23 de ago. de 2006

Os companheiros de D. Menas - por Orlando Silveira

Resumo: Dom Menas não é gente a ser levada a sério. Que a maioria dos eleitores o leve, é algo que explica nossa miséria.

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Dom Menas é o que se sabe: um analfabeto impostor. Antes que algum padre de passeata rasgue a batina em desatino, que fique claro: Dom Menas é analfabeto e impostor por opção. Até o Vicentinho fez curso superior. Não se tem notícia de que Vicentinho tenha vendido a alma ao compadre, se me entendem...

Dom Menas, o que nada sabe e tudo faz, foi sincero até não mais poder. Disse o que dito precisava ser: "Nenhum governo combateu tanto a ética como o meu".

Claro que foi um ato falho de Sua Alteza. Claro que foi um deslize de Sua Majestade. E daí? Ele queria dizer o contrário: disse a verdade. Movido a quê? Não se sabe. Supõe-se. O analfabeto por opção lavou a alma no Jornal Nacional . Não a dele, mas a nossa, a alma dos que pensam. O tipo é capaz de anunciar no horário eleitoral gratuito obras que não saíram do papel. Nem Maluf chegou a tanto!

Dom Menas não é gente a ser levada a sério. Que a maioria dos eleitores o leve, é algo que explica nossa miséria. Não se trata de preconceito. Basta ver quem está com ele: todos os mensaleiros, todos sanguessugas. Dom Menas só anda em má companhia. A começar por certos bispos e padres, de crenças variadas.

Anote: estão com Dom Menas, entre outros e outras:

1 – Deputada Ângela Guadagnin (a bailarina obesa do mensalão);

2 – Deputado João Paulo Cunha (cabo eleitoral de Mercadante e mensaleiro);

3 – Deputado e "professor" Luizinho (mensaleiro);

4 – Ex-deputado José Dirceu (cassado, sob a acusação de comandar, por assim dizer, um esquema de corrupção jamais visto neste país corrupto);

5 – Ex-deputado José Genoíno (aquele que recebeu R$ 100 mil, a título de indenização pelo tiro que, felizmente, não levou, mas cujo irmão de sangue e ideologia tem como assessor o homem da grana na cueca);

6 – Senador Aloísio Mercadante – candidato a economista e ao governo do Estado de São Paulo –, que não se constrange em votar contra os interesses de quem deveria representar, para puxar o saco de José Sarney, seu pai adotivo.

Bem, a lista é extensa, e o espaço, curto. Não seria justo dar o nome de todos os implicados sem lembrar que tem muita gente tida como "do bem" dá seu apoio a Dom Menas. Suplicy é um deles.

Festivo, oportunista, ele quer um novo mandato de senador. Para dar uma "renda mínima" a Antônio Ermírio de Morais! Há quem o tome por sério. Neste país, tudo é possível. Suplicy é uma espécie de Pedro Simon que não deu certo. Já que ele é tão sério – capaz de vestir pijama de seda para dormir em favela – por que não foi para o PSOL, de Heloísa Helena e do Plínio Arruda Sampaio? Estaria em casa. Com o direito de falar as besteiras que lhe povoam a mente arruinada pelo boxe amador.

Suplicy é Dom Menas. Professor Luizinho, José Dirceu, Ângela Guadagnin, mensaleiros e sanguessugas também. Vote certo. Não vote em nenhum deles.

Cachorro de Palha - por Rodrigo Constantino

Com autorização do Rodrigo Constantino

Os humanos pensam que são seres livres, conscientes, quando na verdade são animais enganados.” (John Gray)

Em Cachorros de Palha, o professor da London School of Economics, John Gray, causa bastante polêmica ao afirmar que a técnica evolui, mas a ética humana não. Ele diz que a ciência pode ter aumentado o poder humano, mas também permitiu que o homem causasse maior destruição. O conhecimento, segundo o autor, não nos torna livres, e sim “nos deixa como sempre fomos, vítimas de todo tipo de loucura”. John Gray diz que trata-se de uma heresia moderna a crença de que o objetivo da vida é a ação, lembrando que para Platão, por exemplo, a contemplação era a mais elevada forma de atividade humana. O objetivo não era mudar o mundo, mas enxergá-lo corretamente. Apesar de podermos pescar uma ou outra mensagem interessante no livro, ele está repleto de contradições. Veremos algumas delas.

Para começo de conversa, há um tom bastante crítico sobre o conhecimento humano no decorrer do livro. Mas curiosamente, somente o conhecimento adquirido pelo autor possibilitou que a obra fosse concluída. Para condenarmos a razão, precisamos utilizá-la. E sobre o objetivo da vida ser apenas a contemplação, o autor precisa então nos explicar porque partiu para a ação de escrever um livro, já que sequer pretende tentar mudar o mundo. Isso para não entrar na seara de quanta coisa o homem teria deixado para trás se ainda estivesse apenas contemplando a natureza, desde Platão. De fato, o maior conhecimento humano não necessariamente altera a sua natureza, tampouco garante o fim das atrocidades cometidas por homens. Essa mensagem é boa no livro, principalmente quando lembramos que os genocídios cometidos pelos comunistas em pleno século XX foram supostamente calcados na razão humana. Mas a solução não é a ignorância. Pelo contrário, o próprio conhecimento humano já havia mostrado que as experiências comunistas seriam um completo fracasso. Mesmo com altos e baixos, me parece errado negar uma certa evolução não apenas no nosso conhecimento, mas no que isso representou de mudanças éticas, da barbárie para a civilização.

John Gray parte para uma visão bastante pessimista e escatológica no livro, defendendo as teses de Malthus e afirmando que o século XX poderá ser visto como um tempo de paz no futuro. Ele diz: “Se existe alguma coisa certa sobre este século, é esta: o poder conferido à ‘humanidade’ pelas novas tecnologias será usado para cometer crimes atrozes contra ela”. Cita, então, os gulags comunistas como prova do tamanho do estrago causado graças aos avanços tecnológicos. E conclui que “o progresso técnico deixa apenas um problema a resolver: a fraqueza moral da natureza humana”, problema que ele considera insolúvel. Jamais compartilhei de uma visão romântica do ser humano, como um “bom selvagem” corrompido pela sociedade, que é formada por homens mesmo. Mas também não creio que o progresso e o conhecimento não possam ir “controlando” melhor certas paixões perigosas. Se por um lado ainda corremos o risco que vem dos fanáticos muçulmanos, por outro lado uma boa parcela da humanidade está tendo cada vez mais acesso aos valores ocidentais ligados à liberdade individual. Ainda que justificado, um ataque militar que causa perdas de civis inocentes gera uma revolta enorme, forçando uma moderação por parte do governo em questão devido à pressão popular. Como ignorar um avanço nesse campo quando lembramos que, no passado, populações inteiras eram dizimadas nas guerras, as mulheres eram estupradas e as crianças mortas propositadamente? O Islã fanático com sua jihad ainda representa esse atraso, sem dúvida. Mas não podemos generalizar, tampouco ignorar o avanço relativo de outras civilizações.

A consciência humana e o livre-arbítrio também são questionados pelo autor, que dá uma grande ênfase ao poder da percepção subliminar. Sem dúvida, muito do que conhecemos não está disponível no nível da consciência, e usamos mecanismos automáticos diariamente para nossa sobrevivência. John Gray chega a afirmar que “temos acesso consciente a cerca de um milionésimo da informação que usamos diariamente para sobreviver”, concluindo que “não podemos ser os autores de nossos atos”. Mas o fato de boa parte do que conhecemos estar ocultado nas sombras da nossa mente não anula o enorme poder daquela parte a qual tomamos consciência e processamos à luz da razão. Entre o estímulo e a resposta, o homem tem a liberdade de escolha, ainda que tal liberdade sofra o impacto de forças ocultas. Ou será que o livro todo de John Gray foi escrito por acaso, sem reflexão alguma e independente de sua consciência?

Em um capítulo sobre moral, John Gray abraça com vontade o relativismo exacerbado, chegando a falar que “as idéias de justiça são tão eternas quanto os chapéus da moda”. Está certo que nosso conhecimento sobre a justiça muda com o tempo, preferencialmente evoluindo. O que ontem era visto como justo – a escravidão, por exemplo – hoje pode ser visto corretamente como injusto. Isso não torna a moral algo totalmente relativo e flexível. Os dez mandamentos do Monte Sinai ainda hoje seriam vistos como corretos, e matar um inocente do nada sempre será um ato injusto, não importa a época. Mas John Gray vai ainda mais longe: “Não é apenas que a vida boa tenha muito pouco a ver com a ‘moralidade’; ela somente floresce por causa da ‘imoralidade’”. Gray gosta do modus vivendi taoísta, onde a vida boa significa viver sem esforço, de acordo com nossas naturezas. “Os animais selvagens sabem como viver; não precisam pensar nem escolher”. Entretanto, com todas as angústias que nosso conhecimento pode gerar, eu jamais aceitaria trocar de posição com uma hiena. Será que John Gray trocaria? Até mesmo para refletir sobre isso, é preciso usar a razão, aquele instrumento que justamente nos afasta tanto de uma simples hiena.

Existem algumas partes do livro com as quais concordo. Busquei focar meu texto naquelas onde discordo, por considerar que tais contradições retiram muito o valor que o livro poderia ter. Sempre que alguém vem atacar violentamente o poder da razão humana, usando para tanto a própria razão humana, já fico desconfiado. À certa altura, John Gray diz que “os humanos nos quais a consciência é altamente desenvolvida não têm como evitar se transformarem em atores”. Faço uma última pergunta então: a consciência do próprio John Gray é pouco desenvolvida ou seu livro todo não passa de uma atuação?

Terras, Riquezas, Produção e Guerrilha - por Christina Fontenelle

Fronteiras que abrangem 8.500.000 Km², uma população de 180 milhões e uma infinidade de riquezas (recursos minerais + território + mercado interno) são algumas das condições básicas para que um país se torne uma potência mundial. Somente cinco países no mundo preenchem esses requisitos e o Brasil é um deles.

O poder mundial está em jogo e, por trás dele, o desejo de construir uma sociedade global sob o comando dos grandes impérios financeiros. O Brasil é território importantíssimo a ser conquistado e subjugado nessa guerra – e quem acompanha essa Série está cansado de saber porquê. Nossos recursos minerais e agrícolas, devidamente "controlados" podem garantir o emprego, o padrão de vida e a estabilidade política do que hoje conhecemos como Primeiro Mundo (justamente para que o CFR possa continuar colocando seus homens no poder), e, conseqüentemente, o mundo ideal para o exercício do poder das grandes oligarquias financeiras.

Os partidos que estão no governo dos países do Primeiro Mundo sabem perfeitamente que sua permanência no poder depende da criação de empregos. Para criar empregos é necessário que haja uma demanda sempre crescente de produtos e serviços. Como os mercados internos dos países desenvolvidos estão saturados, o consumo interno é relativamente inelástico, mesmo com o constante incentivo ao consumismo desenfreado, e isto obriga os governantes a estar em constante necessidade de expandir as exportações. Mas exportar para onde, já que os outros países desenvolvidos enfrentam os mesmos problemas? É preciso que aqueles outros que estejam em desenvolvimento sejam capazes de absorver o que precisa ser exportado. Para que isso aconteça, é imprescindível que eles não tenham condições de caminhar para a auto-suficiência, especialmente no que se refira ao tipo de produto que os países do Primeiro Mundo precisem exportar.

continua em... Christina Fontenelle