17 de mar. de 2008

Estupidez infinita


Niemeyer e um artigo abjeto

por Reinaldo Azevedo, no blog da Veja

Se eu chamar Oscar Niemeyer de múmia moral, acusarão a minha agressividade com o velhinho. Afinal, está no seu pé biográfico: 100 anos. E ele é uma das nossas "figuras respeitáveis", não é?, embora a experiência não o impeça de escrever sandices, que justificam o terror, a tortura, os campos de concentração, os assassinatos. Não desistirei jamais da pergunta: a mídia brasileira abrigaria textos defendendo o fascismo armado? Por que os facinorosos da esquerda e seus prosélitos têm essa licença?

Niemeyer está, também ele, na seção Tendências/Debates da Folha demonizando o governo democrático da Colômbia, que tem mais de 80% de aprovação, e cantando as glórias das Farc. Num delírio senil — mas de que padece desde a juventude —, escreve: "O governo reacionário de Bogotá passou a acusar a direção das Farc de ser conivente com o narcotráfico em crescente expansão na Colômbia." Como é que é? Em entrevista à própria Folha, onde está publicado o texto, Raul Reyes admitiu de viva voz o que todos sabiam: as Farc agem, sim, em parceria com o narcotráfico.

Niemeyer chegou aos 100 anos, mas ainda não se livrou da compulsão à mentira que acomete todo comunista — ou, digam-me, como ser comunista? Pisoteando – ou bengalando – nada menos de 700 reféns em poder dos terroristas, narra seu encontro sentimental com um dos emissários do terror, que lhe teria pedido um desenho, para ser reproduzido em cartazes, contra o Plano Colômbia.

Niemeyer é assim: vai emprestando seus traços sinuosos aos delírios homicidas de tiranos terceiro-mundistas. Seu artigo está aqui, abjeto como tudo o que sempre pensou sobre política. Passou uma vida como inimputável, porque com a fama de "gênio comunista". Agora, é a idade que o eleva acima de qualquer critica, mesmo quando, como é o caso, defende facínoras.