11 de jul. de 2006

O JUMENTO - por Ralph J. Hofmann

Lá vinha o jumento sobrecarregado com quatro puçás cheios até a borda com batatas. Coisa para muitos quilos. Exagero do chacareiro, mas o jumento fazia o que podia.

Passando ao lado de um poço abandonado a terra cedeu e o jumento caiu dentro do poço. Imediatamente ficou desacordado. O dono do jumento conseguiu enganchar os puçás e salvar a maioria das batatas. Mas não via maneira de resgatar o jumento.

Nessa altura o jumento recuperara a consciência e começara a zurrar reclamando. O pessoal do local avisou o chacareiro dono do jumento de que assim não podia ser. Tinha de fazer algo.

Esse, não trazia arma nenhuma para sacrificar o animal. Então pediu ajuda e começaram a atirar terra para dentro do poço. Assim sacrificariam o jumento e evitariam o cheiro do animal em decomposição.

Ora, após algum tempo jogando terra o chacareiro reparou que o jumento não zurrava mais. Olhou para dentro e viu que o animal conseguira se levantar dentro do poço, e, à medida que a terra caia nas suas costas sacudia-se, e compactava a terra com as patas. Dentro de pouco tempo conseguiu saltar o último metro saiu para procurar água e pasto.

A moral desta história poderia ser:

“Nunca desista! Sempre há esperança!”

Mas existe a outra parte da história.

Tendo ido ao córrego mais próximo, saciado a sede, comido um pouco de pasto, rolado no chão para soltar um pouco do barro da sua pele o jumento voltou para o seu dono, mordeu os fundilhos do mesmo, causando uma septicemia que veio a matá-lo.

Agora nós jumentos mandamos esse provérbio aos chacareiros de Brasília.

“Hoje podes errar e roubar de pobres jumentos e depois enterrar teu erro para tirar o rabo da reta. Amanhã o jumento poderá morder/comer o teu rabo.”

Com autorização do Ralph J. Hofmann