28 de jul. de 2006

O Crime Está Liberado! - por Rodrigo Constantino

José foi em uma boate. Seu intuito era beber. Na mesma boate, estaria presente João, que não gosta de José. O dono da boate sabia que ambos estariam presentes. Não reforçou a segurança. José se desentendeu com João, e partiu para a briga. Agrediu tanto o pobre coitado, do nada, que o outro acabou indo parar na UTI de um hospital. José é inocente! Afinal, a negligência do dono da boate o torna o único responsável pela violência. Ele deveria ter antecipado a briga e colocado mais seguranças na casa noturna. José é praticamente uma vítima no caso. Ele tinha ido apenas para beber. O que importa o fato dele ter agredido do nada um inocente, mandando-o para o hospital?

Parece brincadeira, mas essa seria justamente a opinião do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal. Este juiz foi aquele que mandou soltar os 32 integrantes do MLST, acusados pela depredação da Câmara dos Deputados. Está certo que uma boate não é a Câmara. Merece mais respeito. Mas o “argumento” apresentado pelo juiz foi o de que a “reunião” estava previamente agendada, e o presidente da casa deveria ter antecipado o clima de tensão que se instalaria. Logo, os dois casos são análogos. Concluiu o juiz: "Essa situação de prévio agendamento da manifestação a ser realizada no Congresso enfraquece a tese de que os representantes do MLST foram à Casa Legislativa com o intuito de cometer crimes".

Não obstante a flagrante mentira de que não era o intuito do MLST depredar a casa, posto que foram encontrados vídeos e documentos comprovando o claro planejamento do ato deliberado de violência, o julgamento é absurdo de qualquer jeito. Afinal, o crime é cometido pelo ato em si, independente da intenção do seu autor. Se eu vou à casa de um vizinho com a intenção de pedir açúcar, ele recusa meu pedido e eu reajo destruindo sua casa e agredindo-o, cometi um crime, evidentemente.

Bem, para certos juizes desse país, nada é tão evidente, tirando o fato de que “amigos do rei” possuem carta branca para executarem o crime que desejarem, contanto que em nome da “justiça social”. Não vamos esquecer que o Ouvidor Agrário Nacional, subordinado ao ministro do Desenvolvimento Agrário de Lula, que pressionou o juiz, passando inclusive a falsa informação de que havia uma audiência marcada entre o MLST e o presidente da Câmara. O Ouvidor, ao interferir no processo, desrespeitou o Código de Processo Penal.

O principal acusado da quadrilha é Bruno Maranhão, camarada do presidente Lula, já tendo sido inclusive hóspede na Granja do Torto. Segundo o próprio, ele não irá apenas apoiar, como será um soldado da reeleição de Lula. Ele era membro da Executiva Nacional do PT e respondia pela secretaria nacional de movimentos populares da sigla. Maranhão é filho de um rico usineiro, e mora num luxuoso apartamento de 200 m2. O líder dos “sem-terra” tem uma bela casa. Melhor os colegas “sem-teto” não saberem disso...

No Brasil é assim: as leis para os inimigos, e uma licença para o crime para os amigos do presidente. Um pobre caseiro que denuncia um ministro de Lula sofre com o abuso do aparato estatal, que invade sua privacidade de forma ilegal. Mas um criminoso que forma uma quadrilha para destruir o patrimônio público fica livre, além de contar com financiamento público para seus atos criminosos. E ainda chamam a quadrilha de “movimento social”. O que esperar de um país assim?

Com autorização do Rodrigo Constantino
...
Eu, um pessimista ou realista de carteirinha, pergunto: onde não há crime neste país de merda?

O Ósculo do Batráquio - por Rodrigo Constantino



No mundo da fantasia, conta-se que o príncipe fora transformado em sapo, através do feitiço da bruxa, e que somente o beijo da bela princesa traria o príncipe novamente à sua forma original. O povo brasileiro parece afeito a contos fantasiosos, e acreditou nesta possível mudança. O sapo, barbudo e tudo, iria transformar-se no grande príncipe, a salvar o reino podre. A metamorfose, no entanto, foi kafkiana.

Sapos parecem mesmo imprevisíveis. Há cerca de 70 anos, foram introduzidos sapos venenosos na Austrália, na tentativa de controlar a população de besouros, verdadeira praga local. Ocorre que o cururu, da beira do rio, espalhou-se pelo continente, deixando um rastro de devastação. Várias espécies foram depredadas, e o anfíbio desenvolveu pernas mais longas, adaptando-se. Não é à toa que os animais existem há milhões de anos. Esperavam que o batráquio, tido como lento, fosse apenas caçar alguns besouros. Não contavam com sua astúcia. Aliás, lembro que o sapo em questão, da espécie bufo marinus, é bastante comum no Brasil. Seu nome origina-se do tupi-guarani. Um deles, ao que consta, foi tão longe que chegou a presidente!

Os “intelectuais” brasileiros, que ainda sonham com a utopia pregada pelo outro barbudo, ajudaram a criar o mito do “bom revolucionário”. Com o auxílio do trapaceiro que criou a falsa roupa do imperador, essa elite vendeu a idéia de que o sapo faria até milagres, como a multiplicação de pães. Diante dos implacáveis fatos que contrariaram tal imagem redentora, restou o silêncio desses “intelectuais”. Os irascíveis no proselitismo mostram-se pusilânimes diante da dura realidade. Não têm coragem nem mesmo de assumir a criação da criatura, agora fora de controle. Aquele que iria combater o sistema acabou abraçando-o, e dando aulas de corrupção que fizeram os antecessores parecerem inexperientes ladrões de galinha. O sapo mostrou-se não apenas “um deles”, mas o pior deles! O “mensalão”, apenas a ponta do iceberg, que o diga...

Mas como eu ia dizendo, o povo brasileiro parece gostar mesmo de uma fantasia. Ainda não parece ter abandonado a idéia do “salvador da pátria”, que irá resgatar as vítimas do perverso sistema e colocar o país na trajetória do progresso. Ainda não entenderam que tal visão paternalista e centralizadora é o grande problema. Não atinaram ainda que deveriam lutar para a drástica redução do tamanho do Estado, e não para colocar um “santo clarividente” sob a espada de Dâmocles. O modelo está errado. O poder corrompe. “O poder absoluto corrompe absolutamente”. Há que se reduzir o poder, independente da pessoa que chega ao trono. Mas o desespero, aliado à ignorância, faz muitos votarem naqueles que pregam mais e mais governo, como se o Estado fosse uma verdadeira panacéia. Nada mais falso.

As eleições avizinham-se. Teremos mais uma oportunidade para que os eleitores possam demonstrar algum bom senso. A racionalidade precisa dominar emoções instintivas. Os “intelectuais”, os mesmos que criaram o Frankenstein em forma de sapo, tentarão novamente nos vender lebre por gato, ignorando que o apedeuta já fora testado e desmascarado. Vão romper o silêncio na hora oportuna. O rei está nu, mas isso não irá abalar os pérfidos. Somente a razão pode blindar o povo contra tamanha safadeza. Veremos se o povo valoriza a lógica, ou se ainda está sujeito aos encantos dos contos de fadas. Quem quiser beijar o sapo, na esperança de vê-lo virar príncipe, que o faça. Vivemos em uma democracia, ainda que falha. Mas acho melhor lembrar que pode tratar-se de um cururu venenoso...

SEM RESPONSABILIDADE - por Ralph J. Hofmann

Salta aos olhos a diferença entre governar um país ou simplesmente manter uma força armada dentro de um país.
Vemos mulheres histéricas chegando do Líbano aos aeroportos brasileiros chorando as mágoas de ter deixado para trás parentes e amigos sem comida, sem água, sem abrigos antiaéreos.
Do outro lado vemos Haifa evacuada na medida do possível, prédios com abrigos, uma sociedade funcionando sob fogo inimigo, exatamente como já faz de uma forma ou outra ha 58 anos.
Em 1937 o escritor Nevil Shute escreveu o romance “What Happened to the Corbetts” em que descrevia o que imaginava que ocorreria no caso de um bombardeio de cidades inglesas como de fato veio a acontecer três anos depois. Shute era engenheiro aeronáutico. Conhecia as possibilidades dos aviões e bombas da época. Sabia detalhes sobre o que ocorrera em Guernica e outras cidades espanholas e alguns do bombardeios japoneses nas lutas na China, que já se arrastavam ha uma década. Em seu livro discutia prédios em chamas, epidemias causadas por cadáveres insepultos e consumo de água não-tratada, o colapso de prédios com pessoas dentro e todos os horrores que poderiam ocorrer. Descreveu tentativas frustradas de evacuar crianças para o campo após o início dos bombardeios.
Lançado o livro, Nevil Shute e o editor enviaram 1.000 cópias do mesmo para as autoridades que por lógica seriam responsáveis pela defesa civil da Inglaterra em caso de guerra. O livro sendo um romance por um escritor empolgante, as pessoas que o receberam leram sofregamente e passaram adiante, mas também sentiram a mensagem que o mesmo trazia, e passaram a criar programas para o caso de guerra. .
Iniciada a “blitz” sobre as cidades inglesas a defesa civil estava pronta e treinada para enfrentar tudo. Algumas das previsões tais como as epidemias e a falta de acesso à água potável, não vieram a ocorrer, havia equipamentos para salvamento de pessoas sob escombros, bombas de água leves para combate a incêndios. Não é sabido até que ponto o livro afetou a criação dessas precauções, mas mostrou que a guerra moderna não é apenas um problema militar. É uma ação de governo também.
O que dizer da guerra no Líbano hoje. O país tem um governo totalmente desvinculado das ações militares. Como tal não tem realmente esquemas de evacuação ou de transporte de suprimento sob fogo. Não pode sequer negociar colunas de evacuados com o governo de Israel. O Hezbolah por outro lado, não sendo governo não tem responsabilidade para com os civis. Também não criou abrigos e estoques de alimentos para os civis. Hospitais idem. É unicamente uma organização militar.
A todas essas, o Vale do Bekaa, donde foi retirado o maior número de refugiados brasileiros é feudo do Hezbolah há mais de 20 anos. Mas apenas para fins militares. Quem administra as cidades são os prefeitos. Não há uma organização nacional que pudesse prever evacuações , hospitais, sistemas de combate ao incêndio. E isso num país que quando não está em guerra com os vizinhos está em convulsão interna há mais de 30 anos.
Em tempo, já que a Revolução Bolivariana está se armando copiosamente, caso alguém saiba localizar uma edição de “What Happened to the Corbetts” em espanhol, sugiro fotocopiá-la e enviar para o Evo Morales e o Hugo Chavez. Sei que o livro não existe em português, mas pagando bem terei prazer em traduzi-lo para o Lula e o Alckmin, pois no caso de uma Guerra Bolivariana dificilmente ficaremos de fora.

Com autorização do Ralph J. Hoffmann - fonte: Argumento & Prosa

Um Congresso vergonhoso - por Paulo Saab, no MSM.org

A vida pública brasileira está tomada, infestada, dominada, por picaretas sem pudor.

Há também os marginais que se elegem travestidos de representantes de Jesus na Terra mas corrompidos até a alma pelo Maldito , e tentam posar de puros invocando o filho de Deus, enquanto enfiam a mão em toda bolsa de dinheiro que consigam alcançar.

Proposta indecente - por Olavo de Carvalho no MSM.org

© 2006 MidiaSemMascara.org

Que um governo que coloca suas alianças revolucionárias acima das leis ajude o MST a implementar uma inversão de legitimidade que torne aceitável seus crimes não é supreendente. A novidade é que um alto oficial das Forças Armadas, personificando se disponha tão bisonhamente a colaborar com tal ato.

Deliriopata Autistossociável - por Christina Fontenelle

O processo de formação da grande aldeia global sem fronteiras está tão acelerado que parece não existir nem mais o interesse em escamotear intenções por trás deste ou daquele procedimento. Outro dia eu escrevi um pequeno informativo, "Engolido Pelo Bloco", que falava sobre o descaramento com que o tal processo de globalização vem se concretizando na América Latina ( http://infomix-cf.blogspot.com/ ). A coisa já se agigantou tanto que muitos não conseguem enxergar o quanto de anormal há nela.

A constante repetição ininterrupta de um discurso que sempre pretendeu transformar em normal aquilo que não o é e que descreve a realidade não como ela se apresenta, mas sob a ótica de quem diz precisamente aquilo quer, sem se importar com o que tenha de fato acontecido, em toda parte que se vá, que se veja ou que se ouça, está produzindo efeitos concretos no cérebro humano, especialmente nos mais jovens deles.

Já não é mais tão raro encontrar pessoas com uma visão completamente deturpada de si mesmas, dos outros e do mundo. São criaturas totalmente incapazes de estabelecer relações entre causa e efeito ou de distinguir o que seja certo daquilo que seja errado, ainda que com base nas próprias convicções. Convicções estas que são porque são e sobre as quais não conseguem construir um só argumento que seja para defender. São pessoas igualmente incapazes de abstrair-se de si mesmas para tentar compreender o que quer que se passe em outro ser humano.

Não são burros não. Muitos até são capazes de se aventurar pelos mais complicados caminhos da matemática ou da física. Outros parecem ter alguns espasmos de coordenação cerebral, provavelmente ocasionados pela força da genética, e conseguem organizar pensamentos em forma de textos legíveis. Eles riem, eles choram e até conversam; mas são frios, distantes e impenetráveis. Há algo que os torna diferentes do ser humano convencional. Um ser estranho que eu ainda tenho dificuldade em descrever e que costumo chamar de "deliriopata autistossociável" (*).

Eu vou dar um exemplo. Na semana passada, aconteceu o concurso Miss Universo 2006. A última prova para as cinco finalistas foi dizer algo a respeito de um tema que era sorteado na hora – assim, de supetão. Muito me impressionaram as palavras da Miss Japão, que acabou ficando com o segundo lugar. Ao ser perguntada sobre o que poderia ser mudado hoje para que o mundo ficasse melhor, a miss disse que algo deveria ser feito para que a força física dos homens pudesse ser controlada para que não fosse mais um diferencial importante entre homens e mulheres, de modo que ambos se tornassem iguais também em força física.

Só eu mesma para prestar atenção numa coisa dessas num concurso de miss. Mas é que a resposta da moça soou como um grito de fazer doer em meus ouvidos. Jamais, em toda a minha vida, eu ouvira uma máxima feminista que houvesse ousado pretender ir tão longe na tentativa de igualar o inigualável, ou seja, homens e mulheres. E olha que as maiores atrocidades foram cometidas no sentido de literalmente transformar a realidade com discursos em nome do feminismo. Não reparem não, mas é que eu acho que para defender direitos (e logicamente estabelecer deveres) dos seres humanos do sexo feminino não é preciso, e muitas vezes necessariamente não se deve, partir de premissas estabelecidas por meio de comparação entre homens e mulheres, e muito menos ainda se estiverem visando igualdade. Mas, isso não vem ao caso agora.

Reparem no que essa moça disse; porque ela não é uma visionária criativa e muito menos uma profetisa estudiosa. Ela é a encarnação do deliriopata autistossociável - aquele que não vê absolutamente nada demais em manipular ou aprisionar a natureza humana para solucionar problemas relacionados ao que imagina ser igualdade e justiça. O que a tal da moça disse é de uma frieza cruel e inimaginável. Mas é assim que é o deliriopata autistossociável: normal, mas inconscientemente cruel. E eu digo inconscientemente, porque o mundo que ele vê e sente não é aquele mesmo que as pessoas de uma ou duas gerações atrás percebem.

Vejam. A pergunta não foi feita para que a moça descrevesse uma fantasia pessoal a respeito de algo que eventualmente pudesse transformar o mundo, como por exemplo, aqueles desejos que se pediria a um gênio da lâmpada para realizar. Não, a pergunta foi feita no sentido mais concreto e que se esperava levar a respostas como "eu acho que deveria haver uma maior conscientização dos governantes em relação à destruição da natureza" ou do tipo "eu acho que o mundo deveria se unir numa campanha para erradicação da fome no planeta". Tudo bem, a japonesinha poderia ter sido mais criativa e inteligente e ter respondido uma outra coisa qualquer do gênero.

Entretanto, a moça pareceu ter uma idéia bem concreta do que para ela viria a ser o mundo ideal. E disse isso com a mais inocente das naturalidades. É como se alguém tivesse respondido à mesma pergunta, calma e sorridentemente, dizendo que gostaria que um desastre natural de proporções gigantescas varresse do mapa milhões e milhões de pobres analfabetos e de fanáticos religiosos para que o mundo pudesse ser reconstruído de maneira mais acertada dessa vez. Estou exagerando? Pode ser. Mas o fato é que o "alguém" propôs um holocausto natural para resolver o que lhe aflige como insolúvel e a mocinha propôs algo parecido com uma indução à mutação genética permanente, ou mais precisamente, com o extermínio de um dos sexos da espécie humana como é conhecido fisicamente nos dias de hoje – que é claro seria aplicado aos machos, porque nem passa pela cabeça da mocinha mexer naquele corpinho esculturalmente feminino. Essa última parte é um "venenozinho" meu, já que eu realmente não sei se a miss pretendia mudar os machos ou as fêmeas.

Gente com este tipo de vulnerabilidade na personalidade está surgindo aos montes. Nem mesmo os próprios pais conseguem livrar-se da desagradável surpresa de descobrir um filho assim mentalmente deformado. A massificação das ideologias globalizantes é infinitamente mais poderosa e onipresente do que a educação e os exemplos que a maioria dos pais têm condições de dar – mesmo porque faz parte dessa mesma ideologia criar a obrigatoriedade (que primeiramente foi psicológica e agora já é uma necessidade de sobrevivência física) de que ambos os pais tenham que passar a maior parte do tempo fora de casa, trabalhando para sustentar e para fazer frutificar aquilo que eles ainda pensam ser a sua própria família. Balela! Estamos todos a criar soldados do universalismo – mão-de-obra desprovida de senso de crítica, de autocrítica e até de capacidade de acreditar no que seus olhos vejam (enxergando apenas aquilo que o que chega a seus ouvidos manda enxergar).

Uma crônica de Fahed Daher, um médico de Apucarana (Paraná), intitulada "O Direito dos Sem Nada", ( http://www.guiasaojose.com.br/novo/coluna/index.asp?id=4084), faz um cômico retrato do deliriopata autistossociável; embora possamos perceber que os agentes da distorção e da tergiversação sobre a realidade, na crônica de Daher, pareçam estar agindo de maneira cínica em relação aos fatos e não sendo naturalmente fiéis ao que são capazes de enxergar. Seria cômico se não fosse trágico, e pior: perfeitamente passível de começar a vir a acontecer em futuro bem próximo. Confiram:

"- Senhor delegado! O senhor não pode atender à acusação deste distinto policial. Realmente ele está procurando cumprir as obrigações de policial. Apenas há um grave engano. Eu não sou um ladrão. Eu não roubei o carro do Sr. Izak. Eu procedi a uma invasão de propriedade. Eu sou um sem condução. Um sem automóvel e invadi uma propriedade. Como os sem-terra, o Sr. Izak, tido como proprietário, que entre em juízo com um pedido de reintegração de posse deste automóvel. Se o Sr. Juiz conceder a sentença da reintegração de posse a favor do dito proprietário e se o Exmo. Sr. Governador autorizar ao Sr. delegado que me faça restituir o bem, assim o farei sem reação e sem violência. Mas até que se cumpra a sentença o bem ficará na minha posse com direito de uso e ainda exigindo que o Sr. providencie um posto de gasolina que me abasteça o veiculo até o final desta questão".

É a total inversão da realidade! Seria espantoso? Não, porque é exatamente o que vem acontecendo há mais de 20 anos (isso para falar apenas de Brasil), cada vez com mais intensidade e não há reação que se esboce que consiga impedir o progresso ou chamar atenção suficiente sobre o tema.

A deliriopatia autistossocial não está sozinha na lista dos efeitos da caminhada de toda a humanidade em direção à nova ordem mundial. No sentido diametralmente oposto, em reação ao cárcere imposto por minorias, impingindo conceitos, leis e condutas às maiorias emudecidas pela mídia, pelas polícias do politicamente correto, surge a "Controlofobia" (pavor de controle), uma manifestação surgida das profundezas do instinto humano, que é responsável pelo aparecimento daquele que será o tipo de criminoso mais perseguido pelos novos (e brevemente por todos conhecidos) donos do poder, será o terrorista do futuro: o desobediente.

Desse tipo de ser falarei em outra oportunidade. O que posso dizer agora, metaforicamente, é que ele tem esse nome por se recusar a dizer que o rei não esteja nu. É isso mesmo: ele não consegue ver as roupas que todos dizem estar vendo no rei e, preferindo confiar no que lhe mostram seus próprios olhos, insiste em dizer isso em alto e bom tom, por dois motivos. Primeiro porque se recusa a dizer que vê uma coisa que não vê; segundo porque tem esperança de encontrar outros que como ele também não vejam as roupas do rei – quem sabe assim, algum dia, as maiorias comecem a perceber que não são obrigadas a aceitar cabresto de minorias.


Christina Fontenelle
Jornalista

chrisfontell@gmail.com
http://infomix-cf.blogspot.com/


(*) deliriopata autistosociável

Delírio = Entende-se por delírio um juízo falso e irredutível da realidade
Pata = do grego, pathos = doença
Autisto – sociável é a combinação das características de pessoas portadoras de autismo, mas sem os componentes que lhes tiram a capacidade de apresentar uma normalidade social.

O autismo é definido da seguinte forma simplificada: É preciso que se apresente seis das características abaixo descritas, com pelo menos dois do grupo 1, um do grupo 2 e um do grupo 3. Eu não vou citar todas as características; mas fiz eu mesma a seleção de acordo com os números e os grupos citados. Do grupo 1: não tenta compartilhar suas emoções e falta de reciprocidade social ou emocional; do grupo 2: uso estereotipado e repetitivo da linguagem; e do grupo 3: preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados.

Aliás, ao ler um dos parágrafos sobre certas características identificadas como as que devam ser procuradas na tentativa de se diagnosticar uma pessoa autista, eu não consegui verificar muitas diferenças entre o que poderia ser a definição de muitos de nossos adolescentes nos dias de hoje: 1) usa as pessoas como ferramentas; 2) resiste, fica nervoso com mudanças de rotina; 3) não se mistura com outras crianças; apega-se demais a objetos; 4) não mantém contato visual (não olha nos olhos); 5) às vezes, age como se fosse surdo; 6) resiste ao aprendizado; 7) não demonstra medo de perigos; 8) risos e movimentos não apropriados; 9) gosta de girar objetos; 10) às vezes é agressivo e destrutivo; 11) tem modo e comportamento indiferente e arredio.

CARTA ABERTA À SENADORA HELOISA HELENA - por Paulo Moura, Cientista Político

Prezada Senadora:

Fui petista na juventude, numa época em que ser de esquerda parecia ser o melhor caminho para a Liberdade. Aprendi, com Lula e o com PT, a não ter ilusões em seres humanos envolvidos em conflitos de poder e interesse. Vi, muito cedo e bem de perto, tudo isso que o Brasil está descobrindo agora sobre o petismo no poder. Cresci; estudei e descobri que socialismo e Liberdade são “volumes” que não podem ocupar o mesmo lugar no espaço-tempo. Afastei-me do PT, mas não da política e nem das minhas convicções sobre o que acho melhor para meus filhos, minha família, para mim e para a sociedade em que vivo.

A senhora vive uma fugaz ascensão nas pesquisas eleitorais. Seu crescimento nas pesquisas pode ter várias origens. Boa parte dos eleitores que manifestam intenção de voto na senhora devem ser petistas decepcionados que não seguiram a minha trajetória. Esquerdistas convictos que se sentem traídos e talvez vejam na senhora; na veemência oportuna de seus discursos; nas manchetes fáceis para a mídia sedenta de audiência que a senhora sabe produzir com astúcia; na sua aparência simples de Dom Quixote de jeans e blusinha branca, a nova ilusão numa utopia impossível.

Cada um acredita no que bem entende. Ainda bem. Mas é fato que a senhora os lidera. O que a senhora diz e faz é o que motiva a intenção de voto dessa gente. Foi com um discurso igual ao seu que Lula chegou ao poder. Talvez a fórmula ainda funcione. Lula precisou de 25 anos. A senhora está sendo mais rápida. Cuidado Senadora!

Pode parecer estranho senadora. Mas, acho que outro tipo de eleitor que manifesta intenção de voto na senhora, o faz com saudades do Enéas, o histriônico fascista que era contra tudo e contra todos e, com esse discurso, transformou muitos votos potencialmente nulos em válidos. Quando Enéas resolveu ser a favor da bomba atômica, seu desempenho eleitoral entrou em declínio. Cuidado Senadora!

Sem querer ofendê-la, pois a senhora se encontra no extremo oposto do espectro ideológico de Enéas, e só por isso é diferente dele, muitos a percebem com igual a ele. E votam na senhora por isso. Que risco e que responsabilidade, hein Senadora?

Mas, acho que há, ainda, outro tipo de gente que manifesta intenção de votar na senhora por outros motivos. Trata-se de gente que está com raiva dos políticos em geral, por causa dos escândalos patrocinados pelo petismo no poder. Muitos desses votaram em Lula na eleição passada, depositando no ex-operário a última esperança de sermos governados por homens puros. Pior; por um partido de gente que se dizia pura.

Isso não existe. Todos somos pecadores. O mesmo poder que Alckmin e Lula desejam, a senhora também deseja. E luta por ele como ninguém. Certo, Senadora? Não existem homens e mulheres puros. Não existem partidos puros. Gente que entra em partidos e concorre a cargos públicos; à Presidência da República, quer o poder. Certo, Senadora?

A senhora é uma mulher religiosa. Acredita em Deus. Já a ouvi invocar Nossa Senhora mais de uma vez. Mas, eu, Alckmin, Lula, e a senhora, somos todos pecadores. Certo, Senadora?

Puras, só as crianças. E mesmo assim, a natureza humana por vezes assusta quando vem à tona, mesmo brotando da alma pura de uma criança; sem os freios que a vida impõe aos adultos. Os freios nos vêm exatamente quando descobrimos, em nós e nos outros, os desejos de poder. Contemo-nos pois sabemos que podemos esperar dos outros, aquilo que somos capazes de fazer pelo poder que aspiramos ter.

Civilização é repressão. E auto-repressão. É religião. É Estado. É Lei. É gente decente no poder. O resto é o estado de natureza de Hobbes. A guerra de todos contra todos. A lei do mais forte.

As tentações do poder são permanentes. Mas, animais políticos que somos, contemo-nos. Contemo-nos porque descobrimos que a civilização é melhor que a barbárie; que a sociedade sem Lei e Ordem é o inferno. Na esfera íntima, são as noções de certo e errado - de ética - que todos deveríamos receber dentro de casa, na primeira infância, e a moral religiosa, o que nos contêm. Na esfera social, o Estado e a Lei existem para conter aqueles que, fracos de caráter, negam a contenção de suas ambições aos limites da Ordem e da Segurança coletivas; única garantia de Liberdade de todos.

O ideal é que pudéssemos viver numa sociedade sem Estado e sem Lei. Para isso seria necessário algum tipo de garantia de que todos os indivíduos, sem exceção, fossem capazes de conter suas ambições aos limites da ética e da moral que tornam possível o convívio social em Liberdade, com Ordem e Segurança.

Essa hipótese se consubstanciaria em duas situações: a) uma em que os seres humanos terão atingido elevadíssimo grau de maturidade individual e coletiva; e, b) outra, sugerida pelo ideal religioso, contida na idéia de Paraíso, no qual conviveriam somente seres de almas tão puras que sequer a auto-repressão lhes faria falta para a regulação do convívio social.

Nenhum dessas duas situações está ao alcance de nenhum de nós, no curto prazo. Infelizmente, precisamos do Estado e da Lei. Pior, temos que engolir o Estado e a Lei que temos no Brasil (argh!). E, pior ainda, temos que escolher quem estará governando o Brasil. O indivíduo a quem caberá garantir que o Estado e a Lei nos protejam das ambições desmesuradas de indivíduos que almejam todo o poder.

Saber lidar com as tentações do poder, especialmente quando muito poder nos chega às mãos, é uma prova de fogo Senadora. Ficamos entre Deus e o diabo. E a escolha do lado a que vamos ceder é pura e solitariamente nossa Senadora. Deus fica parado, apenas olhando. E o diabo fica ali, espreitando nossas fraquezas; nos tentando. É aí que descobrimos a verdadeira natureza dos indivíduos. A senhora viu o que aconteceu com Lula e os petistas quando chegaram ao poder?

Pois em breve, no segundo turno da eleição presidencial, teremos que escolher entre Lula e Alckmin para presidir o Brasil.

Desculpe Senadora, não a excluo do segundo turno por desrespeito à senhora ou àqueles que depositam na senhora suas esperanças e ilusões. Acho apenas que ainda não chegou sua hora. Acho que quem a excluirá serão os eleitores. Seu partido ainda é muito pequeno. Os recursos financeiros necessários à eleição de um presidente do Brasil não lhe estão disponíveis. E a oportunidade de vender a alma ao diabo em troca do poder ainda não se ofereceu à senhora como se ofereceu a Lula. A senhora viu o que Lula precisou fazer para chegar ao poder? E o que ele fez depois que chegou lá?

Deixemos Lula para lá Senadora. Vamos refletir sobre a nossa situação. A minha, a da senhora, a de todos os eleitores brasileiros que em breve terão a oportunidade de fazer a sua escolha.

Alckmin tem seus pecados? Certamente; como todos nós. Lula também tem os dele. Ele diz que não sabia de nada. Mas todos nós sabemos.

Senadora Heloisa Helena, a senhora sabe que, nesses tempos pós-modernos, não é o programa de governo que diferencia Lula de Alckmin. Sob o critério das condições éticas e morais para garantir a Segurança; a Lei; a Ordem e nos garantir a Liberdade, à luz da comparação entre a vida pregressa e as experiências de passagem pelo poder e os pecados conhecidos de cada um, quem tem melhores condições de ser presidente da República?

Lembre-se Senadora, lá na solidão e no silêncio da urna; quando todo o poder está na mão de cada de um de nós, e quando experimentamos a maravilhosa e democrática liberdade de escolha, a sábia decisão que vamos tomar, repousa única e exclusivamente sobre a responsabilidade, o caráter e a formação ética e moral de cada um de nós. E Deus estará lá Senadora. Parado. Quieto. Apenas observando a escolha que vamos fazer.

Que Deus abençoe sua escolha, Senadora.