31/08/2006 13:01
31 de ago. de 2006
Pinguços não podem ser demitidos - do CH
31/08/2006 13:01
Palhaçada ao quadrado - por Olavo de Carvalho
© 2006 MidiaSemMascara.org
Não entendo por que tantas pessoas se escandalizaram com as coisas que Luis Carlos Barreto, Paulo Betti, José de Abreu e outros que tais disseram, numa festinha do ministro Gil, em louvor de mensalões e mensaleiros.
Desde logo, o que quer que esses sujeitos digam tem o peso cultural de uma descarga de gases intestinais. Não há entre eles um só intelectual de verdade, um só homem de estudos cuja opinião mereça ser ouvida. São todos semiletrados, bobos, provincianos e desesperadoramente irrelevantes (o único que tinha alguma inteligência, Ariano Suassuna, está completamente gagá). Em segundo lugar, são todos comedores vorazes de verbas estatais, e não poderiam senão admirar e invejar os que conseguiram ingerir quantidades dessa substância ainda maiores, talvez, do que aquelas que eles próprios absorveram (o sr. Barreto, aliás, desde os tempos da ditadura).
Em terceiro, não creio que sua atitude seja substantivamente pior que a daqueles que, tendo impingido à Nação a mentira estúpida da santidade do PT, de repente saem com um discurso antipetista no mesmo tom de pureza moral e autoridade infalível, sem ao menos pedir desculpas pela enormidade do mal que fizeram. Talvez os Barretos e Bettis sejam até um pouco mais respeitáveis, no sentido de que são maquiavelistas assumidos, adeptos confessos do crime bem sucedido, como o foram Marx, Lênin, Stálin, Che Guevara e Carlos Lamarca. Como julgar, por exemplo, um João Ubaldo Ribeiro, que num dia choraminga no túmulo de suas esperanças lulistas perdidas, e no dia seguinte trata de se fazer de bom menino ante o alto escalão do PT, assinando um manifesto contra o fim da ditadura comunista em Cuba? Guardadas as devidas proporções, os Bettis estão para os Ubaldos como o sr. Marcola está para o dr. Márcio Thomaz Bastos. Entre o cinismo e a hipocrisia, qual a virtude mais admirável? Entre les deux, mon coeur balance .
Resta, por fim, analisar a conduta dos comensais do sr. Gil como expressão local, exageradamente caricatural, portanto, da debacle geral da intelectualidade esquerdista no mundo. Trinta ou quarenta anos atrás, havia um Jean-Paul Sartre, um Lucien Goldmann, um Herbert Marcuse. Eram picaretas, mentirosos e farsantes como todos os intelectuais de esquerda, mas tinham algum talento, alguma substância. Hoje em dia os esquerdistas mais inteligentes que sobraram são Slavoj Zizek, Antonio Negri e István Mészáros (excluo Noam Chomsky, cujos livros políticos são apenas propaganda enganosa, sem elaboração intelectual por mais mínima que seja). Nenhum deles suportaria dez minutos de debate com o mais humilde discípulo de Leo Strauss, Eric Voegelin, Thomas Sowell ou Roger Scruton (por isso mesmo têm a prudência de só discutir entre si, guardando distância dos conservadores). A média dos intelectuais esquerdistas na Europa e nos EUA está na altura de Michael Moore ou Al Franken. Para fazer picadinho deles não é preciso um filósofo. Ann Coulter e Rush Limbaugh dão conta do recado.
Com alimento importado tão escasso, não é de espantar que a esquerda falante brasileira descesse de Caio Prado Júnior a Emir Sader, de Álvaro Lins a Gilberto Felisberto de Vasconcelos e de Glauber Rocha a Gilberto Gil. Esses sobreviventes são casos desesperados de raquitismo intelectual, mas os Bettis e Barretos, como discípulos deles, estão em estado ainda mais alarmante.
O próprio Gil, chamado certa vez por José Guilherme Merquior de “pseudo-intelectual de miolo mole” junto com Caetano Veloso, disse que, aplicado a Caetano, o rótulo era “quase injusto”, subentendendo que no seu próprio caso era de uma exatidão impecável. Prestadores de homenagens a um pseudo-intelectual de miolo mole são aspirantes a pseudo-intelectuais de miolo mole. São caricaturas de uma caricatura. Escandalizar-se com o que disseram é esperar que representassem com alguma dignidade o papel de intelectuais. Mas ninguém pode representar com dignidade uma palhaçada em segunda potência.
30 de ago. de 2006
Jefferson Péres renuncia à vida pública e critica o povo
- Estamos aqui no faz-de-conta. Como disse o Ministro Marco Aurélio (presidente do Tribunal Superior Eleitoral), este é o país do faz-de-conta. Estamos fingindo que fazemos uma sessão do Senado, estamos em casa sem trabalhar. Estou em Manaus há quase um mês recebendo sem fazer nada para o Congresso Nacional.
- Como se ter animação em um país como este com um presidente que, até poucas semanas atrás, até poucos meses atrás, era sabidamente – como o é – um presidente conivente com um dos piores escândalos de corrupção que já aconteceu neste país e este presidente está marchando para ser eleito talvez em primeiro turno?
- É desinformação da população? Não, não é. Se fizermos uma enquete em qualquer lugar deste país, todos concordarão ou a grande maioria que o presidente sabia de tudo; então votam nele sabendo que ele sabia. A crise ética não é só da classe política, não, parece que ela atinge grande parte da sociedade brasileira.
- Ele vai voltar porque o povo quer que ele volte. A democracia é isso. Curvo-me à vontade popular, mas inconformado. Esta será uma das eleições mais decepcionantes da minha vida. É a declaração pública, solene, histórica do povo brasileiro de que desvios éticos por parte de governantes não têm mais importância
- (...) Vou continuar protestando sempre, cumprindo o meu dever. Isso não seria justificativa para dizer que não vou fazer mais nada. Vou cumprir rigorosamente o meu dever neste Senado até o último dia de mandato, mas para cá não quero mais voltar, não.
- Um país que tem um Congresso desse, que tem uma classe política dessa, que tem um povo desse. Senador Antonio Carlos Magalhães, dizem que político não deve falar mal do povo. Eu falo, eu falo. Parte da população que compactua com isso, é lamentável. E que sabe, não é por desinformação, não. E que não é só o povão, não, é parte da elite, inclusive intelectuais.
- Compactuam com isso é porque são iguais, se não piores. Vou continuar nessa vida pública? Para quê?, Senador Antonio Carlos Magalhães, que é um pouco mais velho do que eu e vai continuar ainda. Mas, para mim, chega.
Perigosa Segregação - por Rodrigo Constantino
Em Política, Aristóteles levantou diversos riscos da democracia, e percebeu também que esses riscos seriam mitigados em uma sociedade com grande classe mediana, sem muita desigualdade, e mais educada. Ele lembrou que “em toda parte onde uns têm demais e outros nada, segue-se necessariamente que haja ou democracia exacerbada, ou violenta oligarquia, ou então tirania, pelo excesso de uma ou de outra”. Portanto, os riscos da democracia são ainda maiores nas sociedades muito desiguais, posto que a massa fica ainda mais suscetível à manipulação dos demagogos, que concentram poder quase ditatorial.
Infelizmente, o Brasil parece estar caminhando rapidamente para este cenário. Com uma carga tributária beirando os 40% do PIB e uma burocracia asfixiante, é a classe média que paga o grosso da conta, pois não dispõe de mecanismos para fuga. Os muito pobres nada têm para entregar, e os muito ricos acabam locupletando-se com os políticos poderosos. O modelo estatal hipertrofiado tem segregado o povo brasileiro, praticamente condenando a classe média à extinção. Trata-se de um perigoso quadro, favorável para radicais revolucionários, tais como o MST. Para reverter essa perigosa segregação, só mesmo reduzindo drasticamente o maior concentrador injusto de renda: o Estado. Caso contrário, o pouco que restou da classe média poderá sentir saudades até de Lula um dia, quando Pedro Stédile lograr a tomada do poder...
A Consagração da Merda - por Clóvis Rossi, na Folha de SP
Uma semana depois, Lula repete, menos grosso, mas rigorosamente com o mesmo sentido: "Política a gente faz com o que a gente tem. Não com o que a gente quer". E, em seguida: "Maioria a gente constrói pelo que a gente tem ao nosso lado.
Não pelo que a gente pensa que tem. Esse é o jogo real da política que precisou ser feito em quatro anos para que chegássemos a uma situação altamente confortável".
Não é que seja novidade ou surpresa. Novidade é o fato de que quem se dizia monopolista da ética agora assume gostosamente a mais cínica versão do que é política.
De quebra, desconstrói as versões anteriores, a da "conspiração das elites" e a do "fui traído", que todo mundo sabia que eram ficções, mas que foram sustentadas ao longo de toda a crise. Não houve traição, confessa agora Lula. Houve "o jogo real da política que precisou ser feito". Leia-se: o mensalão (para não falar em outras atividades, tipo sanguessugas, que também envolvem figuras graúdas do lulo-petismo).
Compare-se o Lula de hoje com o Lula do seguinte trecho de seu discurso de posse: "O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes do meu governo. É preciso enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida brasileira".
Pronto, está demonstrado o estelionato eleitoral praticado em 2002. Vai-se repetir agora, ao que tudo indica, mas já não como estelionato. O eleitor está informado que o presidente botou a mão na merda. Mas não se importa.
29 de ago. de 2006
Que os deuses nos dêem um Katrina
Mas, livrem-nos das Pragas da Corrupção Deslavada e do Petralhismo.
O Petralhismo não é obra só dos Clepto Stalinistas. É fruto de todo um conjunto "cultural" que tem crescido no país há decadas, mais visível na Lei de Gérson e no Jeitinho Brasileiro.
Jader Barbalho, Quércia, Newtão, Sarney e outras centenas de milhares, eram do PT quando começaram a assaltar o país?Ervas daninhas florescem melhor em terrreno já adubado.
Intelectuais contra o país e o povo, contra a Democracia? Gosto dessa raça não.
É propriamente surpreendente o manifesto de 213 intelectuais de apoio a Lula, não fosse o fato de serem reincidentes no apoio indiscriminado ao PT. Trata-se, na verdade, de intelectuais a serviço da “causa” socialista, encobrindo qualquer “erro”, “falta”, “deslize”, “corrupção” ou “crime” em nome da máxima: “os fins justificam os meios”. O que caracteriza a sua ação não é o que deveria ser a função primeira dos intelectuais, a busca da verdade, mas a justificativa de qualquer ação de seu partido ou de seu líder. A moralidade é, assim, relativizada em proveito daquilo que a direção partidária e o seu líder maior consideram como sendo o “bem”, no caso, a corrupção leninista como sendo esse “bem maior”. São os traidores da verdade.
O PT e seus intelectuais, antanho, em época que hoje parece remota embora seja próxima temporalmente, se diziam “puros”, os autênticos representantes da ética na política. Graças a esse produto que conseguiram vender para a população brasileira, conquistaram a sua simpatia, capturaram progressivamente mais votos e chegaram à presidência da república. E digo bem vender a idéia como se vende um produto qualquer, com a especificidade que os vendedores não acreditavam minimamente em seu produto, na verdade, uma mercadoria política usada simplesmente para a conquista do poder.
Acontece que a mercadoria em questão foi comprada por seu valor de face, pois toda a sociedade passou a acreditar em que a sua validade seria perene. À sua luz, outros partidos foram julgados – e condenados -, pois a sua ação não se inscrevia naquilo que os puros consideravam como sendo o bem. Uma parte considerável da intelectualidade brasileira começou a navegar nessas águas, tendo como piloto um partido que encarnava o que deveria ser uma sociedade perfeita. Começaram, ao mesmo tempo, a perder a sua capacidade de julgar, a independência do pensamento, tornando-se meros servos desses novos senhores. O stalinismo era objeto de crítica quase unânime, mas nem essa crítica era verdadeira, pois somente velava um comportamento dogmático, também ele baseado no marxismo vulgar, o mesmo que continua orientando a manifestação dos artistas e, agora, esse manifesto de servo-intelectuais.
O seu exemplo mais acabado é a dita filósofa Marilena Chauí, a que não cansa de repetir que Lula seria meramente objeto de “preconceitos de classe” ou, em outras manifestações, de uma armação da “direita” ou das “elites”. O silêncio dos intelectuais se torna o silêncio diante da corrupção e dos crimes que têm caracterizado esses quatros anos de governo Lula e de hegemonia petista. A cúpula do governo foi dizimada, os auxiliares mais diretos do Presidente foram obrigados a renunciar pelo acúmulo de denúncias contra eles, sendo o caso paradigmático o do ex-Ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu, que teve seu mandato cassado e foi denunciado pelo Procurador-Geral da República como o chefe de uma “sofisticada quadrilha”. O que diz a intelectual petista? Nada. O silêncio mais vergonhoso. A cúpula petista renúncia na maior crise partidária, decorrente do desvio de recursos públicos, da formação de quadrilha, de assalto ao Estado, numa espantosa sucessão de fatos, que deixaria qualquer um, pelo menos, corado. O que diz a intelectual petista? Nada. O silêncio mais sepulcral. Se algo é dito, a culpa, evidentemente, é do “capitalismo”! Um monstro tão assombroso que conseguiu inclusive devorar as belas almas desses militantes partidários e desses servo-intelectuais.
Jamais a república tinha visto tal sucessão de fatos escabrosos a serviço de um partido que não hesita diante de nenhum meio. Não se trata, evidentemente, de dizer que a corrupção não existia antes, o que seria um completo contra-senso. Trata-se, somente, de ressaltar o caráter específico dessa nova forma de corrupção, a serviço de um projeto partidário, que considera o Estado algo a ser apropriado por eles. Um Estado aparelhado e posto a serviço de uma ideologia autoritária, senão, no extremo, totalitária. Se antes os ladrões e corruptos, pegos, tinham vergonha ou aparentavam tê-la pelo uso privado que faziam dos recursos públicos, o caso, agora, muda de figura, pois os corruptos crêem que bem fizeram, visto que seguiram os cânones partidários. E para que esses corruptos-militantes não fiquem sós, na solidão de uma culpa que poderia eventualmente aparecer, os seus companheiros-intelectuais surgem em seu auxílio: crimes não são crimes, mas atos que servem à causa. Os críticos, os que defendem a moralidade pública, são representantes de uma direita que unicamente age segundo “preconceitos de classe”. Viva o dogma, viva a servidão!
Reproduzido do Diego Casagrande
Leia ainda:
A Verborragia dos Intelectuais, do Rodrigo Constantino
Verborragia Imbecil, do Duplipensar.Net
Descoberta, afinal, a utilidade dos intelectuais
29.08, 14h35
Blog do Josias de Souza
Descobriu-se, finalmente, para que servem os intelectuais: eles são as lavadeiras da República, os faxineiros da realpolitik. Dedicam-se a limpar a biografia de governantes que, no dizer casual-escatológico de Paulo Betti, viram-se forçados a “botar a mão na merda”.
No encontro que manteve com a intelectualidade simpática ao petismo, Lula disse que fez “o jogo real da política”. Deu a entender que não teve alternativas: "Política a gente faz com quem a gente tem, não com quem a gente a gente quer".
Revelou-se um adepto da linha Wagner Tiso. “O PT fez o que tinha que fazer para governar”, regera o maestro na semana passada. Lula seguiu os movimentos da batuta: "Esse é o jogo real da política e precisou ser feito por quatro anos para que nós pudéssemos chegar hoje numa situação altamente confortável do ponto de vista econômico, político e social".
O fato é que, a despeito do cocô, das más companhias e do jogo bruto, os intelectuais limparam toda réstia de nódoa que ainda pudesse haver no prontuário da era Lula. Lavaram, engomaram e passaram a ferro os escândalos. De quebra, emitiram certificado de garantia à ética petista válido por pelo menos mais quatro anos. Num manifesto no qual se penduraram 213 assinaturas, a intelectualidade reclama apoio a Lula.
O texto faz menção a "recentes escândalos”. Faz uma concessão às “perplexidades" que despertaram. Mas driblam o mal-estar elogiando a PF e a CGU. De resto, apelam ao povo ignaro: "As próximas eleições, que não se reduzem ao nível federal, poderão, através do voto, afastar políticos corruptos, tarefa difícil, porém indispensável", diz o texto.
Lula, evidentemente, não tem nada a ver com coisa nenhuma. Antes, não tomara conhecimento do mensalão. Agora, suspeita até que tudo não tenha passado de uma lenda. É uma petulância imaginar que o presidente poderia ter sido ao menos omisso. Para a protopetista Marilena Chuaí, críticas a Lula soam a "preconceito de classe". O PT, diz ela, "sabe o que ética na política. Por isso pode enfrentar de cabeça erguida as acusações de corrupção".
Mudam os faxineiros, mas o sabão é sempre o mesmo. Nos dias que correm, recorre-se à beira do tanque metafórico da intelectualidade ao mesmo tipo de sabão usado há bem pouco, por exemplo, por José Arthur Giannotti. Também ele justificou, sob espuma retórica, as incursões do amigo FHC pelo universo da amoralidade.
fonte: Diego Casagrande
O Aperto - por Ralph J. Hofmann
Ao emergir dessa etapa de trabalho mais do que intenso estou entrando em mais um dia de tensão. Tensão que ocorre por cortesia de atitudes irracionais que se estendem por vários governos.
Hoje um de meus filhos, voa para a Europa. Faz parte de uma equipe conjunta Italo-Brasileira que fornecerá apoio científico a um aspecto de um projeto numa universidade. Está partindo com uma semana de antecedência. Esperamos que esse tempo seja o suficiente para que possa passar de Florianópolis a Guarulhos a Schiphol a Roma e a Ancona. Sua passagem custou quase o dobro do que custaria, em Euros, doze meses atrás. E, no que diz respeito ao lado brasileiro nosso outrora eficaz, até pioneiro sistema de reservas e transportes virou uma terra de ninguém com minas terrestres por explodir.
A minha paranóia está a mil. Primeiro o governo Sarney congelou em Merrecas (não me lembro qual a moeda em 1986) o preço das passagens em aviões cujas peças, combustíveis, arrendamentos e outros componentes de custo eram em dólares. Por favor lembrem-se que o Sarney hoje é comensal à mesa do PT.
Surgiram imensos rombos nas finanças aéreas. Alguma s já tinham problemas, mas esse rombo em particular é daqueles que classifico como uma MP negando a "Lei da Gravidade".
Governos posteriores foram processados para a recuperação do rombo. As companhias aéreas ganharam mas não levaram. O governo brasileiro nunca se detém para considerar se está fazendo um bem ou um mal ao contestar uma condenação de ressarcimento a uma empresa. Deve ser o maior empregador de advogados do planeta. O justo que se dane. No Brasil as repartições públicas abrigam cigarras, nunca formigas. Àquelas repartições geridas e operadas por formigas meus pedidos de excursas.
Mas passamos os últimos anos sendo bombardeados com informações sobre o mérito comparativo das empresas novas do mercado aeroviário. Soubemos de sua competência que lhes permitiria cobrar menos que a Varig. Beleza! Macanudo!
Mas finalmente a Varig está reduzida a uma escala muito menor. Os aviões dela fora do ar os assentos estão fazendo falta. A autoridade encarregada da aviação civil e outras autoridades governamentais não se permitiram fazer projeções das conseqüências.
E as novas empresas aéreas de repente elevaram os preços. Hummm??!!! O CADE vai fazer alguma coisa? a Defesa ao Consumidor? Há perfume de "Fleur de Maracutaiah" no ar? Primeiro se reduz os preços. O concorrente fica pelo caminho. Depois se aumenta os preços.
E as multidões esperando no saguão do aeroporto continuam crescendo.
Um brinde à Itapemirim, Penha, Pluma e outras empresas de ônibus com sua linda frota de ônibus novos!
O sistema político brasileiro está esgotado - por Nilson Borges Filho (*)
Ocorre que, de todas as especulações, a que mais incide de forma preocupante sobre o sistema político e a democracia brasileira é a de que Lula da Silva, num eventual segundo mandato, não obterá maioria parlamentar, já que os partidos da base governista serão os mais prejudicados com a falta de votos. A insistência em contar com o apoio do PMDB viciado e se aliar a gente do tipo de um Jader Barbalho, de um Newton Cardoso, de um Sarney e de um Calheiros dá uma idéia do que poderá poderá vir a ser um próximo governo Lula. E o pior de toda essa história: o PT ético, o que restou de decente do partido, vai ter que conviver com os prepostos dos caciques peemedebistas.
Lula sabe que da voracidade do PMDB por cargos, principalmente dos ministérios com bons orçamentos. Sabe, ainda que, se contrariado nas suas pretensões em aparelhar o Estado, não contará a fidelidade peemedebista. O ex-presidente Fernando Henrique conseguiu esse “toque de fidelidade” do PMDB de Jader Barbalho em algumas votações de interesse do governo. Daí a explicação para a busca de um governo de convergência, proposto pelo presidente e pelos que estão de olho 2010. O governador de Minas Aécio Neves seria um nome forte e conta com boas credenciais: tem perfil para o cargo, não é hostilizado pelo petismo e tem a simpatia do próprio Lula. Cai como uma luva para os petistas, os quais carecem de nome com densidade eleitoral e, de quebra, o paulistério estaria fora do poder central.
A aliança com esses setores do PSDB traria uma certa governabilidade ao eventual segundo mandato de Lula, já que sua antiga base parlamentar está esfacelada e o PMDB, que poderia ser o fiel da balança, não é confiável. O presidencialismo de coalizão que temos hoje no Brasil é mais por falta de um sistema partidário forte do que propriamente pela falta de capacidade do governo em repor as forças políticas no governo.
Vencendo sem conseguir base governista sólida, virá o pior: um governo lulista sustentado por movimentos sociais autoritários e intolerantes com a segurança institucional de base democrática. Lula inauguraria o bonapartismo sem partido. Aliás, tem exemplos bem próximos, Chávez na Venezuela e Morales na Bolívia. Os dois países vivem seus momentos bonapartistas ao largo do sistema partidário.
_________________________________________
(*) Nilson Borges Filho, cientista político, é mestre, doutor e pós-doutor em Direito do Estado, professor e articulista colaborador deste blog. Atua profissionalmente em Belo Horizonte e Juiz de Fora (MG).
28 de ago. de 2006
Triste Época - por Rodrigo Constantino
Tal comentário poderia tranqüilamente ter sido obra de qualquer brasileiro mais atento dos nossos dias. Afinal, a ética foi jogada no lixo, a impunidade anda solta e mentir virou mania nacional. Vivendo nos tempos do “mensalão”, das sanguessugas, do presidente que repete que não sabia de nada enquanto seus principais aliados envolvem-se em escândalos onde ele próprio é o grande beneficiado, não dá para deixar de compartilhar do sentimento do autor que lamenta a triste época, quando a virtude é rara – mais rara que diamante.
Mas o autor do comentário não vive em nossos dias, tampouco no Brasil. Trata-se de Baltasar Gracián, jesuíta espanhol que escreveu A Arte da Prudência em 1647. Neste mesmo livro, Gracián cunhou uma célebre frase que parece ter sido criada ad hoc para os eleitores de Lula: “A esperança é uma grande falsária da verdade”. Quem lembra da propaganda eleitoral de Lula nas eleições passadas, administrada por Duda Mendonça, sabe muito bem disso. “A esperança venceu o medo”, repetia a propaganda enganosa. Nisso que dá abolir o medo, fundamental na vida, para que busquemos mais informações na hora das decisões importantes. Sem medo, podemos pular pela janela e se espatifar no chão. Ou votar no Lula – o que dá praticamente no mesmo.
Mas vamos deixar o pessimismo de lado e focar no aspecto bom da coisa: se em 1647 já era normal este tipo de lamentação, é sinal que sobrevivemos, mesmo com os Lulas da vida. A virtude pode ser rara, ainda mais quando alguém como Lula, mesmo depois de todos os escândalos, lidera as pesquisas e apresenta boas chances de ser reeleito ainda no primeiro turno. Mas ela não é nula! E isso faz toda a diferença do mundo.
Os virtuosos conseguem sobreviver mesmo no meio dos pérfidos, e no final do dia, carregam o mundo nas costas. Parasitas e sanguessugas pegam carona e regozijam-se, como sempre. São maléficos para a saúde da sociedade como um todo, mas não são letais. Os hospedeiros, aqueles que criam a riqueza que será explorada por tais parasitas e sanguessugas, suportam o fardo. O mundo poderia ser infinitamente melhor sem tais exploradores, com certeza. Mas ele não vai acabar por conta dessa gente, por mais que se esforcem para tanto. A vida continua, com ou sem Lula no governo. Muito melhor sem, claro. Mas não vamos esquecer que a época é triste para os virtuosos...
Mais ciência e menos ideologia - por Profº Orlando Tambosi *
Argumentam seus detratores que o Provão é deficiente, inexato, parcial, envolvendo apenas os alunos, em vez de avaliar a instituição como um todo (professores, administração). Ora, omite-se que o exame realizado pelos universitários é apenas um dos componentes da avaliação, que é complementada, sobretudo, pela Análise das Condições de Ensino. É a esta última que incumbe a análise detalhada do projeto pedagógico, do corpo docente, da grade curricular e da estrutura física e laboratorial dos cursos. Não se pode negar que, no conjunto, essas avaliações produziram sensível melhora nas instituições de ensino, principalmente nas escolas privadas, que, em função das deficiências apontadas, se viram obrigadas a mudar currículos, contratar professores pós-graduados, criar e reequipar laboratórios etc. Tudo isto engendrou, na maioria das IES, uma benéfica cultura de avaliação.
Ressalte-se que o objetivo do Provão não é, na verdade, avaliar os alunos, mas a qualidade dos cursos e das instituições. Para tanto, o desempenho médio dos estudantes parece ser de fato o melhor indicativo. Não se busca um conceito absoluto: as notas são relativas a cada curso. A comparação se dá entre semelhantes: cursos de jornalismo com cursos de jornalismo, cursos de biologia com cursos de biologia. Os melhores cursos de cada área obtêm conceito A, enquanto os piores ficam com E, pouco importando que um A em Odontologia signifique, em termos de nota, um B ou C em Engenharia Mecânica. Mas, para maior transparência e para evitar mal-entendidos, bem que se poderia publicar também as respectivas notas nas atribuições de conceitos.
Modelos hegemônicos
Esmerando-se na formulação de siglas, a comissão de enterro do Provão propõe em seu documento a criação de um "Sistema Nacional de Avaliação de Cursos" (Sinaes), cujo filhote, batizado de "Processo de Avaliação Integrada do Desenvolvimento Educacional e da Inovação da Área" (Paideia), substituirá o Provão. Em resumo, o Paideia – que será realizado por amostragem aleatória e por área de conhecimento – deverá se guiar por uma nebulosa "racionalidade formativa" (valham-nos, filósofos!) que elimine "a conotação mercadológica e competitiva", essa horrenda característica do Exame Nacional de Cursos. Desaparecem os rankings, as comparações, as classificações por notas e menções – e com elas "a ideologia da competitividade, da concorrência e do sucesso individual"! Nada de competição entre as instituições: "solidariedade" é a regra. Embevecida, a tradição católica agradece esse hino ao paroquialismo.
O processo terá como ponto de partida uma auto-avaliação feita pelas próprias instituições, certamente outro motivo de júbilo para as baiúcas de final de semana e as faculdades de fundo de quintal. Afinal, reza o documento, agora com tintas liberais, "cada instituição tem sua história e constrói concretamente suas formas e conteúdos próprios que devem ser respeitados". A auto-avaliação seguirá apenas um roteiro básico, comum a todas as instituições, mas "adaptável no que couber ao perfil de cada uma delas, conforme as especificidades institucionais". Em suma, encolhe-se o campo do poder regulador e fiscalizador do MEC. As instituições e centros universitários privados, que figuram entre os mais ferozes inimigos do Provão, juntamente com algumas federais mais corporativistas, serão apaziguados com tanta liberalidade. Acertou quem disse que o fim do Exame Nacional de Cursos unirá a todos num "pacto da mediocridade". Nas brumas do Paideia, todos os gatos serão solidariamente pardos.
Quais os pressupostos filosóficos do novo sistema de avaliação? Por mais vago que seja, o documento da comissão especial deixa isto claro já na introdução, ao traçar um rápido histórico dos dois modelos hegemônicos: o anglo-americano, que privilegiaria aspectos meramente técnicos e quantitativos, visando "produzir resultados classificatórios", e o francês, que combinaria "dimensões quantitativas e qualitativas". Dada a manifesta ojeriza a termos como competição, eficiência e produtividade, não surpreende que o Sinaes opte por este último, considerando-o "emancipatório" – denominação que evoca o marxismo frankfurtiano dos anos 70.
Sinal vermelho
Vivos fossem, os autores da Dialética do iluminismo, Adorno e Horkheimer, certamente subscreveriam por inteiro a crítica ao "modelo inglês", que o documento chama de "regulatório". Para esse modelo, "a atual crise do ensino superior remete à questão da eficiência ou ineficiência das instituições em se adaptarem às novas exigências sociais, entendendo que a educação superior funciona como fator de incremento do mercado de trabalho. Nessa linha, a avaliação se realiza como atividade predominantemente técnica, que busca a mensuração dos resultados produzidos pelas instituições em termos de ensino, sobretudo, e também de pesquisa e prestação de serviços à comunidade. Sua ênfase recai sobre indicadores quantitativos que promovem um balanço das dimensões mais visíveis e facilmente descritíveis, a respeito das medidas físicas, como área construída, titulação de professores, descrição do corpo docente, discente e servidores (....), muitas vezes permitindo o estabelecimento de rankings de instituições, com sérios efeitos nas políticas de alocação de recursos financeiros".
Não, o Sinaes não se contenta com informações objetivas, mensurações, essas coisas que se pode ver, descrever e analisar facilmente com métodos científicos. Movido, como vimos, pelo interesse "emancipatório", ele busca algo mais difícil, sutil e, talvez, transcendental – em todo o caso, algo que vá além dos meros "juízos de fato", essa camisa-de-força das ciências. Não, não só os impessoais juízos de fato, "coleta de informação, medida e controle de desempenho": o Sinaes abre-se também aos juízos de valor, isto é, ao político-ideológico, ao subjetivo. Daí o especial carinho pelo modelo francês (mais qualitativo), já que as universidades têm "funções múltiplas", entre as quais a de ser "um instrumento de cidadania"; daí a pretensão de fundar uma "outra lógica" de avaliação, comprometida "com a igualdade e a justiça social". Morte ao Provão, portanto, nefasta criatura que encarna o "modelo de inspiração inglesa"!
Este linguajar, de indisfarçável sabor romântico-dialético, não deixa dúvidas de que o Sinaes, com seu filhote Paideia, é um passo atrás no sistema de avaliação das instituições de ensino superior. Apega-se mais a vagos princípios ideológicos que a padrões científicos objetivos. Prejudicará as boas instituições (públicas ou privadas, repito) e protegerá as medíocres, além de deixar incólumes as arapucas caça-níqueis, que se auto-avaliarão como excelentes.
O sinal vermelho do retrocesso está aceso. O Brasil precisa de mais ciência e menos ideologia.
(*) Doutor em Filosofia, professor de Filosofia, Ética e Epistemologia do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina.
Por onde anda a Caridade? - por Klauber Cristofen Pires
Este comentário imediatamente remeteu-me a um outro termo: “caridade”. Que lhe aconteceu? Já faz tempo que não se ouve esta palavra. Só tenho percebido como tem sido detratada, lembrando-me de acontecimentos até então aparentemente eventuais. Em uma destas ocasiões, lá pelos anos setenta, por meio de uma carta ao programa do apresentador Flávio Cavalcante, um telespectador a repudiara, manifestando seu ódio àqueles que a praticavam. Vi o mesmo se repetir ulteriormente, seja na TV ou na mídia impressa, com cada vez mais frequência. Hoje, parece que “caridade” não é mais uma virtude, mas um ato vergonhoso.
Há algum tempo venho alimentando a idéia de falar sobre a responsabilidade social. O discurso de uma pessoa de meu convívio (gente boa, em que pese sua opinião) apenas fez soar o alarme porque até então eu circunscrevia a expressão ao setor empresarial. Para as pessoas físicas, o denominativo imperante seria “solidariedade”, a qual contrapor-se-ia a “caridade”. Responsabilidade social, por sua vez, seria o substitutivo de... sei lá, quem sabe, “responsabilidade empresarial”?
Mas eis que agora crianças serão obrigadas, por seus próprios pais, a imbuírem-se do espírito de “responsabilidade social”. Elas “terão que ter” responsabilidade social, pelo que se vê. Bom, então, já que caridade é um defunto, peço que me deixem enterrá-la; por favor, não se repita em mim o infortúnio de Antígona.
Cresci aprendendo sobre a caridade em um Colégio de Freiras, e vou morrer com este conceito, por acreditar que ele está conforme a doutrina cristã e a boa filosofia. Porque vejo características diferenciais entre “caridade” e “responsabilidade social” ou “solidariedade”, em sua nova acepção.
A começar, por caridade, percebe-se um ato voluntário, o exercício do livre arbítrio. Sem livre arbítrio, não existe caridade e nem mérito, e mais que isto, economicamente falando, também não existe o melhor julgamento quanto à quantificação dos recursos a serem utilizados. Por meio do livre arbítrio, o agente caridoso pode julgar quais e quanto de seus recursos (dinheiro, bens, ou seu próprio trabalho) serão usados em favor do necessitado, e quanto pode sacrificar de seu próprio bem-estar, ou de outras pessoas sob a sua responsabilidade, para a consecução deste mister.
Há certas religiões que exaltam as boas obras; outras, por sua vez, defendem que somente a fé é a coluna mestra da salvação. Não são disparidades essenciais: os que vêm virtude nas boas obras apenas entendem que são o extravasamento natural de quem alimenta a sua fé. A caridade pode advir de um sentimento humanista ou religioso, mas tanto faz: justamente por ser um ato livre, denuncia a compaixão, a piedade, e o juízo por parte do praticante, como bem atesta a parábola do bom samaritano. As religiões, a seu turno, embora recomendem ou a elogiem, não obrigam seus fiéis à prática. E com razão: como poderia alguém merecer o céu por atos que pratica por obrigação?
Outro que odiava a caridade era Cazuza: “...vivendo da caridade de quem me detesta...”. Quem oferece seus recursos ao próximo destituído da vontade de lhe ajudar, em verdade, não pratica a caridade, mas apenas o usa para um fim pessoal. Não é muito difícil discernir uma situação de outra: a verdadeira caridade prescinde da publicidade, tão cara aos adeptos da “responsabilidade social”.
Em contrapartida, a pessoa socorrida também faz com que o sentido da caridade se complete. Ao despir-se do orgulho e da inveja, também ela, ao mesmo tempo, a pratica, ao dar esta oportunidade a quem, talvez pela primeira vez, esteja tentando ser útil. Nenhum de nós está livre de necessitar ajuda. Ocupamos todos corpos frágeis, e nossas riquezas materiais são voláteis, de modo que não há vergonha a ninguém por receber uma mão amiga em algum momento da vida.
Destarte, conquanto receba o préstimo caritativo, sabe o auxiliado que o abuso constitui fraude, esperteza vil. A caridade não se presta a sustentar ociosos, e nisso reveste-se de um certo senso de transitoriedade, que, enquadrando-se sob o juízo do agente caridoso, pode ele, revestido de seu livre-arbítrio, determinar a sua continuidade ou cessação. Há ações de caridade que atendem a pessoas que jamais irão erguer-se por si próprias, por absoluta impossibilidade; são as pessoas portadoras de enfermidades incuráveis ou as de idade avançada; mas nem por isto desvalida-se o sentido: serem gratas e colaborativas a quem lhes presta os cuidados já é, no possível, a expressão de zelo pela própria dignidade e autoconduta.
Estas são, portanto, as características da caridade: amor ao próximo, desapego, ausência de contraprestação, respeito mútuo, discreção, gratidão, não abuso, andar com as próprias pernas assim que possível.
Pronto. Feche-se a tampa, para sempre. Deitem-se as flores. Viva os novos tempos da responsabilidade social!
A quem fez a sua escolha, que agora preste atenção: responsabilidade é obrigação, e portanto, exigível. Social é ampla e perene, e não individual e transitória. Responsabilidade social é, pois, a transferência compulsória e permanente dos recursos de uns em benefício de outros. Não há mais que se falar em fraternidade, repeito, autoconduta ou gratidão. Não há mais valores morais ou religiosos em jogo, mas sim apenas valores político-jurídicos. A exação dos recursos do “responsável social”, agora ditada por quem se apresente como representante da classe beneficiada, não conhecerá limites, seja de quantidade ou tempo. A simples alegação do estado de necessidade, porque a critério deles mesmos, dispensará qualquer demonstração, servindo de pretexto para a auto-execução, isto, é, para a subtração à força, pelas próprias mãos, dos bens do responsável social. Voltamos aos tempos dos bárbaros: Genghis Khan revive!
Pra não dizer que não falei de flores - por Arthur Chagas Diniz*
1. Quanto do roubado pelo juiz Nicolau foi recuperado pelos cofres estaduais?
2. Em que pé estão as investigações sobre os depósitos no exterior de Paulo Maluf (PP-SP) que nega (apesar das assinaturas) ter contas no exterior? O estado de São Paulo recuperou alguma coisa?
3. Onde é que anda o produto do maior roubo de bancos já efetuado no Brasil? A Polícia Federal, que é tão orgulhosa de seus feitos, deixou escapar mais de R$180 milhões dos cofres do BC em Fortaleza. Quanto foi recuperado?
4. Roberto Jefferson (PTB-RJ), que informou ter recebido do PT 4 milhões de reais, pagou Imposto de Renda sobre essa receita?
5. Qual é o total desviado pela PLANAM e que beneficiou Ministros da Saúde, o intermediário José Cirilo (PT-CE), prefeitos e deputados na compra de ambulâncias? Quem vai devolver a diferença entre o que custariam as ambulâncias em licitações não viciadas e o valor pelo qual foram vendidas?
6. Silvinho Pereira (ex-petista) recebeu um Land Rover de presente da empreiteira da Petrobras. Já se apurou quanto custaram as obras e quanto custariam em concorrência real? A GDK continua a prestar serviços à Petrobras. Qual o superfaturamento? Quem vai devolver?
7. E o Duda Mendonça? Quem depositou na conta dele os R$10 milhões? Foi o Marcos Valério? E quem deu o dinheiro a Marcos Valério? Foi o PT ou foram o BMG e o Rural? Quem vai devolver aos cofres públicos?
8. Quem pagou as despesas dos 14 amigos do Lullinha que fizeram um spa na Granja do Torto? Lulla pagou as passagens? E a alimentação?
9. E o Jader Barbalho (PMDB-PA), que teve o patrimônio fotografado pela revista VEJA e que foi funcionário público a vida inteira? De onde vêm as fazendas? E as boiadas? Ele já foi multado pela Receita Federal?
A lista de devedores potenciais ao Tesouro (federal, estadual ou municipal) é gigantesca. Eu não sei se no Brasil se devolve o que é roubado do seu, do meu, do nosso bolso. O que sei é que está custando cada vez mais caro. Não dá mais para enriquecer os políticos, seus parentes e apaniguados. É preciso cobrar o que roubaram, com juros.
* Presidente do Instituto Liberal
A INVISÍVEL METADE - por Percival Puggina
Surge, por isso, a sensação de que essa metade do Brasil se tornou invisível. Age nas sombras. Leva vida de vampiro. Desaparece aos primeiros sinais da aurora. E de que só os institutos de opinião pública são capazes de encontrá-la e de fazer com que arraste a tampa do túmulo da consciência para confissão de suas intenções. Não estou dizendo que descreio de pesquisa nem que julgo haver alguma escabrosa conspiração para promover a vitória de Lula, inflando seus índices de aceitação. Desculpem-me os que pensam assim, mas parece faltar realismo a tal análise.
O que estou dizendo é que essa metade do Brasil, esses 60 milhões de patrícios existem. Mas se não os vemos, onde estão? Quem são? Se tivermos respostas para essas indagações, descobriremos sua identidade e talvez possamos ficar sabendo, inclusive, por que estão dispostos a cometer tal desatino.
Ironias a parte, a identificação está feita e refeita. Esse eleitorado está distante dos seus e dos meus olhos. Está tão longe do seu e do meu convívio quanto afastado das fontes de conhecimento e informação. Os que têm aparelho de rádio só escutam música caipira. Os que têm TV só assistem a Globo. Jamais lêem bons jornais. Constituem, portanto, nos currais eleitorais onde vivem, presas fáceis (talvez devesse dizer "ainda mais fáceis") dos compradores de votos. São eternos suplicantes no balcão dos favores. São deserdados irmãos nossos que a cada pleito renovam os mandatos dos seus padrinhos, patrões e senhores, elegendo e reelegendo os políticos regionais que os abastecem com restos do banquete do poder. Não é coincidência que a pior metade do Congresso Nacional obtenha deles o seu mandato.
De fato, os congressistas corruptos, os trezentos picaretas que foram atraídos como moscas para a base do governo ao sentirem os odores provenientes do Palácio são representantes dessa metade invisível. Ela, a metade invisível, vai reeleger os piores congressistas da história nacional. E Lula voltará com eles. Como se vê, nada que um bom milagre não resolva.
27 de ago. de 2006
Democracia sem adjetivos - por Profº Orlando Tambosi
Democracia é o sistema de governo que mantém os direitos de liberdade (os liberais, clássicos: liberdade de ir e vir, de expressão, de reunião, de imprensa etc.) e procura expandir os direitos sociais (direito à educação, à saude, à segurança etc.). É coisa difícil de conquistar, mas não de reconhecer onde existe.
Fora disso, só há ditaduras ou formas - mais, ou menos - autoritárias de governo. Autoritários e amantes da ditadura podem, inclusive, ser consagrados nas eleições, que são um instrumento democrático. Direta ou indiretamente, já passaram por alguma forma de eleição personagens como Hitler, Mussolini e Stálin, para não falar no comandante Fidel e seu burlesco discípulo Chávez.
Por tudo isso é que se diz que a democracia é, dentre todos os sistemas de governo, o menos ruim (melhor, vá lá), embora imperfeito e fragilíssimo, justamente porque mantém a porta aberta até para seus inimigos.
Leia ainda Pastores do capeta. Adoro essa escória, no Inferno ou na Cadeia.
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Talento: Carneiro Assado; Scotch & Wine; Cabeças Pensantes. Mas, ...Limpas!
Demorei um tanto para postar as mensagens de vocês. Havia tantos e tão bons amigos aqui, cujos nomes não vou declinar para preservá-los da patrulha petralha. Não importa os que amo e os que me amam. A idéia de que “eles” não possam controlar isso é uma delícia, quase excitante. Quem será, Lula? Quem será, Zé Zirrrriiiirrrrrceu? A vida e seu ofício continuam. B., casado com T., fez um carneiro maravilhoso, daqueles que se sacrificam sempre que Ele, “O Que Não Tem Nome”, pede. E também estavam R., M., A., S., J., L.... E nós conspiramos noite adentro, quase reescrevendo as Cartas Chilenas, contra Fanfarrão Minésio, uma fuzarca das boas, garotos da fuzarca (alô, Ivan Lessa). Eles não sabem de nada. Acham que podem tudo, mas não podem nada. Nosso café filosófico não termina na pax dos neo-romanos. Nós fuzilamos a imbecilidade reinante. Antes da hora da cinderela, de uma parte, até minhas filhas participaram. Era um “debu”. Estão vendo? Ninguém pode alegar ignorância desde os 9, desde os 11 anos. “Eles perderam”. Quem faz carneiros como B.? Pior: os “convivas” estão em todos os lugares, espalhados em vários órgãos de imprensa. Como no Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, o melhor livro de poemas brasileiro do século 20 (ou do século 18), o silêncio fala e conspira
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O Mensalão das Artes - by Captain Diego
26 de ago. de 2006
O banquete dos abutres
Em São Paulo, o governador Cláudio Lembo, que é ex-vice de Alckmin e do PFL, partido da aliança que apóia o próprio Alckmin, concedeu hoje uma entrevista ao site Terra na qual dá como favas contadas a reeleição de Lula, ainda que estejamos a mais de 30 dias das eleições. Fez a festa dos blogões políticos, que se apressaram em turbinar as declarações de Lembo que, pela idade, pode estar sendo acometido da moléstia conhecida como mal de Alzheimer. Não digo está afetado por ela. Digo que todas as pessoas na faixa dos 70 anos de idade podem estar sim, com o cérebro comprometido. Isto é um fato que qualquer médico concordaria.
Como jornalista lhes digo que sempre desconfio desse jornalismo de abutres. A notícia para eles é como carniça. Imagine a notícia como uma carniça putrefata e ao redor dela o banquete dos abutres. Uns são abutres assumidamente. E assumem essa condição por moleza cerebral; outros por ingenuidade e alguns por oportunismo.
No Ceará, o candidato do PSDB ao Governo, Lúcio Alcântara, se nega apoiar Alckmin e veicula nos seus programas mensagens de Lula! Agora, uma pesquisa Data Folha revela que Cid Gomes, irmão de Ciro e apoiado por Lula, deu a volta por cima e está na frente. O Tasso Jereissati também apóia Gomes, já que sempre joga em parceria com Ciro.
Anteontem, um convescote gastronômico reuniu um punhado de tubarões da indústria brasileira na casa do Ministro Furlan, quando hipotecaram apoio ao nosso guia, ao que parece condicionando à permanência de Furlan no Ministério caso o PT reemplaque.
Um achado, uma preciosidade, pro maluco aqui.
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Abs
Concordo plenamente com você, Aluizio. Tanto que procuro andar, postar algumas coisas, como dizer?, "light years", distante do que no Brasil se define como Política.
Gosto do "Beggar's Banquet", dos Stones.
25 de ago. de 2006
Casas de Espuma - por Rodrigo Constantino
Do lado mais pessimista, abrigando vários analistas, o economista-chefe do Morgan Stanley, Stephen Roach, tem sido um dos que mais alardeia uma reação mais drástica por conta da queda no setor de casas dos EUA. Ele lembra que o preço das casas americanas atingiu um pico de 27 anos em 2005, e ainda estava subindo 20% no primeiro trimestre deste ano em 53 áreas metropolitanas pelo país. O estoque de casas não vendidas tem aumentado consideravelmente, subindo 40% em 12 meses terminados em julho para casas existentes e 22% para novas casas. Os preços médios ainda têm se mostrado resilientes, no entanto. Mas Stephen Roach acredita ser apenas uma questão de tempo para que desabem.
Os investidores já acusam o golpe, e 15 empresas de construção nos Estados Unidos perderam, no total, US$ 27 bilhões de valor de mercado desde o começo do ano, uma queda de 34%. Desde o pico, as ações dessas empresas caíram, na média, 44%. Segundo Roach, o setor de construção tem sido responsável por 0,5 ponto percentual ao ano no crescimento do PIB americano, e deverá subtrair algo como um ponto percentual nos próximos anos. Fora isso, há o efeito riqueza que a alta nos preços das casas gera. Pelos dados do Federal Reserve, o mercado de hipotecas sacou mais de US$ 700 bilhões no primeiro semestre de 2006, em termos anualizados. Trata-se de um enorme estímulo ao consumo. Roach estima que esse efeito riqueza tem sido responsável por mais 0,5 ponto percentual de crescimento econômico, devendo retornar para zero agora, ou mesmo cair no território negativo.
Em resumo, a economia americana, que vem crescendo 3,2% ao ano nos últimos 3 anos, poderá migrar para uma taxa mais próxima de 1% de crescimento, o que não chega a ser uma recessão, mas poderá causar um bom estrago nos mercados financeiros. O impacto nas demais economias poderá ser grande também, posto que os americanos são responsáveis por 70% do déficit comercial no mundo, ou seja, os consumidores americanos são os grandes compradores dos produtos exportados por todos os países. Nem todos compartilham dessa visão mais negativa, por diversas razões. O Goldman Sachs, por exemplo, considera que a dinâmica interna da Ásia irá permitir que a região atravesse razoavelmente ilesa esta correção americana. Outros analistas não chegam a ser tão pessimistas nem mesmo no que diz respeito ao setor de casas nos Estados Unidos, considerando que a “espuma” é mais localizada em certas regiões, e que a queda nos preços será bem gradual, sem maiores estragos para a economia.
A bolha imobiliária americana – se é que ela de fato existe – irá mesmo estourar em breve? Caso isso ocorra, qual será o verdadeiro impacto no resto do mundo? São perguntas de um trilhão de dólares, e ninguém sabe ao certo as respostas. O que sabemos, até agora, é que este tem sido um importante setor para o crescimento global, que por sua vez está em patamares bastante elevados. Os países emergentes, como o Brasil, têm surfado uma enorme onda favorável por conta disso. Os indicadores macroeconômicos melhoraram, o preço das commodities subiram, as exportações deslancharam. Será que esse cenário benigno irá perdurar por muito mais tempo? Parte dessa resposta depende justamente do setor de casas nos Estados Unidos. Afinal, os pilares são sólidos ou tratam-se apenas de casas de espuma? Façam suas apostas – e apertem os cintos!
Bandalheiras e Pilantragens Made in Brazil
Dos 594 parlamentares do Congresso, 450 apresentaram emendas individuais ao orçamento da União em benefício de entidades privadas sem fins lucrativos no ano de 2005. Deputados e senadores sugeriram um incremento de R$ 409,9 milhões aos repasses inicialmente propostos pelo Executivo para organizações não-governamentais (ONGs), organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs) e Fundações. Se incluirmos as propostas coletivas de bancadas e comissões, as sugestões de repasse para tais instituições ultrapassam os R$ 2 bilhões. Ao todo, foram 1.543 emendas desse tipo feitas por todos os partidos políticos no ano passado.
Em 2005, um total de 5,3 mil entidades foram beneficiadas por recursos repassados pela União, seja por meio de emendas parlamentares, ou de propostas vindas do Executivo. Para pagar tanta gente, o governo desembolsou aproximadamente R$ 2,5 bilhões em 2005, considerando os restos a pagar pagos de anos anteriores. Os dados são do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
O parlamentar que encabeça a lista dos que mais propuseram repasses para entidades privadas sem fins lucrativos é o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ele sugeriu o pagamento de R$ 4,5 milhões a associações e fundações ligadas às áreas de saúde e educação dos estados do Paraná e Rio Grande do Norte, sobre as quais até agora não foram levantadas suspeitas de irregularidades.
Em seguida, aparecem empatados os deputados Carlos Nader (PL-RJ), José Divino (na época PMDB e atual PRB-RJ) e João Mendes de Jesus (na época PSL e atual PSB-RJ), com R$ 3,5 milhões cada um. Todos os três, que ocupam juntos a segunda colocação, também compartilham a lista dos suspeitos de envolvimento com a máfia dos sanguessugas enviada ao Conselho de Ética da Câmara.
Os três parlamentares que estão entre os nomes apontados pela CPI dos Sanguessugas apresentaram duas propostas cada um. Em seus projetos, Nader destina recursos do Fundo Nacional da Saúde para a “estruturação de Unidades de Atenção Especializada em Saúde do Rio de Janeiro”. Já José Divino e João Mendes de Jesus, além de beneficiarem entidades relacionadas à saúde, como o colega de estado, destinaram uma de suas emendas a elaboração e implantação de projetos envolvendo unidade móvel para capacitação tecnológica em informática.
As emendas individuais dão a cada parlamentar o direito de escolher onde gastar R$ 5 milhões do Orçamento da União por ano. Até 1993, quando o Congresso cassou seis deputados pelo escândalos envolvendo os famosos anões do orçamento, essas emendas não tinham limites. Hoje o valor é definido a cada ano pelo relator geral do orçamento. No início do governo Lula, a cota anual era de R$ 2 milhões, mas nos últimos anos foi reajustada para cima.
Entre as bancadas, as que mais incentivaram a transferência de recursos federais para entidades sem fins lucrativos foram as de São Paulo e do Piauí. Para as entidades paulistas foi proposto um repasse de R$ 83,3 milhões, por meio de seis emendas. Já a bancada piauiense sugeriu a transferência de R$ 62,3 milhões, por intermédio de quatro propostas. Em seguida, foi a bancada da Bahia que mais se preocupou com as instituições do Estado, propondo três emendas, que, se atendidas, resultariam em um repasse de R$ 54,5 milhões.
Já no ramos das Comissões, foi a de Educação e Cultura que mais apresentou emendas orçamentárias desse tipo, totalizando R$ 125,2 milhões em propostas. Em seguida, as que mais beneficiaram instituições privadas sem fins lucrativos foram as de Turismo e Desporto e de Ciência e Tecnologia, respectivamente. Juntas, as duas comissões propuseram um repasse de R$ 149,5 milhões às entidades relacionadas aos seus setores.
Vale ressaltar que a simples apresentação de emendas em benefício de entidades privadas sem fins lucrativos são importantes para a sociedade e não ferem nenhum princípio ético ou constitucional, ainda que hoje esteja sendo questionada pelo aparecimento de irregularidades em algumas instituições do gênero.
Partidos políticos
O campeão na apresentação de emendas individuais dessa natureza, em 2005, foi o Partido dos Trabalhadores (PT), levando em conta a filiação partidária da época. Os parlamentares petistas propuseram 315 sugestões de inclusão ao orçamento, que, se atendidas, resultariam em um repasse de R$ 70,6 milhões às entidades privadas de seu interesse. Em segundo lugar no ranking dos mais generosos está o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que sugeriu um repasse R$ 59,7 milhões a instituições dessa natureza por meio de 156 propostas individuais.
Embora em quantidade de emendas o Partido da Frente Liberal (PFL) supere o PTB, em valores, o PFL ocupa a terceira posição na lista dos que mais beneficiaram ONGs, OSCIPs e Fundações. Os parlamentares do partido sugeriram um incremento da ordem dos R$ 48 milhões no repasse proposto pelo Executivo a essas entidades. Em seguida, aparece o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com um total de emendas individuais que chega aos R$ 46 milhões.
Para ver a relação dos parlamentares, bancadas e comissões que apresentaram emendas para a transferência de recursos a entidades privadas sem fins lucrativos em 2005, clique aqui.
Mariana Braga
Do Contas Abertas
O Falso Moralismo - por Ramiro Severo, no Diego Casagrande
Se o governo Lula serviu para alguma coisa, foi para arrefecer a moral desse pessoal. Mas a patrulha ideológica continua. Para boa parte da esquerda, alguém com idéias liberais não é uma pessoa com um ponto de vista diferente sobre como melhorar o Brasil. É um defensor dos privilégios das elites.
Imaginem se eu fosse uma pessoa pública e defendesse a extinção das universidades federais. Seria taxado de reacionário, “neoliberal”, pelego do capitalismo internacional, que só tenho essa opinião porque poderia pagar uma faculdade privada.
Elitistas são vocês, meus caros. Eu quero que toda a verba para educação vá para quem mais precisa. Quero que o dinheiro destinado a jovens como eu (estou, infelizmente, longe de ser rico, mas há gente muito pior) vá para a construção de uma escola pública no interior da Paraíba.
Viria a réplica: deste jeito, aquele estudante carente que se esforçou e superou dificuldades nunca vai ter a chance de cursar o ensino superior e ter acesso aos melhores empregos, deixando as boas vagas sempre para os mesmos.
Se tu pensas assim, e há uma certa lógica nesse raciocínio, preste bem atenção nesta expressão: ensino público não-estatal.
Segundo o próprio ministro da Educação do PT, cada aluno da rede universitária pública custa, por mês, R$ 1380,00. Com esse dinheiro, é possível pagar duas mensalidades na rede privada. Portanto, as pessoas de baixa renda que conseguirem ser aprovadas no vestibular teriam seus estudos pagos pelo governo. Inclusive, que se desse uma bolsa auxílio para os casos mais críticos, onde o estudante precisa trabalhar para manter a família. É um paradoxo, mas acabando com a universidade pública, mais pessoas poderão cursar o 3° grau.
É claro que política educacional não pode ser apenas uma conta financeira de alunos matriculados versus reais investidos. As universidades federais, hoje, são as entidades que apresentam os melhores resultados nas avaliações. Isso, a meu ver, se dá por dos motivos:
1- O vestibular seleciona, naturalmente, os mais estudiosos. Quem se mata de estudar para ser aprovado na rede pública tende a ser mais disciplinado e terá melhor desempenho acadêmico.
2- Atraídos por uma previdência vantajosa, pela estabilidade e por um salário competitivo, alguns dos melhores professores estão nas universidades públicas.
Os melhores alunos continuariam indo para a universidade. Uns, pagando. Outros, financiados pelo governo. Quanto aos bons professores, não se preocupem. Não ficariam desempregados. Seriam, certamente, contratados pelas privadas. Só precisariam rever alguns hábitos, como escalar bolsistas para substituí-los, chegar atrasado e usar a aula como plataforma de propaganda ideológica. De lambuja, acabariam as greves com motivação política.
Espero que tenham entendido meu ponto. É claro que é dever do Estado que todos os tenham acesso à educação. Só que, para isso, ele não precisa construir o prédio, mobiliar as salas, contratar os professores, definir o programa, organizar o calendário... Deixemos isso para a iniciativa privada, via de regra mais dinâmica e eficiente. E que o governo retome com vigor uma função fundamental que anda relegada: a fiscalização da qualidade do ensino.
Infelizmente, sei que essa é uma causa perdida. Se algum político sonha em levantar algum dos pontos acima, sofrerá um linchamento moral arrasador. Essa elite conservadora...
Carta aberta à Senadora Heloisa Helena - por Carlos Reis
© 2006 MidiaSemMascara.org
Ref.: Entrevista ao Jornal Nacional
Data: 17/08/2006
Vossa Excelência afirmou em entrevista dada ao Jornal Nacional recentemente que aprendeu o “socialismo na Bíblia”. Foi para mim a frase mais marcante e característica de sua posição ideológica naquele momento.
Soube que tal afirmação surpreendeu muitas pessoas e que a outras chocou, embora, tranqüilize-se, para a maioria dos telespectadores ela não tenha surtido efeito algum por força de sua ignorância ou desinformação. Não é a primeira vez que um líder socialista ou comunista – e aqui não me engano com essas duas palavras ou conceitos –, se diz cristão. Olívio Dutra se considerava (e talvez ainda se considere) um marxista-cristão. Além disso, o povo brasileiro, ou 47% dele que se disse de direita à Data Folha, não tem a menor idéia do que seja o socialismo.
Mas, estando eu preparado para decidir de tais coisas, como a estranha e absurda síntese de alguém ser cristão, isto é, professar o humanismo, a generosidade e a caridade de que Jesus foi mestre, e ao mesmo tempo se dizer socialista, venho a concluir da impossibilidade lógica do que Vossa Excelência afirmou.
Não mudando muito de assunto e ainda permanecendo no arrepio da razão, posso trazer outro exemplo de impossibilidade lógica, como o de alguém se dizer socialista e democrata ao mesmo tempo. Disso Vossa Excelência conhece muito bem: está nos manuais do antigo PCURSS. Pelo menos com Lênin, o centralismo democrático era isso mesmo: uma síntese de socialismo com democracia, onde todos votavam e quem perdia era eliminado (na época, assassinado) – algo muito parecido com o que sucedeu com Vossa Excelência no expurgo petista. O processo do centralismo democrático de Lênin e de Trotski – este último, vosso ídolo e animador ideológico de vosso Partido, e ambos tão ateus quanto um jegue alagoano –, foi usado contra a Vossa Excelência por José Dirceu que, é verdade, não teve coragem de lhe convidar para roubar.
Então, Senadora, temos dois paradoxos, duas contradições – dois oxímoros, palavra melhor do que estas: o centralismo democrático e o socialismo-cristão (ou marxismo-cristão). Para quem tem lógica eles são como a antimatéria: se colocados juntos explodem o Universo! Quem professa a fé do Profeta Armado que tinha carta branca de Lênin para matar quantos quisesse, não pode ser cristão! Repare que eu lhe poupei de outro oxímoro: o PSOL, socialismo e liberdade!
Mas, vá lá que o que Vossa Excelência disse é certo: onde mesmo, em que parte da Bíblia se encontra a inspiração para o socialismo que lhe faz chorar de emoção? Então Vossa Excelência se comove com uma ideologia que matou milhões de seres humanos a partir de Lênin, seu amado Trotski, e depois Stalin, Mao, Pol Pot, e ainda hoje reverenciados e copiados pelo carniceiro Fidel e seus discípulos desengonçados Chávez e Lula?
Onde na Bíblia se enxerga o socialismo? Se Vossa Excelência me convencer disso, juro que meu voto é vosso! Vou tentar lhe ajudar. Se foi no Antigo Testamento os judeus seriam os socialistas e não os seus inimigos; se no Novo Testamento, onde? Em Mateus? Na Carta de Paulo aos Coríntios? Não ajudei muito, não é mesmo?
Se não puder mostrar o trecho da Bíblia, por favor, volte à TV Globo, Senadora, ou na primeira oportunidade, a qualquer mídia, e arrependa-se, desdiga-se dessa blasfêmia; não para mim, mas para o Alto, nosso Juiz comum da igualdade.
Mui respeitosamente,
Carlos Reis
RG 6013257289
A história invisível - por Olavo de Carvalho
© 2006 MidiaSemMascara.org
Distribuídas principalmente pela Reuters e pela Associated Press , dúzias de fotos adulteradas, forjadas em laboratório para dar ao público uma noção falsa da guerra no Líbano, têm sido publicadas como jornalismo confiável nas capas dos jornais e revistas de maior prestígio nos EUA, como New York Times e U. S. News & World Report , sem contar a infinidade de canais de TV que as exibem ao mundo como provas da maldade israelense.
O Petralhismo e os Petralhas são algo assim... diferente, de outro mundo!
Caros, demorei para postar os comentários de vocês. Só o amor me faz atrasar. Estava com algumas pessoas queridas de Primeira Leitura, celebrando tantos carnavais, antigos e futuros. Vocês me perguntam: “Que é de Rui Nogueira?” É agora editor executivo do Estadão, por ora em São Paulo — dentro de algum tempo, em Brasília. José Alan Dias é editor do Jornal da Globo. Fábio Santos e José Carlos Pegorim estão numa experiência inédita, o jornal Destak, de distribuição gratuita, mas cheio de anúncios. Trata-se de um grupo português que decidiu investir no Brasil. Antes deles, Andreas Adriano já tinha ido trabalhar na assessoria para a América Latina do FMI — o nosso querido “vendido”. Não foi ele que fez Lula antecipar a parcela do pagamento, hehe. Álvaro Fagundes está na Folha. De Liliana Pinheiro, Silvana Melati Cintra, Lucia Boldrini, Daniela Pinheiro, dentre outros, bem..., em breve, todos vocês terão notícias. E quanto a este escriba e seu blog? Não quero transformar isso numa novela de mistério. Mas tudo tem seu tempo. Só posso dizer que Primeira Leitura foi a chave que abriu as portas da escolha. Tanto o que escolhi como aquilo de que declinei, nestes tempos, foram decisões amorosas. Eu lhes asseguro: sejam sempre claros, como a palavra de Paulo da Primeira Epístola aos Coríntios. Que a flauta soe como flauta. Que a cítara soe como cítara. A clareza é um bem. A clareza faz parte do bem. Os petralhas dizem: “Teve revista e se contentou com o blog? Você é um loser”. Tadinhos. Eu nunca me contento. Com nada. Triste est omne animal post coitum. Vejam aí o significado. A conclusão do adágio latino, atribuído a Galeno, pode parecer preconceito, mas é só graça: “praeter mulierem et gallum”. Agora vocês vão ter de pesquisar. Não, nunca basta. Nada basta. A minha alma é a dos obsessivos. Dante reservou um círculo no Inferno para mim. Vou para lá. Mas levo a memória dos que amo. E não há petralha que me tire isso. E disso George Orwell fez a sua utopia e a sua distopia. Às vezes, escrevo “só para poucos, só para raros” — e isso que vai entre aspas é uma citação. E espero ser salvo. Como Fausto, o de Goethe. Não o outro. Sou católico. Irremediavelmente católico. Há pessoas que precisam rezar. Eu preciso. É bom precisar rezar. Acreditem.
24 de ago. de 2006
Pro FHC, Tasso, o prepotente Alckmin e o Pilantra Aécio
Lula armou a armadilha e Alckmin caiu nela. Em nome de um suposto debate de alto nível, que não seria marcado por ataques, o Presidente da República está pautando o processo eleitoral. O seu truque foi simples. Por “ataque”, ele entende que não se deva falar da corrupção estabelecida em seu governo e em seu partido. Produziu-se uma devastação que praticamente guilhotinou as cúpulas governamental e partidária, "tendo ele próprio se mantido, a duras penas, em sua posição. E nada é dito! Alckmin, por sua vez, seguindo o conselho de seus marqueteiros, optou por “não atacar”, como se atacar fosse mostrar os fatos que caracterizaram a gestão petista de governar. Os responsáveis da campanha do PT não esperavam tanta benevolência!
Lula se sentiu perfeitamente à vontade para apresentar os “feitos” do seu governo, verdadeiros ou falsos, não se importando com isto, pois contava, de antemão, com o beneplácito de seu oponente, que não o desmentiria. A mentira tem pautado boa parte dessa campanha, sem que ninguém diga diretamente que “o rei está nu”. Mostrar a mentira, para alguns, significa “atacar”. De quebra, a corrupção e o desvio de recursos públicos, com responsáveis provados por CPIs e, inclusive, denunciados pelo Procurador-Geral da República, desaparecem da propaganda eleitoral ... ... ... ... ... ... ...
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Sessão Bandalheira Que Não Acaba Mais
O Programa Primeiro Emprego, uma das meninas dos olhos do atual governo, abriu as portas da União para a organização não-governamental Oxigênio. A ONG, que tem Francisco Dias Barbosa, companheiro de Lula na época de sindicato, como secretário de finanças, já recebeu mais de R$ 7,4 milhões do Estado. Barbosa também consta como responsável pela instituição nos contratos celebrados com o governo federal. Para ver o espelho do convênio da Oxigênio assinado por Francisco Dias Barbosa, clique aqui.