19 de ago. de 2006

Pesquisa e atraso - por Arthur Chagas Diniz*

Jaime Amorim, líder do MST em Pernambuco, anunciou que o movimento efetuará 135 novas invasões de terra. Diz isto com a mesma tranqüilidade com que o PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa de bandidos de São Paulo, seqüestra repórteres, mata carcereiros, incendeia ônibus e supermercados, bancos e outros estabelecimentos comerciais. Os criminosos do PCC correm, sempre, o risco de serem mortos ou presos porque estão cometendo ilegalidades. Para os invasores de propriedades rurais privadas, crime capitulado, não há preocupações. O pior que lhes pode ocorrer é, depois da invasão, da depredação da propriedade, do abate de animais e da quebra de tratores e equipamentos, serem obrigados a sair por força de mandados de reintegração de posse.

Diga-se de passagem que as polícias estaduais cumprem esses mandados com enorme má vontade. Se o proprietário resolver reagir e, para isso, contratar seguranças, ele, de imediato, se transforma em criminoso e é preso. A propriedade privada, embora não legalmente, deixou de ser um direito. A invasão de propriedade (urbana ou rural) que é textualmente criminosa não merece o uso da coerção. Diga-se, a bem da verdade, que o MST é financiado pelo Governo e por organizações estrangeiras que não acreditam no direito de propriedade.

Como no Brasil tudo conduz ao lobby e à rapinagem, fazendeiros espertos conseguem superavaliações de suas propriedades e vultosas desapropriações. O INCRA e o Banco do Brasil conhecem bem essa história. Mas o MST não é apenas uma organização criminosa, embora não recue diante do uso de meios que civilizadamente seriam chamados criminosos. O MST tem uma ideologia e recentemente seu líder nacional, João Pedro Stédile, a divulgou no recinto fechado da ESG (Escola Superior de Guerra), sem reação visível do corpo de alunos. O que pretendem Stédile e seus companheiros impor é o fim da propriedade privada e o retorno à era da chamada “agricultura familiar”. Abaixo os agronegócios!, enuncia o líder do MST.

O agronegócio, que tem sido fundamental às exportações brasileiras e motivo de orgulho, pela elevada produtividade, é o inimigo a vencer, pensa Stédile. E o que isto tem a ver com a pesquisa? A pesquisa no Brasil concentrou-se maciçamente na Universidade e em empresas estatais. Isso se deveu especialmente à falta de incentivos à aplicação de recursos em pesquisas nas empresas privadas, à burocrática demora no registro de novas descobertas e invenções e à baixa proteção ao direito de propriedade industrial.

O assunto vai longe, mas o que é pertinente à questão em exame é o sucesso que teve o campo brasileiro graças, em grande parte, às pesquisas desenvolvidas pela Embrapa. Elas permitiram o desenvolvimento de novas sementes, novas tecnologias de plantio, colheita e armazenamento. Transgênicos são resultado de pesquisas.

O MST é contrário ao desenvolvimento de pesquisas que beneficiem a produtividade nas grandes propriedades que são a base do agronegócio e o governo petista tem não apenas remanejado as verbas destinadas a pesquisas de técnicas de exploração de grandes extensões como, para fazê-lo, tem tripulado a direção da Embrapa com sindicalistas e petistas desclassificados para a função. Não é por mero acaso que, há menos de um ano, o MST destruiu laboratórios e plantações da Aracruz onde se desenvolviam, há 20 anos, estudos sobre a melhoria genética de sementes de eucalipto. A Monsanto teve igualmente destruídas sua plantação experimental de transgênicos.

É assim que caminha o atraso: organizações sustentadas pelo Estado, saudosas do período stalinista, querem rever agora as pesquisas porque o desenvolvimento trabalha contra as doutrinas exóticas como é o socialismo.

* Presidente do Instituto Liberal

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