6 de out. de 2006

O mesmo enigma - por Jayme Copstein

Resumo: Dinheiro de origem incerta sendo utilizado para fins políticos no Brasil: uma história que se repete.

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O competente advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, nas horas vagas ministro da Justiça, tem trabalhado com afinco para ocultar a origem do dinheiro apreendido com os trapalhões do dossiê. Suas alegadas dificuldades de decifrar o mistério provocam risadas diante a rapidez com que se identificou o delegado federal, responsável pelo vazamento das fotos da montanha de dólares e reais.

Chama a atenção, entretanto, algo surgido e desaparecido do noticiário como um cometa: os dólares tinham vindo de Frankfurt, Alemanha. Umas poucas linhas e nunca mais se falou nisso.

Faz lembrar o que ocorreu em 1967, quando começaram as primeiras agitações do MST, instituído como herdeiro dos Afogados do Passo Real, aqui no Rio Grande do Sul. O falecido jornalista Pércio Pinto, diretor do Grande Jornal Ipiranga, transmitido pela extinta TV Piratini, conseguiu descobrir que o dinheiro para financiar o movimento chegava através de um banco holandês, sob o rótulo de doações humanitárias de organizações francesas e alemãs.

A notícia não pôde ser divulgada então, porque a censura do regime militar vetou. Conheço o fato porque eu era o secretário de redação do “Ipiranga”.

Jamais conseguimos descobrir os motivos da proibição. Passados quase 40 anos, porém, pergunto-me se aquele dinheiro e este que hoje financia aventuras políticas na América Latina, não têm origens e objetivos idênticos e se não são parte do mesmo enigma.