7 de ago. de 2006

Recebido por email

Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, está, nesse momento (23:34 hs), fazendo denúncias horrorosas sobre o envolvimento do PT nos ataques do PCC em São Paulo. Acusou o Ministro da Justiça, Márcio Thomás Bastos, de ter uma bola de cristal, já que toda vez que o mesmo diz que vem a São Paulo, o crime organizado faz diversos ataques na cidade. Saulo de Castro disse que o Secretário de Transportes da Prefeita Martha Suplicy concedeu autorização para controlar linhas de vans (peruas) - cerca de 1300 linhas - para um único indivíduo, ligado ao PCC. Disse que há um inquérito no Ministério Público sobre o tema que já resultou na prisão de duas pessoas - entre elas o dono das linhas de vans. Com isso, ligou o PT ao PCC e disse que os ataques em São Paulo são de natureza política, para desestabilizar o Governo de São Paulo.

Ele está dando nomes aos bois e disse que deveria haver sérias punições às pessoas que estão envolvidas nesse tipo de atitude. Falou também dos presídios e das verbas sonegadas ao Estado de São Paulo pelo Governo Federal, que faz "pose" de quem está querendo ajudar e ser solidário quando não fez o que deveria ter feito: investido na recuperação dos presídios já existentes, providenciar a construção de outros novos e ainda repassar verbas que seriam empregadas para compra de equipamentos de combate e de inteligência para a polícia do Estado.

Sem dúvida, amanhã as manchetes dos jornais estarão falndo sobre as declarações do Secretário.

A Cidade Perdida – uma ode à Cuba Libre - por Ipojuca Pontes

A Cidade Perdida (Lost City, EUA, 2005), de Andy Garcia, em exibição em poucos cinemas no Brasil, além de filme vigoroso, é uma ode (composição poética de caráter lírico) à Havana dos anos dourados, mas nem por isso menos verdadeiro e contundente. Garcia, “o maior talento do cinema latino desde Rodolfo Valentino” (no dizer do lendário Anthony Quinn), fez um filme admirável, tão importante para divulgar os horrores da revolução cubana de Fidel Castro e o “Che” Guevara, como, por exemplo, o romance O Senhor Presidente, de Miguel Ángel Asturias, ao denunciar a ditadura de Estrada Cabrera, na Guatemala do início do século 20 (até mesmo, diga-se de passagem, no tom romanesco).

Pelo que se sabe, para realizar A Cidade Perdida o diretor (que nasceu em Cuba) levou 16 anos com o roteiro (feito em parceria com Cabrera Infante, outra vítima de Fidel) debaixo do braço, procurando financiamento numa Hollywood “politicamente correta”, entregue aos caprichos de cubanófilos decadentes (mas poderosos) como Robert Redford e similares. Com o filme pronto, Garcia agora se defronta com um outro tipo de ditadura, tão nefasta quanto a tirania de Castro, isto é: a tirania dos festivais cinematográficos, inteiramente dominados pela comunalha; a tirania dos distribuidores acovardados, que a consideram uma “fita especial e de risco”; e dos críticos de cinema, uma corriola em geral ignorante, bloqueada ideologicamente e a serviço do pensamento único esquerdizante.

É pena, pois A Cidade Perdida emociona e faz pensar. É evidente que não pretende “desconstruir” nem “minimalizar” coisa alguma, antes procura se articular no legado da estética aristotélica, aberta aos sentimentos e ao entendimento do grande público, como deve ser o cinema de massa. Os modelos perseguidos, pelo que se diz, foram Casablanca e Dr. Jivago, dois exemplares clássicos aos quais o ajuste de contas de Garcia, feito em 35 dias e com custo em torno de 9,5 milhões de dólares, nada fica a dever. (Mas que, no futuro, quando a onda da intolerância comunizante for apenas registro ou matéria de memória, A Cidade Perdida poderá ficar como o primeiro filme de ficção a abordar de forma convincente as ditaduras sangrentas de Fulgêncio Batista y Zaldivar e Fidel Castro Ruz, El Caballo - ora em transe).

A trama do filme gira em torno do fulminante aniquilamento da família Fellove – o patriarca Federico (Thomas Millian), professor universitário que se nutre em Sêneca e acredita na democracia; a matriarca D. Cecilia; o tio Donoso, gourmet plantador de fumo (o eficiente Richard Bradford), os filhos Luis (Nestor Carbonell), Ricardo (Enrique Murciano) e Fico (Andy Garcia, em belo desempenho), proprietário do cabaré El Tropico (réplica do Tropicana), o empresário da família, visto que os outros irmãos são ou estão em vias de se engajar no Diretório Revolucionário (núcleo subversivo da classe média urbana) e na guerrilha de Castro, em Sierra Maestra, ambos obstinados no combate à ditadura do ex-sargento telegrafista Fulgêncio Batista (Juan Fernandez, em sólida composição) – curiosamente levado ao poder, em 1940 e 1953, com o apoio do pragmático (e vil) PC cubano.

Não menos importante, ainda que enigmática, e a figura feminina de Aurora Fellove (Inês Sastre, beleza latina), esposa de Luis (assassinado pela polícia de Batista), a dividir os sentimentos de Fico, e a do Escritor (Bill Murray), recriação do Bobo do Rei Lear, de Shakespeare, cuja função no entrecho narrativo é a destruição verbal de um mundo que se desmorona.

Falei acima no aniquilamento da família Fellove, mas o aniquilamento, em termos reais ou simbólicos, é da própria Cuba, dividida politicamente e depois destruída por uma ditadura que se faz mais violenta, corrupta e desumana do que a do sargento Batista, ao eliminar os mínimos vestígios de liberdade, seja individual ou coletiva. A especialíssima Havana, conhecida nos anos 40 como a “Paris do Caribe”, passa a ser a masmorra infecta do Comandante Castro, um tirano egocêntrico e sem limites.

Se mais não fosse, ou fizesse, o filme de Garcia apresenta no mínimo dez cenas fortes, comoventes e bem executadas, entre elas, a do assalto ao Palácio presidencial de Havana pelos estudantes membros do Diretório Revolucionário, fato real em que, numa manhã de março de 1957, após uma hora de combate nos corredores e jardins, foram contados 25 mortos; a do suicídio de Ricardo, o guerrilheiro arrependido; a da despedida de Fico diante dos pais arruinados; a da “expropriação”, pelos chacais do regime, no aeroporto José Marti, dos objetos de estimação dos cubanos que deixam a ilha; a do confronto de Fico com a camarilha revolucionária erguendo um brinde a Cuba Livre diante do debochado embaixador Soviético; e, muito em particular, a cena em que o “Che” Guevara (Jsu Garcia, perfeito) informa, na triste prisão de La Cabana, onde reinou absoluto durante seis meses, que eliminou mais um dos 55 prisioneiros, muitos dos quais ele próprio acionando o gatilho, pois sua legenda de psicopata fanático, para quem “os fins justificam os meios”, era: “em caso de dúvida, atire” (“Che Guevara”, Eric Luther, Alpha Books, EUA, 2001).

Como mencionei acima, a contundência do ajuste de contas não supera na obra o doce encanto da ode à Havana que Garcia constrói, especialmente quando recria o universo musical da cidade, com seus clubes, cabarés, cantores e dançarinos fascinantes, plenos de vitalidade, onde prevaleciam as figuras de Ernesto Lecuona e Domase Perez Prado, autores, por exemplo, de composições como “Siboney”, “Para Vigo me voy” e “Patrícia” – definitivas e definidores de uma época e de um esplendor. Neste terreno, a sensibilidade de Garcia só acrescenta beleza, ainda que nostálgica, ao clima de uma cidade mítica destruída pelo castro-comunismo.

Vejam o filme, antes que o retirem de cartaz.

Reproduzido do Diego Casagrande

First Casualty


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CAI O PANO – Parte 2 - por Christina Fontenelle

Precisou de muita pesquisa para escrever esta série de artigos que resolvi chamar de Cai o Pano, que acabará por trazer luz ao que está por trás da construção de um Brasil que os brasileiros, com razão, têm a sensação de ser um Estado feito por eles, mas não para eles. Propositadamente, começarei pelo que deveria ser o último episódio desta Parte 2, quando então, todos poderiam fazer as ligações certas entre nomes, lugares, encontros e festas. Entretanto, se formos lendo já sabendo sobre o destino de certos personagens, conseguiremos entender melhor as razões de tantas opções sociais, políticas e econômicas que nortearam (ou vitimaram) a vida de milhões de brasileiros nos últimos 20 anos.

Em maio de 2004, a revista IstoÉ Dinheiro publicou uma glamourosa reportagem sobre o mega empresário brasileiro Mário Garnero que, aos olhos de muitos de nós mortais brasileiros, poderia fazer sentir até mesmo certo orgulho, pelo prestígio que muitos compatriotas foram capazes de conquistar no cenário internacional, freqüentado pelos mais ricos e poderosos homens do planeta. Serviu até para matar a saudade da época em que tínhamos um Presidente, que desfilava pelo mundo, exibindo a imagem altiva e aculturada de quem tinha o respeito e a receptividade entre os grandes líderes mundiais, e que todos nós achávamos que fosse em nome do Brasil e dos brasileiros. Nunca foi. Falo de FHC, é claro.

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Mais uma jogada dos aventureiros - por Marco Antonio Rocha, jornalista, no Estadão

No dia 26 de junho publicamos, neste espaço, o artigo O arrombamento das instituições, expondo nossos temores de que muita gente, no PT e no governo, alimenta o temerário plano de se aproveitar das muitas frustrações da população brasileira, com a política em geral e com a administração em particular, para propor soluções salvacionistas - ao estilo Chávez, da Venezuela - e, assim, nos encaminhar para um regime que os eternize no poder, com total beneplácito do presidente, que vive dizendo que quatro anos é pouco para fazer tudo o que tem em mente em matéria de grandiosos serviços em prol da Nação.

Muitos leitores nos enviaram e-mails se dizendo também atentos aos sinais dessa armação e preocupados com ela.

Certamente, esses mesmos leitores, e muitos mais, perceberam, na semana passada, o macabro balão de ensaio arranjado por S. Exa. para testar a viabilidade das suas pretensões. Falo do episódio em que estranho grupo de prestativos advogados se abalou para ir ao encontro do presidente em seu gabinete, em plena tarde de quarta-feira (notem bem!), com algumas idéias sobre como arrochar os trabalhos das CPIs - a pretexto de torná-las mais eficientes - e para instituir uma Assembléia Nacional Constituinte, com a atribuição exclusiva de implantar uma reforma política por meio de mudanças na Constituição vigente. Não é de estranhar que as sugestões dos very concerned councels acolhessem, obedientemente, as críticas que Lula já fez, em diversas ocasiões, às CPIs e à Constituição - o que lhe permitirá dizer que não são dele as idéias e propostas, e sim de ilustres causídicos.

Ah, sim, a coisa toda tem de contar com a aprovação da OAB e obedecer ao “clamor público”. Este é fácil de se aferir, basta convocar um plebiscito com a pergunta: “Você acha que o Brasil precisa de uma reforma política?” - e a adesão será de quase 100%. A “aprovação” da OAB também não é difícil, pois, como já dissemos no artigo anterior, é sempre possível encontrar juristas ilustres ansiosos para formar “no escrete dos garimpeiros de doutrinas legitimadoras de interrupções da democracia”.

Na verdade, o clamor público contra a pérfida armação já teve início na semana passada mesmo, por parte dos brasileiros e brasileiras mais perceptivos das coisas da política, a começar da nossa colunista especializada Dora Kramer, que acompanha muito competentemente, e sem perder de vista, os ademanes nada sutis da matilha de candidatos a gauleiters do futuro regime com o qual não cessam de sonhar. Regime que imaginam ser de “despotismo esclarecido” e benevolente, à semelhança daquele que implantaram dentro do próprio PT e que consistiu - como todos os petistas de boa-fé acabaram percebendo - numa ditadura férrea da cúpula sobre quem dela discordasse e num tratamento benevolente aos fiéis companheiros que “errassem”, ou seja, que fossem pilhados batendo carteiras. Mas só a estes, porque aos petistas que se escandalizaram com a bateção de carteiras, puseram a boca no trombone, tentaram corrigir as malfeitorias e até, ingenuamente, alertaram a cúpula partidária o tratamento dispensado foi muito outro: desde a expulsão sumária até o “justiçamento”, como obviamente ocorreu com pelo menos dois prefeitos.

Preocupamo-nos, todavia, com o fato de que o clamor público contrário à soez jogada tenha ficado restrito quase que apenas a alguns comentaristas da imprensa escrita, cujo alcance é, sem dúvida, menor que o das TVs e emissoras de rádio. Estas se incumbiram do velho papel de correias de transmissão dos balões-de-ensaio do Planalto: puseram-se a montar programas de debates das “idéias dos juristas”, dando seus microfones e câmeras para que outros juristas discutissem os prós e os contras das sugestões e seus aspectos técnicos e legais. Como se fosse esse o chamado cerne da questão. Mas não tomavam posição no assunto, nem apontavam, com sua própria voz, o grande risco institucional aí embutido.

Certamente, o estado-maior do governo que conduz o plano de reinstitucionalização do País já providenciou pesquisas para saber como repercutiram na opinião pública em geral, nas elites e no povão, as sugestões de amordaçar as CPIs e de reformar a Constituição (“para acabar com a corrupção”!!). Com base nos resultados dessa pesquisa, novos passos serão dados na mesma irredutível direção.

O presidente Lula, que se dirá alheio ao que está por trás dessa manobra, uma vez que nunca sabe nada sobre o que seus companheiros e partidários tramam, já apoiou (sic!) a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte exclusiva para a reforma política - claro!, porque só esta interessa aos seus propósitos, por enquanto. E explicou que os atuais deputados e senadores, em meio ainda à turbulência das CPIs e da campanha eleitoral, “não teriam isenção” necessária para esse trabalho e, além disso, legislariam em causa própria. Ficamos até tentados a imaginar com qual grau de isenção S. Exa. assina medidas provisórias e se nunca legisla em causa própria quando as baixa. Certamente, não, pois sempre age com altruísmo, em prol da Nação!

Mas as observações do nosso guia genial não repercutiram bem entre os inquinados, isto é, deputados e senadores. O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, denodado combatente e aliado de Lula, apressou-se a dizer, com outras palavras, naturalmente, “deixa isso pra nós, ó amado Mestre!” As palavras que realmente usou foram as seguintes: “Embora a expectativa da reforma política seja um clamor nacional (já avalizando a iniciativa*) e o presidente Lula partilhe dessa preocupação, para essa finalidade não precisamos de Assembléia Constituinte (ou seja, deixa comigo*).”

Já o líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), acha que, se o próprio Congresso puder aprovar a reforma política, melhor. Mas, se não for possível, uma Constituinte específica deveria ser convocada. O que deixa a porta aberta para a tal convocação, uma vez que dificilmente a reforma seria aprovada nesta legislatura, a despeito do otimismo do presidente da Comissão da Reforma Política na Câmara e líder do PSB, o deputado Alexandre Cardoso (RJ), que já teria as assinaturas de todos os líderes para que ela seja votada em regime de urgência, em novembro.

Dada a admiração inegável de Lula por Fidel Castro e por Hugo Chávez, faço minhas, para finalizar, as palavras do deputado José Carlos Aleluia: “É evidente que essa Constituinte deve ser evitada para que não caminhemos para o presidente vitalício.”

Tomara que já tenha sido evitada. O que não matará novas tentativas

Viva o Grande Líder - por Sandro Guidalli, no MSM

Resumo: Os jornalistas brasileiros estão apreensivos ante as graves notícias que chegam de Havana. Mas não há motivo para tanta preocupação. Talvez Fidel não morra tão cedo, e eles poderão continuar cultuando seu ditador comunista favorito.

O Ditador Amigo - por Rodrigo Constantino

Dois Monstros

Rodrigo Constantino

A coisa mais rara de se encontrar é o fato de existir quem alie a razão ao entusiasmo.” (Voltaire)

Recebi algumas entusiasmadas críticas – na verdade, agressões chulas – por conta de um artigo onde desejava a morte do ditador cubano, Fidel Castro. Espanta a quantidade de pessoas que ainda defende o regime assassino em Cuba. Não são analfabetos que ignoram por completo as informações disponíveis sobre a realidade da ilha caribenha, mas sim gente com acesso à internet e tudo mais que o capitalismo pode nos propiciar – e portanto ausentes em Cuba. São ignorantes voluntários, que se negam a enxergar os fatos. A paixão deles na defesa do indefensável denota total ausência de vestígio racional naquilo que chamamos de cérebro. Defensores de Fidel Castro não merecem o rótulo de homo sapiens – no máximo homo erectus, mas com receio de estar ofendendo nossos antepassados.

Como não existe um único argumento lógico na defesa do el comandante -– atualmente mais para el coma andante – seus defensores forçam um “argumento” utilitarista: a melhora nas condições de vida do povo cubano. Ainda que fosse verdade – e nada mais longe da verdade que isso – tal melhora jamais justificaria um regime ditatorial, opressor, violento e assassino, responsável por dezenas de milhares de mortes, assim como o maior êxodo já visto, com boa parcela da população – a que conseguiu fugir no meio de tubarões – morando em Miami, para fugir do “paraíso” cubano. Por falar em paraíso, o que desejo para Fidel após sua morte é que ele viva num lugar justamente como Cuba – só que como um simples cidadão, sem seus poderes políticos. É um bom castigo.

Mas voltando ao “argumento” utilitarista, resta perguntar porque o defensor de Fidel é, ao mesmo tempo, um grande combatente de Pinochet. Comparemos alguns números. Fidel assumiu o comando de Cuba enquanto esta era a quarta economia da América Latina. Está certo que isso não era grande coisa, já que a região toda era muito pobre – o que pouco mudou. Mas o fato é que Fidel conseguiu piorar – e muito – a situação. A economia cubana está na lanterna hoje, depois do vigésimo lugar na região, mesmo com bilhões de dólares de ajuda anual da União Soviética. O Chile, ao contrário, é o país mais sólido da vizinhança, e tem crescido 6% ao ano. A renda per capita chilena saiu de US$ 1.800 em 1973 para US$ 4.700 em 1996; a mortalidade infantil caiu de 66 por cada mil nascimentos em 1973 para 13 em 1996; o acesso à água potável subiu de 67% para 98% da população; e a expectativa de vida foi de 64 anos para 73 anos. Nada mal. Quando levamos em conta que morreram no Chile de Pinochet cerca de 3 mil pessoas, sendo que praticamente metade das mortes ocorreu no primeiro ano da ditadura, durante uma guerra civil com os comunistas revolucionários, fica irresistível questionar qual o critério que os defensores de Fidel utilizam para absolvê-lo enquanto condenam Pinochet. Seria o tamanho da barba? Seria a capacidade de longos discursos retóricos? Seria a quantidade de filhos? Sem dois pesos e duas medidas, os socialistas não agüentam viver um segundo sequer.

Em 1988, Pinochet realizou um referendo popular onde o candidato da junta, ligado a ele, venceu com 44% dos votos – mais do que Allende havia obtido em 1973. Ainda assim, Pinochet respeitou a Constituição, que afirmava serem necessários mais de 50% dos votos, e anunciou sua saída do governo. Fidel Castro continua comandando com mão de ferro a ilha-presídio por desastrosos 47 anos. Ao ficar doente, o que fez o camarada de Lula? Passou o poder ao irmão, como se a ilha fosse sua propriedade privada. Lula ainda fala em respeitar a vontade do povo cubano. Que povo está tendo a liberdade de exercer sua preferência? O povo cubano não tem direito a ter vontades. Deve apenas seguir como autômato o mando do ditador, adorado por nossos “intelectuais” ricos e governantes – invejosos do tamanho do poder de Fidel.

Os utilitaristas mentirosos, que bradam aos ventos as “melhorias” de Cuba durante a ditadura de Fidel, precisam explicar o fato de que em 1959, antes da revolução castrista, Cuba e Porto Rico tinham uma renda per capta similar, ao passo que hoje o último tem quase dez vezes mais renda que o primeiro. Não foi necessário trucidar oponentes políticos, acabar com a liberdade do povo nem criar um paredon para isso.

Como alguém ainda consegue defender um assassino como Fidel Castro? Albert Einstein disse que duas coisas eram infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas ele não estava certo sobre o universo! De fato, quando vemos a reação apaixonada dos defensores de Fidel quando apenas mostramos alguns fatos, ou chamamos um ditador de... “ditador”, fica evidente que Einstein tinha razão nesse ponto. A estupidez humana parece mesmo infindável. Espero que a vida de Fidel Castro, pelo menos, não seja. E que, de preferência, ele sofra bastante antes de morrer, pelo tanto que infligiu de sofrimento ao povo cubano.

Que o diabo lhe carregue, Fidel. Isso, claro, se o capeta não tiver medo de ser substituído por você no comando do inferno. Afinal, seu currículo mostra grande experiência na gestão deste ramo...

Amigo do Apedeuta, não nosso!