15 de abr. de 2008

RA

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) é, com efeito, uma das personalidades mais raras que já apareceram no Senado brasileiro. Há um traço notável no seu caráter: ela não tem medo de parecer, reiteradamente, ridícula. E a constância faz com que a parecença vá se constituindo numa essência. De fato, senadora, onde já se viu a oposição “instrumentalizar” uma comissão do Senado, não é mesmo? A “instrumentalização” deveria ser um princípio garantido apenas ao governismo — desde que, é claro, o PT esteja no poder. Se um dia o partido migrar para a oposição, leva junto a prática.Não tem jeito. Eles não têm cura. Tarso Genro, o ministro da Justiça, afirma que fazer dossiês é parte da luta política, mas convocar uma ministra para falar aos senadores é, certamente, uma grave agressão à civilidade democrática. A delinqüência intelectual dessa gente é só um ornamento de sua delinqüência política.

Democracia Degradada

por Jarbas Passarinho, no Correio Braziliense

íntegra no Diego Casagrande
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É Créu neles! É Créu nelas! - Diogo Mainardi


Dilma Rousseff encolheu. Sua candidatura presidencial durou menos de duas semanas. Foi logo ceifada pelo bando de José Dirceu. Ou pelo bando de Marta Suplicy. Ou por seu próprio bando. Eu, que defendia ardorosamente a candidatura da princesinha do Créu, terei de escolher outro nome do PT. Qualquer um é pior do que ela. Qualquer um tem mais chance de ser eleito. Fala-se muito sobre a popularidade de Lula. É espantoso que o eleitorado ainda o apóie desse jeito. Mas ninguém contabiliza o ganho que isso pode representar para o futuro. Para proteger a imagem de Lula, todas as maiores figuras do PT foram sacrificadas. E as menores também. Dou um conselho aos mais aflitos: pendurem na parede uma fotografia do primeiro ministério lulista, de 2003. A mortalidade entre seus membros foi maior do que a do politburo de Stalin. A velha-guarda petista sumiu do cenário político. Agora só pode agir às escondidas, nos bastidores. De José Dirceu a Humberto Costa, de Luiz Gushiken a Miguel Rossetto, de Antonio Palocci a – qual era o nome dele? – José Fritsch. Lula é o Ricardo III de Garanhuns. Só falta a corcunda. E o pé manco. Nos últimos seis anos, para conseguir manter-se no poder, ele se desfez de fosse quem fosse. Os herdeiros do trono foram degolados um a um, sem o menor remorso, sem a menor piedade. Lula tem até aquele ar insolente de Ricardo III. Seu mote shakespeariano: Consciência é apenas uma palavra que os covardes usam. A inescrupulosidade de Ricardo III foi premiada por algum tempo, garantindo-lhe o poder absoluto. Mas tudo se perdeu depois de sua morte. Ele foi o último rei da casa de York. Assim como Lula será o primeiro e último presidente eleito pelo PT. O aniquilamento que ocorreu na política se estendeu também às outras áreas. O lulismo se tornou um estigma. Quem se associou a Lula está condenado para sempre. Os lulistas do cinema, os lulistas da música, os lulistas da academia, os lulistas da imprensa – o engulho que a gente sente por eles jamais poderá passar. Lula canibalizou todos os seus aliados, em particular os do PT. Ele é a bolha que engole o que está por perto. Os lulistas ganharam um bocado de dinheiro nestes anos. Uns se transformaram em lobistas. Outros receberam financiamento estatal ou renegociaram suas dívidas com o BNDES. Mas um dia isso passa. Porque a imunidade que os brasileiros concederam a Lula é limitada a ele. Só a ele. Se o Ricardo III shakespeariano é elaborado demais para Lula, ele pode recorrer a outro mote, ligeiramente menos refinado: É Créu! É Créu neles! É Créu nelas! Olhe a fotografia pendurada na parede. Olhe aquele ministro. Olhe aquele outro. Repito: um dia isso passa, garanto que passa.