8 de ago. de 2006

Assunto de família? - por Percival Puggina

© 2006 MidiaSemMascara.org

A imprensa registra, periodicamente, fatos exóticos ou escandalosos envolvendo iniciativas pedagógicas no campo da educação sexual. Quando isso acontece, os pais, que provavelmente andavam preocupados com o assunto, preocupam-se ainda mais, enquanto escolas e autoridades que pretendiam avançar nesse campo refluem de suas intenções. O tema é delicado. Afinal, educação sexual é necessária? Sim, e muito. Nas escolas? Também. Só para os alunos? Não. Os equívocos que se tem percebido nas experiências feitas nesse campo decorrem de idéias erradas sobre o que seja educação.

A liberdade com que o temário é abordado nos meios de comunicação tem feito com que as crianças deste início de milênio pareçam ter vindo ao mundo perfeitamente a par dos “fatos básicos da vida” (como se dizia antigamente), da mesma forma como parecem nascer gostando de ketchup e sabendo mexer com relógio digital, telefone celular e computador.

A necessária educação sexual não deve ser confundida com simples instrução sobre anatomia, desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e fisiologia do ato. Menos ainda há de ser vista como simples oportunidade curricular de orientar a gurizada para a prática do chamado sexo seguro. Educação vai muito além da simples informação.

Por paradoxal que possa parecer, quanto mais os jovens dão sinais de estarem informados sobre sexo, mais evidências fornecem de andarem desorientados a respeito dos muitos aspectos da vida sexual que transbordam da questão anatômica e fisiológica e que envolvem o caráter incomparavelmente humano da sexualidade. Ao contrário do que a cultura contemporânea se empenha em sustentar, nenhuma ação humana é apenas animal. Se tudo o que fazemos é humano por natureza, que dizer do ato com que a própria vida tem origem? Quanto mal produz quem transmite a jovens e a adultos conceitos que reduzem o sexo a artigo de consumo, a pessoa ao corpo, e o corpo a um parque de diversões!

A única faixa etária em que cresce o índice de natalidade é a da adolescência. É fácil presumir a quantidade de dramas ocultos por trás dessas estatísticas. Elas refletem relações desordenadas que começam por onde as afeições maduras e bem sucedidas tendem a chegar. Por tudo isso, parece urgente re-humanizar a sexualidade mediante uma educação que, como toda educação digna desse nome, a oriente para o bem.

Sustento, então, a necessidade de que as escolas, de modo correto e com profissionais habilitados, tratem desse assunto com os alunos em presença dos pais. Afinal, a última palavra sobre a educação dos filhos é atribuição deles.

Reproduzido do Mídia Sem Máscara

Nenhum comentário: