19 de out. de 2006

Mauá ou Lula? - por Rodrigo Constantino

Em 1852, numa cerimônia de inauguração de uma estrada de ferro, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, fez com que o Imperador D. Pedro II se curvasse num gesto simbólico de trabalho, com uma pá de prata e um carrinho de jacarandá. A humilhação foi tanta que o imperador guardou forte ressentimento. A metáfora do gesto estava clara: todos deveriam obter seus recursos pela via do trabalho, inclusive a aristocracia acostumada a viver explorando os escravos.

Mauá foi um ilustre empreendedor, o maior que já existiu no Brasil. Bastante esforçado desde pequeno, educado por um comerciante inglês, trilhou uma incrível trajetória de sucesso, se tornando o homem mais rico do país. Foi um inovador, trouxe enorme progresso para o Brasil em diversas áreas, fundou seu Banco do Brasil, inovou com um tratamento isonômico entre homens livres e escravos, enfim, foi de uma relevância sem igual para os avanços de nossa nação. Foi o ícone de uma mentalidade que infelizmente representa uma minúscula minoria na terra brasilis, do herói Macunaíma, onde parasitar rende mais que lutar por conta própria para vencer na vida.

Comparar a vida de Mauá com a vida do presidente Lula é crucial para a constatação de nossa triste realidade. Permite que possamos entender melhor os motivos do país ser o eterno gigante adormecido, desperdiçando oportunidade atrás de oportunidade para virar uma potência mundial. Afinal, os dois representam rumos diametralmente opostos, e a história brasileira é a história onde o tipo de Lula predomina sobre o estilo Mauá.

Ambos foram muito pobres na infância, e Irineu começou a trabalhar aos 9 anos de idade, após a morte de seu pai. Aprendeu rápido as coisas, foi um autodidata, aproveitava as horas vagas para a leitura de bons livros, mostrou-se confiável e galgou responsabilidades maiores no seu trabalho, até ser contratado por Carruthers, comerciante inglês de sucesso. Teve que se virar para aprender a língua estrangeira sozinho, em pouco tempo. Comparemos isso com a trajetória de Lula, que jamais esforçou-se sequer para aprender sua língua natal de forma correta, ainda que tivesse todo tempo e dinheiro do mundo para tanto. Mauá demonstra a obstinação da vitória, o desejo de subir na vida sem depender dos outros. Lula aparece como o acomodado que logo descobriu que repetir bravatas para multidões de insatisfeitos era mais vantajoso que trabalhar duro. Enquanto um focava na construção de riqueza, o outro pensava em como tirar riqueza dos demais. Uma diferença gritante.

O progresso inglês sempre foi um grande motivador para Mauá, que sonhava em replicar no Brasil o sucesso externo. Copiar modelos bem sucedidos parecia algo lógico para Mauá, que gostaria de ver seu país progredindo, com ferrovias, luz, indústrias etc. O livre comércio era o evidente caminho para tanto, e Mauá sabia disso, defendendo tal modelo num país atrasado, onde a agricultura na base da escravidão era vista como o rumo correto. Mauá foi uma voz de bom senso numa multidão de retrógrados. Já Lula usa o sucesso alheio para alimentar a inveja do povo, fala dos Estados Unidos como se a riqueza deles tivesse sido criada às custas de nossa miséria, vai na contramão da trajetória de maior abertura comercial e liberdade econômica. Se Mauá teve como enorme obstáculo ao seu empreendedorismo o aparato estatal, Lula representa justamente este, contra todos os que tentam empreender num país que faz tudo para tornar isso impossível, com carga tributária gigante, burocracia asfixiante, rígidas leis trabalhistas, ausência de império da lei etc.

Na questão ética é até covardia comparar Mauá com Lula. Quando o já Visconde de Mauá estava à beira da bancarrota, usou seus bens pessoais para honrar as dívidas com terceiros, chegando a vender as jóias de sua mulher. Não queria deixar os outros na mão, e pretendia honrar seu nome. Lula, além de presidir o governo mais corrupto que já existiu, com inúmeros ministros e funcionários de confiança envolvidos em escândalos de corrupção, utiliza o dinheiro dos outros para comprar votos e se manter no poder. Libera verbas para agradar políticos, aumenta os salários antes das eleições para comprar votos, distribui esmolas para manter os pobres sob seu domínio, tudo com o dinheiro dos pagadores de impostos. Ignora totalmente a questão ética, pois considera que o fim – no caso manter-se no poder – justifica quaisquer meios, por mais espúrios que sejam. Há um abismo moral que separa alguém como Mauá de alguém como Lula.

Em resumo, Mauá é o ícone do empreendedor, do homem que faz, daquele que cria riqueza, trazendo progresso e empregos para seu país, mesmo que diante de muita adversidade. Já Lula é a adversidade em pessoa, representa o obstáculo para os criadores de riqueza, o parasita que suga a riqueza dos outros, o populista que joga pobres contra ricos para se sair bem. Se Mauá é o tipo de homem que toma iniciativas, Lula é o tipo que apenas critica. Se Mauá é o tipo que assume riscos, Lula é o tipo que se aproveita do risco tomado por terceiros. Se Mauá é o tipo que busca soluções, Lula é o tipo que fica apenas lamentando. Se Mauá soma, Lula divide. Se Mauá assume responsabilidades, Lula aponta culpados, ainda que bodes expiatórios. Se Mauá consegue acabar com a fome de muitos gerando empregos, Lula limita-se a repetir que vai acabar com a fome mundial, num patético devaneio de megalomania. Se Mauá é o hospedeiro, Lula é o parasita.

Infelizmente, o povo brasileiro demonstra preferir os valores errados, enaltecendo a figura de um Lula, enquanto condena os empresários, o lucro, a iniciativa privada. Enquanto estes forem os valores escolhidos pelo povo brasileiro, o Brasil jamais será a potência que pode ser. Irineu Evangelista de Souza sonhou com um país diferente. Ao que parece, os entraves criados pelo Estado têm, desde então, impossibilitado que tal sonho realize-se, muitas vezes transformando-o em pesadelo. Resta ao povo, se quiser um caminho diferente, escolher: Mauá ou Lula?
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