12 de jul. de 2006

A REVOLUÇÃO SILENCIOSA - por Diego Casagrande, jornalista

Não espere tanques, fuzis e estado de sítio. Não espere campos de concentração e emissoras de rádio, tevê e as redações ocupadas pelos agentes da supressão das liberdades. Não espere tanques nas ruas. Não espere os oficiais do regime com uniformes verdes e estrelinha vermelha circulando nas cidades. Não espere nada diferente do que estamos vendo há pelo menos duas décadas.

Não espere porque você não vai encontrar, ao menos por enquanto.

A revolução comunista no Brasil já começou e não tem a face historicamente conhecida. Ela é bem diferente. É hoje silenciosa e sorrateira. Sua meta é o subdesenvolvimento. Sua meta é que não possamos decolar. Age na degradação dos princípios e do pensar das pessoas. Corrói a valoração do trabalho honesto, da pesquisa e da ordem. Para seus líderes, sociedade onde é preciso ser ordeiro não é democrática. Para seus pregadores, país onde há mais deveres do que direitos não serve. Tem que ser o contrário para que mais parasitas se nutram do Estado e de suas indenizações. Essa revolução impede as pessoas de sonharem com uma vida econômica melhor, porque quem cresce na vida, quem começa a ter mais, deixa de ser “humano” e passa a ser um capitalista safado e explorador dos outros. Ter é incompatível com o ser.

Esse é o princípio que estamos presenciando. Todos têm de acreditar nesses valores deturpados que só impedem a evolução das pessoas e, por conseqüência, o despertar de um país e de um povo que deveriam estar lá na frente.

Vai ser triste ver o uso político-ideológico que as escolas brasileiras farão das disciplinas de filosofia e sociologia, tornadas obrigatórias no ensino médio a partir do ano que vem. A decisão é do ministério da Educação, onde não são poucos os adoradores do regime cubano mantidos com dinheiro público. Quando a norma entrar em vigor, será uma farra para aqueles que sonham com uma sociedade cada vez menos livre, mais estatizada e onde o moderno é circular com a camiseta de um idiota totalitário como Che Guevara.

A constatação que faço é simples. Hoje, mesmo sem essa malfadada determinação governamental - que é óbvio faz parte da revolução silenciosa - as crianças brasileiras já sofrem um bombardeio ideológico diário. Elas vêm sendo submetidas ao lixo pedagógico do socialismo, do mofo, do atraso, que vê no coletivismo econômico a saída para todos os males. E pouco importa que este modelo não tenha produzido uma única nação onde suas práticas melhoraram a vida da maioria da população. Ao contrário, ele sempre descamba para o genocídio ou a pobreza absoluta para quase todos.

No Brasil, são as escolas os principais agentes do serviço sujo. São elas as donas da lavagem cerebral da revolução silenciosa. Há exceções, é claro, que se perdem na bruma dos simpatizantes vermelhos. Perdi a conta de quantas vezes já denunciei nos espaços que ocupo no rádio, tevê e internet, escolas caras de Porto Alegre recebendo freis betos e mantendo professores que ensinam às cabecinhas em formação que o bandido não é o que invade e destrói a produção, e sim o invadido, um facínora que “tem” e é “dono” de algo, enquanto outros nada têm. Como se houvesse relação de causa e efeito.

Recebi de Bagé, interior do Rio Grande do Sul, o livro “Geografia”, obrigatório na 5ª série do primeiro grau no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Os autores são Antonio Aparecido e Hugo Montenegro. O Auxiliadora é uma escola tradicional na região, que fica em frente à praça central da cidade e onde muita gente boa se esforça para manter os filhos buscando uma educação de qualidade. Através desse livro, as crianças aprendem que propriedades grandes são de “alguns” e que assentamentos e pequenas propriedades familiares “são de todos”. Aprendem que “trabalhar livre, sem patrão” é “benefício de toda a comunidade”. Aprendem que assentamentos são “uma forma de organização mais solidária... do que nas grandes propriedades rurais”. E também aprendem a ler um enorme texto de... adivinhe quem? João Pedro Stédile, o líder do criminoso MST que há pouco tempo sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros. O mesmo líder que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros pertence. Ele relata como funciona o movimento e se embriaga em palavras ao descrever que “meninos e meninas, a nova geração de assentados... formam filas na frente da escola, cantam o hino do Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do MST”.

Essa é a revolução silenciosa a que me refiro, que faz um texto lixo dentro de um livro lixo parar na mesa de crianças, cujas consciências em formação deveriam ser respeitadas. Nada mais totalitário. Nada mais antidemocrático. Serviria direitinho em uma escola de inspiração nazi-fascista.

Tristes são as conseqüências. Um grupo de pais está indignado com a escola, mas não consegue se organizar minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de livro didático do currículo do colégio. Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão travestida de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não são minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim. A revolução silenciosa avança e o guarda de quarteirão é o medo do que possam pensar deles.

O antídoto para a revolução silenciosa? Botar a boca no trombone, alertar, denunciar, fazer pensar, incomodar os agentes da Stazi silenciosa. Não há silêncio que resista ao barulho.

O autor é Editor do site homônimo Diego Casagrande

NOSSO IMPERADOR – NERO? - por Ralph J. Hofmann

O Ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia abertamente, publicamente, em entrevistas à imprensa, expõe uma situação em que, segundo ele, a Petrobras não poderá resistir suas exigências de um aumento de 100% sobre o valor do gás importado da Bolívia. Vincula inclusive a necessidade política do Presidente Lula de evitar uma falta de gás num ano de eleições.

Poderíamos comparar as atitudes dos bolivianos para com o Brasil como se fossemos jogadores de futebol de várzea num campo de terra em dia de chuva. Tendo derrubado um jogador inimigo, a Bolívia passa a esfregar a cara do oponente numa poça barrenta e gosmenta.

Onde estão os brios do Brasil numa hora dessas? Jogador de pelada que se preza revida com uma joelhada na virilha. E se o juiz interferir, leva também.

Mas e o Brasil? Fica discutindo um empréstimo do BNDES para obras na Bolívia.

Adicione-se a isso o fato de que o filho de um deputado boliviano, o Sr. Herbas Camacho, hoje está refestelado numa prisão de máxima segurança no Brasil, preso e condenado por narcotráfico, ditando condições a governantes brasileiros enquanto seus comandados cometem atos de terror contra as famílias de policiais e guardas.

Para bom entendedor, meia palavra basta. O principal banco de fomento do país está financiando a Bolívia, que oficiosamente entrou em guerra com o Brasil. Acumulam-se nos institutos médico legais os cadáveres de vítimas desta guerra, portanto não é uma guerra de setas de papel atiradas com atilhos de borracha. É uma guerra total, indiscriminada, pois atinge civis em ônibus e filhos desarmados dos combatentes.

Na impossibilidade de invadir o país vizinho, dadas as convenções sociais que tantos séculos nos levaram para alcançar, assim como na falta de empenho das autoridades brasileiras em simplesmente isolar completamente os negociadores dos bandidos que hoje agem como se fossem ministros de uma nação, creio que existe uma perspectiva de uma nova chacina de Carandirú. Afora isto parece improvável que as forças policiais e agentes penitenciários confiem em que sentenças do judiciário venham a coibir uma situação em que seus colegas não morrem em confrontos normais de bandidos flagrados atirando em policiais para fugir, senão um quadro em que agentes da lei são ativamente caçados em seus horários de lazer com perigo às suas famílias.

Neste momento os policiais têm duas alternativas. Vender seus serviços de corpo e alma aos criminosos ou reagir com violência. Os policiais que passem ao ataque estarão agindo contra a lei, mas com o aplauso da população. Ante o volume atual de ataques, terão perdido qualquer respeito pelas normas que juraram defender, pois em última instância são eles que estão sendo mortos no cumprimento da lei, enquanto a lei mantém vivos e poderosos seus algozes. Nessa altura a regra mais forte passa a ser a Pena de Talião.

Mas, no que diz respeito ao Ministro Solis, da Bolívia, se o preço do gás passar a curto prazo de US$ 3,80 para US$ 7,00 (ou mais), segundo seu discurso, cabe ao Brasil ou à Petrobras neste momento buscar gás no mundo mesmo que seja a US$ 9,00, e encerrar unilateralmente, imediatamente as compras da Bolívia. Que o Ministro Solis venda tudo para o Chávez. A Venezuela não tem como consumir tanto de uma hora para outra. Seria mais dinheiro a fundo perdido na Bolívia.

Nos tempos das vendas com ágio no Brasil, nos anos 80, os fornecedores de certos produtos siderúrgicos colocaram a indústria de fundição contra a parede com a cobrança de ágios altíssimos. A empresa à qual eu pertencia, que tinha direito a importar matérias primas em “drawback”, na impossibilidade de um acordo razoável importou de um fabricante no exterior um estoque de vários meses, e colocou sua fonte do produto às ordens de todos os filiados à associação que congrega as fundições. Em dois meses o ágio, que representava milhões de dólares, desapareceu deste setor.

Os problemas de suprimentos energéticos são idênticos ao problema comercial acima. Na ocasião optamos por gastar o que fosse necessário, mas não nos curvarmos ante uma chantagem.

Antes de sair pelo mundo vendendo uma experiência incipiente de biodiesel, nosso governo deveria estar correndo mundo para acertar compras de gás para isolar a Bolívia. Deveria estar abrindo processos de perdas e danos contra a Bolívia por denúncia unilateral de um projeto de longa data.

É absurdo. Um país vizinho está em guerra, econômica e física contra nós. E nós agimos como se nada houvesse.

Lula tem sido chamado de 51 e outros apelidos. Mas hoje ele lembra o Imperador Nero. Toca harpa ou violino enquanto Roma arde em chamas.

Com autorização do Ralph J. Hofmann