30 de nov. de 2013

Percepção Viciada

 
 
Entrevista de José Genoíno ao CQC em 1º de setembro de 2008... A capacidade de dizer e se desdizer em poucos minutos... Melhor exemplo de percepção viciada, impossível...

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net - surrupiado...
 
Por Arlindo Montenegro

A informação sobre como grupos específicos de pessoas percebem e compreendem a realidade é utilizada pelos meios de informação oficiais para estabelecer uma “realidade consensual”, repetida nos noticiários, constituindo-se numa poderosa arma política.

As condutas da experiência humana que são perigosas para os governantes são selecionadas, as vítimas são marcadas e alvejadas pelos mecanismos de propaganda - jornais, rádios, cinema, televisão, internet – que divulgam as campanhas de construir da “opinião pública”, na direção planejada, para ativar suas táticas na estratégia global da engenharia social.

Eles criam uma nova memória histórica, porque a verdadeira memória do passado é muito perigosa. Demonstram que abdicaram do ateísmo e dos fundamentos econômicos do comunismo para vender o patrimônio nacional aos grandes investidores. Que seguem direitinho, como vassalos a cartilha dos que não têm pátria, dos que desprezam os valores culturais para internacionalizar a cultura dos drogados.

Educação = propaganda; entre outros Bertrand Russel dava a receita: “Quando se aperfeiçoarem as técnicas, todo governo que se mantiver dirigindo as políticas educacionais durante uma geração (25 anos), poderá controlar seus súditos sem ser questionado, sem necessidade de exércitos nem polícias.”

Foi o mesmo Lord Russel quem propôs alguns métodos de controle social massivo, muito conhecidos entre nós na atualidade: “liberação da maconha e outras drogas perigosas, psicotrópicos, modificação linguística para a manipulação social” através da propaganda.

As ideias de Russel foram adotadas por Aldous Huxley, que junto com H. G. Wells e outros “nobres” e intelectuais socialistas fabianos, apontavam como objetivo a destruição do poder soberano do Estado-nação, para enterrar a influência de dois milênios de tradição filosófica, cultural e religiosa.

Em 1958 Huxley publicou uma série de ensaios prevendo o futuro tenebroso, tão familiar nos nossos dias: “A sociedade completamente organizada (...) a abolição do livre arbítrio através da manipulação metódica (da opinião pública) e a servidão aceita com a administração de doses regulares de felicidade induzida quimicamente... (Drogas).”

Dizia também que as democracias mudariam “as formas antigas e pitorescas de ser: eleições, parlamentos, tribunais superiores continuarão existindo, mas o poder real será um totalitarismo não violento. Democracia e liberdade serão temas de radiodifusão, mas em sentido estrito. A oligarquia governante e sua elite especializada de soldados e policiais, fabricantes do pensamento e manipuladores da mente, dirigirão o cortejo em silêncio, como melhor lhes pareça”.

23 de nov. de 2013

A Lucidez e Maestria de um comentário: Valentina de Botas, no post do Augusto Nunes de 03/10/2013

Os livro mais interessante estão emprestado

PUBLICADO EM 13 DE MAIO DE 2011

A frase reproduzida no título do post parece ter sido pinçada de alguma discurseira de Lula. Não foi. Mas os autores do livro didático “Por uma vida melhor”, chancelado pelo MEC, decerto se inspiraram na oratória indigente do Exterminador do Plural para a escolha de exemplos que ensinem aos alunos do curso fundamental que  o s no fim de qualquer palavra é tão dispensável quanto um apêndice supurado. O certo é falar errado, sustenta o papelório inverossímil.

A lição que convida ao extermínio da sinuosa consoante é um dos muitos momentos cafajestes dessa abjeta louvação da “norma popular da língua portuguesa”. Não é preciso obedecer à norma culta em concordâncias, aprendem os estudantes. Isso porque “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro“. Assim, continuam os exemplos, merece nota 10 quem disser ou escrever “nós pega o peixe”. E só elitistas incorrigíveis conseguem espantar-se com a medonha variação: “Os menino pega os peixe”. Íntegra

16 de nov. de 2013

EMERSON - Self Reliance - Essays - part I

"Nada, enfim, é sagrado, a não ser a integridade de nossa própria mente. Absolvei-vos a vós mesmos e haveis de ter o sufrágio do mundo." 
Lembro-me de uma resposta que, quando bastante jovem, estava pronto para dar a
um ilustre conselheiro, que estava habituado a importunar-me com as velhas
doutrinas da igreja.  
Indaguei: "O que eu tenho a ver com a sacralidade das tradições, se vivo inteiramente de uma vida interior?" 
"mas esses impulsos"- sugeriu meu amigo - "podem provir de baixo, não de cima".  
"não me parecem ser assim, - repliquei-;  
"mas se sou filho do Diabo, viverei então do Diabo."  
(p. 40, da edição brasileira dos Ensaios, primeira série).

15 de nov. de 2013

Lulândia, o reino da avacalhação - por Maria Lúcia Victor Barbosa

Bastou o intervalo das festas de fim de ano, das férias nas praias ou no exterior quando ninguém pensa em dívidas, contas a pagar, despesas que virão para que Lula da Silva ressurgisse do conveniente mutismo e retomasse os preparativos para sua “treeleição”.

De fato o ex-presidente nunca deixou de exercer o poder. Recorde-se que tentou impedir o julgamento do mensalão chantageando o ministro Gilmar Mendes para que esse adiasse o julgamento. Como isto não funcionou ordenou ao Congresso que realizasse a CPI do Cachoeira, uma espécie de cortina de fumaça para desviar a atenção sobre as condenações dos quadrilheiros do PT que poderiam atrapalhar as eleições municipais de 2012. A CPI acabou condenando apenas o senador Demóstenes Torres e prendendo o contraventor sem que nada acontecesse a Delta e a grande rede nacional de políticos envolvidos na trama. Deste modo a farsa se converteu em um dos maiores espetáculos de degradação já apresentados pelo Congresso Nacional.

Consta também que a presidente Rousseff, gerente dos apagões e pibinhos, não dá um passo sem consultar seu chefe e inventor que assim demonstra quem é o verdadeiro presidente da República.

Contudo, após as acusações de Marcos Valério que indicaram Lula da Silva como chefe e beneficiário do “mensalão”, este se calou. Especialmente depois da eclosão do fragoroso escândalo no qual ficou demonstrado que a amante, Rosemary Nóvoa de Noronha, não só desfrutava de maravilhosas viagens presidenciais pagas por nós, os contribuintes, mas nomeava através do “tio Lula” uma quadrilha de trambiqueiros, falsificadores, fraudadores de pareceres, o ex-presidente deu em fugir da imprensa. Fato grotesco ocorreu em Barcelona quando o poderoso Lula bateu em veloz retirada através da lavanderia do hotel em que se encontrava hospedado e escapuliu dos repórteres pela porta dos fundos.

Agora, enquanto o povo em férias se entretém com os preparativos do carnaval, Lula da Silva emerge anunciando futuras caravanas pelo Brasil. Ao mesmo tempo, faz saber que assumirá as negociações com a base aliada. Portanto, após ter nomeado o ministério de Rousseff na prática está demitindo a fiel Ideli de suas funções de ministra das Relações Institucionais, ou seja, do ministério do balcão de negócios, posto muito conveniente para quem é candidato.

Além do mais, para mostrar quem manda de verdade Lula da Silva se reuniu com seu outro poste, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e secretariado para dar as ordens e ministrar lições de populismo.

Em países de instituições sólidas, Poderes independentes e igualmente fortes, de oposição para valer tal avacalhação seria impensável. Mesmo no Brasil nenhum ex-presidente chegaria a tanta desfaçatez e lambança. Mas, na Lulândia tudo é permitido porque o povo elegeu e continua aplaudir o grão senhor Lula. Algo que faz parte de nossa cultura da avacalhação desde os tempos coloniais. Além do mais, como não existe oposição, exceto uma ou outra voz solitária, Genoino, um dos condenados petista do mensalão tomou posse como deputado federal decretando o fim da ficha limpa. Se isto foi legal, como dizem seus defensores, foi imoral e abjeto.

Em outra manifestação típica da Lulândia membros do PT, inclusive, a juventude petista organizaram um jantar com o objetivo de arrecadar fundos para pagar as multas dos companheiros criminosos. Alguns militantes acreditam ou fingem acreditar que os companheiros quadrilheiros, coitadinhos, foram injustiçados, condenados sem provas, vítimas da imprensa maldosa e da oposição que não existe. Por sua vez a CUT, braço sindical do PT, fez ato para anular sentenças do STF. Hilariante piada de salão como diria Delúbio Soares.

Enquanto segue a politicagem, por mais que ministro Mantega distorça dados da economia e faça mágicas para adulterar resultados, a inflação acelera, progride a inadimplência, aumenta a devolução de cheques sem fundo.

Com a projeção do endividamento da Petrobras virá o aumento dos combustíveis tantas vezes adiado politicamente e com ele mais inflação, apesar de que os reajustes previstos apenas amenizarão a piora do endividamento.

Acrescente-se que as previsões da economia para 2013 não são das melhores. Segundo, por exemplo, Flávio Castelo Branco, gerente executivo do Núcleo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI): “Se a economia seguir um padrão fraco como o de 2012, a desaceleração alcança o mercado de serviços e aí podemos ter uma contaminação do mercado de trabalho”.

Rousseff está em campanha e fez comício em cadeia nacional de rádio e TV para anunciar redução de tarifas de energia. Entretanto, no cenário sombrio que se desenha para a economia de 2013, a quem o povo recorrerá como salvador da pátria? É fácil adivinhar. Que o digam os invasores do Instituto Lula que não perderam tempo indo à Brasília.
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(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

A influência e o poder de Margaret Thatcher - por Maria Lúcia Victor Barbosa

Na Inglaterra, onde se originaram fenômenos políticos, econômicos, sociais e culturais capazes de influenciar o mundo, a rainha Elizabeth I, a rainha Vitória e Margaret Thatcher foram mulheres notáveis que frente ao poder dele souberam se desincumbir com rara maestria.

Margaret Thatcher faleceu dia 8 deste abril, aos 87 anos, deixando um legado extraordinário. Sua firmeza, coragem e competência lhe acarretaram o ódio da esquerda e dos sindicatos que ela colocou de joelhos, mas a única mulher que se tornou primeira-ministra da Inglaterra e governou seu país por mais de 11 anos, nunca esmoreceu diante dos desafios e dificuldades. Como ela disse certa vez: “Eu não sou uma política de consenso”. “Eu sou uma política de convicções”.

Diferente da nobreza por sua origem plebeia, Thatcher proveio de um ambiente modesto. Saiu da lower middle class, sendo filha de um merceeiro e de uma costureira. Estudou em escola pública, o que não a impediu de conseguir uma bolsa de estudos que lhe permitiu fazer brilhantes estudos de química em Oxford antes de se encaminhar para o Direito, tornando-se depois especialista em questões fiscais.

Em 1959, depois de duas derrotas, foi eleita para a Câmara dos Comuns. Dois anos depois se tornou subsecretária de Estado para Questões Sociais. Em 1970 assumiu a pasta da Educação. Em 1975 se tornou líder do Partido Conservador, eleita pelos 276 deputados conservadores da Câmara dos Comuns. E a partir de1979 até o final de 1990, governou a Inglaterra como primeira-ministra tendo ganhado três eleições com ampla maioria.

Quando assumiu o comando da Inglaterra, Thatcher enfrentou um cenário economicamente muito difícil. O PT da Inglaterra, Partido trabalhista, seguindo a tradição socialista elevava os gastos públicos, recorria ao aumento dos salários, incrementava a estatização. Isto em meio a uma inflação de 25%, um crescimento pífio da economia e um milhão de desempregados, o que acarretava ondas de greves no setor público, deixava os políticos imobilizados e paralisava ainda mais a economia do país que sucumbia ao esquerdismo dos sociais-democratas e desenvolvimentistas.

Como analisou Gustavo Patu (Folha de S. Paulo – 09/04/2013): “A escalada dos gastos públicos elevava a inflação, a carga tributária e enfraquecia as empresas”. “A debilidade era enfrentada com proteção à Indústria e aos salários, demandando mais gastos e criando um ciclo vicioso”.

Thatcher partiu para o ideário liberal e pôs a casa em ordem. Enfrentou os sindicatos, privatizou e só deixou sobreviver setores produtivos que fossem lucrativos. Além disso, criou agências reguladoras fortes e independentes, priorizou a Educação e a Saúde.

A revolução liberal de Tatcher não só obrigou o Partido Trabalhista a se render a dogmas liberais, o que foi chamado de New Labour, como influenciou a transformação da esquerda em todo mundo. Inclui-se o governo tucano de FHC e, atualmente o governo petista com suas canhestras tentativas de privatizações apelidadas de concessões, sendo que o PT faz lembrar a letra de uma música de Alceu Valença: “nós somos cópias mal feitas”.

Ainda no plano externo Thatcher teve papel decisivo na derrocada da URSS e na queda do Muro de Berlim ao influenciar Mikhail Gorbatchov. Foi, portanto, peça fundamental numa parceria com o presidente norte-americano, Ronald Reagan, na importante vitória ocidental da guerra fria.

Outro episódio que demonstrou sua coragem e determinação ocorreu na guerra das Ilhas Falklands, promovida pela Argentina de modo grotesco e trágico. O Exército argentino se rendeu quase sem luta e quando o conflito terminou a frustração popular se voltou contra o governo Galtieri. De forma oposta, na Inglaterra o governo de Margaret Tatcher recebeu estrondosa vitória eleitoral. Que Cristina Kirchner pense duas vezes antes de prosseguir com sua patacoada com relação às Falklands.

Afirma, contudo, Roberto Simon (O Estado de S. Paulo, 09/04/2013), que Margaret Thatcher, “em sua autobiografia, ao se questionar sobre o principal feito de sua vida, não menciona a guerra das Falklands ou a mudança das bases da economia britânica, mas uma garota judia, Edith Muhlbauer, que ela ajudou salvar da brutal perseguição aos judeus e levar para a Grã-Bretanha quando Hitler anexou a Áustria, em 1938”. Posteriormente Edith veio para o Brasil e constituiu família. Diz sua filha, Betina Nokleby, que a família Thatcher salvou a vida de sua mãe.

No Brasil, com mais de 10 anos no Poder, o PT institucionalizou a corrupção e agravou a meritofobia. A primeira mulher presidente do país tornou-se não a mãe do PAC, mas a mãe da inflação e dos pibinhos. Isso significa que não basta ser mulher para automaticamente brilhar no poder. Tanto mulheres quanto homens, para governar têm que ser competentes, honestos e ter visão de bem comum. Isto Lady Thatcher tinha de sobra.
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(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

O Rato na Coca-Cola era um Petista Honesto

Sim, amigos, o PT é um partido de ratazanas, mas o rato da coca-cola era um petista honesto, isto é, inexistente: Justiça vê fraude e nega indenização por suposto rato em Coca-Cola.
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3 de nov. de 2013

‘É assim que começa’, de Dora Kramer

Publicado no Estadão desta quinta-feira

DORA KRAMER

“No meu governo polícia não sobe morro”, anunciou na campanha de 1982 o então candidato Leonel Brizola.

Uma vez eleito governador do Rio de Janeiro, cumpriu à risca a promessa, muito provavelmente sem saber que plantava ali a semente do terror que viria a ser imposto, ao longo das três décadas seguintes, àqueles que pretendia proteger da violência policial: os moradores das favelas na época ainda não denominadas “comunidades”.

A decisão de Brizola teve respaldo na sociedade. A ditadura ainda existia, a polícia não defendia, atacava. Era agente da repressão que, embora já com menos ênfase, atuava sob a lógica do combate ao inimigo interno. Quanto mais fraco o grupo social, maior e mais truculenta a opressão.

Em linhas gerais, assim se desenhava o quadro. O problema era grave e para enfrentá-lo o governo adotou uma solução simples. E equivocada. À retirada da polícia correspondeu a ocupação gradativa dos morros pela bandidagem.

Nas favelas os criminosos atuavam como benfeitores, supriam as carências da população, que passou a vê-los como agentes da proteção. No “asfalto” também eram saudados como tal. Vistos como heróis, cobertos de glamour.

Inesquecível a fuga do traficante José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, resgatado do presídio da Ilha Grande por comparsas de helicóptero no dia 1.º de janeiro de 1986. Guardo na memória, sobretudo, a reação de júbilo de certa esquerda com o drible que a criminalidade havia dado na legalidade.

Claro que essas pessoas não pensavam no dano ao Estado de Direito (naquela ocasião, mera abstração). Achavam que estavam impondo uma derrota ao Estado autoritário, sem se dar conta da parceria nefasta que faziam.

Pois bem. Daí em diante o que se viu foi a consolidação do poder paralelo do crime nos territórios dominados pelo tráfico, com a passividade da sociedade – era uma época em que traficante convocava entrevista coletiva e merecia foto em primeira página de jornal – , leniência (muitas vezes também criminosa) da polícia e a conivência de determinados políticos que passaram a ver nos bandidos eficientes cabos eleitorais. Em pouco tempo eles eram a lei.

E o que tem a ver essa história toda com o momento atual? Descontado o fato de que o Estado não é um ente em regime de exceção, o que temos de semelhante é a condescendência no trato desses vândalos que aterrorizam as cidades sob o olhar catatônico dos governos.

Acuados que estão pela visão torta de que são heróis da resistência à ineficiência do poder público que sabe de sua culpa no cartório, mas não tem coragem nem sabedoria para distinguir direitos de deveres.

O ovo da serpente está aí. É assim que começa. Um episódio típico ocorreu nesta semana no bairro do Jaçanã, em São Paulo. O comércio fechou. Segundo moradores, depois que dois homens numa moto deram a ordem para ninguém sair na rua depois de uma hora da tarde.

Toque de recolher. Sem tirar nem pôr, o mesmo “modus operandi” dos traficantes nos territórios dominados do Rio. Exagero? Pois era assim que há alguns anos reagia boa parte dos cariocas e a quase totalidade das autoridades sempre se recusando a aceitar o que se passava debaixo de seus narizes. Por motivações variadas.

Para além de declarações formais, de reuniões e de intenções de agir conjuntamente, conviria aos governos federal e estaduais prestarem a devida atenção aos primeiros acordes e reconhecer a sinfonia.

Está em jogo o Estado de Direito. E isso requer mais que a “análise do diagnóstico” proposta pelo secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para quem não se pode “criminalizar” as manifestações sociais.

2 de nov. de 2013

O Pensador Coletivo

Demétrio Magnoli

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O Pensador Coletivo é uma máquina regida
pela lógica da eficiência, não pela
ética do intercâmbio de ideias
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Você sabe o que é MAV? Inventada no 4º Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes Virtuais. São núcleos de militantes treinados para operar na internet, em publicações e redes sociais, segundo orientações partidárias. A ordem é fabricar correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do momento. Um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em massa de pseudônimos. No fim do arco-íris, um Pensador Coletivo fala a mesma coisa em todos os lugares, fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos. Você pode não saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias.

O Pensador Coletivo se preocupa imensamente com a crítica ao governo. Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. O Pensador Coletivo não concorda com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo tecido social. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, "a mídia", "a burguesia", os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o Pensador Coletivo não crê na hipótese de existência da opinião individual.

O Pensador Coletivo abomina argumentos específicos. Seu centro político não tem tempo para refletir sobre textos críticos e formular réplicas substanciais. Os militantes difusores não têm a sofisticação intelectual indispensável para refrasear sentenças complexas. Você está diante do Pensador Coletivo quando se depara com fórmulas genéricas exibidas como refutações de argumentos específicos. O uso dos termos "elitista", "preconceituoso" e "privatizante", assim como suas variantes, é um forte indício de que seu interlocutor não é um indivíduo, mas o Pensador Coletivo.

O Pensador Coletivo interpreta o debate público como uma guerra. "A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação", explica o deputado André Vargas, um chefe do MAV. No seu mundo ideal, os dissidentes seriam enxotados da praça pública. Como, no mundo real, eles circulam por aí, a alternativa é pregar-lhes o rótulo de "inimigos do povo". Você provavelmente conversa com o Pensador Coletivo quando, no lugar de uma resposta argumentada, encontra qualificativos desairosos dirigidos contra o autor de uma crítica cujo conteúdo é ignorado. "Direitista", "reacionário" e "racista" são as ofensas do manual, mas existem outras. Um expediente comum é adicionar ao impropério a acusação de que o crítico "dissemina o ódio".

O Pensador Coletivo é uma máquina política regida pela lógica da eficiência, não pela ética do intercâmbio de ideias. Por isso, ele nunca se deixa intimidar pela exigência de consistência argumentativa. Suzana Singer seguiu a cartilha do Pensador Coletivo ao rotular o colunista Reinaldo Azevedo como um "rottweiler feroz" para, na sequência, solicitar candidamente um "bom nível de conversa". Nesse passo, trocou a função de ombudsman da Folha pela de Censora de Opinião. Contudo, ela não pertence ao MAV. Os procedimentos do Pensador Coletivo estão disponíveis nas latas de lixo de nossa vida pública: mimetizá-los é, apenas, uma questão de gosto.

Existem similares ao MAV em outros partidos? O conceito do Pensador Coletivo ajusta-se melhor às correntes políticas que se acreditam possuidoras da chave da porta do Futuro. Mas, na era da internet, e na hora de uma campanha eleitoral, o invento será copiado. Pense nisso pelo lado bom: identificar robôs de opinião é um joguinho que tem a sua graça.