8 de ago. de 2006

Antes de concorrer, os blogs devem colaborar

Numa conversa telefônica, o Ricardo Noblat me propôs que eu escrevesse um artigo semanal para o blog dele. Eu topei na hora. Até por egoísmo. O Blog do Noblat tem mais audiência do que o meu. Dias atrás, ele reproduziu um texto que escrevi sobre a lendária sorte de Itamar Franco e colocou um link para o Blog do Alon. A minha audiência subiu.

Isso tudo parece banal, mas não é. O debate sobre a democracia na comunicação algumas vezes anda por caminhos errados. Certas pessoas acham que democratizar a mídia é estabelecer mecanismos para impor aos donos de jornais, revistas, rádios e tevês o que eles devem veicular, e como. Além de revelar um viés ideológico autoritário, é um equívoco.

Mais controles não significam mais democracia na informação. O grau de liberdade na comunicação é função de duas variáveis: o número de veículos e a taxa de colaboração entre eles. Quanto mais fontes de informação, e quanto mais elas colaborarem entre si, mais liberdade. E quando falo em colaboração, isso inclui crítica aberta e fiscalização. Mas, inclui, principalmente, que os veículos se refiram uns aos outros, que dialoguem.

Uma regra não escrita da imprensa brasileira é que os barões têm autonomia dentro de seus domínios. Têm o direito supremo sobre a vida e a morte dos demais. Há gente que acha que vai acabar com isso coroando um rei para controlar os barões. Não vai não. Para usar uma terminologia marxista, eu penso que esse sistema feudal deve ser superado pela via "americana", e não pela "prussiana". Por baixo, e não por cima.

Bem, a novidade é que a Internet melhorou terrivelmente a possibilidade de isso se realizar. Por duas razões principais: reduziu a quase zero o preço do tempo e universalizou o hipertexto. Então vamos aproveitar. Acho uma bobagem os blogs ficarem brigando entre si para ver quem tem mais page-views ou unique visitors, ou para saber quem atraiu mais gente disposta a desperdiçar seu tempo comentando o que escrevemos.

Está diante de nós uma oportunidade única: reorganizar em rede a esfera da informação e da comunicação. Seria uma pena desperdiçarmos essa chance por vaidade, só para nos tornarmos baronetes de quinta categoria. No primeiro parágrafo deste texto falei em egoísmo. Menos egoísmo e mais inteligência deveria ser nossa palavra de ordem.

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Este texto foi produzido para o Blog do Noblat, onde escreverei semanalmente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bem. Sou um visitante costumeiro dos blogs de viés de "direita" e, faz tempo, acho que essa corrente, que existe e é bem grande, embora esteja esmagada pelos "esquerdinhas" nos últimos 35 anos, deve se entrelaçar através da comunicação. Já que não temos vez nem voz na mídia que se diz "neutra", montar uma corrente seria uma boa estratégia. Senão, iremos todos fazer fileira em algum paredão, breve. Se é que ainda resta tempo...