26 de set. de 2008

"A honradez me basta" - Profº Roberto Romano

HOJE RECEBI UM OUTRO "DESCONVITE". AS MESMAS PESSOAS QUE ME ESCREVERAM DIZENDO-SE HONRADAS COM A MINHA POSSÍVEL PRESENÇA EM SEU EVENTO, HOJE AFIRMAM QUE, "DEVIDO ÀS CONDIÇÕES NOVAS" (NÃO TÊM SEQUER A CORAGEM OU O PUDOR DE DIZER QUAIS SERIAM AS DITAS CONDIÇÕES) NÃO SERIA MAIS NECESSÁRIA A MINHA PRESENÇA EM EVENTO AGENDADO HÁ MUITO TEMPO. ENFIM, FICO CONTENTE POR SABER, COM TAIS AMOSTRAS, QUE INCOMODO ALGUMAS PESSOAS AMIGAS DOS ATUAIS DONOS DO PODER. ENFIM...O MUNDO É ASSIM MESMO. PARA COMEMORAR O DESCONVITE, SEGUE UM TEXTO ESCRITO POR MIM EM SITUAÇÃO SIMILAR, PUBLICADO NO SITE DE ALVARO CAPUTO.

Sobre os grupos intelectuais

Professor Roberto Romano

Desde longa data, enfrento patrulhas políticas, religiosas, ideológicas. Numa sociedade onde a covardia dos indivíduos aconselha adesão a este ou aquele grupo (não raro quadrilha), o isolamento de quem não segue as súcias é assustador. Experimento o exílio sempre que um conventículo chega aos palácios. As mesmas línguas que, fora do poder, me tratavam como “professor” referem-se a mim como “aquele sujeito”. Foi assim com o PMDB no Planalto, com o PSDB, com o PT. Falo o que penso. Não escondo meu sentimento quando o arbítrio, a truculência e a má fé se instalam como ordem governamental. O que se passa com os partidos repete-se no trato com a mídia, com as artes, as ciências. Quando precisam de alguém disposto a dizer que o verde é verde e o marrom é marrom, sou procurado (de maneira asfixiante). Passou o problema, somem os pedintes e a gentileza. É o “efeito preservativo” nas relações entre intelectuais e “movimentos”: usado uma vez certo indivíduo como simples meio, ele é “pinchado”, como se diz no português saboroso do caipira.

O rito de excomunhão é igual em todas as seitas. Primeiro, vêm os rosnados, as caras feias, a não resposta ao comezinho “bom dia”. São os sinais precursores do ódio que fermenta contra quem ousa desmentir dogmas e safadezas. Depois, os seus alunos ouvem (sem que tenham solicitado a ninguém) juízos calhordas e covardes sobre sua pessoa (os recados são emitidos justamente para atemorizar), os seus projetos são recusados por detalhes que evidenciam perseguição. Depois, você mesmo tem os seus projetos cortados por colegas anônimos que se escondem sob a máscara burocrática. São múltiplos os recursos da covardia coletivista. Há um trabalho lingüístico para selecionar os que não devem partilhar o banquete do poder. Primeiro, são excluídos os que não usam os jargões das quadrilhas acadêmicas e políticas. Na época em que o PT se dizia de esquerda, era obrigatório usar frases iniciadas com “neo-liberalismo”, “consciência crítica”, “fora FMI”, “fora FHC”, “Covas o exterminador do futuro” e outras frases grosseiras e ressentidas. Se o infeliz não entoasse aquelas jaculatórias, era classificado como reacionário. Se as rezasse, era progressista, honesto, amigo do povo etc. O rebanho usa tais filtros como instrumento de exclusão. Depois, seguem os valores. Se você acredita neles, deve se cuidar porque nada é mais volátil do que a a fala das seitas. Elas são capazes de dizer “sim e não” ao mesmo tempo, dependendo da oportunidade ilustrada pela frase mestra: “isto é bom para nós”. E mesmo que “isto” desgrace o País e a reputação dos julgados “inimigos”.

Lembro-me do suadouro que tentou me passar certa militante inquisitorial do PT. Após cometer uma tese de doutorado que nem tinha a dimensão de panfleto, a dita cuja passou a intimidar docentes para que fossem tolerantes na banca. No meu caso, ela usou o seguinte truque: pediu-me entrevista e começou afirmando que eu era pessimamente avaliado por colegas e alunos. Todos se perguntariam “qual é a do Romano, é de esquerda ou direita?”. Evidente a armadilha mediocre: caso me intimidasse e respondesse “de esquerda”, deveria aprovar a tese. Caso oposto, eu teria admitido uma condição indesejada. Bati a mão na mesa e mandei-a para a porta de saída, não lhe dando o direito de agir de forma tão baixa. Exigi respeito, recusei participar da banca. Outros colegas aceitaram o convite, deram nota baixa à candidata e ouviram insultos da mesma após a proclamação do resultado. Hoje, a referida militante não milita, apenas desgraça a vida de alunos, colegas e funcionários, com truculência exemplar. E dá pareceres sigilosos sobre projetos de pesquisa, bolsas etc.

Existe gente assim em todos os círculos. Como dobram a espinha, consideram monstruosas as pessoas que mantêm ereta a coluna vertebral. Como adulam quem manda e caluniam quem não manda, desprezam os não aduladores. Como são covardes e agem com a proteção das matilhas, pensam disssolver os pensamentos alheios com os cortes de recursos, de bolsas etc. Iludem-se. Indivíduos desse naipe existem nas religiões (certos lugares de santidades são ninhos de víboras, como disse o Cristo), nas ciências (plágios, roubos de trabalhos, censuras de ordem metodológica ou doutrinária são banais em academias), nos esportes, nas artes, na políticas. Solerte Pascal: toda essa miséria deve-se apenas ao homem. “Odiamos a verdade, e nos escondem a verdade; queremos ser adulados, nos adulam; gostamos de ser enganados e nos enganam”. É o reino animal do espírito cheio de leões, infestado de hienas ou cobras. Certa colega me perguntou, após uma conferência: “Como você consegue ser tão independente?”. Resposta rápida : “custa muito!” É um luxo não ter compromissos com as seitas. Por tal motivo, sinto-me livre para criticar os santarrões aposentados do PT. E digam as línguas boçais o que desejarem, com seus adjetivos mesquinhos como “esquerda” ou “direita”. A honradez me basta.

Reinaldão

“Crescer é ter direito a preconceitos. Não gosto de aviões, comida japonesa, comunistas, jazz, solo de saxofone, presidentes semi-analfabetos, especialista em vinhos, pão com gergelim e gente que faz passeata pela paz”.

Banânia, por Sponholz

24 de set. de 2008

A bolsa ou a vida


Em minha última coluna, segundo Lula, eu cometi um crime. Um crime que ele, Lula, comparou a um "roubo". Confesso: roubei. Pior: se surgir a oportunidade, vou roubar de novo. Eu sou um impenitente. A bolsa ou a vida, Lula.

Que crime eu cometi? Simplesmente reproduzi um grampo feito pela PF em que Marcelo Sato promete usar seu reconhecido talento para azeitar o processo de um usineiro junto à ANP. Para quem perdeu a memória: Marcelo Sato é o genro de Lula, casado com sua filha Lurian. Lula declarou que, quando a imprensa publica o conteúdo de um grampo, como eu fiz com o de Marcelo Sato, ela está cometendo um crime análogo a um roubo. Curiosamente - o brasileiro é mesmo um tipo muito curioso -, ninguém se interessou em perguntar ao presidente da República o que ele pensa sobre os negócios suspeitos de seu genro. O que se sabe é que, em seu sistema de valores - um sistema de valores que ele quer transformar agora em emenda constitucional -, o verdadeiro criminoso é quem denuncia o crime.

Antes do genro de Lula, houve o compadre de Lula. Antes do compadre de Lula, houve o irmão de Lula. Antes do irmão de Lula, houve o filho de Lula. O episódio envolvendo Marcelo Sato é tão corriqueiro que nem lhe dei muita bola. Usei-o apenas como um modesto retrato de nossa miséria institucional. Nesta semana, a ONG Transparência Internacional avaliou que o combate à corrupção, no Brasil, "parece ter estancado". Estancou mesmo. Só sobraram uns passadistas, uns retrógrados, uns golpistas de direita que continuam em sua bolorenta Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Para os petralhas - tomando emprestado o termo cunhado por Reinaldo Azevedo -, eu represento a Dona Leonor de Barros do lulismo. E Reinaldo Azevedo é visto como uma espécie de padre Peyton, com sua Cruzada Mundial do Rosário. Nós brandimos anacronicamente os mesmos cartazes de meio século atrás: "Queremos governo honesto", "A melhor reforma é o respeito à lei", "Senhora Aparecida iluminai os reacionários". O fato é que o Brasil inteiro estancou. A Folha de S. Paulo mostrou que o programa Bolsa Família tornou-se um instrumento para garantir o voto de cabresto. Se eu sou aborrecidamente passadista, é só porque a gente estancou no passado.

Um adendo absolutamente desimportante: Marcelo Sato prometeu ajudar a Agrenco a acelerar um processo na ANP. No site da ANP, há um documento pedindo de impugnação de um leilão de biodiesel com o argumento de que a Agrenco, apesar de uma greve dos auditores da Receita Federal, conseguiu obter um "registro especial". Não sei exatamente o que isso significa. Só sei que é melhor investigar agora, antes que investigar o assunto seja considerado um crime, um roubo.

23 de set. de 2008

Inteligente

Success is doing ordinary things extraordinarily well.

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The truth is more important than the facts.

Falling Water

19 de set. de 2008

Sem Deus



Steven Weinberg, autor do livro Sonhos de uma teoria final (Rocco, 1994) e Prêmio Nobel de Física, acaba de publicar o artigo "Without God" na edição de setembro da The New York Review of Books. O texto é de uma conferência pronunciada a estudantes de Harvard, recentemente, sobre a permanente tensão entre ciência e religião.
O blog coletivo De Rerum Natura traduziu alguns excertos, que os interessados podem ler aqui.
comments here

Inteligente

If you obey all the rules you miss all the fun.

18 de set. de 2008

“O mundo existe para acabar num bom livro”


Conversa com os leitores Sobre as atribuições do CNJ, que comentei posts abaixo, chega-me este comentário, que achei bastante interessante. Eu geralmente costumo discordar do Reinaldo em quase tudo. Acredito que leio o blog dele em uma espécie de masoquismo, pois quase nunca passo tanta raiva como quando me deparo com as opiniões dele. De qualquer forma ele tem me ajudado a olhar sempre o outro lado e procurar respeitar sempre a convicção de cada um. Nesse caso eu tenho que concordar com ele. É muita forçação de barra dizer que o CNJ extrapolou sua competência, afinal de contas a resolução só trata de matéria administrativa, qual seja, prestar conta de quantos pedidos de interceptação telefônica foram concedidos pelo juiz. Só, única e exclusivamente isso. O CNJ não pretende determinar quando o juiz deva concedê-la, longe disso. Está exercendo mero controle administrativo, mera coleta de dados. Publicar Recusar (Anônimo) 18:20 Comento Caro leitor, ler aquilo de que se discorda jamais será masoquismo. A única coisa que interessa na leitura — já que um artigo ou um livro não são a nossa vida — é se o texto está bem ou mal-escrito. Nada além. Uma vez entrevistaram o poeta Mallarmé sobre o significado da literatura etc. E sua resposta foi magistral: “O mundo existe para acabar num bom livro” — cito de memória, mas a essência deve ser essa. E, do ponto de vista das letras — de que o jornalismo faz parte, ainda que quase sempre como primo pobre —, é isso o que interessa. Claro, um jornalista não pode vender ficção como se fosse realidade e depois ficar correndo atrás de desmentidos como cachorro caído de um caminhão de mudanças. Mas não duvide: se ele se descuida da inculta e bela, é sinal evidente de que não respeita os leitores e de que fez a opção pela mediocridade. Discorde de mim, é bom. Discorde como discordo de tanta gente por quem tenho imenso respeito — e falo tanto dos vivos como dos mortos. Muita gente diz que demonizo adversários. É mentira. Desprezo e trato a pontapés os que se acham no direito de me censurar ou de me discriminar porque se acham mais humanistas e mais bondosos do que eu. E como se discorda aqui, não é mesmo, leitores!? Recorram a tudo o que já escrevi sobre aborto, células-tronco embrionárias, aquecimento global, ações da PF (quando isso ainda não era uma pauta)... Sobre tais temas, mais publiquei discordâncias do que assentimentos. Sou afetivo com os meus leitores, mas não sou paternalista. Assim faço na vida, em casa, com amigos, em qualquer lugar. Se concordo, digo que concordo; se discordo, digo que discordo. Às vezes, a opinião é incômoda. Quando deixei clara aqui, sem ambigüidades, a minha oposição ao aborto de fetos anencéfalos, o que você acha? Eu sabia que seria minoria, como fui, mesmo neste blog. Se quisesse sempre o aplauso, o “muito bem!”, procuraria me situar num lugar do discurso que contemplasse as três posições básicas: a favor, contra, e o famoso a-favor-e-contra-com-reservas. Mas eu não sou isso. Procuro matizar, discutir, argumentar, ponderar, mas sempre caminhar para um desfecho, como se estivesse tomando ali uma posição, fazendo uma escolha. E, sei, isso pode ser detestável para muita gente. Na resenha que fez do meu livro (posts abaixo), Demétrio Magnoli, como viram, faz-me uma cobrança de princípio sobre práticas adotadas pelos EUA na guerra contra o terrorismo. Na hora oportuna, voltarei ao assunto. Posso conviver perfeitamente com o contraditório. Mas fiquei especialmente contente com um aspecto do seu artigo: ele entendeu o meu compromisso fundamental com a liberdade de dizer, de debater, de falar tudo — ainda que isso possa aborrecer muita gente. Eu, ele e tanta gente não pertencemos a grupo nenhum. Somos o que costumo chamar de a “tribo dos homens sós”. E isso também e insuportável a muita gente.

Ciência ou Slogan?

A inflação das palavras é talvez mais letífera do que o aviltamento das moedas. Montaigne, arguto filósofo, inventou o termo “ensaio” para examinar os vocábulos. A sua idéia, simples como as verdades, se efetivou de maneira metafórica. Com a insipiente inflação das moedas européias, fruto do acúmulo de prata e ouro trazidos pelos ibéricos ao velho continente (roubados dos indígenas sul americanos...) e também produzida pelos moedeiros falsos (que punham em circulação peças sem a liga legalmente certa), o rei da França criou a Casa da Moeda, lugar onde o dinheiro seria pesado, “ensaiado” para definir a sua composição efetiva. Transpondo a providência do monarca para o pensamento (“pensar” e “pesar têm origens comuns, donde ”pesar moedas” e “pesar palavras” são movimentos idênticos de aferir veracidade) Montaigne propõe o Ensaio como estilo. As idéias, enunciados, números, conversas, livros, teorias, deveriam ser pensados e pesados, antes de alguém colocá-los em circulação. Tarefa importante, do mesmo jeito, seria pesar e pensar as idéias já usadas na vida humana, das sarjetas às bibliotecas, destas aos gabinetes do poder. A tarefa de ensaiar não podia ser rápida, devido à composição heteróclita dos elementos fundidos nas moedas. Era preciso saber e paciência.

Já no latim um indivíduo ponderado é dito homo gravis et sapiens, merece fé pública. Nos estultos, cujas bocas desconhecem tramelas, o discurso é leve, imponderável. Em seus lábios as pessoas não encontram algo que inspire confiança. “Eles não encontram a crença, objeto de toda fala. Porque o próprio fim e alvo do discurso é engendrar a crença no ouvinte, mas os boquirrotos são desacreditados mesmo quando dizem a verdade” (Plutarco, Sobre o Falatório).

A demagogia e a propaganda (sobretudo a eleitoral) se fundamentam no palavrório. É difícil pesar (ou pensar) os discursos nos comícios (hoje, nos rádio e televisões)que buscam distrair e também engambelar o eleitor com o barulho emitido pelos candidatos, poderosamente ajudados pelos modernos sofistas, os técnicos do marketing político. Nos últimos tempos, as pesquisas de opinião, ditas “científicas”, servem à propaganda. Os gregos, Platão sobretudo, recusam a opinião (doxa), justo porque ela não é pesada, não é pensamento refletido. A opinião segue rápido do cérebro para a boca (ou para o teclado do computador) e daí para as páginas da imprensa, telas da TV ou microfones do rádio. Todos esses veículos não podem perder tempo com ponderações, análises, pesquisas aprofundadas. O espaço dos jornais e revistas diminuiu, as televisões operam com segundos e minutos, salvo raros programas de debate. O rádio dispõe de tempo maior, mas a sua mensagem também deve ser rápida, para não cansar os ouvidos do público.

Em semelhantes usos do tempo, não resta muito para as igrejas ponderadas (Elias Canetti chama a atenção para as procissões católicas, nunca feitas em correria mas em passo digno e pesado, sério) e para a universidade. O tempo nos laboratórios, arquivos e bibliotecas é uma eternidade, por exigência dos objetos e métodos, se comparado ao das redações. Daí a irritação de jornalistas com os pesquisadores, quando os acadêmicos são intimados a explicar o Big Bang, as descobertas em genética, as teorias sobre Deus em menos de um minuto. O universitário ponderado não aceita o jogo da rapidez, sob pena de cair em descrédito junto aos seus pares e diante dos poderes públicos, até mesmo face à opinião popular...

“Rápido, ligeiro, para não pensar, não perder tempo”. Assim gritava o sargento, quando servi no Tiro de Guerra, nos treinos de ordem unida. Ciência não se faz com ordem unida, às pressas e com garrulice, mas com tempo, paciente inteligência. Salvo, é claro, quando o poder está nas mãos de sofistas, como ocorreu na URSS. Lyssenko fez ciência veloz, seguiu as ordens do Partido onisciente. E ajudou a derrubar o regime devido ao fracasso das colheitas e da economia soviética. Tempo breve é para slogans, nada mais.

5 de set. de 2008

Por que Satyagraha?


A escolha do nome Satyagraha para uma operação da Polícia Federal deve ser uma indicação de que algo está faltando no país.

Por que ter de procurar um dicionário sânscrito para achar um nome de operação? De um ponto de vista puramente nacionalista acho ofensivo. Não poderia ser simplesmente uma “Operação Safadeza” ou “Safardanas”? Palavras não faltam no idioma português.

Poderíamos estipular que o nomear das operações obedecessem aos mesmos princípios dos furacões. O primeiro do ano é um nome começando por “A”, o vigésimo terceiro começando por “Z”. Após os primeiros vinte e três viriam nomes compostos. Assim a trigésima oitava operação do ano poderia ser chamada de “Antônio Palocci”, digna homenagem a um homem que garantiu e garantirá muito serviço para a categoria dos policiais federais.

Este método inclusive estaria em conformidade com as leis da caça. O caçador desportivo sempre manda um cão assustar os pássaros para que estes decolem e sejam, abatidos. Da mesma forma, se um meliante controlar os nomes das operações divulgadas quando a polícia começa a arrebanhar os acusados, se a operação precedente for a operação Dilma (nada a ver com a ministra) e a operação divulgada for a operação Mangabeira (nada a ver com o ministro) sabe-se imediatamente que há mais nove operações ainda em andamento. Criminosos sabedores disto teriam chance de usar técnicas de cálculos progressivos e regressivos para prever estatisticamente se já é hora de ocupar aquele chalezinho nas ilhas Seychelles ou o bangalô em Dubai comprados sob aquela identidade húngara falsa adquirida em Marselha.

A Caixa Econômica Federal poderia até lançar uma nova modalidade de apostas. Poder-se-ia apostar na letra da próxima operação a ser divulgada ou no nome que corresponderia a cada letra. Haveria ainda aquelas apostas após a fuga dos bandidos. Onde está Wally? Bangkok na Tailândia, Kodiak no Alaska? Talvez Bali, talvez Nouméa no Pacífico Sul?

Mas talvez um controle alfabético seja muito formalizado para os espíritos ávidos de exprimir o lado poético que residem nas altas esferas policiais. Neste caso seria de bom tom ao menos assegurar-se que os nomes fossem fáceis de lembrar. Por exemplo, operação “Rapto das Sabinas” para redes de escravas brancas; “Operação Alfafa” para bois piratas.

Mas por favor, simplifique. No máximo uma operação “Ipon” tirada das artes marciais. “Budokan” já seria um excesso.