27 de mai. de 2012

SEMELHANÇAS

"Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!" Eça de Queirós, em Portugal no ano de 1871. Eça de Queirós, José Maria de, (1845-1900), português, escritor, considerado o maior romancista de seu país.

INSENSATEZ DESASTROSA


“Deus primeiro enlouquece aquele a quem quer punir”. Ao longo do tempo esta passagem de Sófocles passou a designar as conseqüências desastrosas da insensatez, a qual, por sua vez, procede em regra da combinação entre vaidade, ambição e ignorância.
      
Este artigo ocupa-se da aliança regional, no Rio Grande do Sul, entre o Partido Progressista e o Partido Comunista do Brasil: um engenhoso achado por meio do qual duas representantes legislativas, Ana Amélia Lemos, Senadora pelo PP/RS, e Manuela d’Ávila, Deputada Federal pelo PCdoB, pretendem simplesmente envolver, em estrito benefício de suas carreiras eleitorais pessoais, as lideranças, os militantes e os eleitores de seus respectivos partidos.
       

Aparentemente não foi difícil à Senadora persuadir os representantes do PP na Assembléia Legislativa do Estado a apoiarem a idéia. Empenha-se, agora, em convencer os edis da capital.
        
Trata-se de um pacto no qual uma parte, a senadora, deve cumprir a sua obrigação primeiro, apoiando a eleição da deputada ao governo municipal de Porto Alegre, na expectativa de que a outra, a deputada, cumpra a sua no futuro, apoiar a eleição da senadora ao governo do Estado: ou seja, daquele tipo particular de pacto para cuja fragilidade já alertara Thomas Hobbes no século XVII. Mas essa é a questão bem menor.
         
O Partido Progressista possui sólidos vínculos de integração política, constituídos a rigor desde o regime constitucional de 1946 e pelo PSD, com o eleitorado e com as lideranças representativas das diferentes regiões do Rio Grande do Sul. Tem identidade e consistência bem definidas quanto a valores e a propósitos políticos, que lhe permitiram permanecer incólume frente à expansão avassaladora do malufismo, que invadiu os demais estados do país entre o fim do regime militar e os primeiros anos da Nova República.
         
Talvez apenas na perspectiva do tempo se possa medir a magnitude da ameaça que o devaneio e a futilidade trazem para o Partido Progressista e para o Rio Grande do Sul: a insólita negociação, que faria escândalo ao coronelismo da Primeira República, trai e envergonha figuras públicas respeitáveis, condenando-as mesmo à indignação silenciosa.
         
A senadora afirmou que o acordo obedecia a uma atitude pragmática e que, nele, a única dificuldade consistia em um nome.
          
O PCdoB não é apenas um nome: seus veículos de difusão ideológica afirmam que, ao contrário do que supõem os reacionários e os idiotas, o comunismo não desapareceu com o Muro de Berlim ou com a desintegração do Império Soviético. 
       
Os comunistas têm razão. O comunismo não é apenas um nome e não há qualquer dúvida ou ambigüidade possível: só há um comunismo moderno, o marxismo-leninismo.
      
Por outro lado, o simbolismo possui um papel fundamental na política, e os comunistas empregam-no com grande inteligência. O propósito que um macro ou micro partido comunista busca não consiste, em um primeiro momento, em fazer leis ou lograr o controle do governo, mas simplesmente em ser acolhido pela política constitucional, participando das instituições por cima, silenciosamente, e minando-as por baixo, pelo ruído popular. Mas não se tenha dúvida: deixando-se assimilar no primeiro momento pela política constitucional, no segundo empenha-se em assimilá-la e sujeitá-la inteiramente.
     
A senadora definiu também a sua atitude como pragmática. Na política européia e norte-americana o termo se emprega com propriedade e rigor. Contudo, no Brasil, converteu-se, há longo tempo e ainda hoje, na designação que se auto-atribuem, com muita freqüência, detentores de mandato público, legislativo ou executivo, para mascarar o tráfico de recursos públicos, com os eleitores e entre si, na busca pessoal de ganhos privados, que o mau uso do mandato representativo lamentavelmente permite.
      
Trata-se da política de clientela, para cujos efeitos perversos têm alertado há longo tempo os estudos clássicos sobre a política brasileira: desintegra a identidade partidária, sem a qual não há democracia representativa, e dizima ou pelo menos torna inefetivas e inócuas as oposições, sem as quais a liberdade constitucional desaparece.
           
Se o Brasil deseja uma democracia constitucional e representativa, necessita de pluralismo partidário real, com pelo menos um sério partido liberal, um sério partido social-democrata e um sério partido conservador. Não necessita de qualquer partido comunista, macro ou micro, de verdade ou de brinquedo.

* Cientista Político.  

Liberdade

Há, aqui no Brasil, três grandes ameaças às Liberdades Individuais: Petistas, Evangélicos e Ambientalistas!!!
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Comentário surrupiado em um Blog.