Deu domingo na coluna de Elio Gaspari, publicada nos dois maiores jornais do Brasil (Folha e "O Globo", respectivamente): "São muitas as coisas que Lula não sabe, mas "nosso guia" sabe que, se o sigilo bancário de Paulo Okamotto for aberto, sua candidatura à reeleição será um capítulo encerrado".
Em um país minimamente sério, teria acontecido alguma das seguintes reações -ou todas elas:
1 - O presidente da República iniciaria ação judicial contra o jornalista, dizendo-se indignado com "a injúria, difamação e calúnia" insinuadas na nota;
2 - O Ministério Público também teria tomado providências, na medida em que está recebendo uma, digamos, "notícia-crime" de gravidade suficiente para impedir a recandidatura do presidente da República;
3 - A oposição, o Congresso Nacional e as entidades da sociedade civil se teriam mobilizado para esclarecer os fatos, seja estabelecendo que a nota não tem o menor fundamento, seja pondo à luz do dia, como convém na democracia, o que esconde Paulo Okamotto.
Como o Brasil, definitivamente, não é nada sério, não se tinha notícia, até o meio da tarde de ontem, de qualquer uma dessas reações.
O que, de resto, combina com a natureza do eleitor brasileiro, que, como já foi dito neste mesmo espaço, "sublimou" a corrupção. Provas?
1 - Na pesquisa Datafolha publicada domingo, 83% dos pesquisados dizem que o presidente da República tem muita ou, ao menos, alguma responsabilidade pela corrupção em seu governo (que, de resto, 79% dizem que existe). Mas, no mínimo, 40% votarão nele.
Prova 2 - Em 1998, a percepção de corrupção no governo FHC era bem similar. Foi eleito no primeiro turno.
É a aplicação prática da tese do "todos fazem" (trambique). E é também o habeas corpus para que cada um vote no seu "corrupto" sem rubor.
Fonte: Diego Casagrande
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