6 de mai. de 2008

Sinto um nojo maior de Corruptos do que de Homicidas

Os magos patológicos - por Glauco Fonseca

Eu conheço um corrupto assim como um marceneiro que encontra um pedaço de madeira e decreta que ele está cheio de cupins num simples olhar. Eu conheço um apropriador também só observando alguns sinais. Em geral, ele é vaidoso ao extremo e cuida com apuro de sua roupa, gravata e principalmente sapato. Falcatrueiros adoram griffe, principalmente aquela do carinha jogando pólo, as unhas estão sempre perfeitas e as gravatas são bacanas porque foram compradas no freeshop ou em alguma viagem qualquer às nossas custas. Os embusteiros possuem o olhar "giroscópico". Estão sempre olhando para um lado e para o outro, como se estivessem à procura de uma barbadinha ou de um microfone escondido, qualquer coisa serve.

Eu manjo um corrupto só pelo arquear de sua coluna vertebral. Observe você também. Um corrupto anda sempre ereto, retinho, jamais encurvado ou em posição desalinhada – ou desatenta. Marcos Valério é uma exceção apenas porque é um mestre dos disfarces, além de corrupto, ladrão e sem-vergonha. Todos os outros que eu conheço andam sempre empinadinhos.

Um corrupto se fosse ator, morreria de fome 15 minutos após o início de uma CPI. Diante de provas e mais provas de seus ilícitos, ele ainda assim consegue se manter impávido e dando aquela impressão de coitadinho. Uns ficam brabos – como outro mestre, o Gushiken – e alguns exploram o constrangimento de filhos, esposa, os pitbulls e o papagaio, todos sofrendo com as injustiças cometidas contra o ilibado punguista.

Identificar alguém que está gerando mais dinheiro do que atestaria seu contracheque é muito mais simples do que se imagina. Não basta aquela avaliação de que "corrupto não olha nos olhos". Eles já aprenderam este truque. Demorou, foi difícil, mas eles aprenderam. E como eles estão em constante evolução, sofisticam-se cada vez mais. Possuem advogados sempre por perto, assim como equipamentos livres de grampo. Paradoxalmente, cada vez usam menos a tecnologia para se comunicar, preferindo o contato pessoal e ao vivo.

Mas o que mais chama atenção nos corruptos de hoje em dia é sua crença total de que nada lhes irá acontecer. Esta é uma enorme evolução corruptiva, liderada pelo Governo Lula com maestria. Hoje, no Brasil, do Oiapoque ao Chui, roubar dinheiro público é um negócio altamente lucrativo e de baixíssimo risco, assim como outros delitos outrora considerados passíveis de cerceamento da liberdade. Junto com o incremento de possibilidades, surgem novas hordas de corruptos, invariavelmente criativos, genericamente inteligentes, indubitavelmente desonestos.

Quer algo ainda pior?

Os corruptos, fruto do benchmark ofertado no varejo pelo governo do PT, hoje em dia professam sua inocência, bradam sua inocência, evocam com veemência sua inocência e o que é ainda mais maligno: acreditam piamente em sua total inocência.

E tentam nos convencer de sua inocência, evocando a "justiça". "Isto será esclarecido na justiça", costuma dizer o corrupto quase confesso. A justiça, neste caso, pode ser considerada como um ente capaz, por sua morosidade, de libertar e manter livre um criminoso. Esta é a tal justiça que eles evocam a todo minuto.

Quando eles dizem que "o tema será devidamente esclarecido no decorrer do processo judicial", querem dizer o seguinte: "eu tenho todo o tempo do mundo pra tentar me livrar de vocês e desta bosta, seus otários".


Assim são os corruptos, assim caminha a humanidade e assim falou Zaratustra.

E eu conheço todos eles, só pelo jeito de andar.

Ludwig von Mises