8 de fev. de 2006

O SONHO

por Ralph J. Hofmann, com autorização do autor.

Acordei de um cochilo na frente da televisão. Acordei sorridente, feliz, mas não sabia por que. Obviamente havia sonhado e meu sonho me deixara de extremo bom humor. O que seria? Alguma aventura rocambolesca ao estilo do Chevalier Casanova? Ou teria eu estado pilotando um planador?

Aos poucos me recordei. De repente eu estava numa praça cheia de pessoas com chapéus tricornes, com rosetas bleu, blanc et rouge. Estava em Paris na época do Terror. Adiante um pouco, via-se uma guilhotina sobre uma plataforma, erguida de tal maneira que se podia ver todo o percurso da lâmina, assim como a cesta de vime coletora de cabeças decepadas.

Eis que aparece uma carreta trazendo novos fregueses para Madame La Guilhotine. Rapidamente um magarefe vestido não só com tricorne e roseta senão cujas calças eram também em azul, branco e vermelho leu um ato de condenação. Tratava-se, segundo a proclamação dos piores asseclas dos corruptores da nação, e que, pior de tudo se disfarçavam de salvadores da pátria.

Lido o documento rapidamente despacharam todos os condenados, seus corpos sendo removidos. Enquanto eram despachados as senhoras tricoteuses, gritavam o número de ordem dos guilhotinamentos do dia, trente-un, trente-deux, trente-trois ...etc. Subitamente uma mais gaiata pegou a última cabeça do cesto e jogou-a para cima. O povo começou a jogar de um lado para outro a cabeça, até que chegando perto de mim vi que era a cabeça do Dornelles, ou ao menos muito parecida com nosso deputado antigo assecla do Delfim Neto na condição de Secretário da Receita. Aí entendi tudo, eram alter egos de nossos antigos e recentes secretários da receita que eu vira serem decapitados.

Eis que aparece uma carreta trazendo novos fregueses para Madame La Guilhotine. Rapidamente um magarefe vestido não só com tricorne e roseta senão cujas calças eram também em azul, branco e vermelho leu um ato de condenação. Tratava-se, segundo a proclamação dos piores asseclas dos corruptores da nação, e que, pior de tudo se disfarçavam de salvadores da pátria.

Acordei justamente quando arribava uma nova carreta trazendo entre outros os alter egos do Delfim Neto e do Pallocci.

Era de acordar sorrindo não? Liberté, egalité fraternité!

Pena que na realidade sempre acabam alterando o slogan libertário:

Todos os animais são iguais, mas os porcos são mais iguais que os outros.

(George Orwell – Animal Farm)

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