7 de ago. de 2006

O Ditador Amigo - por Rodrigo Constantino

Dois Monstros

Rodrigo Constantino

A coisa mais rara de se encontrar é o fato de existir quem alie a razão ao entusiasmo.” (Voltaire)

Recebi algumas entusiasmadas críticas – na verdade, agressões chulas – por conta de um artigo onde desejava a morte do ditador cubano, Fidel Castro. Espanta a quantidade de pessoas que ainda defende o regime assassino em Cuba. Não são analfabetos que ignoram por completo as informações disponíveis sobre a realidade da ilha caribenha, mas sim gente com acesso à internet e tudo mais que o capitalismo pode nos propiciar – e portanto ausentes em Cuba. São ignorantes voluntários, que se negam a enxergar os fatos. A paixão deles na defesa do indefensável denota total ausência de vestígio racional naquilo que chamamos de cérebro. Defensores de Fidel Castro não merecem o rótulo de homo sapiens – no máximo homo erectus, mas com receio de estar ofendendo nossos antepassados.

Como não existe um único argumento lógico na defesa do el comandante -– atualmente mais para el coma andante – seus defensores forçam um “argumento” utilitarista: a melhora nas condições de vida do povo cubano. Ainda que fosse verdade – e nada mais longe da verdade que isso – tal melhora jamais justificaria um regime ditatorial, opressor, violento e assassino, responsável por dezenas de milhares de mortes, assim como o maior êxodo já visto, com boa parcela da população – a que conseguiu fugir no meio de tubarões – morando em Miami, para fugir do “paraíso” cubano. Por falar em paraíso, o que desejo para Fidel após sua morte é que ele viva num lugar justamente como Cuba – só que como um simples cidadão, sem seus poderes políticos. É um bom castigo.

Mas voltando ao “argumento” utilitarista, resta perguntar porque o defensor de Fidel é, ao mesmo tempo, um grande combatente de Pinochet. Comparemos alguns números. Fidel assumiu o comando de Cuba enquanto esta era a quarta economia da América Latina. Está certo que isso não era grande coisa, já que a região toda era muito pobre – o que pouco mudou. Mas o fato é que Fidel conseguiu piorar – e muito – a situação. A economia cubana está na lanterna hoje, depois do vigésimo lugar na região, mesmo com bilhões de dólares de ajuda anual da União Soviética. O Chile, ao contrário, é o país mais sólido da vizinhança, e tem crescido 6% ao ano. A renda per capita chilena saiu de US$ 1.800 em 1973 para US$ 4.700 em 1996; a mortalidade infantil caiu de 66 por cada mil nascimentos em 1973 para 13 em 1996; o acesso à água potável subiu de 67% para 98% da população; e a expectativa de vida foi de 64 anos para 73 anos. Nada mal. Quando levamos em conta que morreram no Chile de Pinochet cerca de 3 mil pessoas, sendo que praticamente metade das mortes ocorreu no primeiro ano da ditadura, durante uma guerra civil com os comunistas revolucionários, fica irresistível questionar qual o critério que os defensores de Fidel utilizam para absolvê-lo enquanto condenam Pinochet. Seria o tamanho da barba? Seria a capacidade de longos discursos retóricos? Seria a quantidade de filhos? Sem dois pesos e duas medidas, os socialistas não agüentam viver um segundo sequer.

Em 1988, Pinochet realizou um referendo popular onde o candidato da junta, ligado a ele, venceu com 44% dos votos – mais do que Allende havia obtido em 1973. Ainda assim, Pinochet respeitou a Constituição, que afirmava serem necessários mais de 50% dos votos, e anunciou sua saída do governo. Fidel Castro continua comandando com mão de ferro a ilha-presídio por desastrosos 47 anos. Ao ficar doente, o que fez o camarada de Lula? Passou o poder ao irmão, como se a ilha fosse sua propriedade privada. Lula ainda fala em respeitar a vontade do povo cubano. Que povo está tendo a liberdade de exercer sua preferência? O povo cubano não tem direito a ter vontades. Deve apenas seguir como autômato o mando do ditador, adorado por nossos “intelectuais” ricos e governantes – invejosos do tamanho do poder de Fidel.

Os utilitaristas mentirosos, que bradam aos ventos as “melhorias” de Cuba durante a ditadura de Fidel, precisam explicar o fato de que em 1959, antes da revolução castrista, Cuba e Porto Rico tinham uma renda per capta similar, ao passo que hoje o último tem quase dez vezes mais renda que o primeiro. Não foi necessário trucidar oponentes políticos, acabar com a liberdade do povo nem criar um paredon para isso.

Como alguém ainda consegue defender um assassino como Fidel Castro? Albert Einstein disse que duas coisas eram infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas ele não estava certo sobre o universo! De fato, quando vemos a reação apaixonada dos defensores de Fidel quando apenas mostramos alguns fatos, ou chamamos um ditador de... “ditador”, fica evidente que Einstein tinha razão nesse ponto. A estupidez humana parece mesmo infindável. Espero que a vida de Fidel Castro, pelo menos, não seja. E que, de preferência, ele sofra bastante antes de morrer, pelo tanto que infligiu de sofrimento ao povo cubano.

Que o diabo lhe carregue, Fidel. Isso, claro, se o capeta não tiver medo de ser substituído por você no comando do inferno. Afinal, seu currículo mostra grande experiência na gestão deste ramo...

Amigo do Apedeuta, não nosso!

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