28 de fev. de 2008

No país do carnaval

Nos anos do “milagre econômico” de Delfim Neto, os estudantes mais sérios dos cursos de economia, administração e ciências contábeis costumavam dizer que: “Se a economia brasileira fosse o desfile das escolas de samba do Rio a dupla Roberto Campo e Bulhões seria a Riotur e o Delfim Neto uma escola de samba”.

Realmente, após colocar relativamente em ordem as finanças do país, apesar da pesada herança recebida dos anos JK, Campos e Bulhões haviam sido passados para as coxias do teatro e Delfim estava no centro do palco, qual gordo tenor italiano.

Delfim pegou um momento extremamente positivo das finanças mundiais, apresentou entre aproximadamente 1967 e 1973 figuras de desenvolvimento e crescimento de PIB, usou grande sobrevalorização das bolsas como crescimento de PIB e no final de 1973, ignorou os reais problemas do primeiro choque do petróleo, contabilizou uma inflação de 13% deixando todos os problemas e ratoeiras para serem enfrentados por Mario Henrique Simonsen no ano seguinte, já com o segundo choque do petróleo. O mundo estava nas barricadas para se precaver contra o custo da energia e no Brasil de Delfim o aumento de commodities básicos passava por não existir.

No Brasil de hoje, FHC e Malan passaram a ser a Riotur. Lula? É aquele Ewok gordinho desfilando na Marquês de Sapucaí.

Não entendendo muito bem como funcionam as coisas, como se fossem um neanderthal tentando operar uma mesa de commodities a futuro, seus homens deixaram tudo como estava, mandaram fazer um descarrego por um hábil Pai de Santo, chamaram um bispo para aspergir água benta, “et voilá”. A economia desabrochou.

Claro que ele não pagou as contas. Não entregou no destino o dinheiro da saúde, do combate às zoonozes e muitos outros valores de destino certo e vital.

Tudo que o governo opera, exceto o Aerolula, lembra uma indústria em que o empresário insiste em continuar usando uma máquina obsoleta “que é muito boa sim senhor, feita na Alemanha em 1938!”; em lugar de comprar uma máquina nova, mais rápida, de produção com maior qualidade, de custo de aquisição baixo, que deverá ser sucateada após cinco anos e trocada por uma nova geração de máquinas, ainda mais baratas, mantendo uma produtividade ainda maior.

E desfila todos os dias. Até na quaresma.

Mas o que se vai fazer. O povo gosta de carnaval.

Por que no te calas Lula?

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