20 de set. de 2006

Administradores de Projeto - por Ralph J. Hofmann

Há uma forte indicação de que o exame da OAB não é suficiente para garantir a lisura e bom funcionamento das leis neste país. Bacharéis que não passam no exame ainda assim são portadores de úteis informações que poderiam facilitar o criar ou contornar as leis do país. Imaginem o que poderiam fazer ao decidir-se por carreiras na política.

Contudo até o presente momento esses milhares e milhares de bacharéis não tiveram uso para seus conhecimentos. A percepção de impunidade os leva a simplesmente atropelarem as leis, nem se preocupando com contorná-las.

Ao mesmo tempo percebemos que a ciência da administração e a competência em criar projetos tampouco atraiu essa categoria. Certamente haverá bacharéis em administração, pública ou de empresas, entre os postulantes a cargos e entre os administradores de campanha.

Mas, ao menos no que diz respeito ao PT há um notável descaso com procedimentos de planejamento. Um administrador de empresas, confrontado com uma empreitada montaria um grupo multidisciplinar que examinaria todos os aspectos físicos e legais do projeto. Depois criaria um manual do projeto, um cronograma e um organograma. E passaria a aplicá-lo com correções dos eventuais desvios que viesse a encontrar.

O descompasso administrativo leva a eventos como os desta semana. Quando conspirações absolutamente toscas vem a público percebemos que os altos escalões sabiam da empreitada. Contudo em sua ânsia de manter a possibilidade de negar esse conhecimento colocam sua execução na mão de quadros absolutamente primitivos. Assim não examinam custo benefício, procedimento, alternativas para correção de rumos, natureza do projeto, enfim todos os aspectos que poderiam afetar um projeto.

Evidentemente já tivemos amplas demonstrações desta incompetência para examinar em profundidade os efeitos de medidas tomadas sem uma análise fria das conseqüências.

Haja visto o “affaire” Evo Morales, o contingenciamento de fundos previstos em orçamento, o afundamento da Varig e tantas outras ações do governo.

Decididamente a ciência da administração neste momento se restringe à indústria privada. E o poder público não consegue projetar eficazmente nenhuma conseqüência dos possíveis percalços que venha a encontrar pela frente, por óbvios que sejam para quem aplique processos de tomada de decisão de forma racional.

Num mundo em que se pilota aviões a Mach 3 estão preparados para, no máximo, pilotar um biplano de 45 HP.