13 de mar. de 2008

A politicagem com a Educação

Por Raphael Curvo - Advogado pela PUC-RJ e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ

surrupiado da Adriana, Giulio e cia

O Bolsa Família, composição de programas agregados ao Bolsa Escola instituído no governo FHC, não vem cumprindo com o objetivo de fixar e atrair as crianças de famílias de baixa renda ao sistema educacional. É grande, e está aumentando, a evasão escolar apesar do auxílio financeiro para que as famílias promovam a freqüência dos filhos nos bancos escolares. As deficiências do programa são visíveis e estão locadas na forma que o governo, desde a sua origem, procede na aplicação dos conceitos que o deram forma. Transformaram o estímulo em doação que, pela sua natureza, não exige contrapartida no conceito popular.

Com elevado índice de ineficiência pedagógica, precariedade de projeto e estrutura física das escolas, não há como, somadas às necessidades familiares, manter atrativa às crianças à sua vontade de permanecer em freqüência nos espaços de ensino, as escolas. Tal programa de estímulos veio capenga. Não avaliou a falta de preparo dos professores. Não foi estruturado um eficaz plano de desenvolvimento pedagógico para enfrentar a situação, como um todo, que acompanham esses jovens oriundos das classes sociais de baixa ou de nenhuma renda.

A bagagem de que são detentoras estes jovens, não são providas das necessidades da educação na vida social e suas escalas para uma vida melhor neste mundo. Acostumados a um viver apenas por existir e seu interior sem perspectivas de vida, muito menos de ganhos materiais, estas crianças deveriam ter um aporte educacional de nível diferenciado para entender o sentido da educação e buscar com o aprendizado campos melhores para sua existência. Qual a razão que pode impulsionar os jovens, por exemplo, do agreste nordestino? O que pode significar para eles e suas famílias receber um diploma de ensino fundamental em uma região com escassos recursos e desenvolvimento econômico? Nestes casos o diferencial está, quando muito, em saber escrever. Financeiramente nada vai representar, com raríssimas exceções.

O governo, penso, se realmente fosse imbuído de um programa voltado a dar instrução aos estudantes menos favorecidos, teria formulado uma política educacional abrangente que englobasse todos os campos estruturais de uma boa educação. Ou seja, projetos de construções de escolas diferenciados para regiões carentes, com mais equipamentos, preparação contínua da equipe de professores acompanhadas de apoio pedagógico e psicossocial, seja via de comunicação a distância ou outro meio, com material qualificado e de acordo com a clientela, além de uma “bolsa professor”. Desconheço, por ora, que exista um programa tipo “café com o presidente” voltado aos educadores desse Brasil a fora. Porque não ter um “café com os professores”, pelo MEC, como forma diária de promover a educação e transmitir informações? Até sobre novas técnicas ou métodos de ensinar.

O que se observa, e não é necessário muita profundidade, é que estes programas sociais tem um viés muito forte no voto. Eles são constituídos com objetivos primeiramente políticos. Daí, como exemplo, aumentar a faixa de idade para alcance do Bolsa Família e o mais atual que é beneficiar os detentores deste programa com créditos para pequenos empréstimos em bancos oficiais. A inadimplência destes empréstimos, posso apostar, ficará a fundo perdido tão logo sejam armadas as urnas eleitorais. Os objetivos eleitorais destes programas já vêm sendo sentidos há muito.Os resultados das urnas que o digam. Afinal, são 45 milhões de pessoas favorecidas pelo Bolsa Família. Não importa se o filho está ou não em sala de aula para receber o dinheiro. E olha que já estão pensando em incluir mais dois filhos, além do limite atual de dois, maiores de 15 anos.

Tudo isso seria de muito orgulho se realmente os objetivos fossem nobres. De governantes comprometidos com a libertação cultural do povo. De governantes com elevado espírito para conduzir a grande maioria dos brasileiros à um novo horizonte.

Um comentário:

Anônimo disse...

não é necessário...tá tudo na cara.