas de oportunidade e dos demais grupos atualmente empregados no governo. Milito através de impostos.

Qual petista você é?

7 de dez. de 2007

Como nascem as religiões


Cargos cult é como se convencionou chamar certas práticas religiosas de movimentos proféticos e salvíficos nascidos do confronto espiritual entre os indígenas das ilhas melanésias e os colonos europeus. Segundo a Encyclopédie des Religions, de Gerhard J. Bellinger, este nome genérico provém de um desses movimentos originado nas ilhas Salomão, em 1931-1932. Segundo outros, tais cultos só teriam surgido quando a marinha americana começou a desmantelar as suas bases aeronavais no Pacífico Sul e o fluxo de mercadorias usado para manter os nativos satisfeitos foi cortado. O termo cargo (em inglês, mercadoria, carga) sublinha o fato de que esses movimentos são fortemente ligados à espera de um avião-milagre, de cargas e de expedição de mercadorias, que chegam às ilhas por via marítima ou aérea. Os cultos do cargo traduziriam a esperança que têm os indígenas de cor de ter acesso aos bens e à tecnologia dos estrangeiros brancos.

A coisa parece ter funcionado mais ou menos assim: os nativos viam chegar alimentos, mercadorias, máquinas, objetos, mas jamais viam os colonizadores fabricando tais mercadorias ou objetos. Viam-nos apenas construindo aeroportos, erguendo postes, rabiscando papéis ou debruçados sobre caixas de metal de onde saíam ruídos estranhos. Concluíram então que estes gestos eram rituais mágicos para a obtenção das cargas. E passaram a mimetizar as práticas dos brancos para também obtê-las.

Como mencionei estes cultos em crônica passada, o leitor Vinicius Arcaro me enviou texto de um livro que foi bestseller em meus dias de universidade. Trata-se de O Despertar dos Mágicos, de Louis Pauwels, Jacques Bergier, uma espécie de vigarice ao estilo de Eram os Deuses Astronautas?, livro da mesma época escrito pelo hoteleiro suíço Erich von Däniken. Li Pauwels e Bergier na época e esta prática melanésia deve ter-me passado despercebida. Talvez porque a tomasse como mais um delírios dos autores. Vamos ao texto:

“Em 1946, as patrulhas do governo australiano, ao aventurarem-se nas altas regiões incontroláveis da Nova Guiné, ali encontraram tribos agitadas por um grande vento de excitação religiosa: acabava de nascer o culto do "cargo". O "cargo" é um termo inglês que designa as mercadorias comerciais destinadas aos indígenas: latas de conserva, garrafas de álcool, candeeiros de parafina, etc. Para esses homens ainda na idade da pedra o súbito contacto com semelhantes riquezas não podia deixar de ser profundamente perturbador. Seria caso que os homens brancos pudessem ter fabricado tais riquezas? Impossível.

“É evidente que os Brancos são incapazes de construir com as próprias mãos um objeto maravilhoso. Sejamos positivos, era mais ou menos o que pensavam os indígenas da Nova Guiné: já alguma vez se viu um homem branco fabricar fosse o que fosse? Não, mas os Brancos dedicam-se a tarefas muito misteriosas: vestem-se todos da mesma maneira. Por vezes sentam-se diante de uma caixa de metal sobre a qual há mostradores e escutam ruídos estranhos que de lá saem. Fazem sinais sobre folhas em branco. Trata-se de ritos mágicos, graças aos quais obtêm dos deuses que estes lhes enviem o cargo.

“Os indígenas resolveram então copiar esses "ritos": experimentaram vestir-se à européia, falaram para dentro de latas de conserva, espetaram troncos de bambu sobre as suas choupanas, a imitarem antenas. E construíram falsas pistas de aterragem, na expectativa do cargo".

Em Quest in Paradise (apud Richard Dawkins), David Attenborough descreve o novo culto:

“Eles (os brancos) construíam mastros altos com fios ligados a eles; ficavam sentados ouvindo pequenas caixas que brilhavam e emitiam barulhos curiosos e vozes abafadas; convenciam o povo local a usar roupas idênticas e o faziam marchar para lá e para cá – e seria quase impossível imaginar uma ocupação mais inútil do que essa. O indígena então percebe que a resposta para o mistério está na sua cara. Essas ações incompreensíveis são os rituais utilizados pelos brancos para convencer os deuses a enviar a carga. Se o indígena quiser a carga, também ele tem de fazer aquelas coisas”.

Ainda segundo Attenborough, “antropólogos perceberam dois focos distintos na Nova Caledônia, quatro nas Salomão, quatro em Fiji, a maioria delas bastante independente e sem ligação entre si. A maioria dessas religiões afirma que um messias específico trará a carga quando o apocalipse chegar”.

Ou seja, nada mais fácil do que criar uma religião. Desde que se respeite um pressuposto: urge que exista uma sólida base de ignorância. Os cultos do cargo têm um valor antropológico extraordinário, ao demonstrar como nascem as religiões.

3 de dez. de 2007

A era petista - por Arthur Chagas Diniz *

Tal como a repavimentação de 7.000 quilômetros de estradas realizada levianamente por Lulla ao fim do seu primeiro mandato, os governadores Jacques Wagner e Ana Júlia Carepa remendaram, o primeiro, o Estádio da Ponte Nova e a segunda, as cadeias estaduais do Pará. Os resultados já são conhecidos. A recuperação do estádio do Bahia, feita pelo governo estadual, terminou em 7 mortos e vários feridos. Agora Wagner vai demolir o estádio sem justificar os dispêndios efetuados na “recuperação” nem o porquê da queda da arquibancada. Ele não se acha responsável. Já Ana Júlia Carepa desconhecia a inexistência de prisões no Pará com instalações para mulheres. Demitiu o Secretário de Justiça, o delegado --- e vai demolir a prisão onde a menor foi presa e violentada.

Nos dois casos, embora os governadores petistas neguem, o Estado é responsável e deve ser acionado pelos prejudicados ou seus parentes. E no caso da reforma das rodovias feita por comando de Lulla “a toque de caixa”, quem é o responsável por acidentes ocorridos depois daquelas reformas?

A verdade é que o Estado, em seus diversos estamentos federal, estadual e municipal, não cumpre suas funções básicas de investir em equipamentos públicos – como estradas e cadeias, por exemplo – acreditando que a população, como de fato ocorre, não faz fé na velocidade da Justiça, especialmente quando o Estado é o responsável. Lulla, Carepa e Wagner são estampas da mesma moeda petista.

* Presidente do Instituto Liberal

2 de dez. de 2007

Não sou chegado a futebol...


Fico com a linda Corinthiana nem um pouco triste

Woody Allen e Deus



1 - Bem que Deus poderia me dar um sinal de que existe; por exemplo, depositando uma boa soma de dinheiro na minha conta bancária.

2 - Eu não sei se Deus existe. Mas, se existe, espero que tenha ma boa desculpa.

3 - Se de fato Deus existe, até que não seria ruim. Mas o pior que se poderia dizer dele é que, no fim das contas, teve pouco sucesso.

Surrupiado do Profº Orlando Tambosi

30 de nov. de 2007

Há duas opções:
a democracia ou um regime comuno-fascista

Leiam ainda:
Forças Armadas são o último bastião da luta democrática, também do Aluízio Amorim.

Quem acompanha os meus artigos aqui sabe perfeitamente que busco analisar o comentar os fatos a partir de uma ótica democrática e eminentemente liberal. Aqueles que pela primeira vez passam por aqui podem imaginar, à primeira vista, que se trata de escrevinhador que implica com Lula e o PT por puro preconceito ou que talvez esteja comprometido com os partidos oposicionistas. Mas isto é um tremendo engano.

Não teria nada contra Lula e seus sequazes, a não ser eventuais críticas pontuais, se eles governassem como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como Itamar Franco e até mesmo como José Sarney.

Sim. É isto mesmo, porque não consta que esses governantes tenham, em algum momento, insinuado projetos continuistas de estilo comuno-fascista.

Por incrível que pareça tornou-se uma heresia para o oficialismo ressaltar as qualidades do governo FHC. Mas perto do que faz o PT o governo passado é um exemplo de boa governança.

Tenho restrições quanto o governo de FHC. A primeira delas é exatamente o seu viés esquerdizante e antiliberal em que pese o fato de que tenha tomado algumas medidas para diminuir o tamanho do Estado.

Em contrapartida criou o programa bolsa-família e deixou, como herança maldita, a CPMF. Sim, foi o governo do PSDB que engendrou esses dois monstrengos acreditando ainda, como os esquerdóides, que o Estado pode tudo.

O PSDB sempre foi e continua sendo um partido titubeante e que sequer tem coragem de assumir e alardear aquilo que fez de melhor quando esteve no poder, que foi privatizar as telecomunicações, fato que permitiu a universalização da telefonia, antes um equipamento de uso restrito das classes média e alta.

Entretanto a boa governança de FHC reside, mais precisamente, num aspecto que o diferencia fundamentalmente do PT: o respeito às instituições democráticas. Em nenhum momento, ao longo de oito anos de mandato, FHC e seu partido jamais esboçaram qualquer tentativa de alterar o regime democrático ou turbar a alternância do poder.

Nunca postularam o democratismo, que significa usar as liberdades democráticas para mais adiante assestar contra elas um golpe mortal. Nunca armaram milícias paramilitares como o MST ou açularam os bate-paus de centrais sindicais, como faz o PT com a CUT. FHC também nunca quis calar a imprensa ou censurá-la e, muito menos, implantar uma emissora de TV estatal.

Os mais ingênuos e desavisados poderão colocar objeções à minha análise. Dirão que estou exagerando, vendo fantasma ao meio-dia. Ocorre que a realidade fala alto, mas é sufocada pela ação anestesiante do rolo compressor da propaganda oficial e pelo aparelhamento de todos os órgãos públicos e empresas estatais.

Já se levantam suspeitas de que até mesmo as Forças Armadas estariam sendo aparelhadas pelo petralhismo à força de seu esvaziamento no que respeita à alocação de recursos necessários a essa importante instituição democrática.

Sim. As Forças Armadas são instituições democráticas como são nos países civilizados, submetidas aos mandamentos constitucionais e não sujeitas aos caprichos dos governantes do momento.

Chega-se, portanto, ao final de 2007 com o país numa encruzilhada. Há dois caminhos a tomar: a defesa intransigente das instituições democráticas, o que requer uma atitude firme dos dois maiores partidos de oposição, o PSDB e o DEM; ou então aceitar placidamente que Lula e seus sequazes sigam os passos do tirano-bufão da Venezuela e consagrem o 3º mandato, implantando definitivamente no Brasil um regime comuno-fascista.

O primeiro passo para garantir a sobrevivência das instituições democráticas será derrotar a CPMF. Esta ação terá dois efeitos: um é técnico-burocrático destinado a aliviar a asfixiante carga tributária que atravanca o desenvolvimento; o outro, é simbólico, porquanto resgata a independência do Legislativo e sinaliza que a Nação rejeita, de forma peremptória, manobras continuistas e esquerdizantes e, ao mesmo tempo, bendiz as liberdades democráticas.

Entrevista com Brasilóide

por Marcelo Scotton no Diego Casagrande

Estava visitando meus pais em minha cidade natal. Lá, acontecia uma micareta. Ia atrás de sossego e ele fugia de mim. Acabei indo embora no mesmo dia em que cheguei. Antes de ir, consegui entrevistar um folião – identificado apenas como "Brasilóide" – que brincava o carnaval fora de época rua afora. Foi a maior aula de sociologia que já tive.

Eu: Você ama o Brasil?

Brasilóide: Eu amo esse meu Brasil brasileiro! Sou capaz de dizer isso mesmo diante de um traumatizante assalto a mão armada ou de um arrastão no Túnel Rebouças!

Eu: E por que você ama o Brasil?

Brasilóide: Simplesmente porque aqui é o melhor país do mundo! E é onde eu nasci! Temos carnaval, calor, o melhor futebol do mundo e somos penta!

Eu: Além destas grandes expressões culturais, o que mais o país tem de bom?

Brasilóide: Nossas mulheres são as mais bonitas do mundo. As estrangeiras são todas feias, azedas, frias e sem graça! Temos santo, vice-miss mundo e astronauta! Além disso, o Brasil é o país do futuro e Deus é brasileiro! Quer mais ou chega? É verde e amarelo, minha gente!

Eu: Presumo que como bom brasileiro, você odeia os americanos.

Brasilóide: Não é americano, é estadunidense! Americano é quem nasce na América! Odeio sim os Estados Unidos, esse país imperialista e capitalista que tem inegáveis interesses no nosso dinheiro e recursos naturais! O povo deles é manipulado pela mídia! Nós brasileiros sim, sabemos da verdade, não somos enganados! Somos malandros, irreverentes e espertos!

Eu: Espertos? Você lê jornal? Sabe que somos um dos países mais corruptos do mundo, piorando a cada ano?

Brasilóide: Não leio jornal, ler é chato e me dá sono. Mas vejo Jornal Nacional! Podemos até ser abusados pelos políticos, mas levamos no maior bom humor e sambando. Onde você encontra um povo assim, me diz? E se quer saber, temos uma política evoluída graças ao voto eletrônico e ao nosso pai dos pobres, o Lula, em quem votei!

Eu: Você sabia que a violência urbana no Brasil mata muito, muito mais anualmente do que a guerra do Iraque, por exemplo?

Brasilóide: Não sabia, mas violência tem em todo lugar. Porque não aqui? Pelo menos não temos terremoto, terrorismo, Bin Laden, nem tsunami!

Eu: Sua ignorância é chocante. Se você não lê e não se informa, então o que faz da vida? Estuda, trabalha ou só faz hora extra no mundo?

Brasilóide: Não gosto de trabalhar e sempre matei muita aula. Gosto mesmo é de zoar com os amigos e beber, beber muito! Jogo bola bem como todo brasileiro! Durmo muito, umas 12 horas por dia! E no domingo fico ligado na TV o dia todo, adoro BBB, Faustão e Galvão Bueno!

Eu: Me diga o que você achou do filme "Tropa de Elite".

Brasilóide: O cinema nacional é sem dúvida o melhor do mundo, de longe! Não tem para Hollywood. Mas não vi esse filme pois me falaram para eu não ver, porque o filme é de direita! Odeio o capitalismo, que é coisa de direita! Amo Che Guevara, Cuba, comunismo, socialismo e tudo que vai contra o imperialismo estadunidense!

Eu: Quero publicar essa entrevista em um jornal e em um blog. Posso?

Brasilóide: Claro que pode! Eu não vou ler mesmo!
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Um país de Débis e Lóides

Sobre a extraordinária síntese do Supremo Apedeuta


Em visita às favelas da zona sul do Rio de Janeiro, o Supremo Apedeuta foi rápido no sofisma: "

Ouviu o galo cantar mas não sabe onde. Não é que pobre na favela seja vergonha. Pobreza é vergonha em qualquer parte do mundo. Além disto, as favelas ostentam uma vergonha a mais, a de serem territórios livres para o tráfico. De constituírem verdadeiros Estados dentro do Estado, sobre os quais não mais se exerce a autoridade do governo central. Nem mesmo do governo estadual e muito menos do governo municipal.

Brasileiro que um dia passou pela Costa Amalfitana tem uma estranha sensação de déjà-vu. Cidades como Positano, Amalfi, Ravelo, belíssimas e de alto padrão de vida, têm a mesma estrutura vertical de nossas favelas. Com uma diferença: lá só mora quem é rico. Serão certamente as mais caras cidades da Itália. Não é que rico seja chique quando mora no morro. Ser rico é ser chique. Seja no morro, seja no asfalto.

Em seu português arrevesado, continuou o Apedeuta: "Houve um tempo em que favela era uma coisa poética. Quem não lembra da Saudosa Maloca? Quem não lembra de Barracão de Zinco. Mas, hoje, favela, embora more uma maioria de pessoas honestas e trabalhadores, pelas dificuldades geográficas e pela degradação, a gente percebe que as favelas mais violentas são reprodutoras de mais violência, de jovens que não têm oportunidade".

Não disse água sobre o grande drama das favelas, o das drogas. Não é que a favela fosse poética nos tempos da Saudosa Maloca. Por um lado, o morro não estava tomado pelas drogas. Por outro, no mundo das artes nunca faltou quem gostasse de poetizar a miséria. Quem cantava as virtudes do barracão de zinco nunca morou em um barracão de zinco.

Lula tem uma grande virtude, a capacidade de síntese. Em pequenas frases, consegue sintetizar uma montanha de bobagens. Isso não é para qualquer um.

Caras emoções baratas

por Nelson Motta, na Folha de S. Paulo - Diego Casagrande


Por onde andam Darci Vedoin e seus amigos das ambulâncias? E Zuleido Veras, sumiu com seu iate na baía de Todos os Santos? E o pobre Freud Godói, que, mesmo inocente, teve que pedir para sair? E Waldomiro Diniz, réu confesso e ícone histórico do clePTopetismo? Onde andará churrascando Lorenzetti? Eles não telefonam, não escrevem, não dão notícias, já estamos todos com saudades de suas peraltices.

Este é o pior efeito colateral do épico pornopolítico de Renan Calheiros, que, durante meses, sugou todas as atenções para si, deixando na sombra e no esquecimento os escândalos anteriores. Agora que a novela está próxima do desfecho e, como vem acontecendo ultimamente, o vilão será perdoado, o público aguarda ansioso pelo novo escândalo. Já não conseguimos viver sem eles, estamos dependentes dessas emoções baratas, inebriados pelas ilusões de que os crimes estão sendo descobertos e está sendo feita justiça, acreditando nos paraísos artificiais em que os criminosos, especialmente os políticos, são presos e o dinheiro é devolvido.

Os militantes profissionais salivam na internet na expectativa de revelações, ou mesmo de mentiras, que levem os adversários ao pelourinho; a mídia corre atrás de carne fresca para o público ávido de sangue e de vingança; os políticos atingidos multiplicam os seus dossiês contra adversários, e até contra correligionários, para desviar o foco, em busca do esquecimento e da impunidade.

A guerra de lama está virando esporte nacional em nossos dias. Emporcalhados, chafurdando no lodaçal da ideologia, os combatentes só conseguem dizer: "foi ele que começou" ou "ele roubou e mentiu mais do que eu". Mas, no final, como sempre na história deste país, uma mão suja a outra, e salvam-se todos.

29 de nov. de 2007

Brasil está entre piores em Educação no mundo

O Brasil supera apenas Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão em uma lista da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que avaliou o nível de educação de ciências para estudantes de 15 anos em 57 países. A organização testou os conhecimentos de aproximadamente 400 mil adolescentes em nações que são responsáveis por 90% da economia global.

Além das noções de ciências, o teste verificou a capacidade de leitura e de matemática, e como os estudantes utilizavam esse conhecimento para resolver problemas cotidianos. Os finlandeses obtiveram os melhores resultados, seguidos pelos jovens de Hong Kong e do Canadá.

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É a "Criatividade" em excesso.

28 de nov. de 2007

Deus Salve o PCC


“Tenho vergonha dos políticos brasileiros” diz o adesivo nos carros. Mas quem os elege? Melhor culpar o outro. Pensamento simplista e chinfrim que favorece o pilantra. Elegeu o corrupto? Ladrão? Mentiroso? Quadrilheiro? Cadeia! Mas, no máximo, o criminoso ameaça seus desavergonhados companheiros de denunciar seus delitos ou renuncia para se reeleger.

Para aprovar a CPMF na Câmara, imposto que Lula e o PT nunca se envergonharam de negar na era FHC, já foram liberados, por enquanto, R$ 514,3 milhões. Lula - que à época do mensalão via traição no PT, mas que hoje defende a legenda como a mais ética do Brasil! –, além de dar apoio a Renan Calheiros, denunciou a “morte anunciada do transporte aéreo” em 2002. Em 2007, após sete ultimatos com dia e hora marcados para o término do caos aéreo, declarou, sem vergonha, que fora pego de “surpresa” sobre o vergonhoso assunto. Mentiu em 2007 ou em 2002?

Na pesquisa do Ibope Opinião, 75% dos brasileiros “admitem ser capazes de cometer irregularidades em cargos públicos”. Mais: ligação de luz clandestina, suborno ao guarda, pirataria, sonegação e falsificação de documentos são alguns vergonhosos exemplos do dia-a-dia. Resultado: a “força do povo” reelegeu o traído e seus traidores mensaleiros Valdemar Costa Neto, Antônio Palocci, José Genoíno, João Paulo Cunha, Pedro Henry e Paulo Rocha.

Como mudar o Brasil dos 87% de jovens que aceitam a vergonha da corrupção? Entre os 50 anos ou mais, o índice baixa para 60%. Os canalhas também envelhecem. Pior: mais anos na escola, maior a tolerância com a desonra política. Os desavergonhados com nível superior são 85%; os de até a 4ª série são 62%.

Isso mostra que educação, apesar de importantíssima, não é tudo. Caráter acima de tudo! Mas esse caráter é o pregado por 30 anos pelo PT? É o do PSDB mensaleiro? É o que se acaba quando o pobre vê a chance de enriquecer desonestamente? O caráter dos partidos políticos? Sugiro outro partido: Partido do Caráter de Cristo (PCC). Cristo mostrou seu caráter ao não se envergonhar em desafiar e apontar os erros dos políticos, religiosos, falsos profetas, traidores do povo e toda a sorte de pilantras da época. Cristo é a verdade, o bem, o caráter exemplar, advertiu sobre o pecado, rechaçou a hipocrisia, combateu a desumanidade, a corrupção, assistiu aos necessitados e ensinou a vontade do Pai: retidão e amor ao próximo.

Deus salve o PCC!

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...A meu ver, 99% dos funcionários públicos são corruptos. Em alguns órgãos - Ibama, por exemplo -, chega-se a 110%.

Os patifes das Zaméricas

por Adriana Vandoni do Argumento & Prosa

Evo Morales chegou ao poder na Bolívia anunciando pagar uma "dívida histórica" com os povos de origem indígena, como ele. Tudo certo se para alcançar a presidência ele não tivesse pregado, no lugar de oportunidades iguais aos povos desiguais, um confronto entre um e outro. Ao estilo esquerdopata patife que quer estabelecer o caos para estabelecer sua primazia. Esse pensamento anódino é recorrente na esquerda latina, aquela que quando chega ao poder, chega com o objetivo de extravasar todo seu rancor e recalque. Esse modelo que reúne populismos, autoritarismo, uma dose de demência e muito, mas muito cinismo, não deu certo em nenhum lugar do mundo. Mas esta nova geração de esquerdinhas aprendizes de déspotas latino-americanos, parece que não ter percebido que são projetos falidos.

Na Bolívia está iniciando um confronte de classes. Para se proteger e por não confiar no exército boliviano, Evo Morales convocou sua própria milícia, o Ponchos Vermelhos. Um grupo formado por índios aymaras radicais (mesma origem de Evo), cerca de 100 mil homens, segundo seus dirigentes, que de tão primitivos, na semana passada, durante uma assembléia no planalto andino (com a participação de outros grupos milicianos pró-Evo), realizaram um ritual onde degolaram dois cachorros, como uma amostra aos opositores de Evo do que eles são capazes de fazer. Edgar Patana, dirigente da Central Operária Regional de El Alto, anunciou que "começou a batalha decisiva, a última que esperava o povo".

Morales não só legitimou esse grupo miliciano antes ilegal, como concedeu a ele status militar e comparou a missão do grupo à do exército boliviano. O ato aconteceu em janeiro, durante a comemoração do primeiro ano de Evo Morales na presidência, quando o grupo Ponchos Vermelhos, desfilou pelas ruas de La Paz empunhando fuzis. Foi sob as ordens de Morales que o Ponchos Vermelhos marcharam na semana passada até Sucre, capital oficial da Bolívia, para defender a Constituinte. O confronto matou quatro jovens.

A situação que Evo Morales e o seu partido MAS está criando na Bolívia fere de morte a democracia, por outro lado atende exatamente aos projetos expansionistas do "patife mor das Zaméricas", Hugo Chávez.

Perceba que existe uma simetria nos discursos dos neo patifes. Evo não faz um só discurso sem que jogue toda a culpa da miséria de alguns nas costas dos "fazendeiros", que são contra as alterações na constituição por serem contra o povo indígena oprimido, ou seja, querem continuar explorando o povo boliviano, esse é o discurso de Evo. Ao mesmo estilo, aqui Lula diz retoricamente que "rico não gosta de ver pobre melhorando de vida".

Chávez conquistou o direito de permanecer no poder. Evo propôs isso na sua nova Constituição. Lula está armando seu 3º mandato e só não conseguirá se não quiser.

Agora vamos perceber a movimentação do "patife mor das Zaméricas". Na Bolívia, existe a suspeita de que Chávez tenha financiado a modernização do armamento de grupos paramilitares. No ano passado Evo e Chávez assinaram um acordo autorizando, caso haja confronto na Bolívia, que Chávez faça uma intervenção no país. Na Colômbia este desequilibrado estava tentando uma manobra para se aproximar das FARC com a desculpa de intermediar a libertação de seqüestrados. Lá o presidente Uribe o colocou para correr. Disse de forma certeira o que muitos já perceberam, que enquanto Chávez fala de imperialismo americano, suas pegadas mostram que ele deseja expandir o território venezuelano, e usa discursos e ideologias para conquistar o seu objetivo. No Brasil o "patife mor das Zaméricas" costuma manter contato direto com João Pedro Stedile, que comanda uma organização clandestina, pois o MST não existe juridicamente. Chávez entra e sai do Brasil sem ser anunciado como chefe de estado, apenas para se reunir com o MST.

E assim a América Latina perde mais uma oportunidade de se desenvolver, atrapalhada mais uma vez pela recorrência de déspotas de mierda, só que agora de esquerda. Enquanto o mundo se moderniza e discute assuntos relacionados ao seu desenvolvimento, nossos "chefes latinos" ainda discursam sobre luta de classes, um discurso de um século atrás, e que ainda existe apenas nas cabeças desses fascistas. É, o continente asiático já sentiu na prática e na pele o que é o socialismo, e nem de longe vemos que o desejam de volta. Quem sabe é a hora da América Latina sentir o peso real do socialismo. Na Ásia, só na China 70 milhões de pessoas perderam suas vidas, quantos morreriam na América Latina?

E assim começa a nascer a nova "ditadura democrática" na América Latina, banhada de sangue e liderada por esses patifes.

Resposta a um jovem iludido

JOSÉ PIO MARTINS* - Instituto Liberal

Qualquer pessoa tem direito às suas próprias opiniões, mas não aos seus próprios fatos.

Foi assim que comecei a resposta a um jovem que dissera estar eu enganado sobre Ernesto “Che” Guevara. A reação do indignado jovem veio a propósito de artigo que publiquei na Gazeta do Povo em 14/12/2006, sob o título “O Triste Fim dos Carniceiros”. O jovem se indignara porque, segundo ele sabia, “Che” não teria comandado execuções de opositores e, portanto, ele não poderia ser igualado a ditadores sanguinários.

Reafirmei que Guevara foi membro da alta direção do governo de Fidel, após a tomada do poder pela revolução cubana e a deposição de Fulgêncio Batista, e que, de temperamento agressivo e sem habilidade política, logo no início do governo ele comandou, pessoalmente, a execução de aliados do antigo governo. Guevara ocuparia, posteriormente, a presidência do Banco Nacional e o Ministério das Indústrias e, para tristeza do “menino”, asseverei que “Che” foi, sim, sócio do “paredón”, nome dado às filas de pessoas que eram fuziladas e caíam para trás nas valas abertas onde eram enterradas.

De qualquer forma, esse jovem está apenas imitando artistas e intelectuais brasileiros que, estranhamente, se diziam contra ditaduras e torturas, mas bajulavam e visitavam Fidel Castro regularmente. É como afirmei no meu artigo: essas pessoas não agem em função de um princípio, qual seja o de serem contra ditadores e seus extermínios; eles são contra ditadores de direita, enquanto amam ditadores de esquerda, não importa se estes torturam e matam. Aquele que é defensor da liberdade e dos direitos individuais, o verdadeiro liberal, deve ser contra qualquer ditadura e qualquer ditador. É uma questão de valores e de princípio; não há meio termo.

Nunca entendi por que um juiz espanhol resolveu processar apenas Pinochet, enquanto há enorme tolerância mundial com carniceiros de esquerda como o próprio Fidel Castro e Kim Jong II da Coréia do Norte, para ficar em apenas dois. Todos deveriam ser submetidos à mesma regra. O planeta vive dias dramáticos. A ONU acaba de divulgar um relatório mostrando que o aquecimento global é muito pior do que se pensava e que, a continuar nesse ritmo, a humanidade corre sério risco de praticamente desaparecer em um século. Em termos de história, um século é um instante; não é nada.

Ninguém mais tem o direito de isolar-se do mundo, ignorar os problemas ambientais ou exercer o direito de atentar contra a vida humana por questões políticas. Esses ditadores fecham seus regimes, sonegam informações, poluem a natureza, rejeitam a integração internacional, matam seus opositores e não dão a mínima importância para o fato de seu país ser um pedaço do planeta Terra, que está pedindo para ser salvo, para que a raça humana sobreviva. Os tiranetes de quinta categoria, sejam de direita ou de esquerda, precisam acabar mal, para desencorajar aventuras similares. Aqui na América do Sul estamos assistindo um retrocesso lamentável em três países: Venezuela, Bolívia e Equador. Embora ainda não tenham começado a exterminar seus opositores, certamente o farão caso continuem por muito tempo no poder com suas mentes insanas e suas agressões à liberdade.

Sugeri ao jovem desiludido e desapontado que estude e se informe, para não ir na “onda” nem tomar como verdadeiras versões que ele nem sabe como chegaram à sua mente. O jovem me disse que tinha Guevara como um herói romântico, sensível, amante da liberdade, respeitador dos direitos humanos e preocupado com os problemas sociais. Talvez ele apenas tenha sido iludido por uma propaganda subliminar, que trata certos ditadores tidos como de esquerda como sendo bons moços humanitários, apenas porque travestem seus extermínios como sendo necessários para implantar um regime preocupado em erradicar a miséria e a pobreza. Nada mais falso e tolo.

* Professor de economia, vice-reitor do Centro Universitário Positivo – UnicenP
pio@unicenp.edu.br
Tel.: (41) 3317-3010.
Fax: (41) 3317-3030