1 de set. de 2006

O Brasil imperialista - por Arthur Chagas Diniz*

Há alguns anos, era comum entre a esquerda brasileira nomear os norte-americanos como “imperialistas”. Interessante é que quando caracterizavam o “imperialismo”, os comuno-socialistas se referiam, com grande ênfase, à produção no Brasil de investidores norte-americanos. Colgate, Gessy Lever, Palmolive, Johnson & Johnson, entre muitas outras, eram a maior evidência do imperialismo ianque. O capital estrangeiro – desde que norte-americano – era o principal agente do imperialismo.

O mundo mudou e hoje empresas e empresários brasileiros investem no exterior US$ 95 bilhões, mais ou menos – a metade do investimento norte-americano aqui registrado. Isso é bom? É ruim?

O capital busca sempre a melhor remuneração, considerada dentro dela a variável risco. O Brasil ficou caro. E, mais do que caro, instável. Ficou barato investir fora, diretamente ou através de paraísos fiscais. Ficamos (Brasil) cada vez mais caros e mais fracos institucionalmente.

É ruim que o investidor brasileiro construa fábricas no exterior? Não, mas seria melhor se ele se sentisse estimulado a investir no Brasil e exportar seus produtos. Ocorre que o excesso de impostos, a taxa interna de juros, a legislação trabalhista, a instabilidade institucional e a supervalorizada taxa de câmbio fazem o capital migrar e, com isso, não se criam novos empregos na indústria.

O chamado “setor terciário” que, teoricamente, deveria absorver a mão-de-obra dispensada pela indústria, cada vez mais produtiva, precisa de um período de adaptação que, para boa parte dos trabalhadores, é quase impossível realizar.

Os políticos brasileiros, qualquer que seja o seu matiz ideológico, precisam levar em conta que o capital é apátrida e que ele sempre vai buscar a melhor remuneração e o menor risco institucional. A corrupção, às vezes, ajuda a realizar alguns negócios, mas, quando é sistêmica, eleva os custos de transação e é, portanto, indesejável. A burocracia brasileira é uma das quatro ou cinco piores do mundo em termos de velocidade. Reduzir impostos sem cortar custos correntes é absolutamente impossível, já que, virtualmente, o governo não investe em capital fixo (estradas, hidrovias, portos, usinas, etc.) e dificulta a entrada de investidores privados.

Existem, até hoje, pessoas no Governo que acreditam que a privatização da telefonia e a concessão à exploração de estradas de rodagem foram crimes de lesa-pátria.

É neste país de contrastes que o Brasil imperialista (investidor externo) busca sua inserção na economia internacional.

* Presidente do Instituto Liberal.

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