17 de ago. de 2006

Brasil Corrupto! - por Pedro Oliveira, Jornalista

pedrojornalista@uol.com.br

Aliado ao tema do controle do poder está o dos desvios aos quais este se encontra submetido, o que se costuma designar pelo termo CORRUPÇÃO. Etimologicamente a palavra vem do latim corruptio, no sentido de deterioração, alteração, depravação, adulteração. O correspondente verbo corruptere designa rebentar ou fazer rebentar, como ocorre com as frutas podres ou com a carne estragada. Analógica e metaforicamente, tal podridão, em sua virtude destrutiva, acena para podridão moral dos homens e das suas instituições.

Todos os dias temos lido e assistido pela imprensa denúncias de corrupção e favorecimentos ilícitos em todas as esferas de governo de nosso País. São compras sem licitações, contratações irregulares, desvios de recursos públicos. Essas práticas têm se tornado cada dia mais evidentes e constantes.

Ainda nos últimos dias uma revista de circulação nacional trouxe como sua matéria principal a desenfreada corrupção em órgãos da União e dos Estados, mostrando um quadro vergonhoso de administradores comprometidos com o saque ao erário, a irresponsabilidade administrativa, moral e o legal. Segundo a publicação o rombo nas 5.560 prefeituras municipais brasileiras chega anualmente ao escandaloso montante de 20 bilhões de reais. O volume de desvio de recursos públicos federais, nos municípios aumentou quatrocentos por cento nos últimos quatro anos.

Uma prova de que os administradores públicos hoje estão bem mais corruptos que ontem, mesmo com a entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal, que supostamente surgiu para coibir a irresponsabilidade de muitos e proteger a seriedade de poucos.

Na reportagem a revista mostra a cara e o crime de agentes políticos em todas as esferas da administração que roubaram descaradamente ou deixaram roubar, o que é a mesma coisa.

Nos procedimentos licitatórios estão as maiores incidências de fraude e corrupção. Processos dirigidos, viciados e eivados de irregularidades que comprometem a legalidade e a moralidade dos atos da administração. E o pior: a impunidade ainda é o maior propulsor dessa desordem generalizada. Muitos ainda confiam na inércia dos órgãos fiscalizadores, na convivência com o “jeitinho brasileiro” e na morosidade da nossa Justiça, quase sempre tão injusta.

E os mensalões, sanguessugas, corrupção desenfreada nos luxuosos tapetes e gabinetes do senado Federal e da Câmara dos Deputados e até do Palácio do Planalto? Não é sem motivo que o próprio presidente da República por estes dias garantiu, num ato aparentemente falho, que o seu governo “iria combater a ética”. Não poderia ser diferente diante das excrescências que formam o poder ao seu lado.

Na verdade nossos administradores públicos de hoje são o retrato vivo da frase do escritor, jornalista e político Menotti Del Picchia :”Política é a arte de conciliar os interesses próprios,fingindo conciliar os dos outros”. Para onde vamos?

Jornalista e Presidente do Instituto Cidadão.

Reproduzido do Argumento & Prosa
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