30 de mar. de 2008

O fiador da reincidência

por Dora Kramer em O Estado de S. Paulo

reproduzido do e-agora.org

Da impunidade, sabemos todos, parece desconhecer o presidente da República, resulta a reincidência do crime.

Na hipótese altamente improvável de o presidente Luiz Inácio da Silva desconhecer que sua Casa Civil manipulava informações de Estado para interferir em decisões do Congresso e intimidar adversários, da responsabilidade sobre o dossiê FHC em pelo menos um aspecto ele não poderá fugir.

Sua tolerância para com infratores - sejam produtores de dossiês, invasores de contas bancárias ou agentes públicos flagrados em atos de corrupção - é o que autoriza subordinados a agirem com a desenvoltura da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, e de outros tantos que a antecederam nessa rotina de malfeitorias sem castigo.

Como nunca há punição, a não ser em casos extremos e ainda assim acompanhada de afagos presidenciais no ato da demissão ou de posterior anistia, como a concedida por Lula nesta semana a Severino Cavalcanti, prevalece o entendimento de que o presidente da República será sempre fiador de atos cometidos em nome da defesa do “projeto”. De poder.

Na hipótese quase impossível de a ministra Dilma Rousseff não saber que sua principal assessora - na prática vice-ministra da Casa Civil - encomendara e comandava a preparação do dossiê, derrete-se o mito da dama de ferro que a tudo controla, a todos intimida, e de cuja eficácia e retidão nada ou ninguém escapam.

Seja Dilma uma tola, traída pela funcionária de confiança que a deixou protagonizar o vexame de telefonar a Ruth Cardoso negando o inegável, ou uma graduada ativista do lema os fins justificam os meios, uma coisa está clara: ela não é o oásis que a central de produções do Palácio do Planalto buscava construir como exemplo de eficiência e correção.

Mente, abusa do poder ou é leniente.

Neste novo caso de abuso do Estado que acabou vindo à tona quase por acidente, como subproduto de um escândalo (o dos cartões corporativos) em vias de extinção, chamam atenção não os métodos - já conhecidos -, mas o local do crime.

Só isso é novidade. A disposição do governo de usar dados sobre os gastos no governo Fernando Henrique era de conhecimento geral no Congresso. Isso foi usado logo no início da CPI para levar a oposição a concordar em não investigar contas presidenciais.

Muito antes de pedir por escrito a abertura de suas contas, o ex-presidente Fernando Henrique já havia feito o desafio verbal, justamente em função da atitude dos próprios governistas, que vinham divulgando as informações a conta-gotas, e de maneira disfarçada.

Mesmo assim, a oposição, ao invés de cobrar que se pusessem as cartas na mesa ou investigar o que havia de concreto por trás daquelas ameaças, já havia decidido acabar com a CPI dos Cartões para tentar explorar o potencial da CPI das ONGs.

A revista Veja fez o que a oposição não fez com sua prerrogativa de fiscalizar o Executivo e mostrou o dossiê. O governo começou negando, foi devagar admitindo a existência de “um trabalho para servir de base à CPI” - já prevendo que o caso teria desdobramento na imprensa -, mas pôs a tropa de choque em ação no Congresso, derrubou o que restava em pé da CPI e estava ganhando o lance.

Evidente, nas bases de sempre: com muito cinismo e nenhum pudor.

Até que a Folha de S. Paulo completou o serviço e revelou: o crime de uso do Estado para intimidação de adversários e interferência nas decisões de um outro poder foi cometido na Casa Civil pela secretária-executiva, a mesma que no dia anterior garantira a um senador e a um deputado que o caso estava sendo apurado “com todo o rigor”.

Em matéria de violação, esse episódio repete roteiros já vistos e acrescenta a afronta do descaramento explícito, cometida por uma funcionária nomeada contra dois representantes do poder delegado pelo voto.

Se puder, o governo resistirá negando, inventando que o dossiê foi feito pela oposição para culpar o governo ou que tudo não passa de uma conspiração - talvez até palaciana - contra a “candidatura” de Dilma Rousseff.

É de se perguntar o que mais falta acontecer e o que se há de fazer em meio a essa escalada de completo desrespeito à sociedade e às instituições.

Talvez nada, a não ser esperar que o cidadão Luiz Inácio da Silva caia em si e perceba que há mais à sua volta além de pesquisas, palanques, carentes e interesseiros.

Há um país cuja dignidade não pode ser eterna e impunemente solapada, nem mesmo sob a salvaguarda da alta popularidade.

Há jovens a quem o Brasil deve o legado das boas normas de cidadania em todos os aspectos da vida.

As cenas por eles assistidas diariamente dão a lição invertida: a mentira, a manipulação, a falta de ética, o abuso, tudo vale em nome do sucesso.

Como se houvesse uma espécie de politização da cultura de celebridades, onde a fama é valor na presença do qual tudo o mais se obscurece e ao famoso toda transgressão é permitida.

As Feras do Mundo Político

Professor Roberto Romano

Duas coisas a burguesia nos legou, e delas não podemos abrir mão: bom gosto e boas maneiras” (Vladimir Ulianov, conhecido como Lenine). Nos anos 60 do século XX, nas ciências humanas produzidas na França, surgiu o modelo estrutural de pesquisa. Conduzindo ao paradoxo teses como as de E. Durkheim, era dito que o sujeito nada mais é do que ilusão pré-cientifica. Jogados na ideologia inconsciente, os humanos não cogitariam algo original. Em vez de pensarem, seriam pensados pelas estruturas sociais. Em L. Althusser, quando não fala a ciência, o locutor real é a ideologia que deve ser suprimida. O alvo do ataque era, já se percebe, Sartre e demais escritores nos quais existe o privilégio da consciência e da subjetividade como fontes da ação livre.

Quem pensa nos indivíduos? As classes sociais, a sociedade no seu todo, o partido... O doente de ideologia não fala, é falado. Sartre distingue entre o ideólogo e o filósofo. O primeiro repete jargões. O segundo abre vias novas na língua ou nos estilos. O ideólogo cede seu nome ao Partido, Igreja ou seita. O filósofo recusa o chicote disciplinar dos coletivos indicados. Daí o ódio dirigido contra ele pelos partidos, cujas diatribes são repetidas, empobrecidas e pioradas, por energúmenos.

Na semana passada experimentei o quanto é correta a tese sobre os militantes educados por ideólogos (na Grécia, os “sofistas”) que não pensam, repetem vitupérios para “testemunhar a verdade”, monopólio de sua facção. Convidado pela revista Época para debater com o ministro Jorge Hage sobre se melhorou o combate à corrupção no Brasil, tive a temeridade de assumir a resposta negativa. Conheço o Dr. Hage, o admiro e respeito. Mas apesar das convergências entre nós, temos diferentes juízos sobre a ordem política.

Apresentei a idéia de que o centralismo das políticas públicas gera corrupção. Desci a minúcias sobre o elo entre municípios e Brasília. Na réplica, o Dr. Hage escreveu: “Debater com o Professor Roberto Romano é um prazer e uma honra. É, acima de tudo, uma garantia de debate limpo, sério e de alto nível. Nesta réplica, na verdade, não tenho o que contestar na excelente análise da formação histórica da nossa “federação”, sobretudo da fragilidade dos nossos municípios”. Critiquei a excessiva partidarização do problema na escrita do responsável pela CGU. O ministro diz, nas considerações finais: “Quero também dirigir meus cumprimentos ao Professor Roberto Romano pela sua postura sempre elegante ao travar este debate de maneira franca, séria e leal. Comungo, como já tive oportunidade de afirmar, de várias das opiniões reveladas pelo Professor Romano. Essencialmente, divirjo apenas da sua insistência em não reconhecer os avanços ocorridos no Brasil nos últimos anos nessa área”. Palavras polidas. Mas repetidores de xingamentos rompem a cerca do decorum e tentam transformar um debate em assassinato moral. Dou um exemplo, entre dezenas: “(...) Queria aproveitar a oportunidade e Parabenizar ao SR. Ministro Jorge Hage, pelo texto muito bem escrito e com muita ética! E queria comuniar a equipe da ÉPOCA, que substituisem o prof°Roberto Romano, e colocassem alguém com mais competênci e ética para debater,alguém com mais argumente e que tenha mínima noção de política. Pois eu na verdade tenho dúvidas se melhorou, entretanto o Prof° Roberto não sabe o que escreve, motivo esse que atrapalha quem está em dúvida! Estude e leia mais, por gentileza, Roberto Romano! Debora Garcia Lopes de Aparecida São Paulo” (Deixei intactos os erros de digitação, pois todos podem cometer tais deslizes, eu inclusive).

Acredito terem boas razões os estruturalistas, para afirmar que os movidos pela ideologia ou pelas paixões subjetivas, não pensam, são pensados... O bom do final é que, apesar de não possuir a maioria das opiniões, os que defendem o governo federal e os oposicionistas, salvo as exceções mencionadas, redigiram textos racionais. O que traz esperanças de que no Brasil ainda existam pessoas inteligentes e capazes de conviver com as diferenças. Com bom gosto e boas maneiras.

Paulo Francis, sobre o Apedeuta

Paulo Francis o chamou de "ralé", "besta quadrada" e disse que se ele chegasse ao poder, o país viraria uma "grande bosta". Além disso, uma antiga namorada de Lula, com a qual ele teve uma filha, surgiu durante a propaganda de Collor, durante o segundo turno das eleições, para acusar seu ex-namorado de "racista" e de ter lhe proposto abortar a filha que tiveram.

Que falta faz um Voltaire

por Reinaldo Azevedo, na Veja - reproduzido do Diego Casagrande

Falei outro dia a estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Um deles, militante socialista, antiimperialista, favorável ao bem, ao justo e ao belo, um verdadeiro amigo do povo (por alguma razão, ele acha que eu não sou), tentou esfregar Rousseau (1712-1778) na minha cara como exemplo de filósofo preocupado com o bem-estar do homem. "Justo esse suíço que não cuidava nem dos próprios filhos, entregando-os todos a asilos de crianças?", pensei. O sujeito amava demais a humanidade para alimentar as suas crias. "O que será que alguns mestres andam dizendo nas escolas?" Já participei de outros eventos assim. A expressão do momento, nas universidades, é resistir à "colonização promovida pelo mercado". A maioria silenciosa não dá bola pra essa besteira. A minoria barulhenta vai à guerra. O conceito é curioso porque faz supor que possamos ser caudatários, então, de uma cultura autóctone, de um nativismo pré-mercado ou de um tempo edênico em que o mundo não havia sido ainda corrompido.

A pauta de contestação varia pouco. Que importa se Israel é a única democracia do Oriente Médio? A justiça, sem matizes, estará sempre com os palestinos. O terrorismo islâmico assombra o planeta e obriga os regimes democráticos a uma vigilância que testa, muitas vezes, seus próprios fundamentos? A culpa cabe ao "fundamentalismo cristão" de George W. Bush, com sua "guerra ao terror". As Farc seqüestram e matam? É preciso eliminar a influência que os EUA exercem na América do Sul. O crime assombra a vida cotidiana dos brasileiros? O país precisa é de menos cadeias e mais escolas, como se fossem categorias permutáveis. Existe remédio para a tal "injustiça social"? Claro! Responda-se com a estatização dos pobres. A Terra está derretendo? É preciso pôr fim ao neoliberalismo. Sem contar os malefícios da imprensa burguesa...

Agora sei. É tudo culpa de Rousseau e do seu Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Quem melhor comentou a obra, numa cartinha enviada ao próprio autor, foi Voltaire (1694-1778), pensador francês: "Quando se lê o seu trabalho, dá vontade de andar sobre quatro patas". Este sabia das coisas. Descobriu a "força da grana – e da liberdade – que ergue e destrói coisas belas". Está claro nos textos de Cartas Inglesas. E, à diferença do outro, não dava muita pelota pra esse papo de "igualdade".

Algumas normalistas de meias três-quartos do articulismo pátrio diriam que Voltaire era um malcriado. Onde já se viu tratar daquele jeito um senhor que só pensava no bem da humanidade? Afinal, o que ele queria? Ora, todos cedemos um pouquinho aos interesses coletivos e seremos felizes. Não sou Voltaire: minhas ambições e meu nariz são menos proeminentes, mas noto o convite permanente para que passemos a nos deslocar sobre quatro patas. Na prática, o iluminismo anglo-saxão venceu: a força da grana erigiu cidades, catedrais, civilizações e fez vacinas. O discurso da igualdade, quando aplicado, produziu uma impressionante montanha de mortos. Mas vejam que coisa: é Rousseau quem está em toda parte, reciclado pela bobajada do marxismo, que tentou lhe emprestar o peso de uma ciência social.

O que isso quer dizer na história das mentalidades? O socialismo perdeu o grande confronto da economia e desabou sobre a cabeça dos utopistas, mas as esquerdas têm vencido a guerra da propaganda cultural, impondo a sua agenda, aqui e em toda parte. Dominam o debate público e, pasmem!, foram adotadas pelo capital. Estão incrustadas, como se sabe, nas universidades e nos aparelhos do estado, mas também nas grandes empresas, que financiam institutos culturais e ONGs dedicados a preservar as árvores, as baleias, as tartarugas, a arte e, às vezes, até as criancinhas. De quebra, também nos convidam a ser tolerantes com o que nos mata.

São todos, de fato, "progressistas", filhos bastardos do suíço vagabundo. Eu, um "reacionário", um tanto voltairiano, embora católico, pergunto aos meus botões: um banco não é mais "humanista" quando oferece crédito e spread baratos do que quando se propõe a salvar o planeta? Na propaganda da TV, a mineradora parece extrair do fundo da terra mais sentenças morais do que ferro, mais poesia e idéias de "igualdade" – esta droga perigosa – do que minério. Escondam o lucro! Ele continua a ser um anátema, um pecado social e uma evidência de mau-caratismo. O lucro leva pau até em roteiro de Telecurso 2º Grau. Aposto que boa parte dos nossos universitários, a pretensa elite intelectual brasileira, acredita que as vacinas nascem do desejo de servir, não da pesquisa financiada pela salvadora cupidez da indústria farmacêutica.

O socialismo acabou, sim. Então vamos lá: "Abaixo o socialismo!". Porque ele sobreviveu nas mentalidades e ainda oprime o cérebro dos vivos com o peso de seus milhões de mortos. O século passado viu nascer e morrer esse delírio totalitário. Seu marco anterior importante é a Revolução Francesa, mas sua consolidação se deu com a Revolução Russa de 1917, que ousou manipular a história como ciência da iluminação. A liberdade encontrou a sua tradução nos campos de trabalhos forçados, com a população de prisioneiros controlada por uma caderneta ensebada que o ditador soviético Josef Stalin (1879-1953) levava no bolso. A igualdade mostrou-se na face cinzenta da casta dos privilegiados do regime. A fraternidade converteu os homens em funcionários do partido prontos a delatar os "inimigos do estado e do povo". A utopia humanista vivida como pesadelo impôs-se pelo horror econômico e acabou derrotada pelo inimigo contra o qual se organizou: o mercado. Mas, curiosamente, sobreviveu como um alucinógeno cultural.

De que "socialismo" falo aqui? É claro que o modelo que se apresentava como "a" alternativa não-capitalista de organização da sociedade desapareceu. E a China é a prova mais evidente de sua falência – do modelo original, o país conservou apenas a ditadura do partido único. O livro O Fim da História e o Último Homem, do historiador americano Francis Fukuyama, já se tornou um clássico do registro desse malogro. Demonstrou-se a falência teórica e prática de um juízo sobre a história: aquele segundo o qual o macaco moral que fomos nos tempos da coleta primitiva encontraria o estágio final de sua sina evolutiva no bom selvagem socialista, de espinha ereta, pensamentos elevados e apetites controlados pela ética coletiva.

De fato, os donos das minas de carvão (que seres desprezíveis!), os mercadores cúpidos, os colonizadores e até seus sicários, toda essa gente acabou, mesmo sem saber, civilizando o mundo. Felizmente, o homem não é bom. A sociedade, por meio dos valores, é que ajuda a controlar os seus maus bofes. Estamos falando de duas visões distintas de mundo. Uma supõe uma religião em que o deus único é o estado; o bem alcançado é diretamente proporcional à redução do arbítrio individual: menos alternativas, menos probabilidade de erro. E a outra acolhe a vontade do sujeito como motor da transformação do mundo, respeitadas algumas regras básicas de convivência. Atenção: a democracia moderna nasce dessa vertente, não da outra, semente dos dois grandes totalitarismos do século passado: fascismo e comunismo.

É o modelo de proteção às liberdades individuais, sem as quais inexistem liberdades públicas, que nos faculta o direito de criticar o nosso próprio modelo. Não obstante, as causas influentes, reparem, piscam um olho ora para utopias regressivas, ora para teorias que nos convidam a entender os facínoras segundo a particularíssima visão de mundo dos... facínoras! É a forma que tomou a militância de esquerda, que nos convida a resistir à "colonização promovida pelo mercado".

Tomem cuidado com os militantes da "igualdade" e da "justiça social". Toda crença tem um livro de referência. Esta também. Além de ter sido escrito com o sangue de muitos milhões, só se pode lê-lo adequadamente sobre quatro patas.

Venha para o mundo da Utopia

Por Cassio Curvo no Prosa & Política

"O pior é que é tudo não passa de marketing puro, de um grande slogan, embora o produto seja ruim. Quem não se sujeitaria a um slogan como “a igualdade entre os homens”, tão bom como aquele “venha para o mundo de Malboro”, a utopia do cigarro, que mata milhares todos os anos, mas faz crer que ao fumar o consumidor será levado ao mundo maravilhoso.
Se algum dia a “igualdade entre os homens” não convencer mais, é provável que tenhamos um novo slogan: “venha para o mundo do socialismo!”


Venha para o mundo da Utopia
Se parte da nossa esquerda não teve estômago para suportar o que ocorre no governo, boa parte dela se submeteu e se perdeu no apoio ao governo Lula, ludibriada pela simbologia que foi ter um operário como presidente da republica. O poder de persuasão disso calou quem antes era crítico feroz dos erros cometidos pelos administradores públicos. Participamos do momento em que essa avant-garde deforma e aceita um novo conceito de verdade e moral, assumindo como natural o tripudio deslavado e absurdo sobre todos e quaisquer argumentos, mesmo quando irrefutáveis, desde que ditos por membros deste governo de um operário. A mentira grosseira tornou-se aceitável e, sem o menor pudor, defendida veementemente como se uma verdade fosse.
Do “comício” de outro dia, com Chaves presente, daqueles dois púlpitos onde Lula e Chaves estavam, foi este quem pareceu "encabulado" com a mentira dita pelo nosso presidente. Lula conseguiu encabular – mesmo que ligeiramente – el pacificador venezuelano.
Como é possível Lula dizer tantas sandices? Idiota ele não é, sabe que está mentindo, mas continua nessa ininterrupta seqüência de mentiras porque existe uma conivência com isso. Os tão críticos de antes ficaram “cegos” por tudo o que ele diz.
Isso não vem de hoje. Desde a queda do muro de Berlim esses “sábios” se perderam no sentido da razão, vencida pelo sentimento ideológico. Como é possível uma conjectura se sobrepor à razão, tão óbvia nas contagens dos milhões de mortos que o socialismo realizou? Qual o motivo de toda essa cegueira?
Lembro-me de um programa numa dessas TVs a cabo, em que o assunto era a queda do muro de Berlim. Em um dos trechos do programa apareceu a entrevista de um alemão, um senhor de seus 80 a 90 anos que dizia ter lutado contra o nazismo e dedicado a vida ao comunismo. Finalizou seu depoimento dizendo que sentia como se tivesse jogado a vida fora. Creio que muitos não mudam de opinião por não admitir jogar no lixo o tempo de suas vidas que passaram defendendo algo que se mostrou equivocado.
Na América latina essa fé ideológica ainda não faz ver as mudanças que ocorreram no mundo. Enquanto uns – os perfeitos idiotas latino americanos – ainda imaginam que ser de direita é feio, os indivíduos que pensam racionalmente já não aceitam tão facilmente esse esquerdismo sem resultados práticos, que apenas acredita em uma "utopia".
O pior é que é tudo não passa de marketing puro, de um grande slogan, embora o produto seja ruim. Quem não se sujeitaria a um slogan como “a igualdade entre os homens”, tão bom como aquele “venha para o mundo de Malboro”, a utopia do cigarro, que mata milhares todos os anos, mas faz crer que ao fumar o consumidor será levado ao mundo maravilhoso.
Se algum dia a “igualdade entre os homens” não convencer mais, é provável que tenhamos um novo slogan: “venha para o mundo do socialismo!”