22 de set. de 2006

El Diablo - por Rodrigo Constantino




O Chávez que falou na ONU não é o mesmo que apanhava do “seu” Madruga, mas é um grande comediante também – e merecia uns bons cascudos, sem dúvida. De tempos em tempos, o presidente venezuelano garante a diversão dos que estão longe de seu país – pois lá resta apenas o sofrimento do povo miserável, não obstante todo o “ouro negro”. Chávez é um palhaço. Mas um palhaço cheio de petróleo, com forte ranço autoritário, e por isso um palhaço muito perigoso.

Dessa vez Chávez usou o seu espaço na ONU para atacar uma vez mais o presidente Bush, seu bode expiatório predileto para justificar as suas atrocidades domésticas. Disse que ainda sentia o cheiro de enxofre, pois “um diabo” havia estado ali. Chávez foi, depois de se reunir com o Satã em pessoa, o líder da teocracia do Irã, usar a liberdade que existe nos Estados para atacar o presidente daquele país. Na Venezuela, pobre do coitado que ousar chamar o presidente daquilo que é. Eu, que não gosto de Bush, não consigo deixar de sentir mais simpatia por ele quando essas figuras pitorescas atacam-no dessa maneira. Quem tem Chávez e Mahmoud Ahmadinejad como inimigos já é, em parte, meu amigo. Talvez um colega, vai.

Chávez disparou suas estultices segurando na mão um livro do “guru” da esquerda, o lingüista Noam Chomsky. Seu trabalho sobre a linguagem é elogiado por muita gente séria, mas infelizmente Chomsky há muito abandonou os estudos sobre a sintaxe, preferindo reproduzir chavões idiotas para virar celebridade entre rebanhos bovinos. Trocou a ciência pelo Fórum Social Mundial, em resumo. E foi agraciado com o reconhecimento, pela turma do rebanho, de ser o maior “intelectual” do mundo. Pois é. O maior “intelectual” do mundo está apoiando a candidatura de Heloísa Helena no Brasil, aquela que garante que um país não pode ter inflação sozinho, sem que o resto do mundo tenha também. Ela nunca ouviu falar em Zimbábue, onde Robert Mugabe colocou em prática boa parte das baboseiras que ela prega, levando o país a 80% de desemprego e mais de 1.000% de inflação!

Tais são os ícones da esquerda mundial, que prega um “novo mundo” possível, um mundo diametralmente oposto ao capitalismo. O novo mundo possível é rejeitar o modelo americano, que criou a nação mais próspera do globo, e seguir no rumo de Zimbábue. Chomsky acha isso maravilhoso na teoria, mas na prática ainda prefere continuar nos Estados Unidos, país do demo. Aqueles milhões de imigrantes que saem dos países adorados pela esquerda e tentam a vida, ainda que de forma ilegal, no “antro” capitalista, são apenas egoístas e vítimas da alienação. Ainda não descobriram que o paraíso é a ilha-presídio do ditador Fidel Castro, camarada de Chávez e Lula. Precisam da sabedoria dos iluminados intelectuais de esquerda, ainda que na marra. Os ingratos mal agradecidos que morram no paredón! Tudo pela igualdade, mantendo as gritantes diferenças de poder e dinheiro tanto dos governantes populistas como dos intelectuais de esquerda. A simbiose perfeita dos pérfidos. Chomsky estudou a fundo a linguagem, mas desconhece a palavra “escrúpulo”.

Lênin, outro ídolo da esquerda, que conseguiu matar em poucos meses o que os czares levaram anos, dizia que o importante era os comunistas acusarem os inimigos daquilo que eles mesmos eram. Inverter a realidade, eis o objetivo. Desde então, os comunistas imaginam um espelho, e ligam a metralhadora giratória, cuspindo agressões toscas. Chávez fez exatamente isso, quando chamou Bush de “el diablo”. Se Lúcifer tem de fato filhos no planeta Terra, eles estão agrupados no Foro de São Paulo, que o PT de Lula ajudou a criar, ao lado das FARC e de Fidel Castro. Um novo mundo é possível. Um mundo onde Belzebu em pessoa dá as cartas, através desses ditadores adorados pelos intelectuais de esquerda. Se esse mundo de fato um dia chegar, parem-no que eu vou saltar!

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