19 de jun. de 2007

Barões e Ladrões


O presidente da República, sua cúpula governamental, os integrantes da mais alta hierarquia de seu partido, o PT, têm sempre um álibi quando a corrupção vem à tona envolvendo compadres e companheiros mais chegados: “Isto sempre existiu no Brasil”. E, esquecidos da promessa de que viriam para acabar com a devassidão pública por serem o único partido ético, justificam seus delitos invocando os do governo anterior, sejam eles falcatruas inventadas ou reais. No poder, finalmente, o PT conclui que, se todo mundo faz não tem importância fazer também, e que a hora é de aproveitar e ir à forra. Assim, a classe dominante foi ao paraíso, inclusive, aos paraísos fiscais, como ilustrou Duda Mendonça em pleno Congresso Nacional ao depor numa daquelas CPIs, as famosas Comissões que fazem muito barulho por nada.

É verdade que a corrupção é nossa antiga companheira. Faz parte de nosso tecido social desde os primórdios coloniais. E, conforme escrevi em um dos meus livros, América Latina – Em Busca do Paraíso Perdido, referindo-me à vinda da corte para cá, “em 1808, instalaram-se de uma vez por todas nestas plagas as características do Estado português, que em terra nova não perderia sua tradicional essência patrimonialista. Segundo Raymundo Faoro, em Os Donos do Poder: ‘Os reis portugueses governavam o reino como a própria casa, não distinguindo o tesouro pessoal do patrimônio público’. Era também um Estado corrupto na medida em que para tudo se dependia dele, do seu excessivo quadro de funcionários, da morosidade típica da burocracia, correndo soltas as propinas para aligeirar licenças, fornecimentos, processos, despachos, etc. Em toda parte das entranhas do desajeitado e ineficiente Leviatã conduzido por D. João VI, traficava-se influência, negociava-se a coisa pública em proveito próprio”.

Em artigo no Caderno Mais, da Folha de São Paulo, de 03/06/2007, a historiadora Isabel Lustosa mostra exemplo de grande corrupto na pessoa de Francisco Bento Maria Targini, visconde de São Lourenço, Tesoureiro-mor de D.João VI. A Targini foi dedicada a significativa quadrinha: “Quem furta pouco é ladrão/quem furta muito é barão/quem mais furta e mais esconde/passa de barão a visconde”. Isabel se refere também aos “pequenos corruptos, incultos e quase analfabetos, como o barbeiro Plácido”.

Do Império até os dias de hoje, “barões” e ladrões continuam a praticar a corrupção favorecidos pela impunidade, pelo Estado patrimonialista e excessivamente burocratizado, pela ausência de cultura cívica, pela plasticidade moral do brasileiro.

Entretanto, como gosta de dizer o presidente da República, “nunca, antes, nesse país”, se viu uma profusão tal de Targinis, de “barões”, de ladrões que se espalham por todos os Poderes Constituídos, que se esparramam pelas instituições, que usufruem da intimidade do “rei”. Quando se pensa que chegamos ao fundo, que neste governo começou a ser cavado por Waldomiro Diniz, os escândalos se multiplicam, assim como as inúteis CPIs e as espetaculares operações da Polícia Federal que expõem a podridão moral da coisa pública. Os casos escabrosos são tantos e tantos os personagens neles envolvidos, que a opinião pública vai sendo anestesiada e, numa inversão de valores, passa a conceber o que era errado como certo. Na esteira dos acontecimentos sobrepõe-se de tal modo os Targini, que vai se apagando da memória coletiva até as mais recentes personagens envolvidas na rapinagem. Diante da operação Xeque Mate, que comprometeu irmãos do presidente da República, vão caindo no esquecimento as “façanhas” de companheiros e compadres presidenciais como José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken, Delúbio Soares, José Genoino, Paulo Okamoto, Osvaldo Bargas. Jorge Lorenzetti, Freud Godoy e tantos outros. Até Zuleido e Renan Calheiros vão escapando pela fresta da amnésia popular. Aos brasileiros mais conscientes e atilados fica a impressão de que o governo ora em curso é uma mistura de máfia, circo e bordel.

É verdade que desde que o ex-deputado Roberto Jefferson tocou sua “trombeta de Jericó”, derrubando até o todo-poderoso José Dirceu, nunca, antes, nesse país tinham vindo à tona tantos “barões”. Mas, proporcionalmente, nunca houve tanta impunidade, pois os Targini continuam livres, leves e soltos. São muitas ações e poucas condenações. Muitas CPIs e raríssimas cassações de mandatos.

Em meio à sordidez reinante, sobrepõe-se emblematicamente, como o barbeiro redivivo do Império, o irmão dileto do presidente da República, Genival Inácio da Silva, vulgo Vavá, a quem Roberto Jefferson certamente chamaria de “petequeiro”, pois o bondoso mano oferece malandramente por pequenas quantias, até aos compadres do submundo do crime, seus serviços que não são entregues. Seria ele também ‘a cara do povo”? Pode ser. Afinal, não é o próprio povo que escolhe malandros, trambiqueiros e mafiosos para representá-lo? Portanto, não há do que se queixar. Nem mesmo do prejuízo anual de R$ 40 bi que a corrupção causa ao país.

Terrorismo, o Braço Armado do Coletivismo


Logo nos primeiros anos do século XXI, a partir dos atentados terroristas que cobraram milhares de vidas nos Estados Unidos, na Espanha e na Inglaterra, o terrorismo ganhou força e presença como uma das ameaças mais significativas à paz e à segurança internacional no mundo que começou a se desenhar a partir do fim da Guerra Fria. No início da década de 1990, os primeiros momentos desta nova realidade histórica pareciam significar o início de uma era que seria marcada pela paz, harmonia, cooperação e prosperidade. Com o fim da bipolaridade, afinal de contas, desaparecia o temor da aniquilação nuclear da humanidade e os ideais da democracia e da liberdade pareciam ter encontrado, finalmente, a possibilidade de florescimento.

A própria década de 1990, entretanto, foi marcada por inúmeros conflitos de diversas naturezas. As tensões entre as duas grandes potências antagônicas, nas décadas que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial, contribuíram para a manutenção de uma estabilidade relativa no cenário político internacional. Com o fim dessa tensão, profundas diferenças entre etnias rivais e o afloramento de nacionalismos colaboraram, entre outras causas, para a deflagração de conflitos armados em regiões como a África e os Bálcãs.

Ao mesmo tempo, o conceito de segurança internacional começou a pedir a sua redefinição. Surgiram novas ameaças, como por exemplo a desestabilização provocada pelo crescimento populacional e os fluxos migratórios, o impacto negativo dos desequilíbrios ambientais (tenham ou não causas antropogênicas), as atividades criminosas em escala internacional, o terrorismo e o risco da proliferação descontrolada de armas de destruição em massa, sejam químicas, biológicas ou mesmo nucleares.

Enquanto uns defendem a necessidade do desenvolvimento de mecanismos de cooperação para que a comunidade internacional possa lidar com esses problemas através do diálogo, dos esforços diplomáticos e da coordenação de ações efetivas, outros acreditam na necessidade do contínuo desenvolvimento e fortalecimento de capacidades militares para enfrentar as ameaças à integridade territorial dos Estados. Há problemas, no entanto, que exigem tanto a cooperação quanto o uso da força. O terrorismo é um deles.

O impacto dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, perpetrados em solo norte-americano, colocou a ameaça terrorista no foco das atenções, tanto na mídia quanto em diversos setores do debate acadêmico. O processo de globalização, que vem se intensificando graças aos avanços tecnológicos que facilitam as comunicações, a difusão de informações e os movimentos de fluxos de diversas espécies, também contribui para dificultar a correta identificação e localização de células terroristas e de grupos extremistas, que utilizam a seu favor grande parte da mesma tecnologia que temos à nossa disposição para combatê-los.

A própria dinâmica da globalização torna qualquer região do mundo factível de abrigar grupos dedicados a atividades de terrorismo. É nesse sentido que uma lógica estritamente estadocêntrica não é suficiente para dar conta do problema. Mais do que um embate civilizacional, o terrorismo, no século XXI, volta-se contra todo um modo de vida e representa o que poderíamos chamar de “braço armado” de uma complexa estratégia de construção de um mundo alternativo através da recuperação de um ideal de cunho coletivista que exige a aniquilação gradativa das liberdades individuais. Como os Estados Unidos simbolizam o conjunto de valores que identificam o modo de vida a ser suplantado por uma “nova ordem” política, econômica e social, o país torna-se automaticamente o maior alvo dos esforços de contestação vindos de todas as partes do mundo.

Essa contestação deve-se não somente à atual situação norte-americana de potência hegemônica, mas principalmente ao papel que o país ainda desempenha no que diz respeito à tentativa de preservação dos valores e das tradições que constituem o núcleo duro do que podemos entender por “ocidentalidade” – apenas em termos formais, porque o que está em jogo, na verdade, ultrapassa as fronteiras e o significado do “choque de civilizações” de Samuel Huntington.

O terrorismo islâmico, portanto, é apenas parte da história, justamente a parte onde o embate civilizacional fica mais evidente. O pano de fundo ideológico que alimenta os grupos terroristas e as atividades extremistas, contudo, tem a sua origem no holismo que dilui a expressão das individualidades na concepção coletivista que se manifesta, inclusive, na aberração política do totalitarismo.

Além de aproveitar-se da fragilidade institucional, das instabilidades políticas, das mazelas sócio-econômicas e da cumplicidade de alguns governantes, o terrorismo vive também da publicidade que obtém através da cumplicidade de parte significativa da difusão midiática e da manipulação cuidadosa da opinião pública.

Durante os anos da Guerra Fria, os soviéticos utilizavam uma sofisticada estratégia de política externa que integrava a propaganda aberta com técnicas políticas encobertas, que chamavam de “medidas ativas”. Dentre elas, podemos destacar a deturpação de fatos, a calúnia, a fabricação de notícias, a propaganda dissimulada e a prática da desinformação. Essas ações estratégicas, em conjunto, tinham o propósito de induzir a opinião pública mundial à crença de que os norte-americanos promoviam a desestabilização do mundo através do imperialismo belicista, enquanto os soviéticos eram defensores da paz mundial. Ora, toda essa articulação ideológica nos meios informativos e acadêmicos era possível apenas porque os soviéticos concentravam seus esforços principalmente na obtenção de resultados a longo prazo.

Os terroristas, não somente em sua versão islâmica, também consideram mais importantes os efeitos no longo prazo do que a eficácia dos atos isolados, obtêm apoio aberto ou velado dos proponentes do coletivismo e, a exemplo dos soviéticos durante a Guerra Fria, utilizam-se da mídia (principalmente a grande mídia) e dos intelectuais para a sua própria articulação ideológica e para a manipulação sistemática da opinião pública, que absorve cada vez mais as bases do relativismo permissivo.

É por isso que não será possível combater o terrorismo, enquanto braço armado do coletivismo, sem o reconhecimento de nossos valores e de nossa historicidade, sem a recuperação de nossos referenciais de moralidade e de nossa identidade cultural e civilizacional. O resgate de todos esses elementos é necessário para a elaboração de estratégias coordenadas de cooperação internacional, envolvendo tanto o diálogo e a diplomacia quanto o uso da força militar contra as ameaças terroristas, sempre que for necessário.

14 de jun. de 2007

As Sete Maravilhas - por Rodrigo Constantino


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Rodrigo Constantino

"A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta". (Arthur Schopenhauer)

Recebi uma enxurrada de emails fazendo campanha pelo Cristo Redentor nessa eleição das “sete maravilhas do mundo”. Não ia comentar nada, ainda que ache isso uma grande besteira. Mas agora que o presidente Lula aderiu à causa, não posso mais ficar calado. Tenho que comentar algo, mesmo que seja apenas para implicar com o Nosso Guia. Há um critério quase certo – eu diria científico – de julgar uma causa: se o Lula é favorável a ela, não deve prestar.

O patriotismo exacerbado, in extremis, é não ter orgulho das conquistas pessoais. Muitos fogem de seus fracassos para se esconder atrás do patriotismo, tendo orgulho de algo maior, projetando seu sucesso nas conquistas alheias. Se você tem orgulho de sua trajetória, se considera ter vivido de acordo com seus valores racionais, por que deveria ofuscar isso com uma admiração – ou vergonha – de um grupo de desconhecidos, acidentalmente nascidos no mesmo local do mapa? Isso é coletivismo puro! Eu não sinto orgulho do fato de o Pelé ser brasileiro, assim como não sinto vergonha pelo fato de o Lula ser brasileiro. É indiferente para mim. Costumo admirar ou enojar indivíduos, por suas características particulares. Quem julga a colônia e ignora os indivíduos são os cupins!

Dito isso, pergunto: por que deveria eu me orgulhar de um monumento feito por outras pessoas? Somente porque está na cidade onde nasci? Não faz muito sentido. Nem mesmo um católico praticante eu sou, para louvar ao menos o símbolo da estátua em si. Acho, inclusive, a estátua da liberdade, em Nova Iorque, mais bonita, e prefiro seu significado também. Apenas por expressar essa preferência individual, inúmeros “cupins” já vão me condenar como “lacaio do império”. Vejam só! Sou obrigado a achar mais bonito um monumento somente porque ele está localizado na minha cidade! Eis o que o coletivismo faz com as pessoas. Os passos seguintes são escutar música local somente porque é local, ver filmes nacionais apenas porque são nacionais e, claro, defender que o controle de empresas seja de brasileiros, somente porque são brasileiros. Totalmente sem sentido. Onde fica a liberdade de escolha individual? Onde fica a imparcialidade do julgamento? Quantos preferem o falido Gurgel em vez de uma BMW? Os soviéticos, ícones dessa mentalidade coletivista, tinham que se contentar com aquele Lada terrível mesmo...

O único argumento que aceito para votar no Cristo é que seria vantajoso para nossa economia, para nosso turismo. Isso sim é uma colocação racional. Ocorre que os ganhos são irrisórios, e muito mais sentido faria usar essa mobilização toda para pressionar os governos a melhorar nossa realidade, investindo em segurança, por exemplo. É preciso lembrar que o Cristo, de braços abertos para nossa cidade, tem como vista infindáveis favelas, muita miséria e criminalidade fora de controle. Eis a realidade que essa votação boba não pode ocultar. E eis o verdadeiro motivo da “cidade maravilhosa” ficar cada vez menos maravilhosa, e deixar de arrecadar bilhões com o turismo. Acabamos atraindo aventureiros que vão a uma espécie de “safari” conhecer nossas favelas e gente em busca de sexo barato. Podemos eleger o Cristo como uma das sete maravilhas, mas isso não vai alterar nada dessa calamitosa situação.

Quando alguém começa a tratar a nação como um ente concreto e passa a falar no plural o tempo todo, como se fosse “nosso” Cristo ou “nosso” Pelé, eu tenho calafrios. O próximo passo natural é falar que é “nossa” culpa o bandido que arrasta um garoto pelas ruas. Ora, minha culpa que não é! A sociedade não passa de um somatório de indivíduos, e seria mais saudável que as pessoas passassem a julgar – para o bem e para o mal – atos individuais. Eu tenho mais respeito e afinidade por um australiano distante que defenda a liberdade individual do que por um vizinho marxista. Por esses motivos acima, não quero saber de voto em Cristo Redentor!

Meu Teco:


Uma das sete Maravilhas do Mundo é o que está sob as 'vistas' do Cristo Redentor, como de resto no país no todo: uma total deterioração de uma sociedade.


Se tivesse que escolher - sou ateu -, ficaria com a Estátua da Liberdade, pois sou um CONSUMISTA voraz.


Melhor:


A Estátua de David, de Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni. Não o David bíblico, mas David como simbolo maior do Renascimento.


Nietzsche decreve muito bem o David.



9 de jun. de 2007

PAC - Programa de Aceleração da Corrupção - por Carlos Alberto Cordella

O PAC deveria ser chamado de “Programa de Aceleração da Corrupção”, pois esta vai de vento em popa. Enquanto o país chafurda na lama, sob o domínio de quadrilhas de todos os matizes e que atuam nos três poderes da república, em favelas e nos movimentos ditos sociais, o Ser Supremo, nosso presidente da república, alheio a tudo, passeia pelo mundo exibindo sua vocação messiânica. Lula é o quinto elemento, aquele que veio para salvar o planeta da autodestruição.

A construção da cidade olímpica destinada a sediar os jogos Pan Americanos, no Rio de Janeiro, deveria ser objeto de mais uma operação da Polícia Federal. Eu sugeriria Operação Malandragem ou Operação Caraca. A conta já ultrapassou em muito o orçamento previsto, algo capaz de deixar o presidente do senado corado. De inveja, não de vergonha.
Enquanto o Rio de Janeiro se prepara para os jogos pan americanos, parte da cidade virou uma praça de guerra, entre a polícia e traficantes. E a situação parece não ter fim, ou seria falta de competência e vontade?

A realização dos jogos no Rio de Janeiro é uma temeridade. Mesmo sabendo do aparato policial militar que será montado, e fará com que a Faixa de Gaza e Bagdá pareçam balneários de veraneio, há o risco da maior confraternização esportiva das Américas transformar-se no inferno astral de Lula o Ser Supremo, e Sérgio Cabral.

Somente num país onde o presidente nada vê e nada sabe e a irresponsabilidade impera a passos largos, poderia se imaginar a realização de tais jogos, justamente no Rio de Janeiro.

Enquanto o PAC (Programa de Aceleração da Corrupção) subtrai dos cofres públicos a bagatela de aproximadamente 40 bilhões de reais por ano, há, no governo, quem defenda e até apresente justificativas convincentes para se manter o salário mísero, digo mínimo, em R$380,00 (trezentos e oitenta reais), sob a caduca e convincente alegação de uma inevitável quebra da previdência.

40 bilhões de reais do orçamento público são, anualmente, escoados, impunemente, através de propinodutos, cuecas, malas, envelopes, depósitos bancários, superfaturamento de licitações arrumadas e “mimos” para contas bancárias e bolsos particulares. Poder-se-ia dizer que é uma PPP (Parceria Pública Privada). Parece que de Pública só mesmo a bufunfa, pois o resto está mais para Privada mesmo.Tudo indica este montante não fazer falta alguma à nação. Nenhum dos envolvidos é condenado. Nenhum centavo retorna ao erário. Enquanto isto verbas são contingenciadas para educação, saúde, segurança e infra-estrutura. Recursos para desenvolver o país e melhorar a qualidade de vida do povo são liberados a conta-gotas, mas para o assistencialismo parasitário estatal e para a corrupção, o ladrão da caixa-d’água jorra dia e noite sem parar. O cofre do governo também parece ter ladrão, só não me arrisco a fazer metáforas.

O PAC (Programa de Aceleração da Corrupção), convenhamos, está sendo extremamente generoso aos amigos e fiéis companheiros, além de propiciar a distribuição do jabaculê de uma forma justa, bem democrática e social.

Até o irmão do Ser Supremo, levou um xeque-mate. Não perdeu tempo o Ministro da Justiça em apregoar que, num estado democrático todos são investigados. Me pergunto, quando será minha vez? Ou ele próprio. Estaria o Sr Ministro já se precavendo de um futuro próximo?

É claro que essa história do irmão do Ser Supremo não vai dar em nada, mas o marketing é óbvio, Duda Mendonça que o diga. Incautos exclamarão: ”Puxa vida, nem o irmão do presidente foi aliviado”. E isto fará do Ser Supremo, ainda mais supremo e único, absoluto. Lula o quinto elemento, o magnânimo que ainda sai em defesa dos acusados mostrando toda sua benevolência. Afinal, são todos companheiros e não inimigos.

Casualmente ou não, o Ser Supremo encontra-se fora do país, portanto está novamente blindado. As instituições apodrecem, mas o Ser Supremo, está acima de qualquer suspeita.

Como disse Mikhail Bukunin, anarquista russo do século XIX:

"O governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, compor-se-á de operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado, não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo".

Quem duvida disso não conhece a natureza humana.

A cultura da mentira - por João Luiz Mauad

Resumo: No Brasil, políticos e servidores públicos, por mais
fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles,
sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as Image Hosted by ImageShack.us
investigações e processos, enquanto seus superiores,
correligionários e, em vários casos, até mesmo
os seus opositores, agem como se nada houvesse.

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As virtudes morais são produto do hábito.

(Aristóteles)


Corrupção na administração pública há em toda parte, mesmo em países desenvolvidos, com leis estáveis e instituições fortes. O que difere é a intensidade, que varia em função do nível de intervencionismo do Estado na vida social e, principalmente, da reação da sociedade diante do problema. Enquanto nações que dispõem de controles institucionais rígidos, leis transparentes e, acima de tudo, têm a verdade como um valor supremo tendem a cobrar dos seus representantes atitudes enérgicas contra a bandalheira e não se deixam engabelar com facilidade, outras, como a nossa, demonstram excessiva leniência diante da questão, permitindo que a corrupção consuma a incrível porção de 12% do PIB.

O nível de tolerância das sociedades em relação ao problema da corrupção pode ser medido não apenas pelos índices de impunidade, que em países como o nosso chegam perto da totalidade, mas também pelas reações dos criminosos quando “fisgados” pela lei. Recentemente, dois cidadãos japoneses cometeram suicídio, antes mesmo de serem julgados, porque julgaram que não poderiam conviver com tamanha desonra. Há alguns anos, um funcionário público norte-americano deu um tiro na própria boca, em frente às câmeras de TV, porque, flagrado num caso de corrupção, simplesmente “não suportava mais olhar nos olhos dos filhos”. Exemplos semelhantes, mesmo que não tão trágicos, abundam.

Já em Pindorama, pelo menos desde o suicídio de Getúlio Vargas, a coisa funciona de forma diferente. Políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, numa clara demonstração de corporativismo, agem como se nada houvesse. Honra, probidade, dignidade e vergonha na cara são valores há muito aposentados pelo relativismo moral que impera por aqui.

Ninguém assume coisa alguma. Ninguém jamais confessa nada. Sempre há uma boa desculpa, uma estória mirabolante a justificar qualquer coisa, por mais estranha e inverossímil que possa parecer. Inventam-se álibis, desculpas esfarrapadas e enredos os mais diversos para escapar da justiça. E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, tais estratégias dão certo.

Ao contrário das nações que desenvolveram sociedades avançadas, fundadas em padrões morais onde prevalece a verdade, nossas instituições (formais e informais) foram estabelecidas sobre uma cultura da mentira. Aqui, todo mundo está mentindo até prova em contrário. As leis são estabelecidas na presunção de que somos todos mentirosos e apenas eventualmente dizemos a verdade. Alguns exemplos de procedimentos burocráticos, ou mesmo processuais, que só existem no Brasil e em alguns outros poucos lugares, dão bem a noção da coisa.

Certa vez tentei explicar a um inglês o que vem a ser uma cópia autenticada em cartório e o porquê da sua exigência ser tão disseminada por essas plagas. Parecia uma conversa de surdos. Meu interlocutor não entendia que as pessoas pudessem desconfiar da autenticidade de um documento antes mesmo que este lhes fosse apresentado. Sequer lhe passava pela cabeça que a palavra do portador ou responsável não bastasse. É claro que nem tentei explicar o nosso famigerado “reconhecimento de firma”, que recentemente evoluiu para “reconhecimento de firma por autenticidade”.

Ora, a mim pelo menos parece evidente que, se a verdade deve ser sempre provada e comprovada, ela passa a ser vista como exceção, não como regra. A mentira, por outro lado, é aceita como um hábito, uma tradição impregnada na cultura. Esse costume é tão disseminado que foi absorvido pela própria lei nos processos judiciários. Diferentemente do que ocorre em muitos países, onde o crime de perjúrio é gravíssimo e, quase sempre, funciona de forma a aumentar a penalidade do réu, por aqui a mentira dita em juízo não costuma trazer conseqüências. Muito pelo contrário, sua utilização é, em muitos casos, tida como perfeitamente legítima.

Diga-me com sinceridade, estimado leitor, há algo mais patético do que aqueles inquéritos parlamentares, transmitidos ao vivo pela TV, em que testemunhas e réus respondem às perguntas protegidos por uma liminar da justiça concedendo-lhes o “direito” de omitir a verdade? Quem não se lembra, por exemplo, do jeito cínico, beirando o escárnio, de diversos depoentes perante as inúmeras CPI's do Congresso, todos devidamente autorizados a mentir?

Aristóteles já dizia que as virtudes morais não são produzidas no ser humano pela natureza, mas são produto do hábito. O comportamento humano, por seu turno, é bastante influenciado por estímulos exteriores. Desde cedo, o homem aprende reagindo a incentivos produzidos pelos ambientes natural e social. Se o meio é propício à mentira, se o engodo é incentivado pela própria cadeia institucional, se não criamos as condições necessárias para que a verdade seja a regra e não a exceção, nada adianta chorar sobre o leite derramado.

5 de jun. de 2007

Mr. Gorbachev, open this gate! Mr. Gorbachev, tear down this wall!

Ronald Wilson Reagan: Um Grande Líder

by Rodrigo Constantino

"Liberdade é uma das mais profundas e nobres aspirações do espírito humano." (Ronald Reagan)

No dia 5 de Junho de 2004, falecia aquele que foi talvez o melhor presidente moderno que os americanos já tiveram. Ronald Reagan tinha muitas falhas, sem dúvida, e errou em alguns pontos durante seu governo. Mas o resultado líquido é altamente positivo, especialmente no que concerne à recuperação tanto da economia como da moral do povo. Não custa lembrar que ele assumiu a presidência após os catastróficos anos de Jimmy Carter, numa era de estagflação por conta dos excessivos gastos do governo, prejudicada ainda mais pela crise do petróleo. O objetivo aqui é resgatar um pouco da história desse grande líder que a América teve. Utilizo como principal fonte a excelente biografia de Dinesh D’Souza, que mostra justamente como um homem comum se tornou um líder extraordinário.

De família pobre e com pai alcoólatra, Reagan teve uma infância difícil. Mas ainda assim aprendeu valores básicos, como a crença nos direitos individuais, a desconfiança da autoridade estabelecida, a capacidade de manter uma postura positiva mesmo diante de más notícias e uma autoconfiança derivada da noção de que o conhecimento mais importante está em distinguir o certo e o errado. Ele não usou sua infância difícil como justificativa para posar de vítima, e sim para aprender lições e superar os obstáculos na vida. Um traço importante de sua personalidade que veio a ser muito útil depois era não se importar muito com quem fica com os créditos de uma boa ação, e sim com a ação em si. A potencialidade humana tende ao infinito quando não nos importamos com os créditos de nossos atos corretos, quando estamos mais focados em fazer o certo do que receber aplausos da platéia. Reagan era assim, e tinha uma frase com essa mensagem em seu escritório durante seu mandato.

Um dos grandes méritos de Reagan, que havia sido ator, era a simplicidade de sua linguagem, a forma direta e objetiva com a qual expressava suas idéias. Não por acaso os "intelectuais" detestavam Reagan, considerado um idiota por boa parte da elite americana. Em 1981, por exemplo, falando para estudantes, ele foi categórico ao afirmar que o ocidente iria dispensar o comunismo como um capítulo bizarro da história humana, cujas últimas páginas estariam naquele momento sendo escritas. Isso foi dito numa época em que muitos desses "intelectuais" ainda defendiam o regime comunista. Reagan era um sujeito objetivo e sincero, e tachou de "império maligno" a União Soviética, o que mais tarde ficou evidente ser o caso. Ele era capaz de separar com clareza o certo do errado, algo que muitos relativistas ainda hoje condenam. Sua convicção moral o afastou muitas vezes do pragmatismo presente no mundo da política. Ele não costumava contemporizar muito com o lado podre, ainda que se visse forçado a escolher o ruim para evitar o péssimo de vez em quando. Ele pode ser considerado uma espécie de visionário, focando no futuro enquanto todos pensavam no imediato.

Apesar de divorciado, Reagan sempre enfatizou muito a importância dos valores familiares. Para Dinesh, ele conquistou a afeição do povo americano por parecer um sujeito comum, e o povo se identificava com ele. Por oito anos consecutivos, a pesquisa da Gallup mostrou Reagan como o homem mais admirado no país, e quando ele deixou o cargo de presidente, sua taxa de aprovação estava em 70%, a mais alta de qualquer presidente americano moderno. Sua característica de grande comunicador, somada ao sucesso econômico, explicam boa parte dessa popularidade também.

Sua política econômica ficou conhecida como "Reaganomics", e consistia basicamente em redução de impostos, desregulamentação e maiores gastos com defesa. Quando assumiu o poder, a inflação estava em dois dígitos, próxima dos 12% ao ano. A firme atuação de Paul Volcker no Federal Reserve, apoiada por Reagan, foi fundamental para conter a espiral inflacionária. Houve uma fase necessária de ajuste, como a ressaca inevitável de um bêbado, mas logo depois o país entrou num período de sete anos de crescimento ininterrupto. A retomada do crescimento econômico gerou quase 20 milhões de novos postos de emprego, e Reagan dizia que não há melhor programa social que o emprego. O propósito de um programa de governo deveria ser justamente eliminar a necessidade de sua própria existência, o oposto do que ocorre no assistencialismo do welfare state. O objetivo de seu governo era criar um ambiente estimulante para a energia criativa dos empreendedores. Uma de suas primeiras medidas foi acabar com o controle de preços da gasolina, vigente por uma década. Isso contribuiu muito para o fim da crise de energia. Ele condenava o protecionismo, considerando a abertura comercial uma grande força americana, enquanto muitos temiam a "invasão" dos produtos importados. O grande erro econômico de Reagan foi não ter cortado os gastos públicos. Na verdade, a dívida pública triplicou durante seu mandato. Este foi, sem dúvida, seu grande pecado como presidente, ainda que seja muito mais fácil criticar do que fazer.

Quando seu plano estratégico de defesa na guerra fria foi anunciado, seus críticos logo o apelidaram de "Guerra nas Estrelas", por causa do famoso filme de mesmo nome. No entanto, o tempo mostrou que o plano fazia sentido, e os soviéticos ficaram pressionados por não terem a menor condição de acompanhar a escalada de investimentos militares. Isso fez com que Thatcher concluísse que Reagan venceu a guerra fria sem disparar um único tiro. Quem credita Gorbachev em vez de Reagan pelo colapso comunista o faz ou por má fé ou por ignorância. O líder soviético, apoiado pelo Politburo, objetivava, na verdade, salvar o regime falido. Foi Reagan que, com seu programa militar, colocou de vez um ponto final na guerra fria, levando à queda do muro de Berlim em 1989, assim como à democratização de várias ditaduras, principalmente na América Latina. Reagan deu o empurrão final no regime que vinha desmoronando por suas próprias falhas intrínsecas.

O grande tema abordado freqüentemente por Reagan era a intromissão e incompetência do governo, além de sua completa inabilidade para resolver os problemas das pessoas. Para ele, o approach do governo na economia poderia ser resumido assim: "Se algo se move, taxe-o; se ele continua se movendo, regule-o; e se ele parar de se mexer, subsidie-o". Um governo central grande era visto por ele como um grande obstáculo para a liberdade, e um instrumento ruim para garantir a justiça. A lição que ele extraía da era moderna é que colocar poder demais nas mãos do Estado coercitivo era muito perigoso. Ele se opunha ao coletivismo comum de seu tempo. Não é possível controlar a economia sem controlar as pessoas, e Reagan entendia isso. Os elevados impostos e a burocracia incompetente foram seus grandes inimigos internos, enquanto o comunismo era seu alvo externo.

Reagan fazia analogias simples, mas que passavam bem sua mensagem. Certa vez ele comparou o governo a um bebê, com um canal de alimentação com apetite enorme de um lado e nenhum senso de responsabilidade do outro. Em sua gestão, tentando melhorar a eficiência do governo, tentou colocar as melhores pessoas no comando e delegar autoridade. Sua equipe era formada por pessoas que muitas vezes nem mesmo compartilhavam de suas visões gerais, e para Reagan, era importante que o funcionário tivesse que ser persuadido a ir para o governo, em vez de ser alguém em busca de um cargo público. Era um homem de ação, e por tudo isso somado, foi sem dúvida um grande líder. Não obstante seus defeitos como pessoa e seus erros enquanto presidente, Ronald Reagan merece respeito e admiração por todos aqueles que defendem a liberdade individual. Recordar de suas principais mensagens e aprender as lições básicas que ele tentou passar é a melhor homenagem que pode ser feita a Reagan nessa data.
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...Ronald Reagan, com certeza, mandaria os Marines darem um passeio, fazerem uma visita ao coleguinha do Apedeuta, Hugo Chavez. Como fez com Granada em 1983.

3 de jun. de 2007

Geração Perdida - por Maria Lúcia V. Barbosa

Fala-se muito no Brasil em educação como salvação nacional. É certo que o conhecimento, adquirido através da educação, compõe um dos pilares do desenvolvimento juntamente com os poderes econômico, político e bélico de cada país. Entretanto, não basta um diploma, pois é necessário que esse instrumento habilite para vida. Não são suficientes testes, onde um x colocado aleatoriamente é muitas vezes simulacro de aprendizado. É danoso para o próprio aluno passar para série mais adiantada sem estar preparado. É totalmente errado não se incentivar a leitura. É certo transmitir conhecimento através da repetição do que já foi adquirido intelectualmente pelo homem, mas se não houver criação e recriação do saber, continuaremos atrasados em relação aos países do Primeiro Mundo. Não basta copiar, é necessário raciocinar.

Educação é também algo mais complexo do que aquilo que se adquire na escola. Começa na família. Significa o aprendizado de valores. No grupo familiar o indivíduo inicia sua distinção entre certo e errado, e a escola deve dar seguimento à “socialização” que os pais transmitiram ou devem transmitir.

Mais tarde o jovem interagirá de forma mais expandida com a sociedade. Freqüentará amigos, encontrará novos grupos no trabalho, na igreja, no seu entorno de modo geral. A influência social será constante sobre sua mente ávida de exemplos a seguir, sua necessidade de caminhos a descortinar. Presa fácil das influências, ele não será imune ao que seus sentidos e percepções alcançarem. A TV, a propaganda, os modismos, as drogas, a violência, a falta de oportunidade de trabalho, o desrespeito à vida, a ausência de valores que o guiem, a desagregação familiar, a impunidade, serão fenômenos mais ou menos maléficos conforme for sólida ou não a educação recebida no lar e depois na escola.

A criança e o jovem se miram no espelho de sua realidade e o refletem. E aqui aparece a dificuldade de se educar, pois como é difícil aos pais dizerem aos filhos no Brasil de hoje: “Sejam honestos”. Não mintam”. Busquem o seu bem e o dos outros através de condutas éticas”. “Esforcem-se”. “Estudem”. Conquistem uma profissão, pois através dela terão a gratificação social em forma de empregos e remunerações”. “Façam-se respeitar através de sua conduta irrepreensível”. Não transijam nunca com as pequenas trapaças, pois elas os farão sucumbir às grandes. Prezem sua pátria e os símbolos nacionais, pois a pátria é nosso lar ampliado. Respeitem as autoridades constituídas, pois delas vêm os exemplos de honradez, desprendimento e busca de bem comum.

Imagine-se tentar transmitir esses valores aos jovens do Brasil de agora. Eles haveriam de considerar tudo hilário, se não achassem que seus pais ou professores tinham enlouquecido. Afinal, o que assiste a geração atual?

Dirão alguns que o mesmo que sempre se assistiu, especialmente na esfera política. Que corrupção por corrupção, sempre fomos corruptos. Que as leis nunca funcionaram no país do dá-se-um-jeito. Violência sempre houve, assim como a “arte” de passar os outros para trás. Nunca nos faltou malandragem nem comportamentos desonestos tanto na esfera privada quanto pública.

Tudo isso é verdade e todos estão cansados de saber. Contudo, o que causa profundo mal-estar aos verdadeiros educadores é a podridão moral, que vinda dos Poderes constituídos se exacerbou de forma nunca vista nesse país, contaminando toda sociedade. Se o péssimo exemplo vem de cima, o que esperar dos debaixo? Para que esforço e honestidade se estão se dando bem mensaleiros, sanguessugas, golpistas, malandros que se safam facilmente de CPIs, de operações policiais, como esta última e estarrecedora Operação Navalha? Pior. Os transgressores não estão nas favelas ou bairros pobres, mas nos palácios. Nivelam-se na bandalheira, partidos políticos, deputados, senadores, ministros, juizes, pessoas em cargos importantes. E a tendência é o agravamento de tal situação por três motivos principais: falta de oposições; aumento da impunidade; a crença de que o presidente da República não é o responsável em última instância pelo que acontece em seu governo, o que levará a ele e aos seus companheiros se perpetuarem no poder incidindo nas mesmas práticas.

Se a corrupção impede o progresso do país e lesa o povo, outro grande malefício desse governo é ser responsável pela perda de pelo menos uma geração em termos de valores. Num país onde as mais altas autoridades se nivelam por baixo e se igualam a trambiqueiros, sem que nenhuma punição lhe seja aplicada, cada um faz o que quer: da interdição de estradas à quebradeira do Congresso, da destruição de terras produtivas à invasão de hidrelétricas. E o dinheiro público que poderia estar sendo aplicado, inclusive, para a melhoria da Educação, se perde nas badernas e nos fabulosos lucros dos “donos do poder”.

Por isso mesmo, e apesar de todas as dificuldades, mais do que nunca é preciso educar as novas gerações. Está na hora de começarmos a discutir como fazê-lo. E, sobretudo, é preciso saber como fazê-lo.

2 de jun. de 2007

A Caminho da Ditadura Civil - Prof° Marcos Coimbra

Escrevemos neste espaço, já por diversas vezes, que os políticos tradicionais ainda não entenderam o risco enfrentado. Pensam ingenuamente que lidam com outro partido semelhante, disposto a aceitar a rotatividade no poder. O PT não possui um projeto nacional de desenvolvimento, mas sim um projeto de poder. Mesmo antes de assumir o governo, eles possuíam o melhor serviço de inteligência do Brasil. Quem não se lembra da atuação dos petistas na oposição? Eram implacáveis. O denuncismo imperava. Os pedidos de impedimento também. Até procuradores, que ficaram famosos e agora desapareceram, vazavam para a imprensa informações confidenciais extraídas de investigações, inquéritos e bancos de dados bancários e financeiros.

Após o primeiro mandato de Lula, os adversários dos petistas foram sendo cooptados, através dos meios aéticos noticiados fartamente pela imprensa. O procurador-geral da República formalizou séria denúncia contra cerca de 40 indiciados. Ninguém está preso. Nem 10% dos envolvidos foram cassados. O plenário da Câmara absolveu agora vários deputados, com o pueril argumento de que tinham sido absolvidos pelo voto popular, isto em um sistema proporcional de eleição, onde poucos são eleitos sem o auxílio da legenda! Agora, querem cassar o deputado Clodovil por ter chamado de feia uma colega desconhecida, que o provocou até conseguir o desejado: um pretexto para início de um processo para eliminar o elemento estranho ao sistema. E, ainda mais, especialista em comunicação e sem papas na língua.

Não existe oposição de fato no país. Apenas, nos extremos, o DEM e o PSOL, sem vontade ou estrutura para aproveitar as fartas vulnerabilidades da atual administração. O PSDB é a outra face da mesma moeda. Lula foi eleito em 2002 com a cumplicidade de FHC. Como ele já havia implantado o perverso mecanismo da reeleição que o beneficiou diretamente, bem como a Lula, estão permitindo a manutenção do receituário neoliberal por 16 anos, no mínimo, com a progressiva deterioração da soberania nacional.

E com sério risco de perda concreta do controle da Amazônia, já loteada por intermédio de proposta de iniciativa do poderoso ex-chefe da casa civil, agora cassado. Quase todos os grandes "negócios" realizados no país, em especial nas áreas de comunicação e aérea, possuem as digitais dele e de seus "cumpanheiros".

Lula trabalha com várias opções para perpetuação no poder dos vetores exógenos que nos governam. De início, a mudança na Constituição, a exemplo de Chávez, e futuramente Correa e Morales, que permita a reeleição sem limites. Ou a aprovação do parlamentarismo, com ele como primeiro-ministro. Ou a prorrogação do mandato em um cenário de decretação do estado de emergência. Ou no limite, a eleição em 2010 de um clone, como Serra, Aécio ou outro qualquer, para o retorno triunfal em 2014. Afinal, o antigo Núcleo de Estudos Estratégicos traçou cenários, em 2002, "por coincidência", para 2007 até 2022 (bicentenário da Independência).

Até o Papa Bento XVI já denunciou a onda de totalitarismo existente na América do Sul. Os meios de comunicação estão à mercê das verbas governamentais, do sistema financeiro e das empreiteiras. Os artistas sobrevivem das verbas das estatais, como PETROBRAS, CEF, BB e outras, recebendo milhões para produzir peças sem valor cultural e sem público, mas que falam aquilo que os detentores do poder desejam que a população escute.

As Instituições que poderiam impedir a implantação de uma ditadura civil estão sendo erodidas progressivamente. O Congresso foi cooptado pela distribuição de verbas orçamentárias, pelas vagas abertas por quase 40 ministérios para nomeação de apaniguados e por outros meios não ortodoxos.

O Judiciário manietado pela criação do Conselho Nacional de Justiça, pelo fato concreto de já possuir mais da metade dos integrantes de sua mais alta Corte nomeada por FHC e por Lula e sob pressão permanente da imprensa, a reboque da existência de alguns magistrados envolvidos pela onda de corrupção que assola o país. As Forças Armadas em dramática situação de penúria, sem verbas para investimento ou sequer para as despesas de manutenção, acuadas por campanha permanente de descrédito promovida pelos inimigos da democracia e desviada de suas verdadeiras funções. A Igreja profundamente infiltrada pelos "socialistas autoritários". A Família em crise permanente, exposta à contaminação empreendida por alguns meios de comunicação, propagadores de vícios, perversões e estimuladores da desagregação. O Itamaraty aceita as mais absurdas imposições do "cocalero".

Um embrião da futura Gestapo, a Força Nacional de Segurança, começa a ser implantada, com o objetivo de atuar na Segurança Interna, além da Segurança Pública. A Globo será substituída em seu papel de órgão oficial de propaganda das sucessivas administrações federais pela TV pública. Também será descredenciada no futuro, a exemplo da RCTV na Venezuela. Este é o grande mal dos capitalistas selvagens. Só pensam no lucro fácil, não enxergando nem o médio prazo, enquanto os comunistas dão as migalhas, mas perseguem o longo prazo.

É chegada a hora de os verdadeiros democratas unirem-se para recuperar a pátria perdida, passando da palavra à ação.

Prof. Marcos Coimbra, Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

mcoimbra@antares.com.
www.brasilsoberano.com.br

Artigo escrito em 15.05.2007 para o Monitor Mercantil.

1 de jun. de 2007

Mídia Sem Máscara - 01/06/2007

Carta aberta do professor Elcio Abdalla

Resumo: Mais um exemplo do comportamento da gang comuno-fascista que seqüestrou a USP e é acobertada por parte da grande mídia.

Caros Professores, estudantes, colegas e amigos,
Venho tornar públicas ameaças gravíssimas de que fui vítima no dia de ontem. Estava na recepção da ABC (Academia Brasileira de Ciências) quando a senhora Amélia, secretária do Departamento de Física-Matemática, comunicou-me que elementos do Sintusp teriam entrado no departamento. O que é mais grave é que, no Instituto, gritavam meu nome com calúnias e palavras de ordem dizendo que "minha hora haveria de chegar".
Segundo alguns estudantes, o "cortejo fúnebre" foi acompanhado por elementos externos à Universidade, havendo até mesmo um conhecido mendigo morador do Jardim Bonfiglioli e elementos do MST. Tal cortejo foi liderado pela senhora Neli, do Sintusp.
Considero as autoridades universitárias responsáveis perante a Justiça por minha segurança pessoal, assim como de meus estudantes, secretárias, colaboradores e material comprado com verbas públicas que fazem parte de meu projeto de pesquisa.
Gostaria que vocês repassassem este e-mail publicamente, fazendo dele uma declaração aberta. Faço dele também uma carta que pretendo enviar à Magnífica Reitora, responsabilizando-a diretamente por nossa segurança pessoal.
Sem mais, agradeço novamente pelo apoio recebido de todos nesta hora em que a Universidade pela qual lutamos durante toda uma vida torna-se presa de fascistas sem caráter, e em que não temos uma reitoria com autoridade suficiente para restabelecer a ordem.
Um grande abraço a todos,
Elcio Abdalla
Professor Titular
Chefe do Departamento de Física-Matemática

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por João Luiz Mauad

Resumo: Será que muitos dos hipócritas que vivem falando em solidariedade aceitariam dividir o que é seu para viver com uma pequena parte de seus rendimentos, que é o que aconteceria se levássemos essa lengalenga de solidariedade coletiva ao extremo?

23 de maio foi o “Dia Nacional de Luta Unificada por Nenhum Direito a Menos” (sic). Eu acho que “dia da desordem” seria um nome mais apropriado ou, pensando melhor, “dia nacional do almoço grátis”. É! Definitivamente, acho que este último estaria mais de acordo. Por todo o país, pipocaram manifestações e arruaças protagonizadas pelos ditos movimentos sociais, coadjuvados por diversos partidos de esquerda. Invadiram hidrelétricas, bateram na polícia, depredaram bens públicos, interditaram estradas, queimaram coisas e, acima de tudo, fizeram muito barulho do alto dos seus carros de som (como gosta de um microfone essa gente, meu Deus!).

Felizmente, aqui no Rio de Janeiro parece que as únicas conseqüências da balbúrdia foram um nó no já caótico trânsito do centro e a irritação dos que lá trabalham, obrigados a tolerar a falta de respeito de um bando de desocupados. No meu caso particular, não sei se me irrito mais com o trânsito ou com as abobrinhas que aqueles inúteis nos obrigam a escutar com seus auto-falantes a todo volume, como se nossos ouvidos fossem penico.

Naquele dia à tarde, voltava do almoço, por volta das duas, e parei para tomar o habitual cafezinho no boteco da esquina. Para meu azar, passava, justo naquele momento, um trio elétrico com o pessoal da UNE. O sujeito lá em cima berrava, ensandecido, a plenos pulmões: - universidade pública gratuita para todos; passagem de ônibus grátis para todos os alunos, da pré-escola à universidade; melhores salários e condições de ensino para os professores; mais verbas para pesquisa; mais isso, mais aquilo...

(Digressiono: estranha noção de “direitos” essa, cujos benefícios de uns dependem do sacrifício e da espoliação de outros).

A certa altura do show, um débil mental gritava aqueles famigerados clichês “anti-imperialistas”, “anti-neoliberais”, “contra a opressão das classes trabalhadoras”, quando notei que a moça que serve o café balançava a cabeça com ar de desaprovação. Aproveitei a deixa: “Essa gente acha que dinheiro dá em árvore”, disse eu. “Será que eles se dão conta de que tudo isso tem um preço?”

Mal acabei a frase e o sujeito a meu lado - paletó bem cortado, sapato de uns R$ 150,00 (por baixo) e relógio importado (O.K, podia ser falso) - intrometeu-se na conversa: “Solidariedade, meu caro, esta é a palavrinha mágica que tornaria tudo possível”. Mais não disse, e muito menos eu me atrevi a iniciar ali uma discussão. Paguei o cafezinho e saí, absorto em meus pensamentos.

Será que aquele homem tinha idéia da enormidade que acabara de dizer ou seria apenas mais um daqueles inocentes úteis que se especializaram em repetir velhos jargões, sem nunca ter parado para pensar nas papagaiadas que diz? Será que ele sabe que a renda per capta de Pindorama anda aí pela casa dos R$ 12.000 anuais? Será que o aprendiz de feiticeiro aceitaria - solidariamente - dividir o que é seu para viver com, digamos, R$ 1.000 por mês, que é a parte que lhe caberia se levássemos essa lengalenga de solidariedade coletiva ao extremo?

Sei que não devemos julgar os outros sem conhecê-los, mas apostaria alto que aquele janota não era do tipo chegado a uma caridade - caridade real, é claro, de carater individual e voluntário. Lembrei-me então dos artistas: de Caetano, de Gil, de Chico, de Xuxa, de Niemeyer, de Faustão. Pensei em todos os políticos e sua “opção preferencial pelos pobres”, pela “justiça social”, pela “distribuição de renda”, e de quão distantes eram os seus belos e nobres discursos das suas vidas privadas. Pensei nos lautos cachês e salários. Você sabe quanto custa uma entrada para o show do Chico Buarque? Não queira saber, meu amigo, pois é algo indecoroso.

Um pensamento puxa outro e acabei relembrando uma das poucas reuniões de condomínio de que já participei na vida. Um dos itens da pauta era o rateio do déficit causado pela inadimplência de um dos condôminos. Discutir-se-ia ainda as alternativas para a cobrança dos atrasados. O síndico fez uma breve explanação, na qual comunicou aos presentes que o morador em débito o havia procurado para informar que estava desempregado e com problemas de saúde na família - até onde eu pude averiguar posteriormente, parece que a história era verdadeira. Resumidamente, o sujeito pedia que concordássemos em parcelar a dívida em seis vezes, com a dispensa de multa e juros.

Aprendi, desde cedo, a respeitar o velho adágio segundo o qual “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Além disso, conheço suficientemente bem os meandros do judiciário brasileiro para saber que, por aqui, um mau acordo costuma ser muitíssimo mais vantajoso do que uma boa briga, especialmente nesses tempos em que juízes têm dado mais atenção a uma lei não escrita - emanada subjetivamente de suas próprias consciências e apelidada pomposamente de “justiça social” - do que propriamente à norma formal, proveniente dos códigos jurídicos. Pragmaticamente, portanto, meu voto já estava decidido, até porque nada impedia que recorrêssemos ao judiciário mais tarde, caso o nosso vizinho não honrasse o compromisso assumido.

A discussão que se seguiu foi inacreditável. Gritos, acusações, dedos em riste, enfim, uma baixaria completa. Uma senhorinha mais irritadiça, de quem a única referência que eu tinha até então era um adesivo do PT estampado no vidro do carro, não se conformava de ter que pagar uma cota extra por conta da inadimplência do vizinho. Exigia providências legais imediatas contra o “inadimplente” (era assim que ela se referia, sarcasticamente, ao coitado) e a respectiva cobrança, “sem choro nem vela”, de todos os encargos cabíveis.

Argumentei que os R$ 50,00 da cota extra não eram nada assim tão exorbitante e que, afinal, uma cobrança pela via judicial poderia levar anos. Nada demovia a senhorinha, que a certa altura começou a tecer comentários sobre a vida privada do coitado e sua família. Falou das roupas da mulher, dos brinquedos dos filhos do casal, enfim: um verdadeiro “barraco”, como diria minha filha. No fim, fui voto vencido e deliberou-se que o condomínio faria a cobrança imediata da dívida, através de advogado (só esta decisão já aumentou o débito do pobre sujeito em 20%).

Depois desse dia aprendi, de uma vez por todas, que solidariedade não é daquelas coisas fáceis de se encontrar por aí. Pelo contrário, ela é um bem dos mais escassos e, por isso, não dá para imaginar um mundo ideal lastreado nesse nobre sentimento humano, como sugerido pelos arautos da distribuição de renda e do almoço grátis.