30 de jan. de 2006

NUNCA SE VIU ALGO IGUAL ANTES

por Alfredo Guarischi - publicado no Diego Casagrande

O lugar era conhecido como Terra da Fantasia e seria mais uma festa. Não foi.

Não era lugar para crianças. Havia sempre mais mulheres que homens e, estas, na maioria, jovens. Os ternos sempre de bons estilistas conviviam alegremente com uns poucos trajes esportivos, do tipo sem compromisso. Festa era só para executivos e, como sempre, bem animada. O lugar tinha segurança – verdadeiros armários - de cabelo curtinho, terno e gravata preta. Contrastando as camisas eram brancas, algumas com golas puída. Pareciam robôs. Apreciavam de longe a festa, mas nada festejavam, exceto à vontade de receber logo o que lhes era devido. No passado, não se sabe bem porque, deram um golpe e participaram de uma festa. Foi um período difícil, com reuniões diferentes, mas com o tempo a turma antiga foi chegando e grande parte está de volta. Os novos parecem-se com os antigos no apetite e nos costumes.

O salão era uma verdadeira pista de dança, rodeada por bancos confortáveis e serviçais. Grandes e pequenos bancos, mas nenhum sofá – estranho! Sempre havia algum brinde oferecido por uma industria, lobista ou empreiteira para manter o clima festivo. Fumar era permitido, mas nada de drogas – pelo menos é o que se comenta. Lá ninguém queria confusão e uma batida policial seria um desastre. Era festa de gente fina. Corria um boato a respeito dos “grandões” que apareciam, mas ficavam por pouco tempo no salão. Os “grandões” nunca dançam.

O que importava é deixar as diferenças de lado e curtir. As turmas se revezavam em busca do prazer. O som de fundo só falava de riqueza. Potenciais brigões eram eventualmente tolerados, mas logo surgia a turma dos acordos e tudo voltava como dantes. Havia figurinhas e figurões que ora faziam oposição e ora curtiam estar na situação. O lema era sempre estar a favor de um bom acordo, garantindo o convite para a próxima festa. Mas esta festa prometia. Havia um convidado trapalhão, que há anos pleiteava, sem sucesso, entrar no clima. Agora era uma das figuras mais populares neste grupo seleto.

Quase no final da festa, saindo de um dos reservados do andar de cima, surgiu o convidado trapalhão. Pedindo silêncio ao andar de baixo, anunciava que faria um improviso ou uma metáfora – há controvérsias. Até a marchinha alegre ouvida ao fundo foi sumindo. Palavras e erros gramaticais se alternavam. As dificuldades enfrentadas para entrar naquela festa eram verdadeiras, mas já se comentavam praticas heterodoxia. Seus feitos no andar de cima eram enaltecidos. Enormes números que cresciam sem parar. As pessoas, que não eram novatas, começaram a rir, pois a turma era escolada. No clímax o cabra da peste afirmou que “nunca se viu algo igual antes”. O silêncio foi constrangedor. Que diabo tinha feito?

Dona Maricota, uma velha escolada quenga – às vezes ajudava na organização - protestou. Era um desrespeito aos tradicionais freqüentadores. A palavra “nunca” não era parte da linguagem local. Ele tinha pedido o melhor da casa e tudo lhe foi dado. Alegou que tinha vindo de longe e quase todos concordaram com seus pleitos iniciais. Era um vencedor e uma novidade para toda a turma. A estrela da casa, escolhida e acolhida no andar de cima, com tristeza, ouvia o improviso – treinado tantas vezes nos braços dela. A pós-adolescente estrela não sabia se voltaria a ser a fonte do desejo de tantos sonhadores, que por ela suspiravam aguardando sua vez no andar de baixo. Até alguns tradicionais freqüentadores a admiravam. Quase abafando o improviso ouviam-se os comentários maldosos da turma do próprio trapalhão. Aliás, o barbudo – usava barba, pois segundo alguns, achava que era um guia – tinha uma turma que brigava o tempo todo.

A estrela estava murcha, pois após anos de espera e louca para se entregar a um príncipe encantado, acabou nos braços de um sapo. Todas as promessas foram mentirosas. O caixa da festa, o de número dois, reclamava de até ter recebido cheque roubado, sabe-se lá de quem. Acusando todos de complô e recusando o apelido de pinóquio, o convidado trapalhão se recusava a deixar o salão principal.

Do lado de fora o povo estava sabendo da má fama destas festas, pelas TVs e jornalistas bisbilhoteiros. Alguns até que, lá fundo do coração, gostariam de participar, mas a grande maioria do povo estava ficando irritada. Uns poucos diziam que isto tudo era uma lenda, invenção de alguma raposa felpuda ou de um tucano colorido, famosos na Terra da Fantasia. Mas a grande maioria do povoado, até então silenciosa, começava a discutir a proibição destas festas. Em breve haverá eleições na Terra, a da fantasia. Quem sabe as coisas mudem. Que nunca mais se veja algo igual. Amém.

EXPERIÊNCIA PRÁTICA

por Ralph J. Hofmann - com autorização do autor - no Diego Casagrande

Por volta de 1969 eu era uma das pessoas mais experientes na exportação de manufaturados no Brasil. Isso não era lá grande coisa. O país importava e exportava cerca de um bilhão de dólares ao ano. A pauta de exportações era preponderantemente café, minérios, cacau e açúcar. Em anos bons vendíamos milho.

Eu tive a sorte de ser recrutado por uma firma que fora fundada uns 35 anos antes por um empreendedor alemão que criara uma fábrica de cutelaria. Trouxera nove exímios contramestres de Solingen e Remscheid na Alemanha, alguns dos quais queriam sair da Alemanha, pois sendo Cristão Democratas eram perseguidos pelos Nazistas.

Junto com a Artex em Blumenau tínhamos a maior experiência em vendas de manufaturados. Quando aparecia um cliente com dúvidas, que fosse manufatura, a Cacex do Banco do Brasil pedia a nós ou ao Roberto Leyendecker da Artex que dedicássemos alguns minutos a esclarecer os problemas de mercado ao exportador em potencial.

Nossas máquinas não eram terrivelmente sofisticadas na época, portanto entre o equipamento trazido e adaptações e criações locais a empresa conseguiu crescer e chegar aos anos sessenta produzindo um bom volume e uma qualidade internacional de tesouras, facas e talheres. Mesmo antes do chamamento à exportação de produtos não-tradicionais, da criação de incentivos fiscais de 1964, a empresa já iniciara cuidadosamente exportações. Com os incentivos fiscais chegou a ser uma das primeiras a ultrapassar um milhão de dólares de exportações.

Esta experiência me foi passada nos primeiros seis meses após meu recrutamento. Uma vez dominada a profissão em si comecei a analisar o mundo em que me achava. Percebi que com preços bons e produto de qualidade conseguíramos uma carteira variada de clientes. As maiores vendas eram para o Canadá, Estados Unidos e Alemanha. A diretoria, toda ela com raízes européias mantivera vínculos que haviam aberto portas. Na América do Sul o melhor cliente era o Chile, que posteriormente, através de várias empresas sempre vi como o primeiro objetivo de peso nas Américas. Os chilenos compravam bem, pagavam bem, e o relacionamento com eles era tão aberto e franco como aqueles relacionamentos que tínhamos na Europa e América do Norte. A África do Sul era comparável ao Chile. Na verdade exportávamos a todos os continentes, e nos situávamos na categoria dos produtos caros, de qualidade.

No que dizia respeito a problemas de mercado e qualidade dependíamos de nós mesmos, donde podíamos resolvê-los. Contudo havia um mundo inteiro de problemas que dependiam de uma ação do governo. Os custos portuários, os custos de taxas aplicadas pelo governo, que por um lado nos incentivava a exportar e por outro não enquadrava os custos de serviços que influenciassem as exportações dentro de custos mundiais.

Sempre que reclamávamos ao governo de que os nossos fretes eram duas ou três vezes mais altos do que os mundiais ouvíamos que isso era incompreensível. O Lloyd Brasileiro participava de todas as conferências de frete do Brasil para o exterior, donde eles conheciam os custos portanto os fretes estavam corretos. Dentro das conferências o Lloyd tinha a voz mais forte, com um peso sempre próximo a 50%.

Hoje, o Lloyd tendo quebrado sabemos claramente que o Lloyd Brasileiro devia ser uma das empresas de navegação mais mal administradas no mundo. As empresas armadoras privadas enriqueceram com os fretes praticados à época, enquanto o Lloyd soçobrou. E esses fretes acabaram por ser retirados do caixa do Tesouro, pois para nos mantermos competitivos o governo aumentou o incentivo fiscal federal. Ou seja, subsidiava o que não precisava ou não devia. Bastava uma desregulamentação, não dar preferência a navios de primeira bandeira (brasileiros) ou segunda bandeira (membros estrangeiros da conferência) e os exportadores teriam contratado fretes negociando cara a cara com qualquer empresa de navegação do mundo. A fidelidade ao cartório nos custava caro em lugar de nos garantir preços melhores.

à época, num simpósio de estudantes comentei que o Brasil não devia forçar a barra com os serviços, deveria se concentrar em produzir, reduzir custos e ganhar mercados, deixando que as companhias de navegação fizessem seu próprio caminho. Fui taxativamente contradito por um mestrando de economia, gerente de Cacex em Santos, que dizia que o Brasil teria de dominar tudo e que tinha condições de fazê-lo.

Essa situação perdurou por 25 ou 30 anos. Em 1980 era mais barato adquirir tubo de aço para indústria de mobiliário no Japão, trazer de Kobe a Paranaguá, do que adquirir da Pérsico Pizzamiglio ou da Mannesman. E ainda havia um agravante. O preço dos japoneses era com 180 a 270 dias para pagar enquanto as nacionais cobravam à vista e ainda deixavam incertezas quanto ao suprimento. Estávamos pagando os preços diferenciados dos produtos siderúrgicos, mais caros internamente que na exportação. A Coréia em 1993 tinha nove a dez vezes a produção de tubos de aço do Brasil, sendo seu mercado interno menos da metade do mercado brasileiro.

Essa situação vigorou em todos os serviços. Seguros para transporte, seguros de responsabilidade civil de produtos destinados aos Estados Unidos e Europa tinham de ser efetuados aqui se a venda fosse Custo+Seguro+frete. Sempre pagávamos a proteção ao produtor nacional. E o pior é que as seguradoras não tinham jogo de cintura. Um dia ao chegar em casa do escritório recebi um telefonema do Canadá. Um navio com, entre outras, carga nossa se desgarrara por falha do motor no Rio São Lourenço. Acabara encalhado. O rebocador dos práticos do São Lourenço havia salvado o navio e agora, como a tripulação abandonara o navio, era dona do navio e da carga. Ponderei que era problema para as seguradoras, da companhia de navegação, do armador e nossa. O problema era que havia peças a bordo destinadas a uma indústria, com contrato de fornecimento na base de “just-in-time”. Um processo desses poderia durar muitos anos. Nós podíamos perder o cliente, e certamente pagaríamos uma multa maior que o valor da carga.

Mas nosso despachante em Montreal falara com o pessoal dos práticos, e eles realmente não queriam um longo litígio pela carga. Queriam mesmo arrancar o couro do armador Se pagássemos uns dez porcento eles liberariam nossa carga . Tirei da cama o agente de seguros. Horas depois me disse que não podia fazer nada, pois passaria da companhia de seguros para avaliação do IRB, para depois liberar dólares, coisa de meses. Mesmo considerando o pagamento quase certo de US$ 250.000,00 contra meros US$ 25.000,00 fora as perdas de negócios e multas à nossa empresa, nada podia ser feito.

Acabei pagando os dez porcento, transferindo-os de um dos escritórios no exterior. Depois negociei com a seguradora, que independente do IRB pagou aqui no Brasil em moeda nacional. Depois a seguradora tratou de se acertar com o IRB e acredito que ao longo dos anos tenha conseguido resultados.

Mas o que isto ilustra, assim como a quebra do Lloyd Brasileiro, é que se abarcava o mundo com as pernas, sem criar uma estrutura que de fato fomentasse resultados positivos, que atendesse as necessidades de quem fazia a roda do comércio girar. Seno seu navio afundasse não havia problema. Havia uma certa experiência. Qualquer coisa mais sutil era impossível.

Mas, com o passar dos anos, surgiram centros de excelência em muitas especialidades no Brasil. Por exemplo, o soja nunca deu problemas. Os sojicultores produzem, os esmagadores esmagam e fazem óleo e torta, os comerciantes exportam, os armadores embarcam e temos conversado. Nuca houve um Instituto Brasileiro da Soja ou Instituto Brasileiro do Suco de Laranja. Já o IBC passou a funcionar bem, afinal de contas, não existe mais e portanto não cria maracutaias mirabolantes.

Os últimos três anos temos visto um país salvo pelo empreendedorismo. O empreendedor não olha para os lados, desempenha seu papel e ponto final. De vez enquanto leva um rude choque quando o governo não controla a aftosa ou aceita uma imposição chinesa sem permitir que os comerciantes, legítimos afetados instruam o diplomata que irá negociar.

O que me preocupa, é que isto pode piorar e piorar muito. Não está nos dogmas dos políticos do atual governo deixar alguma coisa sem criar uma entidade que responda a um Ministério ou Grupo Executivo ou Conselho. Todo o passado dessa gente é baseado em economias de gestão centralizada. Nenhum deles bateu ponto no lado administrativo de uma fábrica. Na realidade há professores, dos que passam dos dezoito aos 22 se graduando, dos 22 aos 24 fazendo mestrado, dos 24 aos 26 se doutorando e depois vão ensinar a fazer coisas que nunca fizeram. São gênios. Aos trinta tem uma tremenda reputação. Mas nunca fizeram nada. E vão coordenar a economia, a indústria, o potencial turístico?

Preocupa!

28 de jan. de 2006

Brasil x Índia

por Paulo Leite, de Washington, DC - Diego Casagrande

Escrevendo do Fórum Econômico Mundial de Davos, o colunista da Folha de São Paulo Clóvis Rossi comparou alguns dos avanços obtidos pela Índia com a relativa estagnação do Brasil nas últimas décadas. Enquanto no final do ano passado a Índia cresceu 8%, o Brasil continuou marcando passo.

Quer dizer, foi a Índia que, nas palavras de Rossi, apresentou “o espetáculo do crescimento, o verdadeiro.”

O segredo da Índia, no entender de Clóvis Rossi, é o investimento na educação de sua população. O colunista conta que uma “pesquisa feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers com 1.400 homens de negócio do mundo todo mostra que a grande atração da Índia está dada por dispor de um ‘pool’ de talentos altamente qualificados”.

Rossi cita o especialista em educação Yasheng Huang, do MIT, que acredita que o fator educação “poderá fazer com a Índia passe a China como estrela da economia mundial”. Para Huang, a longo prazo “a qualidade e a quantidade de capital humano importará muito mais que a do capital físico".

Como não poderia deixar de ser, a coluna de Clóvis Rossi termina com uma lamentação bem brasileira. O colunista acha “notável” que o Brasil não consiga “investir nem no capital físico nem no humano.”

Não há como duvidar do acerto da Índia ao investir em educação. É preciso lembrar que o país herdou dos britânicos uma série de instituições educativas de alta qualidade. Ao invés de destroçar essa herança, como fizeram muitas antigas colônias ao redor do mundo, cuidou e ampliou seu alcance.

Aqui nos Estados Unidos, a presença de imigrantes vindos da Índia é imensa, impossível de ser ignorada. Seja em negócios como mini-mercados ou pequenos hotéis, seja em empresas da área de informática, ou ainda na área científica, os imigrantes da Índia estão sempre em posição de destaque.

Minha mulher, por exemplo, é médica. Grande parte de seus colegas em todos os hospitais onde já trabalhou são originários da Índia. Nos exames necessários para a revalidação de seu diploma (obtido no Brasil), os primeiros colocados eram sempre indianos. Uma simples olhada na seção de médicos das Páginas Amarelas de qualquer cidade americana vai mostrar a preponderância de nomes difíceis de pronunciar (para nós, pelo menos).

E a imigração vinda da Índia só diminuiu um pouco, nos últimos tempos, graças ao fenômeno da terceirização internacional. Vários empreendedores da Índia perceberam que poderiam trabalhar para empresas americanas sem precisar sair da Índia. Hoje, quando você liga para a assistência técnica das principais companhias dos EUA, fala – sem saber – com alguém num escritório de Nova Déli.

Médicos da Índia analisam exames radiológicos para hospitais dos Estados Unidos, via satélite ou Internet. Programadores indianos desenvolvem software para algumas das mais conhecidas marcas do mercado mundial. E por aí vai a coisa.

Um dos segredos da Índia é que, em muitas faculdades do país, as aulas são ministradas em inglês. O ensino do idioma é obrigatório. As faculdades de Medicina, por exemplo, têm classes específicas sobre como passar os exames para médicos nos Estados Unidos. É graças a essa mentalidade que há trabalhadores com domínio do idioma inglês em número suficiente para viabilizar as companhias de prestação de serviço que citei acima.

No Brasil, tenho certeza de que qualquer tentativa de dirigir a educação de nossos universitários para o mercado americano seria recebida com indignação pela mesma imprensa e pelos mesmos intelectuais que hoje elogiam a Índia, sem entrar nos detalhes sobre como ela está alcançando o que vem alcançando.

Já posso até ouvir os gritos de “rendição ao imperialismo ianque”.

Em poucas palavras, para vencer a estagnação, o Brasil precisa – primeiro – vencer seu provincianismo, bairrismo, ou seja lá que nome tenha esta mania de nos acharmos os melhores do mundo em tudo.

Lamentos de um morador de Ipanema

Fernando Gabeira, Folha de S. Paulo (28/01/06)

Lula veio a Queimados, Baixada Fluminense, e fez um discurso já famoso. "Não tenho a cara da zona sul nem da avenida Paulista", afirmou no palanque. Lula é um cara estranho. Quando veio ao Rio receber o apoio dos artistas, no Canecão, falou do seu deslumbramento com a zona sul, não esperava jamais estar sendo aclamado ali por gente que admirava, num lugar tão interessante etc.

Se fossemos muito rápidos no gatilho, diríamos que Lula tinha um deslumbramento pela zona sul. Mas, se formos rápido no gatilho agora, diremos que ele tem um certo desprezo pela região, pois divide o mundo entre opressores e oprimidos pelas zonas geográficas.

Não creio em nada disso. Uma vez protestei, fraternalmente, junto ao Professor Luizinho, que desqualificou a visão de Brasil do repórter Larry Rother, do "New York Times", argumentando que era um habitante de Ipanema. Rother, dizia eu, vive cruzando o Brasil e alguns países da América do Sul. Também vivo em Ipanema e passo grande parte dos meus fins de semana tentando conhecer melhor o Brasil. Luizinho aceitou imediatamente o argumento e admitiu que a frase poderia levar a equívocos.

Na década de 60, escrevi um artigo intitulado "As Belas Imagens", reproduzindo um pouco a argumentação existencialista de que o valor de uma pessoa depende de suas escolhas, de seu esforço. Afirmava que não era possível supor que alguém tivesse qualidades intrínsecas apenas porque mora num certo bairro da cidade. Era o auge de Ipanema.

Quase meio século depois, tenho preguiça de retomar o argumento de forma inversamente simétrica: não há nenhum defeito intrínseco em morar num determinado bairro. Se alguém quiser dividir o mundo entre oprimidos e opressores e disser que os segundos moram na zona sul do Rio, vai ter que abstrair milhões de pessoas -as que moram no morro e os brasileiros de todos os horizontes que vivem em Copacabana, por exemplo.

Não é para se fazer uma discussão séria. Lula estava no palanque de Queimados ao lado de Lindeberg Farias, um jovem de muitas qualidades e, além disso, bonito. Ele ganhou as eleições em Nova Iguaçu com mais facilidades, segundo o relato dos jornais, porque era considerado lindo pelas suas eleitoras. No momento em que era preciso se implantar na Baixada com mais sucesso, o PT não hesitou em usar também, além da habilidade de Lindeberg, sua cara bonita. Portanto, é uma tática de ziguezagues: num momento, você usa a estética para ampliar seus votos, em outro momento você afirma uma cara sofrida para buscar uma identificação com o eleitorado da região.

O engraçado é que estavam os dois no mesmo palanque, talvez rindo de nós, que pedimos coerência. Por isso é que não dá para ficar zangado quando o presidente de todos os brasileiros rejeita publicamente os moradores do lugar onde você mora. Não é uma rejeição séria, como não é sério o deslumbramento. Tudo depende da hora, do lugar e dos votos.

No caso da avenida Paulista, mesmo quem não mora em São Paulo se surpreende com a afirmação do presidente. Tudo de bom que acontece na cidade acaba sendo comemorado na avenida Paulista. Títulos mundiais de futebol, vitórias em campanhas presidenciais. Lula foi diretamente do hotel para a avenida Paulista, no dia de sua eleição. As ruas estavam cheias de gente do povo. Uma boa formulação para aquele dia: "Estou aqui, mas lembrem-se de que não tenho a cara da avenida Paulista, por isso vou ficar de costas para os prédios e olhar apenas para vocês".

Apesar de tudo, há muita gente na zona sul que ainda admira Lula, e ele ainda tem chance de corrigir o equívoco. Palanque é um lugar onde se fala tudo e os jornalistas sequer anotam. No entanto, quando você é presidente da República e está num palanque, cada frase tem de ser pensada, por mais difícil que seja emocionar-se e, simultaneamente, medir as palavras.

Tudo isso, na verdade, é um pequeno distúrbio de papéis. Lula encarnou o presidente Hugo Chávez e resolveu entrar na distinção entre ricos e pobres. Mas o clima está mais para Juscelino. Ele deveria voltar a um centro espírita e reencarnar o Juscelino. Tenho um amigo em Copacabana, o Almeida, que vive pedindo a construção de um centro para a terceira idade no bairro, com projeto de Oscar Niemeyer. Isso poderia ser ainda melhor para nós do que foi a igreja da Pampulha em Belo Horizonte.

Entre os idosos da zona sul, vindos de todos os recantos do Brasil, essa história de norte-sul, nós e eles, essas fronteiras que criamos e alimentamos em palanques não têm grande sentido.

Um dia tudo isso passará, e tanto o Lula como o Professor Luizinho, esse já convidado, vão colocar uma Havaianas e bermudas e passear conosco pela zona sul. Amainadas as paixões, é surpreendente como todos os seres humanos são parecidos, ainda mais de bermuda e Havaianas.

Não posso falar por toda a Ipanema, mas a sensação que temos aqui, do Jardim de Alah à praça General Osório, é de que todas as caras são bem-vindas.

Uma vez integradas à paisagem, expressam uma incrível diversidade e apontam para uma unidade que não se destrói: a cara do ser humano.

Fonte: e-agora

Economia brasileira "envergonha" empresários em Davos

07h11 — Por Clóvis Rossi, na Folha: "Alain Belda, brasileiro nascido no Marrocos, 62 anos, é o presidente mundial da Alcoa, o maior produtor de alumínio primário. Jorge Gerdau Johannpeter, brasileiro, 69 anos, é o presidente do grupo Gerdau, um dos maiores exportadores de produtos de aço. Os dois foram juntos, ontem, a um debate sobre recursos naturais no contexto do encontro anual 2006 do Fórum Econômico Mundial. Ouviram um indiano falando em números portentosos. Depois um chinês vertendo números ainda mais portentosos, como sempre acontece quando se fala de China. Até um russo mostrou dados importantes. 'A gente não tem o que falar. Dá vergonha', desabafa Belda, relatando um sentimento que era também o de Gerdau. (...) Tanto mais grave quando se sabe que tanto Belda quanto Gerdau são dois vencedores, não dois empresários falidos ou eventualmente frustrados com os juros, o câmbio ou o que seja no Brasil. A frustração é assim expressa por Belda: 'A China decide o que quer fazer nos dez anos à frente. E faz. No Brasil, há um monte de economistas debatendo por que não dá para fazer'. O presidente da Alcoa, um homem do mundo por vocação e por função, olha para China, Índia e outros países ditos emergentes, vê que eles de fato emergem, olha para o Brasil, vê que tem até mais recursos que eles, mas, no fim das contas, 'anda sempre com o freio de mão puxado'."

fonte: Primeira Leitura

27 de jan. de 2006

Então vamos falar da batata...

Por Liliana Pinheiro - leia no Primeira Leitura

Ao blindar Lula, Palocci e personagens laterais do PT, a oposição mata o debate sobre o modelo econômico. Resta falar da alta de mais de 60% da batata...

Leia ainda • Os amigos da onça

Papa diz que democracia sem valores acaba em totalitarismo

12h59 – O papa Bento 16 exortou nesta sexta-feira os fiéis da Igreja Católica a trabalharem para criar “o consenso em torno de valores comuns”. De acordo com ele, sem valores, a democracia corre o risco de se transformar numa mera formalidade. “Uma democracia sem valores se transforma facilmente em um totalitarismo aberto ou bem disfarçado, como mostra a história”, declarou o pontífice em audiência com as associações cristãs de trabalhadores italianos.

Fonte: Primeira Leitura

O óbvio: Serra é pré-candidato

Por Reinaldo Azevedo - leia a íntegra no Primeira Leitura
Desfaz-se uma névoa de surrealismo que tomava o ambiente político e o PSDB. Era óbvio que o prefeito era pré-candidato. Nem tanto porque queria, mas porque os eleitores assim o quiseram. E, até agora, é quem lidera as pesquisas entre os oposicionistas. Está certo de que será ele o candidato? Não. Geraldo Alckmin também está na parada. Mas o debate está em seu devido lugar.

O CÂNCER DA CORRUPÇÃO

por João Mellão Neto, no Estadão - fonte: Diego Casagrande

A corrupção incomoda, e muito. Segundo pesquisa da consultoria PriceWaterHouse, divulgada pela Folha de S.Paulo, a corrupção é considerada um enorme desafio para nada menos que 79% dos empresários brasileiros. O levantamento, feito com empresários do mundo inteiro, revela que, no Brasil e na Rússia, as práticas corruptas são a maior preocupação dos empresários locais.

Corrupção não é novidade no Brasil. Ela sempre foi um fator que devia ser levado em conta pelos homens de negócio ao decidirem suas opções de investimento. Era apenas um custo a mais, um pedágio desagradável, porém necessário para fazer rodar as pesadas engrenagens da economia, em especial as do Estado. Por que só agora ela está atormentando os chefes de empresas?

Já discutimos aqui, neste Espaço Aberto, há menos de um mês, a relevância econômica do conceito de "custos de transação". Para quem não se recorda, estes custos representam tudo o que despende uma empresa, ou um indivíduo, quando se relaciona com o mercado. Os empreendedores vão ao mercado em busca de matérias-primas, mão-de-obra, máquinas e equipamentos, crédito e demais insumos da produção. Na outra ponta eles vendem seus produtos ou serviços, o que implica novamente custos de transação, tais como distribuição, pontos de venda, publicidade, clientela confiável e riscos de não-pagamento por parte dela. Segundo Ronald Coase, Prêmio Nobel de Economia de 1991, uma economia é mais eficiente quanto menores forem os seus custos transacionais. Para se ter uma idéia da relevância da questão basta lembrar que os custos de transação, nos EUA, consomem cerca de 40% do seu produto interno bruto (PIB). É de supor que em países como o Brasil, onde as instituições e os mecanismos do mercado são menos evoluídos, tais custos alcancem proporções muito maiores.

Pois bem, a corrupção, quando disseminada, representa um imenso e intolerável custo de transação. Ela corrói os mais preciosos fundamentos do mercado, uma vez que os vencedores, na livre concorrência, nem sempre são os que produzem melhor com o menor preço, mas sim aqueles que, por intermédio de relações escusas com o Estado, logram obter vantagens que não teriam se tudo se desse dentro da maior honestidade e transparência. Não vencem os melhores, mas sim os mais bem relacionados, os mais "espertos" e os mais inescrupulosos.

Os custos da corrupção não se resumem ao montante que é malversado em cada negociata. Se as coisas se dessem assim, eles se resumiriam a uma porcentagem pouco relevante em relação ao total do PIB de uma nação. O problema é que a corrupção tem comportamento cancerígeno. É auto-replicante. O efeito-demonstração que ela acarreta acaba por comprometer a saúde de todo o corpo social. O mercado, para funcionar de modo eficiente, tem de, forçosamente, se lastrear na confiança, na previsibilidade e na boa-fé das partes. Introduza-se, nesse organismo, o vírus da corrupção e, de repente, tudo isso fica comprometido.

No mundo globalizado, em especial, esse câncer é fatal. As finanças de uma nação dependem, em grande parte, do aporte de recursos estrangeiros. Estes investimentos não provêm apenas de grandes empresas. A esmagadora maioria desses capitais é oriunda da poupança de milhões de pequenos investidores que, por meio de fundos especializados ou por conta própria, optam por aplicar suas economias no exterior. Se, por qualquer razão, ocorre uma crise de confiança em determinado país, quem, em sã consciência, se arriscaria a aplicar seus recursos ali?

Você, leitor, imagine-se como um turista que pretende passar as férias no estrangeiro. Há mais de 200 nações no mundo, cada uma com seus próprios atrativos, disputando a sua preferência. Você, por acaso, optaria por um país que estivesse em guerra? Ou por outro onde o índice de violência contra turistas fosse ameaçador? Com certeza, não. Você escolheria um lugar seguro, mesmo que ele fosse menos atraente que os demais. Quando se trata de dinheiro, o problema é ainda mais sério. Você arriscaria a sua poupança, arduamente amealhada ao longo da vida, numa nação onde, em razão da corrupção, os negócios são incertos, os retornos duvidosos e, a qualquer momento, o empreendimento em que você apostou pode vir a naufragar em função das ações de espertalhões? A resposta, obviamente, é não!

Esqueça o dinheiro estrangeiro. Vamos supor que o Brasil seja rico o suficiente para se alavancar apenas com a poupança interna, com os capitais pertencentes aos próprios brasileiros. Você arriscaria comprar ações de uma empresa que, sabidamente, depende de um "relacionamento privilegiado" com o Estado para gerar lucros? Não, e é por esta razão que tais empresas nem sequer lançam ações no mercado. Em outra hipótese, você se disporia a aproveitar a sua poupança para abrir um negócio cuja sobrevivência dependa de propinas e subornos a políticos e burocratas? Também não. Com isso toda a economia perde, em função do sub investimento e da deficiente alocação de seus recursos.

O dinheiro é tal qual uma ave de arribação: ele levanta vôo ao mais insignificante sinal de perigo.

Um país que tolera a corrupção, um povo que "acha graça" na esperteza dos corruptos, uma sociedade que não bane de seu convívio aqueles cuja riqueza tenha origens duvidosas, são um país, um povo e uma sociedade que não merecem sequer os benefícios do desenvolvimento.

A corrupção não é apenas uma questão moral. Ou todos nós nos mobilizamos para combatê-la e erradicá-la, ou o nosso próprio projeto nacional estará irremediavelmente comprometido. A História está aí para nos demonstrar: não há civilização que tenha sobrevivido depois que os germes da corrupção gangrenaram seus mais caros valores. O progresso tem um preço. E nós não nos podemos esquivar de pagá-lo.

do Blogueiro:
Leiam "O BRASIL LEGAL E O ILEGAL" do prof Alberto Oliva e, "A CORRUPÇÃO E SUAS CAUSAS" de Rodrigo Constantino. Ah, também ou outros artigos dos mesmos autores.

26 de jan. de 2006

Imposturas Intelectuais

por Rodrigo Constantino - reproduzido do site Diego Casagrande

Any intelligent fool can make things bigger, more complex, and more violent. It takes a touch of a genius - and a lot of courage - to move in the opposite direction.” (Albert Einstein)

De acordo com os solipsistas, a falsificabilidade de Popper não faria sentido, posto que provas inexistem. Mas a epistemologia randiana, em contrapartida, objetiva aprioristicamente determinados fatos, independentes do princípio da incerteza de Heisenberg. A própria etimologia de “fato” corrobora tal assertiva. Dependendo da esfera cognitiva, entretanto, poderemos cair na famosa incomensurabilidade de paradigma, segundo Kuhn. Restaria uma explicação somente através da topologia psicanalítica de Lacan. E assim a questão poderia se dar por encerrada, com razoável grau de certeza. Ou não.

Caro leitor, muita calma nessa hora! Se você não entendeu nada do que eu quis dizer acima, é bom sinal. Afinal de contas, realmente não quis dizer absolutamente nada. Esse artigo pretende desmascarar determinado tipo de pseudo-intelectual, que apela com assustadora freqüência aos estratagemas conhecidos para impressionar leigos.

Não estou sendo sequer original aqui, pois Alan Sokal adotou exatamente essa estratégia para desmascarar vários intelectuais. Sokal mandou para uma famosa revista um artigo com título complexo, e trechos mais obscuros que os utilizados acima. Seu artigo não só foi aceito, como gerou bastante reação positiva. Qual não foi a surpresa geral quando o autor confessou tratar-se de um emaranhado de frases soltas e sem sentido? A revolta foi grande, e Sokal decidiu transformar seus argumentos em livro, com o mesmo título desse meu artigo, refutando intelectuais do peso de um Lacan, Kuhn ou Feyerabend.

Segundo o próprio autor, “a obra trata da mistificação, da linguagem deliberadamente obscura, dos pensamentos confusos e do emprego incorreto dos conceitos científicos”. São desmontadas táticas, como o uso de terminologia científica ou pseudocientífica sem dar a devida atenção ao seu real significado, ou ostentar uma erudição superficial, usando termos técnicos fora de contexto, para impressionar. Fora isso, frases são manipuladas constantemente. Sokal, com o auxílio de Jean Bricmont, mostra que o “rei está nu”, com casos manifestos de charlatanismo. A reputação que certos textos têm em virtude de suas idéias serem “profundas”, em muitos casos, são apenas reflexo de serem na verdade incompreensíveis, pois não querem dizer absolutamente nada.

Os leitores precisam entender que a prolixidade não significa bom conteúdo, ou que a complexidade não quer dizer lógica. Precisam saber ainda que a erudição e abuso de citações não garantem o embasamento do argumento, e que o apelo à autoridade costuma ser um desvio para quem não sabe refutar concretamente um determinado ponto. Um debate intelectualmente honesto precisa contar com razoável grau de objetividade. Caso contrário, muito provavelmente estaremos diante de um embusteiro.

Deixo a conclusão para Isaiah Berlin, que em seu livro A Força das Idéias, ataca basicamente o mesmo ponto exposto aqui: "Uma retórica pretensiosa, uma obscuridade ou imprecisão deliberada ou compulsiva, uma arenga metafísica recheada de alusões irrelevantes ou desorientadoras a teorias científicas ou filosóficas (na melhor das hipóteses) mal compreendidas ou a nomes famosos, é um expediente antigo, mas no presente particularmente predominante, para ocultar a pobreza de pensamento ou a confusão, e às vezes perigosamente próximo da vigarice."

.:Sobre o Autor
Rodrigo Constantino é economista pela PUC-RJ, com MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no mercado financeiro desde 1997. É autor dos livros "Prisioneiros da Liberdade" e "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", ambos pela editora Soler.

AQUELES DIAS, OU SERÃO ESTES? - por Saramar

Minha mãe me conta que, quando era jovem, havia "aqueles dias" aliás, tema de campanha publicitária. E fico pensando como eram bons aqueles tempos em que campanhas publicitárias tratavam de assuntos tão delicados e femininos quanto "aqueles dias". Invejo minha mãe.

"Naqueles dias", tudo se interrompia. A mocinha geralmente ficava em casa, meio envergonhada. Não saía porque "todos poderiam perceber que estava naqueles dias". Era um período de quase recolhimento em que quase nada acontecia principalmente por um certo decoro fisiológico, se me permitem o trocadilho.

Depois da minha lição diária lá no Azimuth percebi que as autoridades brasileiras estão "naqueles dias". Ninguém faz nada. Tudo está interrompido.

O presidente não governa (ele sempre esteve naqueles dias, desde o início do governo), só vive em palanques, mas nada a ver com eleições. Ele ainda não sabe. Ele realmente não sabe de nada. Mas, aproveita "aqueles dias" para visitar companheiros pobres e esquecidos nos confins do país, desde que estejam no mesmo trajeto dos buracos em que despeja inutilmente, milhares de reais.

O Congresso Nacional também está "naqueles dias", principalmente porque depois de tantos dias de convocação extraordinária remunerada em dobro, ninguém é de ferro para ir voltando assim, tão aceleradamente. Há que passar por um fase adaptativa de retorno ao trabalho, ou "aos trabalhos", como eles dizem. Por enquanto, vão permanecendo "naqueles dias". Estão se "guardando pra quando o carnaval passar".

O Judiciário também está "naqueles dias". Afinal, a Constituição não proíbe diferenças entre os cidadãos? Por que eles os juízes não poderiam seguir o costume, fonte do direito? Ninguém pode contestar o costume dos brasileiros de ficar uns 60 dias "naqueles dias". Mas, não pensem que "aqueles dias" dos juízes é semelhante aos dos mortais. Nem poderia, uma vez que seres tão excelsos, têm obrigações intrínsecas à sua estatura. "Aqueles dias" dos meretíssimos são utilizados de outra forma. Estão cuidando da manutenção das esposas, amantes, filhos, genros, noras, cunhadas, sobrinhos, netos e outros nos seus dignos empregos.

Assim, amigos, enquanto os dirigentes do país estão "naqueles dias", nós, os palhaços, os otários, os ingênuos, os indiferentes e os indignados estamos vivendo os nossos dias de total abandono. Até quando?

Visitem o blog da Amiga Saramar

25 de jan. de 2006

Reinaldo Azevedo. Surpreendente, sempre!

artigos de Reinaldo Azevedo, publicados no Primeira Leitura
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Hamlet. Eis a questão
Minha filha de 11 anos leu Hamlet porque eu impus. É muito menos complicado do que Harry Potter. Ela gostou e aprendeu mais de política do que a maioria dos articulistas que estão por aí. Deixo uma sugestão aos pais. Comunistas de miolo mole migraram para a literatura infanto-juvenil e molestam crianças com igualitarismo, ecologia e multiculturalismo. Adultos, acabarão detestando política, o que só ajuda o PT. Intervenham. Shakespeare na molecada!
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Bento 16: um texto fundamental
Encíclica está à altura do grande teólogo que é Ratzinger. Eis por que a Igreja Católica é a grande guardiã dos valores da civilização ocidental.
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Eu nunca ouvi U2
Fui humilhado em Primeira Leitura. Todos já ouviram Bono Vox ou têm CD do U2. Eu só conhecia aquele puxa-saco propositivo de poderosos.

Celso Daniel foi assassinado, torturado e mentiram sobre estes fatos.

Quem mentiu e mente sobre os mesmos fatos é hipócrita, finge virtude para melhor assaltar a vida e a alma do povo brasileiro. Celso Daniel sofreu os piores castigos, sobretudo o da morte nas mãos de carrascos a soldo de interesses os mais espúrios. Numa república honesta, sua morte seria investigada com apoio universal, os assassinos descobertos e punidos. Mas não é o que se viu e o que se nota. Não apenas ele, mas várias pessoas foram assassinadas, enquanto a mentira e a hipocrisia mimetizam com perversidade a virtude, a ética, encobrem os assassinos torturadores.

Clique aqui vara ver o artigo completo do Prof. Roberto Romano

Luiz Inácio, símbolo do Brasil

por Heitor de Paola - clique aqui para ler a íntegra no MSM.org

No Brasil, onde qualquer imbecilidade dita por cantores drogados é filosofia e o padrão moral e intelectual não passa do nível das novelas da Globo e do Big Brother, não é de se admirar que um semi-analfabeto e presunçoso seja presidente, e sua reeleição seria um prêmio para o verdadeiro símbolo de uma Nação emburrecida.

O Capitalista Cretino, o Imbecil Coletivo e o futuro do Brasil

por Luís Afonso Assumpção - cliqui aqui para ler a íntegra no MSM.org

Numa metáfora podemos dizer que o carro brasileiro está precisando de reparos urgentes. Mas como dizer isso e se fazer entender se o motorista acha que colocando gasolina e pisando fundo ele sempre vai chegar a qualquer lugar?

A arbitragem é justiça para todos!

por Marcelo Di Rezende Bernardes

Consolidada em países como Estados Unidos e grande parte da Europa, a arbitragem vem ganhando maior espaço no Brasil como opção rápida para a solução de diversos conflitos nas áreas cível, e Goiânia, capital do Estado de Goiás, foi um dos primeiros municípios de expressão a ter uma entidade arbitral que ratificou a força deste instituto.

Com um trabalho consistente, as Cortes de Conciliação e Arbitragem foram aos poucos conquistando empresas e entidades, mostrando as vantagens do procedimento que, a despeito de todo este trabalho, ainda tem baixa procura por pessoas físicas e jurídicas que ainda desconhecem a existência e grande utilidade do mesmo, inadvertidamente deixando de considerar esta excelente opção de justiça privada.

No compasso desse trabalho, em outubro do último ano, por meio de iniciativa da Associação Goiana dos Advogados, e, com o apoio da Associação Brasileira de Advogados, Seção de Goiás, tivemos a grata satisfação de vermos ainda mais consolidado este importante instrumento de Justiça em nossa Capital, ou seja, com a inauguração da 11ª Corte de Conciliação e Arbitragem de Goiânia.

É sabido que a arbitragem tem também como vantagens principais, a rapidez e o sigilo, pois questões são resolvidas em até seis meses, aliviando as partes que poderiam passar por anos de aborrecimentos e ainda garantem a não exposição pública dos conflitos dos demandantes.

Segundo a Associação Brasileira de Árbitros e Mediadores (Abrame), 80% dos casos levados à conciliação resultam em acordo. Nas palavras do presidente da entidade, Áureo Simões Júnior, além da solução rápida para os problemas, o que está sendo também percebido é que as empresas, mesmo em litígio com clientes, consideram importante manter boas relações comerciais com eles, que podem até ser resgatadas brevemente. A estimativa do Comitê Brasileiro de Arbitragem é de que a atividade tenha crescido 50% durante os últimos seis anos. Entre 1999 e 2005, (dados até maio passado), mais de 13 mil casos já foram resolvidos por este método.

Aliado a tal trabalho, de forma recente tivemos a oportunidade de ver estampada em decisão de chancela do Superior Tribunal de Justiça (STJ), pelo também reconhecimento da validade do uso da arbitragem por uma empresa de economia mista, animando assim, ainda mais o mercado e os profissionais que trabalham diretamente com o tema.

Desta forma, apesar da polêmica que ainda envolve tal questão, cremos que a arbitragem tem tido o apoio do Poder Judiciário, principalmente no que se refere à aplicação direta da lei, ou seja, fazendo cumprir o que as partes combinaram em contrato arbitral.

Valioso de se ressaltar mais, a arbitragem, em nenhum momento, frise-se, pretende suplantar ou concorrer com o sistema judiciário, devendo ser vista, no nosso humilde entendimento, como parceira do sistema público, aliviando o gargalo de processos que clamam por solução.

Com o sustentáculo em Lei federal, e cujas decisões têm valor legal, a arbitragem busca o entendimento entre as partes, definindo todos os procedimentos do processo que são envolvidos no conflito, em geral com o apoio de uma entidade arbitral e em comum acordo pelas partes, garantindo, assim, flexibilidade ao processo e facilitando o entendimento, já que antes de tudo, a arbitragem se caracteriza pela explícita manifestação da vontade dos envolvidos no impasse.

Enfim, por último, concluímos que, mesmo crendo que a arbitragem não consiste numa panacéia e que deve ser entendida dentro de uma perspectiva hodierna, não há como negarmos a sua relevância, seja na área privada ou na área pública, quer no campo interno, quer no campo internacional, como sendo a ferramenta eficaz e célere no combate à formalidade excessiva, e que poderá ser uma alternativa correta para as partes que realmente desejarem solucionar o seu conflito.

Marcelo Di Rezende Bernardes
Advogado, Sócio da Rezende & Almeida Advogados Associados, Especializado em Direito Empresarial pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, Delegado Federal da AGA – Associação Goiana dos Advogados e Diretor da ABA-GO, Associação Brasileira de Advogados, Seção de Goiás.

Fonte: Diego Casagrande

24 de jan. de 2006

GENERALÍSSIMOS

por Ralph J. Hofmann

Observando uma foto do Fidel Castro em revista ou jornal, subitamente me veio a mente uma capa de uma edição de bolso do livro “O General” de C.S. Forrester. Abaixo do título tinha uma chamada: “A loucura da mente militar”.

O livro descreve a vida de um general desses que chegou à maturidade, aos altos cargos, nos anos entre 1914-18. No caso general era inglês, mas poderia ser francês ou alemão.

O interessante é que eu lera o livro aos 10 anos, junto com As Quatro Penas Brancas, Beau Geste e outros. Nessa idade me pareceu uma simples história de guerra. Na releitura, já homem maduro via se a loucura do pensamento daqueles generais que mandavam fuzilar por covardia soldados do front ocidental da primeira guerra mundial, porque deduziam que, qualquer unidade que tivesse poucas baixas estava demonstrando pouco empenho. Neste livro em particular a história cobre a vida do sujeito desde a escola, passando pela academia militar e pelo serviço nas colônias até o comando de um exército. Mostra a criação, condicionamento de um homem insensível, potencialmente inteligente, mas embrutecido pelo meio.

Entre 1918 e 1950 proliferaram os generais. E mais. Apareceram os Generalíssimos. Franco, Chiang Kai Shek e outros. Os generais dos generais. Idi Amin Dada após tomar o poder, se auto-promoveu a Marechal-de-Campo. Tito se fez Marechal. Alguns poucos realmente tinham uma experiência militar que até explicaria o título. Outros não. Churchill andava freqüentemente de uniforme. Mas tinha direito aos uniformes que usava. Fora oficial cursado por Sandhurst, fora coronel na França em 1917, fora primeiro lorde do almirantado e fora ministro da aviação. Mas seus uniformes eram expressões do líder num tempo de guerra. Considerava seu principal mérito ser um plebeu, civil, membro do parlamento. Era o legítimo representante do poder civil. E é o que queria ser. Sua viúva, após sua morte aceitou receber um título de nobreza em honra do marido, mas condicionou que fosse uma nobreza temporária. Não passaria para os filhos. Achava que o mérito da família consistia ter criado uma tradição de serviço independente da nobreza e das patentes militares.

O que nos chama a atenção é a sofreguidão com que pequenos líderes de guerrilha se agraciam com fardas e condecorações. Enquanto os generais brasileiros alçados a presidente cuidadosamente tratavam de usar ternos civis, vimos o Collor se fantasiando de piloto e outras figuras semi-militares. Fidel Castro, cuja experiência militar não pode ser considerada significativa. Derrubou um organismo mal organizado com ações de guerrilha, mas desde 1959 se fantasia de militar. Duvido que conheça um manual de estado maior, ou mesmo um manual de aramas ou de ordem unida. É líder na tradição de Mao e Chiang-Kai-Shek. Não Ho-Chi Minh.

Para Hollywood foi bom. Quando queriam caracterizar um ditador do Caribe bastava fazê-lo ser barbudo e de uniforme de combate verde-oliva. Quanto às suas iniciativas militares, ao trabalho de seus instrutores militares, tanto na África quanto nas Américas. Militarmente nenhuma deu certo. Só funcionam na Sierra Maestra. Sequer funcionaram na Bolívia.

Agora temos mais dois casos. Temos um General, com linhas de pensamento absolutamente básicas, “ para os amigos tudo, para os inimigos nada”, ou “pão e circo para o povo”, ou ainda “lhes prometo uma luta árdua e sangue”, passeando pelo mundo como se fosse um Guru indiano de araque, do tipo que coleciona veículos Rolls Royce. Adivinhe a roupa favorita do sujeito. Roupa de combate. Ou seja, é o Generalíssimo. Generalíssimo de golpes de estado.

E não vamos esquecer a fantasia favorita do Saddam Hussein.

Estou em dúvida se a estratégia do Evo Morales vai dar certo, mas está mais correta que a do Fidel. Fidel deveria vestir uma Guayabeira, a camisa elegante do Caribe. Assim seria povo. Mas não seria figura de autoridade. Talvez não durasse outros 46 anos no poder. Mas será que Evo Morales será salvo pela roupa de cacique quando suas políticas econômicas fizerem água.

Na dúvida melhor um terno bem cortado por um bom alfaiate.

Celso Daniel foi torturado antes de morrer, confirma legista

Foi confirmado nesta terça-feira à CPI dos Bingos que o prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, foi torturado antes de morrer. Segundo o legista Paulo Vasques, "houve sinais claros de tortura. Eu e o doutor (Carlos) Delmonte (outro legista, morto em outubro do ano passado) tivemos convicção de que houve tortura. Houve um tiro de esculacho na boca e queimaduras nas costas que comprovam a tortura. Este tipo de execução não é comum".

Vasques sustentou, na CPI, a tese de que o crime foi encomendado. Ele ainda afirmou que, no laudo preliminar de Delmonte, realizado ainda em janeiro de 2002, já constava a descrição da tortura.

O legista, que foi um dos responsáveis pela autópsia, também negou que Delmonte tenha se suicidado. Ele confirmou que o médico-legista estava em depressão, que deixou dois bilhetes, mas afirmou que a morte ocorreu porque ele se asfixiou devido a uma bronquite. Segundo Vasques, não há ligação entre a morte do legista e o caso Celso Daniel.

A investigação da Polícia Civil sobre a morte do perito, feita em dezembro, já havia descartado a possibilidade de morte natural ou homicídio.

Fonte: Diego Casagrande

23 de jan. de 2006

A Esquerda Chilena

por Rodrigo Constantino no Diego Casagrande

O Partido Socialista, em uma coalizão de centro-esquerda, saiu vitorioso nas eleições do Chile, elegendo Michelle Bachelet como presidente. Membros da esquerda brasileira logo comemoraram, pelo que chamam de total guinada à esquerda na América Latina. Para a sorte dos chilenos, a esquerda lá em nada se parece com figuras pitorescas como Evo Morales, Kirshcner, Vasques, Hugo Chávez ou mesmo Lulla. No Chile, os “socialistas” mais parecem tocadores de violino: pegam o governo com a mão esquerda, mas tocam-no com a direita.

Desde que o verdadeiro socialista Allende afundou a nação no completo caos e miséria que os chilenos não querem mais saber dessas aventuras fracassadas, e curiosamente tão idolatradas pelo eterno “idiota latino-americano”. Após as reformas liberais adotadas pelos “Chicago boys”, que salvaram o país do triste destino que assola seus vizinhos, tais pontos são considerados “vacas sagradas”, e sequer entram no debate das eleições.

Logo, aquelas saudáveis e lógicas medidas que os liberais defendem, chamadas aqui de “submissão ao FMI” ou simplesmente “neoliberalismo”, lá não são contestadas pela esquerda. O Banco Central é independente por lei, o governo gera superávit fiscal há anos, a Previdência Social foi privatizada, o endividamento público é pequeno etc. Não existe uma Justiça do Trabalho no Chile, que tanto é utilizada para agredir injustamente os negócios aqui. O imposto máximo corporativo é de 17%, e a carga tributária total está próxima dos 20% do PIB, quase metade da brasileira. O setor financeiro, que atrai investimentos, é bem tratado, e não está tão concentrado no governo como aqui. Há uma abertura comercial muito maior lá, com tarifas bem menores, e foi fechado um excelente acordo bilateral com a ALCA, enquanto o Mercosul patina no lamaçal da demagogia, abraçando agora a populista Venezuela de Chávez também.

Com tudo isso, a economia chilena vem crescendo há duas décadas em acelerado ritmo, e com boa estabilidade, mesmo em anos de crise internacional. A miséria foi drasticamente reduzida, e a inflação, que chegara a 500% na era Allende, ficou abaixo de 2% ao ano na última década. Todos os indicadores sociais estão bem melhores que a média da região, e a renda per capita ultrapassou os US$ 10 mil em 2004.

O Chile está realmente se distanciando cada vez mais do quadro caótico que está sendo pintado pela esquerda nacional-populista da América Latina. Como ficou claro, isso deve-se às reformas liberais que vem sendo implementadas há anos lá, sem que a esquerda ouse mexer neste campo. O Chile está, assim, em 14o lugar no ranking de liberdade econômica do Heritage Foundation, o primeiro colocado da região. Como seria bom se o Brasil tivesse uma esquerda tão liberal assim...

22 de jan. de 2006

MATURIDADE E DESONRA

por Tales Alvarenga, na Veja - reproduzido do site Diego Casagrande

A elite, a oposição e a mídia, pintadas por Lula como adversários mal-intencionados, têm se mostrado perfeitamente maduras no acompanhamento da crise moral e política do governo petista. O que tem coberto o governo de desonra não é nenhuma campanha ideológica contra um presidente que ousou dar relevância às demandas populares, como gosta de dizer a propaganda oficial. O que existe são fatos crus que vão sendo desencavados pelas CPIs e pela imprensa a respeito do mar de corrupção no governo e no Partido dos Trabalhadores.

Como se não bastasse tudo o que já se conhecia, explodiu na semana passada uma denúncia que confirma todas as suspeitas acumuladas anteriormente pelos brasileiros. Num depoimento à CPI dos Bingos, o ex-petista Paulo de Tarso Venceslau reafirmou que Lula sabia da arrecadação criminosa de fundos para o PT pelo menos desde 1995. Não só sabia como incentivava esse expediente. E tomou a decisão de punir quem se insurgiu contra o uso da mala preta.

Paulo de Tarso Venceslau denunciou a ladroagem em documento a Lula e aos mais respeitáveis barões petistas. Tudo o que conseguiu foi ser expulso do PT, diante do silêncio cúmplice das vestais da agremiação, que sempre se venderam como políticos superiores em matéria de ética e moral.

Segundo Paulo de Tarso, os cúmplices silenciosos são Aloizio Mercadante, Eduardo Suplicy, José Genoíno, Gilberto Carvalho (hoje chefe-de- gabinete de Lula) e vários outros luminares do PT. Um deles, Frei Betto, transmitiu a Paulo de Tarso a seguinte ameaça do Grande Irmão: "Se o Lula souber que alguém está conversando com você, ele jura que aquela pessoa vai ser decapitada do partido".

Paulo de Tarso já havia falado à imprensa sobre o assunto. Na semana passada, o que houve foi a confirmação cabal da história, no tribunal oficial da CPI e contra o pano de fundo de tudo o que já se conhecia sobre a expertise petista para tomar dinheiro alheio, inclusive por meio de extorsão. Nas primeiras vezes em que se referiu ao assunto, Paulo de Tarso podia ser tomado por um ex-petista ressentido em busca de vingança. Não mais. Sua história se encaixa perfeitamente em toda a armação bandalha de que o Brasil tem ouvido falar há oito meses.

Paulo de Tarso era secretário das Finanças da prefeitura de São José dos Campos quando lá começou a agir o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula e fornecedor de uma casa onde o atual presidente morou de favor. Por interferência de Lula, a consultoria de Roberto Teixeira arrancou dinheiro de várias prefeituras petistas, além da de São José dos Campos, manipulando notas falsas. Em 1994, a consultoria do compadre injetou dinheiro na campanha presidencial de Lula.

Com o depoimento de Paulo de Tarso, nada falta a explicar. Tudo se encaixa. Mensalão, Delúbio Soares, operações de Marcos Valério, sangria dos cofres públicos e o papel ativo de Lula na fundação do esquema. Toda a operação de enriquecimento do PT foi planejada para garantir o caixa dois de um partido que queria bilhões para realizar o sonho de ficar vinte anos no poder. O castelo de areia desabou. Ficam por aí seus engenheiros, com a missão impossível de se justificar perante a opinião pública.

21 de jan. de 2006

A ideóloga do mensalão

por José Maria e Silva em 20/01/2006 no MidiaSemMascara.org

Definitivamente, Marilena Chauí é o Marcelo Caron da filosofia. A única diferença que separa a filósofa uspiana do cirurgião plástico é que Marcelo Caron matava corpos no ato de moldá-los, enquanto Marilena Chauí mutila espíritos fingindo que os educa. Talvez o crime da professora seja até mais grave. Enquanto as vítimas de Caron foram levadas até ele voluntariamente, movidas pela vaidade de se verem bonitas, as vítimas de Marilena são guiadas até ela compulsoriamente, tangidas pela necessidade de terem um diploma. Muitas vítimas de Caron poderiam ficar livres do seu bisturi assassino apenas com dietas e caminhadas. Mas que aluno pode-se livrar do filosofismo panfletário de Marilena, que é obrigatório no ensino secundário e nas faculdades de todo o país? Eu mesmo tive a minha dieta de Chauí nas escolas em que passei. Se houvesse um Conselho Federal do Magistério com seu respectivo Código de Ética, a filósofa Marilena Chauí deveria ter o mesmo destino do médico Marcelo Caron — o seu registro profissional tinha de ser cassado e ela tinha de ser impedida de lecionar.

Apesar de ter publicado A Nervura do Real, um calhamaço de mais de 1.200 páginas sobre Espinosa, a rigor, Marilena Chauí não pode ser considerada nem professora nem filósofa — é uma pensatriz. Ela não pensa — encena o pensamento. Se na mais...

Do Blogueiro:
O também filósofo, Alberto Oliva, escreveu "NÃO É "CRISE POLÍTICA", É CORRUPÇÃO" - leia o post de 22/08/2005 - Publicado no Diego Casagrande

Não encena, é lúcido.

Parados no tempo

por Paulo Leite, de Washington, DC - Diego Casagrande de 20/01/2006
Gosto de colecionar computadores produzidos nos anos 80. O que se pode fazer com um computador desses, nos dias de hoje? Para dizer a verdade, não muito. Assim como os micros de minha coleção não podem se conectar ao mundo digital que revolucionou nossas vidas, um país não pode viver preso ao passado se pretende fazer parte da economia global...

20 de jan. de 2006

GOVERNO DAS TREVAS

por Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga, no Diego Casagrande
Com o crescimento contínuo do espetáculo da corrupção oferecido pelo governo do PT, pelo menos os brasileiros que têm um mínimo de brio estão hoje indignados ou se sentindo traídos. Quanto aos que possuem algum grau de informação e discernimento, já sabem que esse governo é um redundante fracasso...

O ‘cretinismo eleitoral’ da oposição

Os resultados do levantamento Ibope/IstoÉ de ontem – ainda que a pesquisa dê a impressão de ter sido feita para esconder a vitória da oposição no segundo turno – são preocupantes. Quer dizer que, apesar de tudo o que aconteceu, se a eleição fosse hoje Lula teria, em primeiro turno, mais do que o dobro dos votos de Alckmin? Quer dizer que Serra ainda perdeu, em um mês, dez pontos em relação à Lula (pois que estava quatro pontos à frente e agora aparece seis pontos atrás)? Como se pode explicar isso, senão reconhecendo que Lula está se recuperando? Sim, ele está. E, a cada dia que passa, aumentam (não diminuem, AUMENTAM, estão entendendo?) as suas chances de vencer.
Por Augusto de Franco (20/01/06 10:22) no www.e-agora.org.br

PSDB: quem brinca com fogo faz xixi na cama

Números do Ibope mostram recuperação de Lula antes mesmo do fatal ciclo de boas notícias que vai colher o governo. E os tucanos fazem o quê? Bem, uma parte deles está ocupada em demonstrar por que o candidato favorito não pode ser beneficiado pelo favoritismo. Conforme quer o PT. Ainda acordarão molhados.
Por Reinaldo Azevedo no Primeira Leitura de 19/01/2006

PARE DE CAVAR, LULA

Já se tornou óbvio, o governo e partidos de apoio estão numa praia e num buraco. Quanto mais areia jogam para fora mais se aprofundam e mais areia fina teima em escorregar para soterrá-los. Lula paira por cima disto como um mestre de obra desesperadamente pedindo que cavem mais e não deixem que a areia que escorrega para dentro os soterre....
por Ralph J. Hofmann no Diego Casagrande de 19/01/2006

O BANRISUL E O PÚBLICO

Para ostentar a qualificação de público, um banco deveria, pelo menos, dar um atendimento especial aos que lá comparecem, pois, afinal, é o contribuinte que, em última instância, termina por arcar com os custos desses bancos. Quem fiscaliza?...
Por Denis Rosenfield, filósofo, no Diego Casagrande de 19/01/2006

Romano, com Spinoza, lê o papelucho

Escrevi, neste espaço (veja abaixo), uma carta ao filósofo e professor de ética Roberto Romano comentando temas relativos às eleições presidenciais de outubro. Ele me responde por meio do que considero um ensaio de primeira linha sobre filosofia política e ética. E, na boa companhia de Spinoza (que não foi privatizado, à diferença do que pensa certo petismo...), destrincha a natureza autoritária de certo papelucho (Reinaldo Azevedo) publicado no Primeira Leitura de 19/01/2006

Artigos abaixo de autoria de Reinaldo Azevedo

Papelucho, meios, fins e leituras tortas

Diálogo com um deputado pró-Alckmin

Carta a Roberto Romano no ano da graça de 2006

Tasso e FHC têm de agir: chega de cotoveladas!

Aliados de Alckmin passaram da conta

Anti-serrismo, um problema antropo-psicanalítico

PSDB em risco

Quem tem medo de Serra? Ou Lula, a Gilda dos mercados

Serra ou Alckmin? Ganhar para quê?

19 de jan. de 2006

A RENÚNCIA DO PREFEITO SERRA: O “X” DA QUESTÃO

O “X” da questão situa-se em saber quantos eleitores Serra pode perder, dentro e fora de São Paulo, se a questão da “promessa não cumprida” de permanecer até o fim do mandato à frente da Prefeitura de São Paulo for quebrada e vier a se transformar num mote eficaz de campanha do PT contra seu principal adversário. Se o senhor for ungido com a escolha do PSDB para enfrentar Lula, seus estrategistas terão de encontrar soluções eficazes para essa armadilha, além de superar seus problemas de imagem...
por Paulo Moura no Diego Casagrande de 19/01/2006

18 de jan. de 2006

Diálogo com um deputado pró-Alckmin

Por Reinaldo Azevedo - publicado no Primeira Leitura
O deputado estadual Milton Flávio (PSDB-SP), vice-líder do governo na Assembléia Legislativa, enviou-me um e-mail contestando, com gentileza, aspectos de um artigo que escrevi intitulado Aliados de Alckmin Passaram da Conta (clique aqui se quiser ler). E faz algumas considerações, a que respondo ponto por ponto. As minhas respostas seguem sempre em itálico.
______________________
Reinaldo:
Em relação ao seu artigo “Aliados de Alckmin passaram da conta”, postado no dia 13 de janeiro, gostaria de fazer algumas breves considerações se você me permite:
1 – Participei ativamente e com entusiasmo da campanha eleitoral de José Serra em 2004. Fui um dos dois encarregados de coordenar o seu programa de governo na área da Saúde. Por diversas vezes, defendi a aliança com o PFL e o nome de Gilberto Kassab para vice.
*** Sei da participação do deputado na campanha e, por isso mesmo, estranhei o seu estranhamento diante da possibilidade de que o vice possa assumir a cadeira do titular, o que me parece corriqueiro numa democracia.
2 – Reconheço que José Serra é, de fato, um dos homens mais qualificados do país, apto a exercer qualquer função pública, com a competência que sempre caracterizou sua ação nos diferentes cargos que ocupou. Não por acaso, vem fazendo uma excelente administração à frente da Prefeitura de São Paulo.
*** Não há discordância aqui. Suponho até que, se Serra é bom para São Paulo, pode ser ainda melhor para o Brasil, coisa de que, tenho certeza, o deputado não discorda.
3 – Reconheço igualmente que Gilberto Kassab é um político dotado de qualidades, embora ainda não disponha – nem poderia, em função da própria idade – da experiência acumulada por José Serra.
*** Bem, se formos fazer um campeonato de experiência, então o deputado Milton Flávio tem de cerrar fileiras com José Serra para a Presidência da República. Se o nosso universo for a cidade, escolheremos o mais experiente entre Serra e Kassab, e certamente ficaremos com Serra. Na escolha entre a cidade e o país, creio que ambos havemos de pôr o país à frente de nossa aldeia. Feito isso, e segundo os critérios do missivista, com os quais concordo, só se pode escolher Serra para a Presidência.
4 – É evidente que a escolha do vice deve levar em conta a possibilidade de que, por razões excepcionais, ele venha a assumir o posto principal e a exercer sua função com dignidade e competência. Do contrário, não teria sentido escolhê-lo. Seria uma irresponsabilidade.
*** De acordo e sem reparos.
5 – Ocorre que, na campanha de 2004 – da qual, insisto, participei de forma entusiástica –, por inúmeras vezes, tivemos que reiterar a amigos e eleitores reticentes a garantia dada pelo nosso candidato de que só deixaria o posto, caso eleito, por conta de uma “desgraça”, que não seria postulante a nenhum outro cargo antes de completar seu mandato de prefeito. O “papelucho” ao qual você costuma se referir em seus artigos não foi assinado de forma açodada, impensada. Foi assinado porque era a forma de tirar do PT o argumento que lhe permitia fazer a propaganda suja.
*** Veja bem, deputado, o senhor mesmo admite que se tratava de uma “campanha suja”. Ora, que compromisso lavrado a ferro e fogo pode sair justamente de uma “campanha suja”? Na carta que envio hoje a Roberto Romano, professor de ética, trato desse assunto. Não pode haver imperativo ético onde não há liberdade. Os leitores reticentes, que eventualmente escolheram Serra por causa do “papelucho”, deixariam de votar nele agora caso ele ceda ao que é — e gostaria de ouvi-lo a respeito — a vontade da maioria? O senhor me fornece um excelente argumento adicional: não permito que a “campanha suja” do PT paute as minhas escolhas. Decido o meu voto; o PT e sua campanha suja não decidem por mim.
6 – Ao contrário de você, a quem respeito pela inteligência e coragem de dizer sempre o que pensa, estou convencido de que aquele “papelucho” pode, sim, vir a fazer um estrago considerável durante a campanha deste ano. Sei que, por seus méritos, pela sua história e por tudo o mais que sabe, José Serra hoje, segundo as pesquisas, é o único capaz de vencer Lula, muito embora Geraldo Alckmin esteja muito bem posicionado e apresente um enorme potencial de crescimento. Mas o fato é que o horário eleitoral gratuito não começou. E o “papelucho”, nas mãos de bons marqueteiros, poderá fazer a fazer diferença que interessa ao PT, não à nação.
*** Não sei se o senhor percebe, deputado, mas me pede que, como eleitor, eu continue refém da “campanha suja” do PT. Se eu tivesse sido consultado — é ridícula a ilação porque jamais seria e nem teria cabimento —, eu teria dito a Serra que não assinasse aquela porcaria. Ele teria vencido a eleição do mesmo jeito. Bem, contra o meu argumento, reconheço que não se pode contar a história que não houve. Contra o seu, observo que não se pode contar como dada a história que achamos que haverá. O que o senhor está me dizendo? Que o PT vai acusar Serra de não cumprir uma promessa? O PT falará em cumprimento de palavra empenhada? Não me parece que vá ter tanta autoridade assim para fazê-lo... Parece-me péssimo que os marqueteiros do PT tenham conduzido o PSDB a um erro e que continuem, segundo o senhor me diz, a ditar os temores do partido. É como se os tucanos fossem petista-dependentes. E vivessem de reagir ao PT. Supor que um partido desmoralizado dita as escolhas do partido escolhido pela população para lhe tomar o lugar me é assustadora.
7 – Não posso aceitar o seu desafio. Até porque não compartilho com seu enunciado. Não disse, não penso que o PFL – ou qualquer outro aliado – sirva apenas para ganhar a eleição, mas que está proibido de governar.
*** Ótimo, folgo em saber. Quando o senhor lamentou a possibilidade de Kassab assumir a prefeitura, pareceu-me que era o caso. Tanto melhor se não é. Eu, o senhor deve intuir, desde João Goulart, sou a favor da posse de vices — e olhe que ele não seria na minha predileção se eu já tivesse nascido àquela época...
8 – O que sei é da enorme dificuldade, que não é só minha, de ir às ruas, pedir votos para um candidato (insisto: da maior dignidade e competência), mas que, goste-se ou não, se comprometeu a ter um comportamento e poderá, eventualmente, adotar outro.
*** Espero que isso não seja o anúncio de que o senhor não faria a campanha se o candidato não fosse aquele de sua escolha. A minha percepção, deputado, é que o senhor não teria problema nenhum. Como Tancredo não teve diante de seus eleitores em Minas, quando deixou o governo para pôr fim à ditadura no Colégio Eleitoral.
9 – Não ignoro que o quadro político se alterou – para pior.
*** Divergimos frontalmente. Eu acho que o quadro político se alterou para melhor. A desmoralização do PT é a grande notícia brasileira deste início de século.
Mas é forte na população o sentimento de que homens públicos não têm palavra, só pensam em seus interesses etc.
*** O senhor acha, e é mesmo uma pergunta, que os mais de 50% que hoje dizem que votariam em Serra contra Lula o fazem porque consideram que o seu correligionário só pensa nos seus próprios interesses? O senhor não acha que esse é um argumento muito parecido com o dos petistas?Mais do que isso: não seria justamente esse um argumento do PT?
Pouco importa se eu ou você concordamos com esta impressão. O fato é que o “papelucho” é fonte certa de desgaste.
*** Com a devida vênia, deputado, pode importar pouco para o senhor, mas não importa pouco para mim. Não sou tucano. Não sou militante do PSDB. Não tenho vínculos partidários. No seu lugar, eu estaria mais feliz com os mais de 50% que votariam em Serra do que preocupado com o tal papelucho. O senhor tem um candidato e cumpre a sua função. Eu sou apenas um modesto analista do processo político, com uma ligeira diferença em relação à maioria dos meus colegas porque tenho a coragem de dizer o que penso e de expressar uma preferência. Acho essa história da assinatura uma besteira, que serve para a guerrilha interna, partidária. Será que o senhor se apegaria ao argumento com a mesma garra se o PSDB não tivesse uma alternativa considerada viável?
Por que haveríamos de facilitar a vida de Lula?
*** Não acho que facilita. Objetivamente, facilita a vida de Lula escolher um candidato que, por ora, perde de Lula. O senhor escolhe uma promessa contra um fato.
Como reagirão os eleitores após dois meses de bombardeio no rádio e na tevê?***
Depende. O PSDB ficará parado, como alvo fixo, tomando as cacetadas do PT? Se o fizer, creio que perde a eleição, pouco importa quem seja o candidato. Por acaso o senhor imagina que o partido de Lula não vai explorar as fragilidades de Alckmin, reais ou inventadas? Reparou que, segundo deixa transparecer o seu raciocínio, só José Serra tem calcanhar-de-aquiles? Não facilitarei a vida do PT apontado aqui os pontos vulneráveis do governador. Se o senhor exigir, poderei fazê-lo.
Como convencê-los de que, afinal, uma assinatura não vale nada?
*** Uma pergunta errada, meu caro deputado, conduz a uma resposta também errada. Deixe o PT explorar o tal “papel”. Se o senhor partir, de cara, para uma prática defensiva, retranqueira, é bem possível que não marque o gol. Aliás, aos entusiastas da candidatura do governador, recomendo que estudem também as suas vulnerabilidades. Parece-me arriscado ficar exercitando apenas os argumentos petistas contra o adversário interno e esquecer as defesas necessárias caso Alckmin venha a ser o candidato. Afinal, vocês estão convencidos de que vão vencer a parada no PSDB. Assim sendo, o adversário é Lula, é bom não esquecer jamais.
Caro deputado Milton Flávio, reitero aspectos que têm marcado meus textos e minhas análises ao longo de mais de três anos de governo Lula. Para mim, prioritário é derrotar o PT. Essa conversa de marqueteiros e pesquisólogos sobre potencial de crescimento e abstrações afins não me convence nem me comove. Faço a defesa do nome que, em primeiro lugar, parece-me mais capaz de cumprir a tarefa principal; também contam a experiência de Serra e o conhecimento de causa da economia, exigência fundamental hoje em dia, em tempos em que os “especialistas” econômicos seqüestraram a política, como se ela tivesse uma racionalidade própria, necessariamente avessa ao bem-estar da maioria das pessoas.
Não sei com que freqüência o senhor lê Primeira Leitura. Mais de uma vez, aqui já se fez a defesa do governador Alckmin e de sua gestão contra a depredação da política promovida pelo petismo. Em muitos valores até, suponho que eu esteja mais próximo do governador do que do prefeito. Se o senhor me perguntar se acho que Alckmin, se eleito, pode fazer um bom governo, eu lhe direi que sim. Mas, como já disse, não sou político. Não preciso, felizmente, recorrer a táticas, estratégias, artimanhas — e não estou condenando a ação política aqui. Eu considero isso tudo prática legítima. E, porque não preciso administrar opiniões, digo com clareza: o mal da política brasileira se chama “petismo”. O partido inventou o presente eterno na política e resolveu criminalizar práticas do cotidiano da democracia, sempre em proveito pessoal.
O senhor talvez até me tivesse como um entusiasta da candidatura Alckmin. O que acho inadmissível — não como tucano (porque sou mais conservador do que vocês), mas como estudioso da política — é que os partidários dessa opção não tenham arranjado argumento melhor para bater o adversário interno do que aqueles fornecidos pelo PT. O senhor esteja certo: jamais farei alianças táticas, estratégicas ou discursivas com o petismo. E acho que seria conveniente que o PSDB também não o fizesse.
Assim, deputado, os textos que escrevo sobre esta questão em particular nada têm a ver com minhas afinidades eletivas ou com as minhas questões de gosto no próprio PSDB. Compreendo as suas preocupações, acho que elas são legítimas, mas entendo que, antes de que fossem lançadas a público para mobilizar opiniões e vontades, deveriam ter merecido o devido combate interno. O senhor, como eu, deve conhecer petistas que torcem para que Serra seja o candidato justamente porque pretendem explorar o tal documento. Mas o senhor, como eu, também deve conhecer petistas que torcem para que o candidato seja Alckmin, porque o consideram menos preparado para uma disputa. Quem tem razão?
Aprendi, e já faz tempo, que não é o adversário e suas versões da realidade que devem pautar as minhas escolhas. Até porque a gente acaba caindo no inferno do relativismo: será que o adversário diz o que pensa? Mas por que o faria, ajudando-me, então, a enfrentá-lo? Será que diz o contrário do que pensa? E se quiser que eu acredite que diz o oposto do que realmente acha para que eu inverta a minha resposta e, assim, faça justamente o que ele pretende?Prefiro, deputado, em vez disso, cuidar de minha própria ação e fazer o que acho certo. O PT, esteja certo, fará a sua campanha. O senhor me parece convicto de que o candidato será Alckmin. Talvez tenha razão. Se o senhor for tolo, o que não é, ficará contente se sair vencedor no partido. Se for inteligente, como parece, há de se indagar: “Qual será o papelucho de Alckmin?” — vale dizer: qual é o seu ponto mais vulnerável?
Agradeço a gentileza do seu e-mail e a chance de poder elucidar alguns pontos de vista. Ademais, observo: no domingo e na segunda, o governador Alckmin disse que não atacaria o governo Lula e se dedicaria ao futuro. Observei aqui que seria um erro. Nesta terça, o Apedeuta levou poucas e boas do pré-candidato do PSDB. Assim, sim. Campanhas políticas também servem para a educação política. Boa sorte ao senhor, ao governador e ao pleito de seu grupo.
Todos, enfim, queremos um país melhor. Eu, pessoalmente, quero o Brasil livre do PT. E também dos critérios do petismo, como esses papeluchos...
Um abraço,
Reinaldo Azevedo

16 de jan. de 2006

OPERAÇÃO TAPA-BURACO?

por Glauco Fonseca, em 16/01/2006 no Diego Casagrande

Taí uma coisa que o PT administrando faz como ninguém: tapar buracos. Algumas mentes que brilham no governo federal decidiram levar ao pé da letra o tema em várias frentes da administração e o assunto pintou como panacéia política também nas rodovias federais. A luminosa idéia de que tapar furos na política é o mesmo que tapar buracos rodoviários dá aos ilustres gestores da coisa pública em Brasília a certeza de que somos completos idiotas e, pior, que motoristas, caminhoneiros e usuários de rodovias do Brasil são ainda mais idiotas.

13 de jan. de 2006

O que é este tapa-buraco?

por Alfredo Guarischi no Diego Casagrande de 13/01/2006

O tapa-buraco, na acepção informal, é um indivíduo sem função definida que substitui o outro temporariamente. Já na Bahia o tapa-buracos, segundo o Aurélio e o Houaiss, é um indivíduo- pedreiro.

O atual governo, tem responsabilidade por alguns buracos, mas não todos, pois desde o governo passado eles vêm aumentando em número e profundidade. Desde 2002 praticamente nada foi efetivamente aplicado para tapar os buracos. Verbas foram liberadas, diz um Ministro, porém quem as recebeu não aplicou corretamente. Tanto o Estado quanto o Município, afirmam que têm obrigação de conservar e não consertar (dicionário por favor). A fiscalização, obrigação de quem liberou o nosso dinheiro (pagamos com nossos impostos), nada fez. Novamente existe a dúvida se o buraco é federal, estadual ou municipal? Acho que buraco é um primo do mosquito da dengue.

O dinheiro para tapar os buracos das estradas apareceu correndo, depois de uma série de belas reportagens da TV e dos jornais. Estranhamente alguns políticos - ah este políticos - correm à frente das câmeras e começam a tapar os buracos.

Nada disso vai dar certo. A chuva e o tempo vão mostrar que o nosso dinheiro foi gasto em tapa-sexo e os tapacus vão morrer.

Esclareço que este não é um artigo chulo e que visa denegrir a imagem de nossos mandatários. A explicação esta logo aí embaixo.

O tapa-sexo é uma peça exígua que cobre apenas os órgãos genitais. Os modelos são variáveis, tanto para mulheres como para homens. A imaginação e o fetiche (ou seria feitiço?) levam a variáveis sem fim.

O tapa-cu ou tapacu, é uma ave (Forpus xanthopterygius). O Tuim, que é o seu nome geral, na Bahia é conhecido como cuiuba; no RGS chamam-na de coió-coio; na Amazônia é o periquito-do-espirito-santo; no Ceará, Maranhão e Piauí podem chamá-lo de tabacu. Mas aqui no Rio é mesmo um bate-cu. O Tuim quando preso, fecha sua cloaca voluntariamente, impossibilitando a defecação e levando-o à morte.

Hoje somos como aves aprisionadas por governos pouco responsáveis, que brigam sem parar, na busca de não sei o quê. Parte dos congressistas ganha sem trabalhar, no período normal, com uma semana de no máximo quatro dias. Agora foram convocados sabendo que não iriam trabalhar. Verbas são desviadas de seu destino e ninguém vai preso. É um verdadeiro tapa-sexo que apenas procura esconder o que todos sabem que existe. Este tapa-buraco é um engodo, um substituto temporário, mas que transforma o povo, tão dependente do transporte rodoviário, em verdadeiros tapacus que um dia vão acabar explodindo.