14 de ago. de 2006

Os Filhos de Lula - por Rodrigo Constantino

Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás.” (Ernesto “che” Guevara)

O presidente/candidato Luís Inácio Lula da Silva endureceu o discurso no fim de semana, em Fortaleza. Lula, que gosta de monólogos e vai fugir dos debates eleitorais, criticou “as elites” e o que chamou de “direita raivosa”. Todo populista que almeja ser como Chávez ou Fidel culpa sempre essa tal de “zelite” pelos males da nação. Curiosamente, elite mesmo são os “intelectuais” ricos que adoram Lula, como Verissimo e Chico Buarque, ou então os privilegiados funcionários públicos e sindicalistas, que também gostam muito do molusco. Já quanto a essa tal de “direita raivosa”, seria interessante que o apedeuta explicasse quem exatamente representa a direita no país, posto que o cenário político é caracterizado por um monopólio esquerdista. Será que o presidente considera direita o PMDB fisiológico do seu camarada José Sarney?

Lula voltou a criticar a imunidade parlamentar. O Congresso é mesmo formado por 300 picaretas, como Lula apontou no passado. Os mesmos picaretas que estavam envolvidos no esquema do “mensalão”, arquitetado pelos aliados de maior confiança do presidente Lula, que foi o maior beneficiado dele. Mas o que Lula parece desejar, no fundo, é um mecanismo de perseguição política com o uso da máquina estatal. A forte amizade e respeito que Lula e seu PT nutrem pelo ditador cubano não é fruto do apreço por charutos. A afinidade ideológica, selada no Foro de São Paulo desde 1990, explica muito melhor os laços de profunda amizade.

Lula disse que é desagradável o fato de que “qualquer cidadão que tome cachaça e caia na calçada pode levantar e abrir um processo contra o presidente da República”. Estranho o aparente preconceito contra o consumo da aguardente, vindo de quem veio. Mas deixando isso de lado, o presidente erra o ponto. Qualquer cidadão deve sim ser livre para processar o presidente. O presidente da República é um empregado do povo. Não é este que deve temer o governante, mas o governante que deve temer o povo. O jornalista estrangeiro que andou falando do gosto do presidente pela mesma cachaça sofreu na pele o ranço autoritário de Lula, que quis expulsá-lo do país. O uso do aparato estatal para amedrontar o cidadão comum, como foi feito no caso do caseiro que denunciou o então ministro Palocci, é coisa de quem admira Cuba mesmo, onde o Exército tem um país, ao invés de ser um país que tem um Exército.

Mas o que mais me indignou mesmo não foi nada disso. Pode acusar as “elites”, que no fundo estão com Lula mesmo. Pode acusar a “direita raivosa”, que existe apenas na mitologia canhota. Pode até perseguir cidadãos com a máquina estatal. Mas não venha me chamar de filho! Lula disse: “Tenho 186 milhões de filhos e preciso cuidar deles com carinho e amor”. Caro presidente, tenho pai, e ele não se parece nada com o senhor! Ao que parece, Lula tenta usurpar o posto de “pai dos pobres” de Getúlio Vargas. Não será preciso muito esforço: o populismo irresponsável do presidente de fato vai parir muitos pobres, principalmente se o benigno cenário externo mudar. Esse paternalismo estatal é patético. O governo não é pai de ninguém, tampouco deve administrar o Estado com “carinho e amor”, mas sim com competência e honestidade, características que passaram bem longe da gestão de Lula.

Pelo que anda circulando na internet, até mesmo as meretrizes se manifestaram para alertar que Lula, ao contrário do que muitos dizem, não é filho de nenhuma delas. Senhor presidente, paternidade é coisa séria! O senhor não tem 186 milhões de filhos. Na verdade, seu filho mesmo é aquele que recebeu R$ 5 milhões da Telemar, lembra? Aquele que saiu do nada e fez fortuna de forma mais que suspeita, enquanto o senhor, com raiva, o defendeu e disse não admitir que envolvessem seu filho naquela “sujeira”, que na verdade tratava-se apenas do levantamento de fatos de corrupção ligados ao seu governo. Outro filho seu é aquele que levou amigos para o Palácio do Planalto, numa excursão bancada pelo dinheiro extraído na marra dos pagadores de impostos, em claro ato de desrespeito ao povo. Esses são seus filhos, presidente. Eu não! Exijo já um exame de DNA, para que fique comprovado que o senhor não é meu pai. Presidente, me “inclua fora” dessa lista de filhos que o senhor diz ter. Prefiro até ser órfão!

Com autorização do Rodrigo Constantino

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