2 de mar. de 2008

Se beber, não fale.

Nilson Borges Filho (*) - surrupiado do Aluízio Amorim

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu para a ignorância (perdoem-me pela redundância) ao atacar de forma alterada e sem o menor controle sobre suas emoções (denomine-se assim) o Supremo, no geral, e o ministro Marco Aurélio de Melo, no particular.

O total descontrole do presidente e a forma raivosa com que discursou em cima de um palanque no nordeste brasileiro, tem-se a impressão que Lula da Silva estava longe daquilo que a medicina entende por uma certa normalidade de comportamento.

Não é surpresa para ninguém que o presidente tem uma grande dificuldade para a crítica, aliás, dificuldade essa comum em todos os políticos.

Imaginem um retirante, sem muitas luzes, que chegou à presidência da República do Brasil e que acostumado ao rés do chão do ambiente sindicalista, passa a ter em seu entorno tudo que é tipo de puxa-sacos, áulicos, vendidos e espertalhões, capazes que são de não medir “esforços” para incensar o ego presidencial, o quão difícil deve ser se comportar com dignidade quando alvo de críticas.

Infelizmente, poucos são aqueles que chegam ao posto máximo da nação brasileira e conseguem engrandecer o cargo que ocupam. Lula não foge a regra, ora se mantém num silêncio comprometedor quando seus auxiliares são flagrados com a mão no baleiro, ora se comporta como um Chavez em compota, pequeno no conteúdo e feio na forma, quando se sente contrariado por qualquer fato que foge da sua esfera de influência.

Lula precisa aprender que o presidente da República não pode tudo. Não se exige dele a obrigação de ler Montesquieu, mas espera-se de alguém que ocupe o cargo de presidente que aceite a existência de outros poderes republicanos, imprescindíveis para a convivência democrática.

O fato é que Lula é bom de palanque e sabe bem disso. O tom de seus discursos, até pela linguagem rasteira, atinge plenamente as classes menos favorecidas, pois a sua fala está sempre carregada de um ódio de classe, palatável àqueles que acreditam que a culpa pelos seus males é resultado de uma elite que nunca se preocupou com as necessidades dos mais fracos.

E Lula sabe jogar como ninguém esse jogo perverso de alimentar uma luta de classe, em um país sem classes sociais definidas, se oferecendo ao povo como alguém com capacidade para entender as mazelas da sociedade e o único com condições de diminuir as contradições produzidas pelo capitalismo.

Restam alguns reparos: primeiro, ninguém representa mais e melhor as elites brasileiras do que o próprio presidente Lula da Silva. Isso fica bem claro, simbolicamente, quando se observam os botoxes da madame; segundo, nunca antes na história deste país os bancos tiveram lucros tão imorais.

A rigor, utilizando uma expressão jurídica, Sua Excelência tem todo o direito de espernear, mas, por favor, não com as quatro.

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(*) Nilson Borges Filho é doutor em Direito, professor e colaborador deste blog..

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