12 de ago. de 2006

"ÇA IRA" - por Ralph J. Hofmann - (tem também do Roger Waters)

Le peuple armé toujours se gardera
Le vrai d'avec le faux l'on connaîtra
Le citoyen pour le bien soutiendra

O Povo sempre se defenderá
Vamos diferenciar o verdadeiro do falso
O cidadão apoiará o bem


“Ça irá” e “La Carmagnolle” o povo que acompanhava a guilhotina portátil de cima abaixo pela França decepando cabeças fornecia com essas canções o fundo musical do cerimonial macabro, em que após executar todos os aristocratas que lhes caíram nas mãos, a revolução tratou de eliminar os líderes alternativos, os desafetos e os inimigos pessoais.

Mas o que era o bem? Quem era verdadeiro, quem era falso? O cidadão apoiará o bem? Que bem? Como identificar o bem?

Na prática a teoria sempre é outra. Os ideais servem até a tomada do poder. Fidel Castro dizia que lutava para tirar Batista do poder. Depois neutralizou ou assassinou todos os outros líderes do movimento.

Cromwell eliminou o rei Carlos I da Inglaterra. Poucos anos depois, mortos seus opositores dentro do próprio movimento parlamentarista (que cobrava poderes para o parlamento) ou exilados nas colônias das Américas, fechou o parlamento e institui as exatas medidas que haviam levado o rei ao cadafalso.

Parece com alguma coisa que já vimos? Digamos entre 2003 e 2006, no Brasil? Após a tomada do poder, o governo PT não veio a reconhecer que muitas das ações do governo anterior eram essenciais como medidas estabilizadoras da economia para posteriores reformas?

Só faltou a guilhotina. Mas esperem! As coisas não terminaram ainda. Volitando à comparação com a Revolução Francesa, agora temos exércitos de facções errando pelo país. MST, MLST, Ação Isso, Camponeses Aquilo, PCCs com carteirinha assinada e mensalidade. Qualquer dia um saudosista entra na Wikipedia e resgata um projeto de guilhotina sobre rodas.

Potencialmente há outra situação dos séculos 17 e 18. Quando cansados de pagar impostos decididos por maiorias parlamentares que não os representavam, leais súditos ingleses se viram subitamente lutando contra o poder do parlamento inglês. Aquele mesmo parlamento inglês que resistira o Rei Charles quando impusera impostos à sua revelia e que, posteriormente reinstituído por Cromwell, fora fechado por ele após resistir impostos instituídos sem respeito às suas decisões.

Esse evento foi a Guerra da Independência Americana. Colonos Ingleses defendendo ideais ingleses de democracia parlamentar contra leis instituídas a sua revelia por um parlamento inglês onde não tinham representação.

Já se constatou este ano que mais uma vez o governo brasileiro antecipou suas receitas em trinta dias, que 50% do PIB potencial (calculado com otimismo, ou reconhecendo que a economia informal é de igual tamanho que a formal) já foi extorquido dos contribuintes até agora.

O governo, utilizando medidas provisórias, contorna o parlamento, quando não o compra. O parlamento não respeita a distribuição populacional. Os orçamentos são obras de ficção. Temos uma nova aristocracia. Os antigamente éticos líderes petistas.

O que é um aristocrata na acepção do século 18. Vive de rendas, não trabalha e mantém o poder mesmo quando não sabe o que fazer com ele pelo país. Aumenta os impostos para realizar projetos próprios, como castelos e monumentos em sua própria honra.

Lula não trabalha há 30 anos, vive de pensões e salários a que não faz jus pelo trabalho que executa. Quando quer, toma mais impostos para realizar projetos que o façam parecer “Lula, o ungido”. Faltou alguma coisa?

A canção “Ça ira” tem um estribilho.

“Ah ça ira, ça ira, ça ira
Les aristocrats a la lanterne”

Ou seja “penduremos os aristocratas nos postes de luz”.

Nesta altura a idéia não é de todo descartável. Ou é?
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Álbum(CD) lançado em 2005 por Roger Waters. Dizem que é uma ópera. Como não me importo com o que dizem, ouvi-lo é simplesmente delicioso.

Mr Waters está em turnê mundial com este trabalho.

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