1 de jul. de 2005

Mais ou menos brasileiro

por Glauco Fonseca - publicado no Diego Casagrande
Eu nunca votei no Lula e não pretendo votar. A decisão eu não tomei em 2002 nem antes. Tomei nos últimas horas e é definitiva.

Ainda reservo algum respeito pelo Lula. O operário que virou presidente, o sonho da democracia amadurecida, comprovado pelo metalúrgico de origem simples que chegou ao máximo poder constitucional para mudar o Brasil. A vitória da virtude sobre o vício, do certo sobre o duvidoso, do correto sobre o que precisava ser mudado.

Eu até cheguei a me sentir menos brasileiro do que os petistas e inúmeras vezes me constrangi ao participar de bandeiraços. Em incontáveis momentos, eu me senti menos cidadão, menos ser humano, menos honesto por não envergar a bandeira com a estrela amarela no centro. Eu me sentia errado por não ser alguém que queria Lula e o PT no planalto central. Acredito até que muitas pessoas sentiram o mesmo.

Aqui na cidade de Porto Alegre, durante dezesseis anos, a dualidade “PT/não-PT” forjou e fomentou as mentes dos eleitores. Era nítida a impressão de que os mocinhos eram os “xerifes” de estrela no peito e nós, sem estrela, os renegados, pusilânimes, roedores da coisa pública. As coisas mudaram, então.

Escândalos emolduram o governo federal de Lula da Silva. Escândalos caudalosos com ativa participação de seu partido, o PT da moral e dos bons costumes. Fica cada vez mais válida a máxima do “diz-me com quem andas que dir-te-ei quem és”. Aderna e sugere encalhar, por excesso de zelo ou por excessiva omissão, um projeto político calcado na figura de Lula. Ao confiar cegamente em assessores pouco dignos, Lula corre o risco de fazer desaparecer um segundo mandato. Ao manter-se apoiado inadvertidamente em “companheiros” pouco fidedignos, ficará cada dia mais difícil achar que Lula é diferente de todos que o cercam.

O engraçado é que, diante de tamanha confusão na casa do meu adversário político, alguma coisa me perturba a razão. Algo diferente do impeachment de Collor, quando a unanimidade tinha como pano de fundo não só a corrupção revelada, mas uma desconfortável desordem econômica. Collor foi impedido porque, ao contrário do que acontece, todos achavam que o bandido era o presidente, e não sua turma.

O caso agora parece ser diferente. Lula, refém de suas concessões políticas, está cercado de desobedientes, de abjetos, de corruptos, de partidos aliados e de seu próprio PT. Está devendo explicações sobre as trapalhadas de alguns ministros, de dirigentes de estatais e de amigos como Silvinho, Dutra, Delúbio e outros. A única zona de conforto parece estar a 10 mil metros acima do nível do solo, a bordo do majestoso Airbus presidencial.

Estou magoado por causa da sacanagem toda, das maracutaias e da corrupção no imaculado e insuspeito governo Lula.

E estou me sentindo mais brasileiro.

Os inimputáveis

por Rodrigo Constantino - publicado no MSM.org

"Com a nossa capacidade de fazer maluquices em nome de boas intenções,criamos uma legislação de menores que é um tremendo estímulo à perversão eao crime, ao fazê-los inimputáveis até os 18 anos."
(prof. Roberto Campos)
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Vamos imaginar um pai que não estabeleça critérios objetivos e impessoais de castigo aos seus filhos. Cada ato irresponsável de desobediência às regras será analisado com extrema complacência, buscando sempre colocar a culpa em fatores exógenos, não no indivíduo responsável. Até o fogo que o moleque colocou de forma premeditada na cortina é culpa da maldita cortina, que estava no lugar errado! Imaginemos que o grau dos delitos vá aumentando, até o insuportável e intolerável, colocando em risco toda a família. Será que esse pai deveria ficar indiferente frente aos fatos, acreditando que o pequeno monstro não tem culpa de verdade, é apenas uma pobre vítima, e portanto não merece uma punição mais severa? Será que ele deveria somente aplicar castigos suaves, na esperança de que o tempo se encarregue de consertar o assombroso ser? Creio que seria absurdo e indesejável uma postura complacente dessas. E isso no caso de pai e filho, com todo o amor paterno envolvido. Agora vamos supor que se trata do Estado e dos menores infratores. Parece inadmissível uma conduta tão leniente com os jovens criminosos.
Pois é justamente o que faz o nosso Estatuto da Criança e do Adolecente, o ECA. Ao estar tomado de romantismo e utopia, recheado com boas intenções desprovidas de lógica, o ECA mais parece um convite ao crime, estimulando os jovens à perversão. A proteção das supostas crianças ultrapassa qualquer limite de benevolência, estimulando novos atos de infração cada vez mais graves. Ao tornar verdadeiros marmanjos inumputáveis até os seus 18 anos, limitando a pena a três anos de reclusão repleta de regalias, o ECA criou verdadeiro incentivo ao uso desses jovens pelos criminosos. Um galalau capaz de matar sem nenhum remorso um inocente por um par de tênis, estará necessariamente livre aos 21 anos, pronto para cometer novos assassinatos. Para superproteger os "coitados" que já são capazes dos atos mais bárbaros existentes, esquece-se totalmente das vítimas inocentes. É impressionante como os defensores dos "direitos humanos" focam apenas em um lado, que não é nunca o das vítimas inocentes.
As regras, numa sociedade civilizada, devem ser claras, de conhecimento geral, impessoais e objetivas. O império da lei não permite privilégios, distinção de classe, cor, raça ou religião. Não deve fazer concessões por idade também. Como disse Roberto Campos, "temos de ter normas objetivas e claras, e cumpri-las para valer, feito as regras do trânsito; não se indaga qual a idade ou o grau de culpa de quem furou o sinal vermelho, mas apenas o fato". A impunidade é provavelmente a maior causa da violência e criminalidade, e o ECA apenas legalizou a impunidade dos jovens. Tratar como uma pobre criança indefesa, vítima da "sociedade", um rapaz que cometeu latrocínio, estupro, sequestro ou assassinato, é pedir para que o caos domine a nação. Quando o Estado não garante uma punição impessoal condizente com o crime e o sofrimento da vítima, a sociedade é tomada por sentimento de vingança particular. A institucionalização da punição severa ao criminoso visa justamente a evitar os justiceiros privados, típicos das anarquias. É uma afronta, portanto, que nossas leis sejam tão obsequiosas com os criminosos, tratando-os como cordeiros, e não como os lobos que são. Tal desrespeito aos corretos cidadãos apenas alimenta a descrença nas autoridades, e ajuda na proliferação da escória humana.
Ficamos limitados aos argumentos teóricos, mas a consequência prática de tais absurdos está visível em cada esquina desse país. A criminalidade tomou conta da nação, e ao invés do Estado partir para uma luta mais dura contra a impunidade, vai na mão contrária, desarmando inocentes e pregando a redução da pena para crimes hediondos. Além disso, o atual governo rejeitou a possibilidade de redução da maioridade penal, mantendo o tratamento de assassinos de 18 anos como crianças. Curioso é que para votar, um "homem" de 16 anos é considerado maduro, mas se este mata um inocente, não passa de uma pobre criança que necessita de proteção especial do Estado. É mais fácil vender sonhos românticos socialistas para jovens, que costumam sucumbir mais facilmente aos movimentos irracionais de massas.
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Do Blogueiro:
Estatuto da Criança e do Adolescente com Licença para Matar Gente. O Monstro foi criado e, aí está. Cabe ao próximo próximo Presidente, que esperamos, seja sério, enfrentar este problema. Claro que não pode ser como a Dep Rita Camata(anda de carro blindado) fez, por meio de Lei. Vai ter que ser devagar.